Por Antón Pávlovitch Tchékhov
Tchekhov e sua esposa Olga Knipper |
Conto traduzido do russo por Francisco José dos Santos Braga
Máshenka Pavlétskaya, uma jovem que acabara de concluir seus estudos no colégio interno, após um passeio com as crianças e de volta à casa dos Kúshkin, onde ganhava a vida como governanta, encontrou uma agitação incomum. O porteiro Mikháil, abrindo-lhe a porta, estava perturbado e vermelho como um caranguejo.
Do andar de cima chegou até ela um ruído de vozes.
— A patroa teve um ataque... — pensou Máshenka — ou brigou com o marido...
— A patroa teve um ataque... — pensou Máshenka — ou brigou com o marido...
Na ante-sala e no corredor cruzou com criados. Uma criada chorava. Em seguida, Máshenka viu quando o próprio patrão Nikoláy Serguéitch saía pela porta do quarto dela. Era uma pessoa baixa, ainda jovem, tinha um rosto flácido e ostentava uma grande calva. Estava corado. Contorcia-se... Sem perceber a governanta, ele passou por ela e, levantando os braços, exclamou:
— Que horrível! Que falta de delicadeza! Que tolo, selvagem! Que detestável!
Máshenka entrou no seu quarto e ali pela primeira vez na vida teve que experimentar em toda a sua nitidez um sentimento que é tão familiar às pessoas dependentes, caladas, que vivem do pão dos ricos e nobres. No quarto dela fizeram uma busca. A patroa, Fedócia Vassílievna, — uma senhora gorda, de ombros largos, com sobrancelhas negras espessas, pouco cabelo na cabeça angulosa, um leve bigode e mãos vermelhas, com rosto e maneiras de uma cozinheira, — ficou parada junto da mesa dela e colocou de volta na sacola novelos de lã, retalhos, pedaços de papel... Evidentemente o aparecimento da governanta foi inesperado para ela, porque, ao virar a cabeça e ao perceber a sua presença, seu rosto pálido e assombrado perturbou-se ligeiramente. E balbuciou:
— Pardon! Eu... eu esparramei por descuido... esbarrei com a manga...
Madame Kúshkina, tendo dito algo mais, produziu um fru-fru com a cauda do vestido e saiu. Máshenka olhou ao redor do seu quarto com olhos surpresos e, sem entender nada, sem saber o que pensar, encolheu os ombros, ficou gelada de medo... O que Fedócia Vassílievna procurava em sua sacola? Se, de fato, como ela diz, esbarrou com a manga e esparramou, então por que Nikoláy Serguéitch pulou fora do quarto tão corado e agitado? Por que abriram ligeiramente uma gaveta na mesa? O cofrinho, no qual a governanta tinha escondido as moedas e os selos antigos, fora destrancado. Abriram-no, mas não souberam trancá-lo, embora também tivessem arranhado a fechadura inteira. Uma estante com livros, a superfície da mesa, a roupa branca — tudo trazia em si os mesmos traços recentes de busca. E no cesto de roupa branca também. A roupa estava bem dobrada, mas não na ordem em que Máshenka a deixara, quando saiu de casa. Pelo visto, a busca tinha sido real, a mais real, mas por que isso, por quê? O que se passou? Máshenka se lembrou da agitação do porteiro, da balbúrdia que ainda se prolongava, da empregada chorosa; tudo isso não estava ligado à busca que a patroa acabara de fazer? Não estaria envolvida em algum negócio horrível? Máshenka ficou pálida e toda fria deixou-se cair no cesto de roupa branca.
Uma empregada entrou no quarto.— Liza, sabe por que motivo me revistaram? — perguntou-lhe a governanta.
— Desapareceu um broche da senhora no valor de dois mil... — disse Liza.
— Mas..., por que me revistarem? — a governanta continuou a ficar perplexa.
— Furtaram, eu digo, um broche... A senhora revistou tudo com as suas próprias mãos. Revistaram até o porteiro Mikháil. É uma vergonha! Nikoláy Serguéitch só olha e cacareja como uma galinha. E você, jovem, em vão está tremendo. No seu quarto não encontraram nada! Se você não pegou o broche, então você não tem nada a temer.
— Mas, com efeito, isso é baixo... insultante! — disse Máshenka, engasgada de indignação. — Pois isso é humilhante, ofensivo! Que direito tinha ela de suspeitar de mim e vasculhar minhas coisas?
— Você mora em casa de estranhos, jovem, — suspirou Liza. — Embora seja uma senhorita, apesar de tudo... é tida como se fosse uma criada. Não é o mesmo que viver em casa do pai e da mãe...
Máshenka deixou-se cair na cama e amargamente prorrompeu em soluços. Nunca tinham cometido tantas violências sobre ela, nunca a tinham ofendido tão profundamente quanto agora. Logo dela, uma menina educada e sensível, filha de um professor, suspeitaram de furto, tinham-na revistado como uma vagabunda! Acima de tal ofensa parece impossível inventar outra coisa. E um forte temor juntou-se a esse ressentimento: o que vai acontecer agora. Na cabeça dela passaram todos os tipos de absurdo. Será que podiam suspeitar que ela fosse ladra, isto é, então agora podem prendê-la, despi-la e revistá-la, depois levá-la sob escolta pela rua, encarcerá-la numa cela escura e fria com ratos e piolhos, exatamente a mesma em que ficou a princesa Tarakanova? ¹ Quem a defenderá? Seus pais viviam longe na província; eles não têm dinheiro para virem visitá-la. Na capital ela está sozinha, como num campo deserto, sem parentes e conhecidos. O que quiserem, então podem fazer com ela.
