terça-feira, 13 de julho de 2021

CONCERTO FINAL DE MEU BACHARELADO EM MÚSICA NA UnB EM 2008


Por Francisco José dos Santos Braga 
 


Do 2º semestre de 2002 ao 2º semestre de 2008 inclusive, fiz o curso de graduação em Música, tendo obtido meu bacharelado no Departamento de Música da UnB, na área de concentração: Composição. Embora tenha sido aprovado também para o curso de graduação em Piano, por uma banca formada pelos Professores pianistas Nei Salgado e Alla Dadayan, após cursar as duas graduações simultaneamente durante 1 ano, cheguei à conclusão de que a Composição demandava dedicação exclusiva pelo grau de dificuldade crescente das disciplinas, especialmente no campo da eletroacústica, onde pretendia alcançar progressão e excelência, sendo obrigado a abandonar o Curso de Gradução em Piano após o 1º ano. 
No último semestre do meu curso superior, concluí as disciplinas Música de Câmara-1 e 2, de 4 créditos cada, e Introdução à Flauta Doce 1, de 2 créditos, todas ministradas pelo Prof. Ebnezer Maurílio Nogueira da Silva, Doutor pela Florida State University-FSU, EUA, 1994, completando os 222 créditos necessários à conclusão do Curso Superior em Música, na área de concentração: Composição. Esse professor era excelente fagotista e flautista, tendo sido meu professor nas disciplinas de Evolução da Música-1 e 2, no 2º semestre de 2002 e 1º semestre de 2003 respectivamente. Através desta disciplina, atualmente chamada de História da Música, obtive uma ótima percepção da história da música ocidental, desde as origens até às diversas vertentes contemporâneas. 
Sob a supervisão do Prof. Ebnezer, na disciplina Música de Câmara atualmente conhecida como Prática de Conjunto , foi realizada uma apresentação final de curso com a participação do fagotista Fábio Benites e minha ao piano. Os ensaios ocorriam com regularidade durante as aulas nos finais de tarde das quintas-feiras e assim ensaiamos as três peças de alguma complexidade, a saber: um concerto de Antonio Vivaldi, uma sonata de Benedetto Marcello e a Valsa Seresta de Hilda Reis, uma compositora brasileira. O recital era a condição para obtermos a conclusão da disciplina Música de Câmara com aproveitamento, de modo que fizemos uma apresentação pública do nosso Duo, numa sala da Livraria MusiMed, na SCRS 505 Bloco A loja 65, sediada na Av. W3 Sul, em Brasília, no dia 6 de dezembro de 2008, em evento conhecido como SARAU MUSICAL MUSIMED, previamente marcado e divulgado por mala direta pela Livraria MusiMed a seus clientes e correspondentes. Infelizmente o recital não foi gravado. Resta-me apenas documentar o ocorrido através do Programa e de outros elementos que evidenciem essa minha participação. 
 

 
Lembro-me que fomos, na plateia, surpreendidos pela presença ilustre de Frederico Máximo Vianna Barbeitas (?-06/03/2013), que tinha sido Secretário da Receita Federal-Adjunto durante minha passagem pela Receita Federal como Fiscal de Tributos Federais (1980-1983) ¹. Quando aposentado, Barbeitas se dedicava a programas radiofônicos de música erudita em Brasília, obtendo enorme sucesso entre os connaisseurs. Sobre Barbeitas, o Jornal da Câmara, edição de 04/04/2001, Ano 3, nº 520, noticiou o seguinte: 
Barbeitas estreia Sala de Música na Rádio Câmara FM
O especialista em música erudita, Frederico Barbeitas, está à frente do programa Sala de Música que estreou, no último domingo, na Rádio Câmara FM. A programação é abrangente e inclui peças que vão desde o período medieval até as produções contemporâneas. 
O Sala de Música irá ao ar todos os domingos das 19h às 21h. Os brasilienses que gostam de composições eruditas já conhecem bem o trabalho de Barbeitas. Dono de um acervo pessoal de três mil discos, ele produziu e apresentou um programa nos mesmos moldes, durante 10 anos, na Rádio Cultura FM. Frederico Barbeitas acredita que a transferência para a Rádio Câmara será uma forma de continuar atendendo a um público cada vez mais interessado em música erudita. 
O programa de estreia na Rádio Câmara FM, no último dia 1º de abril, teve como destaque uma homenagem ao centenário de morte do compositor italiano Giuseppe Verdi. 
No próximo domingo, serão apresentadas músicas de Johannes Bree, além de detalhes sobre a vida e a obra do mestre holandês. Em 2001, estão sendo comemorados os 200 anos de nascimento de Bree. (...) 
 
Sobre o programa do nosso recital, é importante tecer alguns comentários iniciais. 
O Concerto em lá menor de Antonio Vivaldi (1680-1741) foi escrito para fagote solista acompanhado pelas cordas. Tal foi a predileção do compositor pelo referido instrumento de sopro, a ponto de chegar a compor para fagote solista 39 concertos. Certos arranjadores muito competentes costumam compor uma redução da orquestra para um instrumento de teclado acompanhador, por exemplo o piano, o cravo ou o órgão, mantendo a melodia do instrumento solista inalterada. Foi o que fez Karl Heinz Fuessl no caso do Concerto para fagote de Vivaldi, ao compor a redução do acompanhamento orquestral para piano. 
 
1º movimento: Allegro (ma molto moderato), 1ª pág.