"Recorrerei a todos os juízes e advogados... — pensou Máshenka, trêmula. Explicarei para eles, juro... Eles vão acreditar que eu não posso ser uma ladra!"
"A Princesa Tarakánova na Prisão", quadro de Konstantin Flavitsky (1830-1866) na Galeria Tretyakov em Moscou |
"Recorrerei a todos os juízes e advogados... — pensou Máshenka, trêmula. Explicarei para eles, juro... Eles vão acreditar que eu não posso ser uma ladra!"
Masha lembrou-se de que guardava doces no seu cesto debaixo da roupa branca, que, segundo o velho hábito do colégio interno, ela escondia no bolso durante o jantar e levava para o seu quarto. A ideia de que esse pequeno segredo dela já era conhecido pelos patrões, deixou-a febril, ficou com vergonha e, por tudo isso — por medo, vergonha e ressentimento, iniciou-se um forte batimento cardíaco, que se refletiu nas têmporas, nas mãos e no fundo da barriga.
— A comida está servida! — convidavam Máshenka.
"Ir ou não ir?"
Máshenka ajeitou o penteado, limpou-se com uma toalha molhada e dirigiu-se para a sala de jantar. Ali já tinham começado a refeição. Numa ponta da mesa sentava Fedócia Vassílievna, grave, com um rosto inexpressivo e sério; na outra ponta — Nikoláy Serguéitch. Nos lados da mesa, sentavam-se convidados e crianças. Serviam a refeição dois criados, de fraques e luvas brancas. Todos sabiam que tinha havido um alvoroço na casa, que a patroa estava desolada, e ficaram em silêncio. Ouviam-se apenas a mastigação e o som de colheres nos pratos.
O silêncio foi interrompido pela própria patroa.
— O que temos para o terceiro prato? — perguntou ao lacaio com uma voz lânguida, dorida.
— Esturgeon à la russe! — respondeu o lacaio.
— Fui eu que pedi, Fenya — apressou-se Nikoláy Sergueitch. — Me deu vontade de comer peixe. Se não te agrada, ma chère, que assim seja: digo que não o sirvam. Quero dizer... a propósito...
Fedócia Vassílievna não gostava dos pratos que ela própria não mandasse vir, e agora seus olhos se encheram de lágrimas.
— Vamos lá, pare de alarmar-se! — lhe disse Mamikov com voz doce, seu médico de família, com leve toque em sua mão e também com um doce sorriso. — Já estamos bastante nervosos. Esqueça o broche. Saúde vale mais do que dois mil rublos...
— Eu não lamento os dois mil rublos! — respondeu a patroa, e uma grande lágrima escorreu por sua bochecha. — É o fato mesmo que me revolta! Não tolerarei ladrões em minha casa. Não lamento, não lamento nada, mas roubar de mim — que ingratidão! Assim me pagam por minha bondade...
Todos olhavam para os seus pratos, porém à Máshenka lhe pareceu que, depois das palavras da patroa, todos olharam para ela. De repente, um nó subiu à sua garganta, ela começou a chorar e pressionou um lenço contra o rosto.
— Pardon, — murmurou. — Não posso mais. Estou com dor de cabeça. Vou retirar-me.
E ela levantou-se da mesa, fazendo ruído com a cadeira desajeitadamente e ainda mais embaraçando-se, e saiu rapidamente.
— Passou dos limites! — murmurou Nikoláy Sergueitch, fazendo careta. — Foi preciso fazer uma revista no quarto dela! Como tal, verdadeiramente... um absurdo.
— Eu não afirmo que ela tenha pegado o broche, — disse Fedócia Vassílievna — mas será que podes por a tua mão no fogo por ela? Confesso que essas pessoas pobres instruídas me inspiram pouca confiança.
— Verdadeiramente, Fenya, um absurdo... Desculpa, Fenya, mas por lei tu não tens o direito de fazer revistas.
— Eu não conheço tuas leis. Só sei que o meu broche está perdido, eis tudo. E eu vou encontrar este broche! — ela bateu no prato com um garfo e seus olhos brilharam furiosamente. — E tu, come e não interfiras nos meus assuntos!
Nikoláy Sergeitch baixou os olhos humildemente e suspirou.
Enquanto isso, Máshenka, tendo chegado ao seu quarto, caiu na cama. Ela não estava mais com medo nem vergonha, mas atormentada por seu forte desejo de ir esbofetear essa mulher insensível, arrogante, estúpida e felizarda.
Estando deitada, ela ofegou no travesseiro e sonhou quão bom seria agora comprar o broche mais caro e atirá-lo na cara dessa tirana. Se Deus quisesse, Fedócia Vassílievna faliria, daria a volta ao mundo e compreenderia o horror da pobreza e da servidão forçada, e se a ultrajada Máshenka desse esmolas a ela! Ah, se conseguisse uma grande herança, comprasse uma carruagem e passasse com estardalhaço diante das janelas dela, para que ela invejasse!
Mas tudo aquilo eram sonhos, na realidade havia apenas um — sair imediatamente, não ficar aqui nem uma hora. É verdade que é assustador perder um emprego, mais uma vez ir para os pais que não possuem nada, mas o que fazer? Máshenka não podia mais ver nem os patrões nem seu próprio quartinho; aqui ela estava abafada, horrorizada. Desdenhava Fedócia Vassílievna, obcecada por doenças e por sua aristocracia imaginária, — a ponto de parecer que tudo no mundo se tornava rude e desagradável porque essa mulher vive. Máshenka pulou da cama e pôs-se a aprontar as malas.
— Posso entrar? — perguntou Nikoláy Sergueitch atrás da porta; ele foi até a porta de maneira inaudível e falou em voz baixa e suave. — Posso?
— Entra.
Ele entrou e parou no limiar da porta. Os olhos dele estavam baços e seu nariz vermelho brilhava. Depois do almoço ele bebeu cerveja, e isso foi visível por seu passo, por mãos fracas e flácidas.
— Isso, o que é? — ele perguntou, apontando para o cesto.
— Estou me preparando para partir. Desculpe, Nikoláy Sergueitch, mas não posso ficar mais tempo em sua casa. Essa revista (em meu quarto) me ofendeu profundamente!
— Eu compreendo (sua indignação)... só que não vale a pena levar as coisas tão a sério... Para quê? Revistaram... E daí? Você tem algo a ver com isso? Você não sairá diminuída dessa situação.
Máshenka calou-se e continuou a empacotar. Nikoláy Sergueitch beliscou o bigode, como se estivesse inventando o que dizer ainda, e prosseguiu com voz cativante:
— Claro que eu entendo, mas você tem que ser indulgente. Você sabe, minha esposa é nervosa, estabanada, não se pode julgar rigorosamente ...
Máshenka continuou calada.
— Se você está tão ofendida, — continuou Nikoláy Sergueitch, — então estou disposto a pedir-lhe perdão. Perdão!
Máshenka nada respondeu, e apenas se inclinou para sua mala. Este homem minguado e irresoluto era exatamente um zero à esquerda na casa. Ele desempenhava um papel miserável e de pessoa supérflua até junto dos serviçais; logo sua escusa não valia nada.
— Hum... Não responde? Não lhe basta eu pedir perdão? Neste caso, eu me desculpo por minha mulher. Em nome de minha mulher peço-lhe perdão... Como cavalheiro, reconheço que ela agiu sem tato...
Nikoláy Sergueitch deu uns passos pelo quarto, suspirou e prosseguiu:
— Pois você precisa ainda que me esgravatem aqui, debaixo do coração? Você precisa que minha consciência me atormente?
— Eu sei, Nikoláy Sergueitch, que a culpa não é sua, — disse Máshenka, olhando-o no rosto com seus grandes olhos marejados de lágrimas. — Por que você se atormenta?
— Claro... Mas você, apesar de tudo... não vai embora... eu lhe imploro.
Máshenka abanou negativamente a cabeça. Nikoláy Sergueitch se deteve à janela e pôs-se a tamborilar no vidro.
— Para mim, semelhantes mal-entendidos são pura tortura, — disse ele. — O que quer de mim? Que eu me ajoelhe diante de você, será? Você foi ofendida em seu orgulho, e agora está chorando, está se preparando para ir embora, mas eu também tenho orgulho, e você não o poupa. Ou quer que eu lhe diga o que não direi nem em confissão? Quer? Escute: você quer que eu lhe diga uma coisa que eu nem ao confessor diria na hora de minha morte?
Máshenka ficou calada.
— Eu peguei o broche da minha esposa! — disse rapidamente Nikoláy Sergueitch. — Você está satisfeita agora? Está contente? Sim, eu... peguei... Só que, é claro, espero por sua discrição... Pelo amor de Deus, nem uma palavra para ninguém, nem a menor alusão!
Máshenka, surpresa e assustada, continuou a preparar-se para ir embora; ela pegou suas coisas, amassou-as e colocou desordenadamente em uma mala e no cesto. Agora, após a franca confissão feita por Nikoláy Sergueitch, ela não podia ficar nem um minuto e já não entendia como conseguira viver anteriormente nessa casa.
— Não é o caso de assombrar-se... — prosseguiu Nikoláy Sergueitch, após curto silêncio. — Uma história comum! Eu preciso de dinheiro, mas ela... não me dá. Com efeito, esta casa e tudo o que meu pai acumulou, Maria ² Andréievna! Realmente tudo é meu, e o broche pertenceu à minha mãe, e... tudo é meu! E ela apropriou-se, apoderou-se de tudo... Não vou entrar com um processo contra ela nos tribunais, convenha... Peço-lhe encarecidamente perdoar-me e... e fique. Tout comprendre, tout pardonner. Você fica?
— Não! — disse Máshenka resolutamente, começando a tremer. — Deixe-me em paz, eu lhe imploro.
— Então, Deus te abençoe — suspirou Nikoláy Sergueitch, sentando-se em um banco perto da mala. — Admito que amo aqueles que ainda sabem ficar ofendidos, sentir desprezo, etc. Durante um século sentaria e olharia para seu rosto indignado... Então, portanto, você não fica? Entendo... Não pode ser de outra forma... Sim, é claro... É bom para você, mas assim-assim para mim — ah! ah! Eu não posso dar um passo fora deste porão. Eu sairia para uma de nossas propriedades, mas em todas elas há alguns capatazes de minha esposa... guardiões, administradores, todos malditos! Eles hipotecam e tiram a hipoteca... Não se pode pegar peixe, pisar na grama e cortar as árvores.