 
Quanto à Sonata em mi menor de Benedetto Marcello (1686-1739), é preciso observar que o instrumento solista originalmente pensado pelo compositor era o violoncelo, e não o fagote. Segundo o maestro Diogo Pacheco,
enquanto o violoncelo é a base da harmonia nas cordas, o fagote cumpre as mesmas funções nos instrumentos de sopro. Os instrumentos fagote e violoncelo cumprem as mesmas funções nas obras sinfônicas. Por isso, em grande parte das obras e em grau, tocam em uníssono. Num quarteto de cordas, o violoncelo representa a base harmônica, o mesmo acontecendo com o fagote nos quartetos para sopros, que incluem, além do fagote, flauta, oboé e clarineta. Mas, apesar disso, e sobretudo na música de câmara, eles também podem contribuir com solos, devido à beleza de seus sons. (...) 
A música de câmara requer uma grande competência do compositor devido à transparência dessas obras e deixam qualquer deslize transparente, o que não ocorre com a música sinfônica, onde a massa sonora empregada pelo compositor pode esconder alguns defeitos. Vários autores escreveram concertos para esses dois instrumentos graves. (...)
 
2º movimento: Allegro, 1ª pág.

 
A Valsa Seresta para fagote e piano da compositora brasileira Hilda Reis (1919-2001) foi dedicada ao fagotista Noel Devos. 
 
Andamento: Tempo Rubato, 1ª pág.
 
A minha peça "Lírica Espacial" foi composta numa disciplina chamada Composição V, no segundo semestre de 2004, sob a orientação do Prof. Conrado Silva de Marco (⭐︎1940, Montevidéu ✞ 2014, São Paulo), do Departamento de Música da UnB, e foi selecionada pela Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica para fazer parte de um kit comemorativo em homenagem aos 50 anos da música eletroacústica no Brasil, composto de 5 CDs e de um valioso encarte descritivo dos compositores e suas peças com 223 páginas, em três línguas. 
Ouça "Lírica Espacial" e veja explicação detalhada in https://bragamusician.blogspot.com/2017/09/lirica-espacial-de-2004-4-43-por.html
 
Em suma, a audição de "Lírica Espacial" finalizou o Sarau, cujo programa era constituído de duas composições do barroco italiano e um exemplar do romantismo brasileiro, preparados dentro das disciplinas "Música de Câmara-1 e 2" ministradas pelo Prof. Ebenezer Maurílio Nogueira da Silva.
 
 
II. SUGESTÕES DE AUDIÇÃO DO PROGRAMA EM VÍDEOS E NOTAS SOBRE COMPOSITORES
 

1) ANTONIO VIVALDI: Concerto para fagote e cordas em lá menor RV 498  
 
Movimentos: 
1. Allegro (ma molto moderato) 
2. Larghetto 
3. Allegro 
 
a) Fagote: Martin Gatt 
Regente: Sir Neville Marriner of Academy of St. Martin in the Fields 
 
b) Fagote: Josep Borras 
Regente: Alfredo Bernardini do Conjunto L'Armonia e L'Inventione 

O Concerto em lá menor, RV 498, tem um real ritornello de abertura, levando a um primeiro episódio de fagote com saltos amplos e uma estrutura baseada em sequências. O Larghetto central em fá maior tem uma ária lírica de fagote, ainda com um uso quase antifonal dos registros superiores e inferiores do instrumento solo. Para o último movimento, a tonalidade menor retorna devidamente a entrada do fagote solo marcada pela escrita sequencial. 
 
Antonio Vivaldi nasceu em 1678, filho de um barbeiro que mais tarde serviu como violinista na grande Basílica de São Marcos. Vivaldi estudou para o sacerdócio e foi ordenado em 1703, conhecido em sua cidade natal como Il Prete Rosso (o padre vermelho, por causa de seus cabelos ruivos). Ao mesmo tempo, ganhou fama de violinista de habilidade fenomenal e foi nomeado mestre de violino no Ospedale della Pietà, que era um convento, orfanato e escola musical para moças de Veneza, que se tornou famoso no século XVIII pelo alto nível de educação musical que dava às suas internas e por ter sido um dos principais locais de trabalho de Vivaldi; a Pietà abrigava meninas órfãs ou abandonadas, que muitas vezes lá permaneciam por toda a vida, caso não casassem ou abraçassem a vida religiosa. A partir do século XVII foi instituída rigorosa educação musical em instrumento, composição e canto para as meninas talentosas, que eram chamadas de as Figlie di Choro; pelo menos duas se tornaram compositoras de algum prestígio: Anna Bon e Vincenta Da Ponte. As restantes eram as Figlie di Comun, realizando apenas tarefas domésticas. 
 
Ospedale della Pietà em Veneza

 
As meninas da Pietà tinham uma grande variedade de instrumentos à sua disposição, além das cordas e instrumentos de teclado habituais da orquestra básica. Isso incluía o fagote, para o qual Vivaldi escreveu 39 concertos, dois dos quais aparentemente incompletos. É desconhecida a razão para tal número de concertos para um instrumento solo relativamente incomum. 
 