— Nikoláy Sergueitch! — a voz de sua esposa vinha da sala de estar. — Agnia, chama teu patrão!
— Então, você não ficará? — perguntou Nikoláy Sergueitch, levantando-se rapidamente e indo em direção à porta. — Bem que você poderia ficar, realmente. Nas tardes eu poderia vir e conversar com você. Hein? Fique! Se você for, não haverá uma cara humana deixada na casa. É horrível!
A cara pálida, exausta de Nikoláy Sergueitch imploraram a ela, mas Máshenka abanou a cabeça em sinal negativo, e com um aceno de sua mão saiu.
Meia hora mais tarde ela estava a caminho.Fonte: http://feb-web.ru/feb/chekhov/texts/sp0/sp4/sp4-331-.htm
II. ANÁLISE LITERÁRIA DO CONTO "UM ESCÂNDALO"
Por Francisco José dos Santos Braga
O período coberto por 1885-6 representa o auge de Tchekhov como "ficcionista-miniaturista", autor de contos, principalmente humorísticos. Naquele período, conforme seu próprio reconhecimento, ele escrevia um conto por dia. Os contemporâneos pensavam que ele continuaria nesse gênero, mas na primavera de 1886 Tchekhov recebeu uma carta do famoso escritor russo Dmítri Grigoróvitch, na qual o criticava por gastar seu talento em "miudezas". Escreveu Grigoróvitch:
“É melhor passares fome, como no nosso tempo o fizemos, cuida de tuas impressões para um trabalho bem ponderado (...) Um de tais trabalhos será mais valorizado cem vezes mais do que centenas de histórias maravilhosas espalhadas em momentos diferentes nos jornais”.
Posteriormente adeririam ao conselho de Grigoróvitch: Alekséy Suvórin, Viktor Bilíbin e Alekséy Plescheiev.
Mas [ULIÁNOVA, 2000, 100-1] entende que esse sentimento não era unânime entre os contemporâneos de Tchekhov:
“Entre a obra dramática e a prosa de Tchekhov não se sente uma fronteira brusca, semelhante à que divide essas esferas na obra de outros autores. Para nós, consideramos Turguenev e León Tolstói, antes de tudo, grandes prosadores, novelistas, contudo não dramaturgos. Por outro lado, Tchekhov, até a criação em prosa, se sentia um dramaturgo que vive nas imagens de suas personagens: "Eu devo constantemente falar e pensar na sua tonalidade e sentir de acordo com seu ânimo, porque, caso contrário, se lhe agrego um pouco de subjetividade, as imagens disparam (se espargem) e o conto não resulta compacto...".
Os contemporâneos não eram unânimes na percepção da obra tchekhoviana: sentiam que suas peças renovavam o cenário e talvez abrissem uma nova página na história do teatro, porém, em todos os sentidos, a maioria supunha que Tchekhov era em primeiro lugar um narrador e que suas peças ganhariam mais se ele as transformasse em novelas curtas. Inclusive León Tolstói pensava assim: "Não compreendo as peças de Tchekhov, que aprecio muito como literato... Para que necessita apresentar o cenário de como três senhoritas se entediam?... Porém da mesma coisa resultaria uma linda novela curta e, seguramente, lhe sairia muito bem.”
Por mais racional e convincente que tenha sido o conselho de Grigoróvitch, a verdade é que Tchekhov o seguiu em parte, porque estava consciente que tinha trilhado um caminho exitoso até ali. Mas parece que o conselho calou fundo em Tchekhov, especialmente porque, paralelamente à sua atividade de contista da vida real, deixa para trás a forma do conto curto e de teor humorístico e vai se dedicar muito em breve ao estudo sociológico do sistema prisional russo em visita à temível colônia penitenciária do regime czarista com os ensaios Ilha de Sacalina (1895) e Caderno de Notas, à dramaturgia [Ivanov (1887), Tio Vânia (1899-1900), A Gaivota (1896), As Três Irmãs (1901) e O Jardim das Cerejeiras (1904)] e à produção de novelas, como Minha Vida (1896) e O Duelo (1891), ao lado de contos mais profundos, tais como O Estudante (1894), Estepe (1888), A Senhora com o cachorrinho (1899), Os Mujiques (1897), etc.
Desde 1879, quando, aos 19 anos, foi a Moscou tentar o vestibular de medicina, levara consigo uma pilha de contos humorísticos e um texto dramático. Enquanto cursava a faculdade de medicina, publicou "montanhas inteiras de contos". Desde o início do seu trabalho literário, distinguia-se um traço muito peculiar na escrita tchekhoviana: uma total economia de meios artísticos, ou seja, a parcimônia verbal que obriga o autor a cortar cada palavra supérflua, cada frase dispensável para atingir um alto grau de condensação formal. Em 1887, publicou seu segundo livro de contos selecionados, intitulado "Ao Anoitecer". Em 1888 recebeu, por esse livro, o Prêmio Pushkin, maior láurea concedida pela Academia de Ciências da Rússia. A resolução correspondente da Comissão Acadêmica afirmou que
Desde 1879, quando, aos 19 anos, foi a Moscou tentar o vestibular de medicina, levara consigo uma pilha de contos humorísticos e um texto dramático. Enquanto cursava a faculdade de medicina, publicou "montanhas inteiras de contos". Desde o início do seu trabalho literário, distinguia-se um traço muito peculiar na escrita tchekhoviana: uma total economia de meios artísticos, ou seja, a parcimônia verbal que obriga o autor a cortar cada palavra supérflua, cada frase dispensável para atingir um alto grau de condensação formal. Em 1887, publicou seu segundo livro de contos selecionados, intitulado "Ao Anoitecer". Em 1888 recebeu, por esse livro, o Prêmio Pushkin, maior láurea concedida pela Academia de Ciências da Rússia. A resolução correspondente da Comissão Acadêmica afirmou que
“os contos de Tchekhov, embora não preencham completamente os requisitos das mais altas críticas artísticas, são, no entanto, um fenômeno marcante em nossa ficção contemporânea.”