[GROUT & PALISCA, 1994, 426] reproduz trecho de uma carta de Charles de Brosses, intitulada "L'Italie il y a cent ans ou Lettres écrites d'Italie à quelques amis en 1739 et 1740", sobre os concertos em Veneza, traduzido por Claude Palisca:
Música inexcedível é aqui a dos asilos. Existem quatro, todos eles constituídos por moças bastardas ou órfãs ou cujos pais não têm possibilidade de as criar. Elas são, portanto, educadas à custa do erário público e treinadas exclusivamente para serem musicistas exímias. E em virtude disso, cantam como anjos e tocam violino, flauta, órgão, violoncelo, fagote. Em suma, não há instrumento, por maior que seja, que as assuste. Vivem enclausuradas como freiras. São elas as únicas executantes; em cada concerto tocam cerca de quarenta moças e juro-vos que nada é tão encantador como ver uma freira jovem e bonita, de hábito branco, com um raminho de flores de romã atrás da orelha, a dirigir a orquestra e a marcar o compasso com a maior graça e a maior precisão que possais imaginar. As suas vozes são adoráveis pelo timbre e pela leveza, pois aqui ninguém sabe o que seja a severidade nem as notas prolongadas como um fio, à moda francesa (...) 
O asilo a que vou mais vezes é o da Pietà, pois é aí que os concertos são mais agradáveis. Este asilo é também o primeiro na perfeição das sinfonias. E que impecável execução! Só aí se ouve a primeira arcada, de que falsamente se vangloria a Ópera de Paris.
Vivaldi também parece ter tido vários casos amorosos, um dos quais com uma de suas alunas, a contralto Anna Girò (ou Anna Giraud), e o compositor era suspeito de fazer algumas adaptações nas velhas óperas venezianas a fim de adequá-las aos recursos vocais da suposta amante. Essa atividade lhe teria causado alguns dissabores com outros músicos, como Benedetto Marcello, que teria escrito um panfleto intitulado Il teatro alla moda contra ele. O divertido panfleto, no qual Marcello deu vazão a suas opiniões a respeito do estado do drama musical na época, foi reeditado frequentemente e constitui um importante documento nos inícios da história da ópera. Pouco antes do início da temporada de ópera em Ferrara - que, para Vivaldi, significava uma esperança de resolver suas dificuldades financeiras -, o compositor foi convocado pelo núncio apostólico para ser informado de que fora proibido de entrar na cidade pelo próprio arcebispo local, Tommaso Ruffo. O motivo alegado para tal proibição (catastrófica para Vivaldi, tendo em vista os compromissos financeiros já assumidos), foi o fato de Il Prete Rosso não oficiar missas, além de andar acompanhado por mulheres, tais como Anna Girò. Ademais, o arcebispo tinha aversão ao envolvimento de padres com espetáculos. Antonio Vivaldi teve mesmo que amargar um grande prejuízo econômico, afronta que o teria convencido a deixar definitivamente a Itália. 
 
[GROUT & PALISCA, idem, 424, apud BURNEY, Charles: A General History of Music, 1935, 908] transcreve trecho sobre a exorbitância paga a cantores em Veneza:
Em 1720 havia dez novas óperas nos diferentes teatros de Veneza, compostas por Buini, Orlandini, Vivaldi e Porta ². O autor da Notitia di Teatri di Venezia queixa-se dos enormes salários pagos nesse ano aos primeiros cantores, dizendo que se deu mais por uma única voz do que seria preciso gastar num espetáculo inteiro. Antes, diz ele, uma soma de 100 coroas era considerada um preço avultado para uma boa voz, e da primeira vez que atingiram a de 125 coroas, tal exorbitância tornou-se proverbial. Mas o que é isso, prossegue o mesmo autor, comparado com os salários atuais, que, geralmente, ultrapassam os 100 sequins e têm um tal efeito sobre o resto da companhia que as exigências de cada um aumentam constantemente na proporção da vaidade e da importância exagerada do primeiro cantor. As consequências, na verdade, são fatais quando os executantes se combinam, como tantas vezes acontece, para extorquirem ao empresário um contrato onde lhes sejam atribuídas determinadas somas, tornando a incerteza do sucesso dos espetáculos o pagamento mais do que precário.

Sua última apresentação na Pietà ocorreu no dia 21 de março de 1740, por ocasião de uma homenagem a Frederico Cristiano, príncipe da Polônia. Exonerando-se em seguida de suas funções na Pietà, viajou para Viena, onde parecia haver alguma possibilidade de prosseguir sua carreira na Corte Imperial, ou talvez com a ideia de viajar para a Corte em Dresden, onde seu aluno Pisendel estava trabalhando. No entanto, sua permanência em Viena seria breve. Pouco depois da sua chegada a Viena, morre seu protetor, Carlos VI. Esse trágico golpe de azar deixa o compositor sem qualquer fonte de rendimentos, obrigando-o a novamente vender seus manuscritos para sobreviver. Vivaldi morreria no ano seguinte em relativa pobreza, no dia 28 de julho de 1741; teve um enterro modesto. Igualmente desafortunada, sua música viria a cair na obscuridade até os anos de 1900. Suas partituras manuscritas foram redescobertas no final da década de 1920. A partir de 1950, suas composições passaram a ser bastante difundidas, graças às inúmeras gravações em disco. 