Os contos de Tchekhov podem ser lidos como fatias retiradas de um folhetim popular de novelas ou história do gênero aventura publicada em série, com o preâmbulo e a continuação deixados para o leitor. O crítico russo [CHUDAKOV, 2000, 9] observou:
“Os esboços cômicos sempre tomam algum fragmento da vida, com nenhum começo nem fim, e simplesmente o oferecem para inspeção.”
E continua a respeito das obras da maturidade do escritor:
“(...) seguem o mesmo padrão, começando "no meio" e concluindo "com nada".”
Afinal o próprio Tchekhov uma vez observou:
“Eu penso que, quando alguém acabou de escrever um conto, deveria eliminar o início e o fim.”
Neste sentido, Tchekhov ignora os princípios aristotélicos [ARISTÓTELES: Poética, 1973] na maior parte de seus contos. De fato, [ARISTÓTELES I, VII, v. 24-34, 1973, p. 10], a respeito do mythos ou enredo (que deve representar uma única ação completa de grandeza apropriada), estabeleceu algumas normas, a saber:
“(...) Estabelecemos que a tragédia (no caso, o conto) é a representação de uma ação completa, i.é., inteira, que tem alguma grandeza (pois pode haver um todo com nenhuma grandeza). Um todo é aquilo que tem um começo, um meio e uma conclusão. (...) Enredos bem construídos, então, não devem começar nem terminar ao acaso, mas devem usar os elementos que mencionamos aqui [i.é., o começo, meio e conclusão].”
Antes, na Poética, Aristóteles já tinha afirmado que a tragédia (no caso, o conto) possui seis partes, sendo "a mais importante o enredo", que ele entende por "construção ou trama dos acontecimentos".
[FREDERICK, 2012, 9-11], utilizando a versão de Poética (1983) traduzida por Richard Janko, na Introdução do seu livro Narrativas Desestabilizadas, ao tratar da tenacidade do enredo afirma que
“a história da narrativa e das teorias de narrativa têm sido uma história da dominância do enredo (ou trama).”
Depois continua:
“Essa compreensão do enredo como uma estrutura unificada pode-se remontar à definição normativa aristotélica de mythos, que, como N. J. Lowe enfatiza, repousa bem no centro do sistema teórico a partir do qual começa a narratologia.”
Ocasionalmente traduzido como "história", tipicamente, porém, como "enredo" ou mesmo "estrutura do enredo", mythos é o princípio dominante da concepção aristotélica narrativa, um princípio que determina a forma e função narrativas em termos da necessidade, propósito e unidade teleológica. (Desta forma ele corresponde à concepção aristotélica de natureza.) Na Poética, Aristóteles define mythos como "a construção [synthesis] dos incidentes" que forma a unitária "representação [mimesis] da ação." Essa construção é, como a palavra grega indica, o resultado da síntese, o processo de reunir o que está separado e distinto, para formar um todo, um sistema. O enredo consequentemente reduz a multiplicidade a uma unidade controlável, ao Uno. Ao incluir apenas aquelas "partes" que são tanto prováveis quanto necessárias, e ao determinar essas partes em relação a um fim — "o fim [telos] é o mais importante de tudo" — a concepção aristotélica da narrativa não deixa nenhum espaço para o alheio ou incidental.
De fato, na sua discussão sobre a épica de Homero, [ARISTÓTELES I, VIII, v. 24-34 1973, p. 11-12] aborda o problema do excesso narrativo apelando ao mythos (enredo) e sua busca pela unidade:
“(...) Ao compor a Odisseia, ele (Homero) não colocou em seu poema tudo o que acontecera a Odisseu, por exemplo, que ele foi ferido no Parnaso e fingiu-se de louco para não alistar-se; pelo fato de ter acontecido uma dessas coisas não torna necessário ou provável que a outra aconteria. Mas ele construiu [synistasthai] a Odisseia ao redor de uma única ação da espécie que estamos discutindo, e a Ilíada igualmente. Por isso, exatamente como nas outras artes representacionais, uma única representação [mimesis] de uma só (coisa), assim também o enredo [mythos], por ser uma representação de uma ação, deveria representar uma única ação, e, além disso, uma completa [ação]; e suas partes [os incidentes] deveriam ser assim construídos [synistasthai] de modo que, quando alguma parte for transposta ou removida, o todo é desfeito e desestabilizado. (...)”
Por outro lado, parece também que se aplica aos contos e novelas de Chekhov a teoria do iceberg de Hemingway (MANGUM, 1982, 1621-28), já que seu significado real está oculto. Segundo Ernst Hemingway,
“Se um escritor sabe o suficiente sobre o que está escrevendo, ele pode omitir coisas que conhece. E se o escritor está escrevendo de forma verdadeira, o leitor poderá sentir essas coisas de forma intensa, como se o escritor as tivesse declarado. A beleza do movimento de um iceberg é devido a apenas um oitavo do que está acima da água.”
Hemingway percebeu o dilema do storytelling, recomendando ao escritor que vá direto ao ponto, opte por poucas palavras e evite apresentar explicações demais, presunção e estatísticas, pois, dessa forma, não conseguirão vender sua marca. É preferível deixar coisas por dizer; é sempre possível dizer mais com menos.
Os temas simples de incidentes e fatos comuns revelam como Tchekhov compunha seus contos curtos aproximarem-se da vida real. Ele subvertia os antigos padrões do conto, ao mesmo tempo que mantinha os elos com os aspectos literários. Conforme [GOTLIB, 2002, 46-7],
“Tchekhov escreve contos frequentemente e, pelo menos na aparência, sem grandes ações, rompendo, assim, com uma antiga tradição. E abre as "brechas" para toda uma linha de conto moderno, em que às vezes nada parece acontecer... Também no conto, é prejudicada a tal unidade tradicional, calcada na obediência ao início, meio e fim. Alguns contos seus não crescem em direção a um clímax. Ao contrário, mantêm um tom menor, às vezes por igual no decorrer de toda a narrativa.”
A crítica normalmente aponta a irresolução característica de Tchekhov na sua ficção muito curta e assinala que essa é uma marca de sua grandeza, bem distinta da que era praticada por seus contemporâneos russos no referido gênero. Normalmente, o fim do conto, além de possuir sua irresolução, deixa ao leitor completar a história.
O próprio Tchekhov costumava repetir:
“Quando eu escrevo, confio inteiramente no leitor, supondo que ele próprio vai acrescentar os elementos subjetivos que faltam ao conto.”
Segundo [MASON, 2012, 1-4], que abre sua tese com o capítulo "Arma de Tchekhov e a Economia Narrativa", dá a palavra ao escritor Anton Tchekhov que, numa conversa com I. Ya. Gurlyand em 1889, teria dito: "Se você pendurou uma arma na parede no primeiro ato, no último, ela deve disparar. Caso contrário, não a pendure." ³ (From I. Ya. Gurlyand's Reminiscences of A. P. Chekhov, in Teatr i искусство, 11 July 1904, nr. 28, p. 521)
A ideologia por trás da Arma de Tchekhov não se refere simplesmente a armamento, mas à economia narrativa: o princípio de que todos os elementos de uma narrativa devem ser essenciais. Apesar da popularidade da "Arma de Tchekhov" como um tropo, a mesma ideologia foi também expressa por Aristóteles, como foi visto acima. Assim, seria igualmente adequado chamar esse tropo de "Arma de Aristóteles".
Com base no exposto, nenhuma parte de um texto deve estar alheio ao princípio enunciado. Se o autor mencionar que o protagonista foi coagido a comprar um conjunto de facas de um vendedor ambulante, podemos esperar um esfaqueamento ou, pelo menos, o corte de vegetais. Dentro do mesmo sistema de contação de histórias, não precisa ser mencionada a cor dos olhos de um dado personagem, a não ser que seja tão peculiar que mais tarde leve alguém encontrar seu gêmeo idêntico.
♧ ♧ ♧
Tchekhov escreveu o conto "Um Escândalo" e publicou-o na Peterburgskaya Gazeta, 1886, nº 33, 3 de fevereiro, p. 3, com o pseudônimo Antosha Tchekhontê. Esse conto tinha como tema central a dignidade humana.
Entendo que a dignidade humana é um conceito amplo que não é facilmente definido por palavras e generalidades. Ao tomar contato com "Um Escândalo", o leitor pode ter uma ideia do significado da dignidade humana como especificamente revelado através de Masha (ou Máshenka), a protagonista de Tchekhov, uma governanta que mostra auto-respeito e leva a vida de uma forma verdadeira de acordo com seu código de ética, independente das circunstâncias com as quais ela tenha que se confrontar.
Uma boa definição de dignidade humana é algo frio, mal articulado:
“A dignidade humana é um conceito evolutivo, dinâmico, abrangente. Os princípios que lhe estão associados: o da não-discriminação; o direito à vida; a proibição de tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes; o respeito pela vida pessoal e familiar e o direito à saúde, à educação, à moradia.”
Observe que o narrador não se preocupa em revelar os traços fisionômicos de sua protagonista Máshenka; interessa-lhe informar sobre a condição social e econômica dela para mostrar como os pobres explorados eram submissos e mais passíveis de compaixão por causa de sua indigência. Por outro lado, caracteriza bem claramente os patrões burgueses, mais fáceis de caricaturar por seus excessos, satirizando seus traços físicos, característicos de uma classe social abastada.
No conto "Um Escândalo", o autor mostra como Máshenka teria menos dificuldades financeiras, caso se dispusesse a ficar na casa de seus patrões depois da injustificada revista do seu quarto por Madame Kúshkina à procura de sua jóia roubada, do que voltar a seus pais que não possuíam recursos. Contudo, a permanência dela na residência dos Kushkin significava que teria que pagar um alto preço psicológico e emocional, resultante da ruína do seu senso de auto-respeito, principalmente porque sobre ela pendia a acusação da patroa de ser a autora do furto (crime patrimonial) e o rótulo de ladra.