João Marcos Coelho, no seu programa "O que há de novo" da RÁDIO CULTURA FM de São Paulo, avalia que, ao todo, suas obras chegam a 748 total catalogado pelo pesquisador Peter Ryom há trinta anos (é de sua inicial que se compõe a classificação da obra do compositor, com as letras RV = Ryom-Verzeichnis). Nem ao menos o seu maior sucesso em vida, a série de concertos “As Quatro Estações”, conseguiu manter-se na vida musical européia após sua morte. O inexplicável silêncio só rompeu-se nos anos 30 do século passado, quando o poeta norte-americano Ezra Pound promoveu uma série de concertos com música de Vivaldi entre 1933 e 1939 na cidade italiana de Rapallo. Não por acaso, Pound morreu em Veneza, a cidade natal do compositor pelo qual era fanático. A violinista Pina Carmirelli, que participou desses concertos, pesquisou quase 400 obras instrumentais na bibioteca de Turim; em seguida, dois compositores, Alfredo Casella e Gian Francesco Malipiero editaram sua obra religiosa, incluindo o Gloria hoje muito famoso, e suas óperas. Malipiero deu às partes de baixo contínuo das Quatro Estações, por exemplo, uma escrita romântica cheia de arpejos. Foi assim que esta obra foi gravada pela primeira vez, em 1950, pelo selo Cetra. De lá para cá, transformou-se seguramente na mais conhecida obra de música barroca no planeta. As últimas oito décadas têm sido generosas com Vivaldi, transformando-o num dos compositores mais populares no mundo inteiro. 
 
 
2) BENEDETTO MARCELLO: Sonata nº 2 em mi menor, Op. 1 para fagote e piano. Originalmente: para violoncelo e baixo contínuo. 
 
Movimentos: 
1. Adagio 
2. Allegro 
3. Largo 
4. Allegretto 
 
Benedetto Marcello (Veneza, 31 de julho de 1686 — Bréscia, 24 de julho de 1739) foi um compositor, escritor, advogado e magistrado italiano. É um compositor que realmente com estas seis sonatas do Op. 1 demostrou que de uma maneira singela se pode conseguir uma formosa melodia! 
Sonata nº 1 em fá maior 
Sonata nº 3 em lá menor 
Sonata nº 4 em sol menor 
Sonata nº 5 em dó maior 
Sonata nº 6 em sol maior 
 
a) Violoncelista Claudio Casadei 
Cravista Francesco Tasini 
Link: https://youtu.be/Qb4baUWEQn8 (de 9:17 a 17:00)
 
b)  Fagote: Ahmad El Hennawi 
Piano: David Hales 
 
 
d) Só o acompanhamento na guitarra (violão): Guitarrista: Francesco Tesei
 
e) Fagote, piano, com swing "jazzístico" de bateria no CD intitulado Com licença!... de Hary Schweizer
Piano: Elza Kazuko Gushikem
Fagote: Hary Schweizer
Bateria: Paulo Marques
 
CD de Hary Schweitzer: Com licença!....

 
3) HILDA REIS: Valsa Seresta (dedicada ao fagotista Noel Devos)
 
Movimento: Tempo Rubato
 
Fagote: Ebnezer Da Silva 
Piano: Elza Kazuko Gushikem
Link: https://www.youtube.com/watch?v=pxJ_RulnzaE (gravação ao vivo no auditório da Casa Thomas Jefferson, na Asa Sul em Brasília, no dia 06/10/2017, fazendo parte de um evento comemorativo chamado UM FAGOTE DE 70 ANOS..., dedicado ao fagotista Hary Schweizer. Vários fagotistas estiveram presentes ao concerto e seus instrumentos foram expostos em mostruário adrede preparado para o evento. 
 
UM FAGOTE DE 70 ANOS...,
um evento comemorativo dedicado ao fagotista Hary Schweizer
    
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III. CURIOSIDADES SOBRE O FAGOTE
 
... o fagote fascina por sua sonoridade e formato. Há algo misterioso acerca do fagote, não só para o ouvinte, mas também para o executante. Para cada verdadeiro músico, o instrumento faz parte de sua própria pessoa, também para o fagotista. Mesmo assim, os fagotistas, após uma vida a tocar este instrumento, tem que admitir que seu instrumento tem segredos que nunca lhe foram revelados... 
...em todo fagote está escondido algo de insondável, secreto. Na alma deste maravilhoso instrumento ninguém, nem mesmo os grandes solistas, consegue penetrar bem fundo. No seu timbre e caráter o fagote tem qualquer coisa mais de impenetrável, mesmo para quem o constrói. 
Aparentemente assim tem de ser. Provavelmente é bom que seja assim.

                                              WILL  JANSEN apud "Portal do Fagote" por Hary Schweizer

A invenção do fagote data do século XVI. Foi um padre italiano, Afrânio Dégli Albonesi, quem teve a idéia de juntar duas bombardas (o baixo do oboé, na época), formando um novo instrumento, ao qual deu o nome de fagote. Assim, o fagote é na realidade o baixo do oboé e o seu histórico, antes do séc. XVI, é o mesmo desse instrumento. Desde suas primeiras aparições na arte ocidental, que datam dos séculos XII e XV, o oboé passou por grandes transformações. Neste período ele se alonga e toma o nome de bombarda. Mais tarde será um baixo desta bombarda que, dobrado em dois, dará ao fagote a sua forma primitiva. Paralelamente à bombarda, apareceu no século XV um outro instrumento de palheta dupla chamado cromorne, que de sua forma característica se origina talvez o oboé d'amore. (...) O primeiro fabricante de fagote foi Basilius, mas quem deu a sua forma definitiva foi o alemão Sigismund Scheltzer, no começo do séc. XVII, chamando-o "dulcine fagotto" ("dulcine", porque este instrumento se caracterizava pela emissão de sons doces). Michel Praetorius nos assinala a existência de uma família inteira de fagotes, que se estendia sobre cinco oitavas. 