Depois de encontrar-se com Madame Kúshkina em seu quarto no ato de uma busca nos seus pertences, Máshenka teve que engolir as palavras que ela própria desejava dizer. A revista no seu quarto é a principal afronta à dignidade humana de Máshenka, e não ser capaz de deixar falar sua mente é como uma cobertura podre num bolo amargo que ela é obrigada a engolir. De acordo com o narrador Tchekhov, ela experimentou pela primeira vez na sua vida "o sentimento que é tão familiar a pessoas em posições dependentes, que comem o pão dos ricos e poderosos", e não podem deixar falar suas mentes. Em seguida, durante o almoço, ocorreu a ofensa cometida pela patroa tornando público o desaparecimento da jóia, o que configurou uma acusação tácita contra Máshenka, constrangendo-a e tornando o clima insuportável para a governanta que se retira para seu quarto. Tal passagem justifica o título do conto, "Um Escândalo".
Para a Harvard Business Review, "um escândalo ocorre quando um evento ou ação percebidos negativamente ganha notoriedade junto a um público relevante."
Tchekhov caracteriza Máshenka como uma garota educada que sabe como comportar-se adequadamente, mas que se indigna quando se vê acuada e confrontada por sua empregadora e fica horrorizada que ela possa estar "envolvida em algo horrível". Contudo, a acusação de ser uma ladra é uma afronta demasiada à sua dignidade, difícil de tolerar, e sua decisão de deixar a residência dos Kushkin demonstra que auto-respeito para Máshenka é de importância suprema. Há uma passagem do conto, já se encaminhando para seu final, na qual Nikoláy procura Máshenka em seu quarto, abre-lhe seu coração, faz uma longa inconfidência e pede a ela para ficar e não deixá-lo à mercê de sua esposa Fedócia, ao que Máshenka mantém sua decisão de voltar à casa de seus pais. Tchekhov lista a longa série de monólogos de Nikoláy num crescendo, (durante os quais Máshenka respondia com um silêncio constrangedor), para finalmente apresentar a franca confissão de Nikoláy de ter ele próprio roubado a jóia.
Observe que o silêncio é uma técnica utilizada por Tchekhov com grande eficácia no presente conto. Para ele, o silêncio — ou aquilo que não é enunciado — é exatamente tão importante quanto o que é explicitamente declarado.
O objetivo do contista é revelar um importante aspecto do caráter de Máshenka (cujo nome completo — Maria Andréievna — só ficamos sabendo ao final do conto), que é o de definitivamente deixar a residência dos seus atuais patrões, com palavras contundentes e decididas. Foi quebrando seu silêncio, que Máshenka finalmente confrontou todos os argumentos de Nikoláy Sergueitch com as seguintes palavras firmes:
“Eu não posso ficar na sua casa nem um minuto, e já não entendo como consegui viver anteriormente nessa casa.”
Temos a tendência de ver no conto em questão os ingredientes para partidarizá-lo como propaganda comunista, mas de fato o conto é de 1886 e a Revolução Bolchevique é de 1917. Antes, acho que o conto retrata o que Tchekhov via na Rússia arcaica da virada do século XIX e como se resolviam conflitos entre as pessoas pela lei do mais forte, a denominada autotutela. Pode-se afirmar que não fazia parte da pretensão de Tchekhov ir além do seu papel de ficcionista, e invadir o campo do crítico.
Conforme disse Elena Vássina:
Conforme disse Elena Vássina:
“A técnica da narrativa e a visão artística de Tchekhov, o escritor menos engajado da época, eram muito inovadoras no contexto da literatura russa, que sempre tinha certa inclinação para as pregações morais.”E ela continua: Segundo Tchekhov,
“só as pessoas impassíveis são capazes de enxergar as coisas com clareza, isso diz respeito apenas às pessoas inteligentes e dignas; os egoístas e as pessoas vazias já são indiferentes mesmo sem isso.”
“O escritor Tchekhov, ao contrário do doutor Tchekhov, não receitava, apenas constatava graves doenças da alma humana mostrando, com toda a objetividade (“A subjetividade é uma coisa terrível”, frequentemente repetiu o escritor), que a principal culpa estava dentro da própria natureza humana e não nas condições sociais injustas do mundo.”
O escritor Tchékhov em 1901. Sua foto foi submetida a trabalho de colorização feita em estúdio. Crédito: Prof. Cupertino Santos. |
III. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ A princesa Tarakánova se fazia passar por filha da imperatriz Isabel Petrovna e tinha ambições ao trono; em 1775, Catarina II ordenou que a encarcerassem na Fortaleza Pedro e Paulo, em São Petersburgo, onde morreu nesse mesmo ano. O quadro que fala disso é obra do pintor K. D. Flavitsky (1830-1866), no qual se representa a princesa em uma cela durante uma inundação, que levou os ratos da prisão a buscarem refúgio junto dela.
² De acordo com “Петровский Н. А.: Словарь русских личных имен”, há muitas formas coloquiais em russo, derivadas do nome Maria (Марья), a saber: Марийка, Мариша, Маря, Мара, Марюня, Маруня, Маруля, Муля, Маруся, Муся, Мася, Масята, Марюта, Марюха, Маруха, Марюша, Маруша, Муша, Маня, Манюня, Манюра, Манюся, Манюта, Манюха, Манюша, Манятка, Мака, Маняша, Маша (donde, Мáшенька, nossa protagonista), Машаня, Машоня, Машука, Машуня, Муня, Машура, Мура, Шура, Машара, Машута, Мута, Машуха, Моря, Марьюшка e Марьяша.