O fagote que no início só comportava quatro chaves, passou por aperfeiçoamento (...) E o seu mecanismo se desenvolveu até chegar a possuir vinte e duas chaves. E é quando começa a ser empregado nas bandas militares, nas Gardes Françaises, nos Uhlaus do Marechal de Saxe e nas bandas russas sob o reinado de Pedro, o Grande. (...) À medida que a técnica do fagote foi se aperfeiçoando, foram-lhe confiando obras mais ou menos importantes. Um dos concertos de Johann Christian Bach foi escrito para fagote. Vivaldi escreveu mais de vinte que foram editados ultimamente sob a orientação de Malipiero. Em todas as suas composições Mozart o empregou de uma maneira genial. Nas suas sinfonias e música de câmara explorou todos os recursos do fagote, para o qual escreveu dois concertos (destes o mais conhecido e tocado é o em si bemol). (...) 

O fagote atual é feito inteiramente de madeira, com um mecanismo metálico composto de 22 chaves. Um dos pontos característicos do instrumento é sua palheta dupla, semelhante à do oboé e a do corne inglês. Enquanto a clarineta possui uma embocadura feita de uma só palheta, a do fagote é composta de duas lâminas de madeira fina. As duas partes, flexíveis, batem uma contra a outra, sob a ação do jogo de ar. O som que daí resulta é amplificado ao passar pelo tubo do instrumento. O comprimento total do tubo é de aproximadamente dois metros e cinqüenta centímetros. Como já dissemos antes, é um baixo de bombarda dobrado em dois (com a curva em U); uma das extremidades de um desses tubos é recurvada (em forma de S) para permitir uma maior comodidade ao instrumentista. Nas gravuras dos séc. XVI, XVII e XVIII podemos ver músicos tocando bombarda e cromorne com embocadura de trombone. Mas no fundo dessa embocadura se encontra uma palheta fixada sobre o tubo, de modo que ao soprá-la vigorosamente a palheta vibra como se fosse soprada diretamente pelos lábios. O fagote não é um instrumento transpositor. Ele é afinado em dó. Sua extensão é considerável e vai do si bemol abaixo do dó grave do violoncelo até o fá, três oitavas acima. 

Link: http://www.haryschweizer.com.br/Textos/DEVOS_1_origem.htm [Extraído de Origem e Evolução Técnica do Fagote (cap. 1 do curso de extensão universitária ministrado na UFRJ, agosto/setembro de 1966 por Noel Devos)] 


IV. NOTAS EXPLICATIVAS
 
 
¹ Frederico Barbeitas deixou importante estudo sobre a relação entre a administração tributária e o contribuinte brasileiro, intitulado "Assistência-Informação-Educação Tributária no Brasil (1970/1988)", em co-autoria com Renato Antônio Alvarenga Vieira Machado, 148 p.  O PDF está disponível na Internet. 
 
²  Giuseppe Maria Buini (Bolonha, 1680-Alexandria, Itália, 1739)
Giuseppe Maria Orlandini (Florença, 1676- Florença, 1770)
Giovanni Porta (Veneza, 1677-Munique, Alemanha, 1755)

 

V. AGRADECIMENTO
 

Agradeço carinhosamente à minha esposa Rute Pardini suas fotos bem como a sua edição e formatação para fins deste post.


VI. BIBLIOGRAFIA

 

BRAGA, Francisco J. Santos: LÍRICA ESPACIAL, DE 2004 [4' 43''], por Francisco dos Santos Braga, postado em 22/09/2017 
 
DEVOS, Noel: Origem e Evolução Técnica do Fagote (cap. 1 do curso de extensão universitária ministrado na UFRJ, agosto/setembro de 1966 por Noel Devos)  

GROUT, Donald J. & PALISCA, Claude V.: HISTÓRIA DA MÚSICA OCIDENTAL, Lisboa: Gradiva Publicações Ltda, 1994, 1ª edição, 759 p.

SCHWEIZER, Hary: Portal do Fagote: o site de Hary Schweizer.  

quinta-feira, 8 de julho de 2021

TRIBUTO À PROFª HEBE RÔLA: 90 ANOS DE VIDA / 75 ANOS DEDICADOS À EDUCAÇÃO E À CULTURA MARIANENSE


Por Francisco José dos Santos Braga 
 
Em Mariana / A ARTE esvoaça no dobre dos sinos / Canta nas bandas de música / Nos conjuntos de seresteiros, nos corais / Pinta nos tetos dos templos e / Esculpe as portas dos sacrários / Desenha nas fraldas das montanhas / Borda nas minas e nos leitos dos rios... 
Hebe Rôla

 

Crédito: Sociedade Brasileira de Poetas Aldravianistas

I. INTRODUÇÃO

No dia 16 de maio de 2021, a Casa de Cultura de Mariana - AML, a Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil - ALACIB e a ALDRAVA LETRAS E ARTES abriram as comemorações do nonagésimo aniversário da Presidente da Casa de Cultura – Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, HEBE RÔLA, que se deu em 23 de junho. 

Profª Hebe foi homenageada com a edição do livro “HEBE RÔLA – 90 anos de vida / 75 anos dedicados à Educação e à Cultura Marianense”, organizado pela Acadêmica e escritora Andreia Donadon Leal, que fez a entrega da edição impressa à personalidade homenageada. Andreia destacou o trabalho exemplar e contínuo da educadora e ativista cultural da Primaz de Minas na Apresentação do livro: 

Minha gratidão à professora Hebe Rôla é imensurável. Meu anjo da guarda nos tempos de graduação, quando cursava Letras na Universidade Federal de Ouro Preto. Ela, várias vezes me socorreu, abrigando-me em sua casa até que melhorasse, pois naquele tempo sofria de irremediável problema de saúde. Completando 90 anos e na presidência da Casa de Cultura – Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, ativa participante da ALACIB MARIANA e da ALDRAVA LETRAS E ARTES e na coordenação da Academia Brasileira de Autores Aldravianistas – Infanto-juvenil e da Academia Marianense Infanto-juvenil de Letras, Ciências e Artes (idealizadora e coordenadora); enfrenta a pandemia produzindo e publicando em redes sociais, Hebe continua com a vitalidade de sempre. Essa vitalidade não poderia deixar de ser comemorada com a publicação deste livro em sua louvação. Convidei acadêmicos, parceiros de trabalho e de vida literária para participarem desta publicação. Prontamente todos atenderam e enviaram textos que marcam a grandeza do espírito criativo, empreendedor e benevolente da mais popular professora de Mariana. 
Fiquei feliz com o resultado. Essa publicação, embora singela, é uma sincera homenagem da Casa de Cultura – Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil (ALACIB-MARIANA), da ALDRAVA LETRAS E ARTES, da Academia Brasileira de Autores Aldravianistas – Infanto-juvenil, da Academia Marianense Infanto-juvenil de Letras, Ciências e Artes e da Universidade Federal de Ouro Preto à sua louvável trajetória profissional, artística, literária e de pessoa que prestou assistência à sociedade desmedidamente. 
Parabéns por esta data natalícia, e desejos de muitos anos de vida!”. 

 

Crédito: Jornal Aldrava Cultural

 

II. ENTREVISTA virtual da Profª Hebe Rôla no seu nonagésimo aniversário concedida ao Acadêmico Francisco José dos Santos Braga / Membro da ACADEMIA MARIANENSE DE LETRAS

Na impossibilidade de entrevistar presencialmente D. Hebe Maria Rôla Santos devido à pandemia, imaginei uma entrevista ficcional ou imaginária em que HR – sigla do nome da entrevistada – concede a entrevista a FB – sigla do nome do autor. O leitor poderá questionar: “Na impossibilidade de entrevistar pessoalmente HR, não podia tê-lo feito por escrito?” Até entendo. Mas se o tivesse feito, teria sido muito real, teria perdido o meu foco, eis que o meu objetivo era ser virtual, sem a pretensão de ser linear nem exato. Deixo à entrevistada decidir qual teria sido o melhor caminho. 
Vamos à Entrevista: 
 
No auge dos seus 90 anos, a Professora Emérita da UFOP-Universidade Federal de Ouro Preto e Presidente da Academia Marianense de Letras, educadora, poetisa, escritora, pesquisadora do folclore e da cultura, entre outras atribuições, continua trabalhando e afirma não querer parar. É ela que nos conta sobre sua paixão pela educação e pelas letras numa entrevista exclusiva. 
 
“IN HOC ALIQUID GAUDEO DISCERE ET DOCERE” (Sêneca)
Nisso consiste nossa alegria: aprender para ensinar.
 
FB: Presidente Hebe, é impressionante seu dinamismo e liderança nas suas múltiplas atividades. A sra. não pensa em descansar um pouco? 
HR: Eu continuo trabalhando porque eu quero retribuir ao povo o que ele sempre me deu e me dá. Porque o povo é bom, nós precisamos só ajudá-lo a se conduzir. 
 
FB: Além dessa questão de retribuir, é o amor pela profissão que faz a sra. continuar? 
HR: Eu não consigo parar. Eu não sei... tenho uma força propulsora que me leva às escolas. Eu considero que lá é meu lugar também. Porque eu tenho que conviver também com as outras gerações. Então, é assim uma espécie de respeito, de carinho  com a criança, o jovem e o idoso da minha terra. 
 
FB: Qual a razão de ter escolhido a profissão de educadora? 
HR: Primeiro, eu queria ser advogada. Queria defender todo o mundo que não tivesse defesa. Aquele senso de justiça que a gente tem. Mas, depois, eu tive uma experiência de pequenininha no infantil: na escola eu era monitora da professora. Isso era chique demais. Eu comecei a ver que era tão bom ensinar e comecei a aprender muito para ensinar e a estudar muito para ser uma professora digna. Porque o professor que não estuda está fadado a ser considerado um mau professor. 
 
FB: Como pesquisadora do folclore, especialmente de personagens, cantigas, linguagem dos sinos, histórias, parlendas e causos da Região dos Inconfidentes, o que a sra. tem a nos dizer sobre sinos? 
HR: Venho estudando os toques e repiques de sinos em Mariana e Ouro Preto desde a década de 1980 e até já dediquei um livro à criançada, intitulado “O Bem-Te-Sino” (2004). A obra fala de um bem-te-vi que queria ser um sino de Mariana, cidade que também conserva esse velho sistema de comunicação entre a Igreja e a população. E, para encantar ainda mais as crianças, carrego, para as minhas palestras, todos os personagens do livro, em forma de brinquedos. Antes da pandemia naturalmente, na Escola Dom Benevides (de tempo integral), as turmas do 1º ao 5º ano ficavam de olhos grudados e ouvidos atentos para não perder nenhuma das minhas explicações. Antes da palestra, costumava convocar, especialmente para a ocasião, a centenária Sociedade Musical União XV de Novembro para a abertura, tocando um trecho de Os Sinos de Minha Terra, do compositor marianense Aníbal Walter. 
Assim, conclui o prefacista J.B. Donadon-Leal: 
“(...) a bela história de O Bem-Te-Sino, lapidada por Hebe, cumpre com uma função fundamental: a formação da cultura de apoio e incentivo à criatividade infantil. É isto que nos ensina a família Bem-Te-Vi ao aceitar as peripécias do filho diferente, mas ao mesmo tempo o filho se dispõe a utilizar suas habilidades para o bem social. A singela história de O Bem-Te-Sino é uma profunda aula de virtudes, além de ser um registro inequívoco da linguagem dos sinos, por pouco silenciadas das torres das igrejas históricas de Minas, mas agora perpetuada pela exaustiva pesquisa de Hebe Rôla e pela docilidade da divulgação dessa linguagem para um público em formação. Que todos os sinos cantem em sua homenagem, Hebe Rôla.”