³ «Если вы в первом акте повесили на стену пистолет, то в последнем он должен выстрелить. Иначе — не вешайте его.» (dito que teria dado origem à teoria da Arma de Tchekhov)
IV. BIBLIOGRAFIA
ARISTÓTELES: Poetics, traduzida por Richard Janko, Indianapolis: Hackett Publishing Company, 1987, 261 p.
Link: https://books.google.com.br/books?id=WDNnt77p72sC&pg=PT5&lpg=PT5&dq=aristotle+poetics+translated+by+richard+janko&source=bl&ots=6MCPHkP5X2&sig=ACfU3U3OevzsdieWbAiTht9Mz6silouOsA&hl=pt-BR&sa=X&ved=2ahUKEwiN4dnnjfrpAhWFD7kGHTz0D5oQ6AEwCXoECAoQAQ#v=onepage&q=aristotle%20poetics%20translated%20by%20richard%20janko&f=false
CHUDAKOV, A. P.: Chekhov's Poetics, trad. Edwina Jannie Cruise & Donald Dragt, Ann Arbor: Ardis, 1983, 228 p.
CHUDAKOV, A. P.: Chekhov's Poetics, trad. Edwina Jannie Cruise & Donald Dragt, Ann Arbor: Ardis, 1983, 228 p.
FREDERICK, Samuel: Narratives Unsettled: Digression in Robert Walser, Thomas Bernhard, and Adalbert Stifter, Evanston: Northwestern University Press, 2012, 224 p.
GOTLIB, N. B.: Teoria do Conto, São Paulo: Editora Ática, 2002, 20ª edição.
MANGUM, Bryant: "Ernst Hemingway", in Critical Survey of Short Fiction, ed. Salem Press, 1982, p. 1621-28
Link: https://www.yumpu.com/en/document/read/11386589/the-short-story-maine-content-literacy-project
MASON, Bryant: Paratextuality and Contemporary Narrative: The Physical Object as a Storytelling Device, tese de mestrado apresentada à Graduate Faculty in Liberal Studies para preenchimento das exigências para o título de Master in Arts, The City University of New York, 2016, 59 p. A tese abre com a seção denominada "Chekhov's Gun and Narrative Economy" (p. 1-3).
Revista "Театр и Искусство": Из воспоминнаний об А. П. Чехове, 1904, № 28, 11 июля, стр. 521 (Ref.: "Чеховское ружьё" ou A Arma de Tchekhov)
TYBOUT, A.M. & ROEHM, M.: Let the Response Fit the Scandal, Harvard Business Review, 2009
ULIÁNOVA, Olga: Un Chéjov desconocido: Platonov, o, La pieza sin nombre, Santiago de Chile: RiL-Red Internacional del Libro Ltda., 2000, 315 p.
VÁSSINA, Elena: Anton Pavlovitch Tchekhov, Revista Cult, s/d
8 comentários:
Acho que é ocioso falar da importância de visitarmos novamente o escritor russo ANTÓN PÁVLOVITCH TCHÉKHOV, um dos grandes da literatura universal que valorizava o cotidiano da vida e que era um verdadeiro mestre na capacidade de evocar imagens e descrever emoções.
Hoje lhe apresento a tradução de mais um conto desse autor, intitulado UM ESCÂNDALO, datado de 1886. Com esse trabalho, são três os contos desse autor cuja tradução, do russo para o português, não foi publicada pelas editoras até hoje, a não ser pelo Blog do Braga. Nesse espaço virtual, anteriormente já publiquei, do autor russo, Uma Brilhante Personalidade (Conto de um Idealista) e Vingança de uma Mulher.
O presente conto é acompanhado de análise literária de minha lavra e de rica bibliografia consultada para esse fim.
https://bragamusician.blogspot.com/2020/06/um-escandalo.html
Cordial abraço,
Francisco Braga
Prezado confrade Braga, boa noite. Parabéns pela tradução de um texto tão interessante na forma e inteligente no conteúdo. Pelo que escrevo, acho dificílimo produzir textos curtos como esse autor ou poemas como Hai Kai. Mais que domínio do texto demonstra a própria arte do texto objetivo. Gostei.
Paulo Sousa Lima
Caro Sr. Francisco Braga,
Recebi seu trabalho do conto de Antón P. Tchékhov, cuja tradução do original na língua Russa para o nosso idioma Português por V.Sa. dá bem a medida do altíssimo nível cultural de V.Sa. no trato de uma empreitada de cuja complexidade conhecemos bem.
Agradeço sensibilizado sua atenção e penso em repassá-lo, se me permitir, para membros da Academia Fluminense de Letras, de que participo desde alguns anos, em Niterói.
Atenciosamente,
Francisco T. de Albuquerque
Parabéns!
Belo trabalho.
Att.
Rosy
Prezado professor Braga;
Interessantíssima tradução como também, para completar, a primorosa análise sobre o trabalho do autor e sobre o gênero em si.
Espero que aprecie esse trabalho de colorização de uma foto do escritor feita em estúdio (1901).
Muito obrigado
Cupertino
Parabéns Francisco, belo trabalho. Mauricio
Bravo meu caro, sou-lhe grato por ter me enviado o conto, parabéns,
abraço
Miguel Jorge
Caro amigo Braga
Agradecemos pelo envio.
Abraços, de Mario e Beth.
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