 

Em 2012, houve o lançamento do meu livro “Chitarô. Cadê o Gato?”, dedicado ao público infanto-juvenil, com ilustrações criativas e atrativas, oferecendo atividades de passatempo, testes de conhecimento e leitura sintética das histórias em quadrinhos. Para além da aparente simplicidade textual, a obra privilegia a virtude da valorização dos laços familiares que proporcionam estabilidade tanto à vida das pessoas, quanto à dos animais. 

 
FB: E na UFOP? Como foi lecionar nessa universidade tão importante? 
HR: Eu tive experiências exitosas na UFOP. Um dos projetos que eu fiz lá – também foi de extensão – foi o projeto da linguagem dos sinos que resultou no “Pequeno Dicionário da Linguagem dos Sinos”. Não era só eu: chamei outros professores para participarem. Foi muito bom esse projeto. Sempre na UFOP eu voltei os olhos para a comunidade, para casar mesmo a UFOP com a comunidade. Então, por isso, eu não trabalhei na UFOP por 40 horas no princípio, não. Fiquei vários anos no Estadual e na UFOP para fazer essa ligação entre a universidade e o ensino fundamental e médio. Eu acho que é necessária essa ligação e na UFOP felizmente a gente fez bons e sérios trabalhos, trabalhamos muito no vestibular, trabalhamos muito com a extensão e trabalhamos com a pesquisa também. 
 
FB: Então, de certa forma, a sra. considera que sua atividade acadêmica na UFOP despertou no seu íntimo o desejo de continuar a sua missão dentro de Academias de Letras, das quais participa? 
HR: Não há dúvida de que anos a fio trabalhei com a língua e a literatura portuguesa nas escolas e na universidade. Fiquei muito familiarizada com muitos poetas simbolistas, em especial com a obra poética de Alphonsus de Guimaraens, marcadamente mística e religiosa. Esses meus estudos de suas obras me despertaram para a minha própria produção poética, como exerceram em mim um fascínio pelas Academias de Letras por sua característica de serem um local propício para troca de experiências intelectuais e divulgação de ricos trabalhos e pesquisas. 
 
FB: De que Academias a sra. participa hoje? 
HR: Bem. Sou Presidente da Academia Marianense de Letras com muita honra, depois que Dr. Roque Camêllo nos deixou em 2017. Como era sua vice-presidente, fui eleita para sucedê-lo, como é natural nesses casos. Trabalhei com Dr. Roque por cerca de dez anos e fiz por onde ter a sua confiança como sua vice, além de termos muitas características em comum: o magistério, a produção literária, o amor à língua portuguesa, o culto às letras e às artes, e, acima de tudo, nossa identificação no ardente desejo de alçar Mariana ao pedestal de Primaz do Brasil. Você sabe o quanto eu admirava Dr. Roque. 
 
FB: Qual foi a sua participação no convite dirigido a mim para pertencer à Academia de Mariana? 
HR: Todos sabemos que era desejo de Dr. Roque trazê-lo para o nosso convívio. Quando ele não se achava mais entre nós, achei por bem respeitar o desejo dele. Mas não só dele: o escultor marianense Hélio Petrus se empenhou muito para vê-lo empossado. Igualmente, os Acadêmicos Dom Francisco Barroso Filho e Frederico Ozanan Santos também endossaram o seu nome. Mais tarde, conforme você sabe, a Diretoria Executiva decidiu sugerir-lhe o nome do próprio Roque Camêllo para seu patrono, destinando-lhe a Cadeira no 23, que você ocupa desde 1o de junho de 2019. 
 
FB: Além da Academia Marianense de Letras, a sra. participa de outras Academias? 
HR: Fui honrada com o convite de outras Academias para pertencer ao seu quadro de sócios. Ocupo desde 2011 a Cadeira de no 317 na AMULMIG-Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, cujo patrono é José Severiano de Resende, poeta marianense simbolista, e a Cadeira no 5 da Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil - Mariana, cujo patrono é Alphonsus de Guimaraens. Tenho ainda a grata satisfação de pertencer, como membro efetivo, ao Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais de Minas Gerais, de ser Secretária da Aldrava Letras e Artes e Embaixadora Universal da Paz pelo Círculo Universal dos Embaixadores da Paz, entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). 
 
FB: Como detentora de diversas honrarias, qual delas lhe dá mais orgulho, além de ser professora emérita da UFOP? 
HR: Agradeço-lhe a lembrança desses gratos momentos em minha vida. De fato, tenho idêntico orgulho da Medalha do Dia de Minas, concedida pelo governo mineiro; a Comenda Padre Avelar, pela Câmara Municipal de Mariana; a Medalha Cláudio Manoel da Costa, pelo Centro de Ensino Federal Tecnológico de Ouro Preto; a Comenda Irmã Dulce, pelo Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais na Confederação das Academias de Letras e Artes do Brasil. Valorizo igualmente todas essas demonstrações de carinho para com o meu trabalho, porque significam um reconhecimento de meu destaque em algum projeto que desenvolvi ou que venho desenvolvendo através de contação de causos e histórias nas escolas estaduais e municipais da Região dos Inconfidentes, criando a Academia Infanto-Juvenil de Letras e Artes de Mariana, dirigindo um curso de iniciação ao teatro ou, por fim, criando e promovendo o “Cantando Alphonsus”, em parceria com o Museu Casa Alphonsus de Guimaraens. Olha. Os prêmios para mim me entristecem um pouco. Por um lado, eu fico feliz com eles, por serem uma honra muito grande. Mas ao mesmo tempo eu penso: “Gente, eu tenho que trabalhar muito mais para fazer jus a essa titulação que eu ganhei.” Eu vejo nisso uma responsabilidade igualmente grande. Aí eu começo a trabalhar mais, mas meu organismo hoje já não pode competir com um jovem. 
 
(extraída do livro “HEBE RÔLA – 90 anos de vida/75 anos dedicados à Educação e à Cultura Marianense”, p. 32-38)
 
 

III. BIBLIOGRAFIA

 

DONADON LEAL, Andreia (org.): HEBE RÔLA: 90 anos de vida / 75 anos dedicados à Educação e à Cultura Marianense, Mariana: Aldrava Letras e Artes, 1ª edição, 2021, 128 p.

domingo, 4 de julho de 2021

SEBASTIÃO DE OLIVEIRA CINTRA POR ELE MESMO, NA MINHA VISÃO


Por Francisco José dos Santos Braga 
 
Discurso pronunciado no dia 4 de julho de 2021, na 563ª assembleia do Instituto Histórico e Geográfico de São João del- Rei, pelo sócio Francisco José dos Santos Braga - Cadeira nº 22, Patrono: Lincoln de Souza

 

(São João del-Rei - 1918-2003)

 
 

Ilmo. Sr. Paulo Roberto Sousa Lima, Presidente do IHG de SJDR 
Ilmo. Sr. Artur Cláudio da Costa Moreira, Vice-Presidente, em nome de quem cumprimento todos os membros da Diretoria e meus caros confrades, 
Distintos convidados e visitantes, 
 
Bom dia, 
Esta minha fala é apenas mais uma reverência que o IHG de São João del-Rei presta à memória de Sebastião de Oliveira Cintra, dando continuidade a esta série de saudações dedicadas a ele neste quinquagésimo primeiro ano de nosso sodalício histórico-geográfico são-joanense. Distinto sócio fundador e membro efetivo por 33 anos, eleito por nossos confrades para patrono da Cadeira nº 37 desde 07/12/2003, hoje ocupada por sua filha, a confreira Ana Maria de Oliveira Cintra, soube ele honrar esta sua entidade cultural predileta com muita determinação, fé e esperança no seu porvir. 
 
Cabe aqui expandirmos a semântica do termo "alma mater", para definir o nosso IHG: alma mater, sim, do grande mestre Oliveira Cintra. (Sabemos que esse termo tradicionalmente tem sido utilizado para qualificar os grandes educandários de que alguém deve orgulhar-se.) 
 
Convidado pelo presidente e tendo sido precedido por ilustres oradores, senti que me restava muito pouca coisa a acrescentar às vívidas e autênticas experiências que foram relembradas nesta Casa da Cultura sobre meu saudoso amigo, quando comemoramos a contribuição do Oliveira Cintra para a história e a genealogia local, dentre outras áreas em que se destacou (mormente o jornalismo, a oratória, a colaboração em jornais e revistas, a elocução de palestras, aulas e conferências). Por tudo isso, Oliveira Cintra se fez merecedor de dezenas de honrarias, diplomas e condecorações recebidas das inúmeras entidades que bem representou, como veremos adiante. 
 
Para não me ver forçado a repetir os belos elogios já pronunciados com brilhantismo por outros confrades, julguei de bom alvitre recorrer às próprias palavras do meu homenageado a respeito de si mesmo, trazendo a esta assembleia o meu enfoque: refiro-me especificamente à ideia que Prof. Oliveira Cintra fazia de si mesmo. Abrindo um parêntese: como todos sabemos, meu homenageado era muito reservado, infenso à auto-referência, quer nas suas bibliografias quer nos seus textos, revelando-se um analista impessoal dos fatos. Difícil, portanto, seria buscar seu auto-retrato nos seus diversificados textos, pois Oliveira Cintra possuía personalidade arredia a vanglórias, troféus e vaidade excessiva. Seus textos são diretos e objetivos, quase científicos, deixando pequena ou nenhuma margem para exposição subjetiva. Seu modo de ser se assemelhava a de um filósofo, desapegado das convenções sociais e indiferente aos bens materiais. Estava sempre disposto a aprender: sua vida pode ser considerada uma série de cursos. Com essa postura diante da vida, soube suportar com sabedoria e ânimo sereno as agruras que lhe sobrevieram. Sabia fazer amigos e conquistar pessoas com sua atitude acolhedora, colocando sempre seu arquivo particular e anotações pessoais à disposição de pesquisadores de todos os lugares, tendo sempre para estes palavras de incentivo. Era um bom ouvinte: sabia ser tolerante para com seu interlocutor e ponderava com atenção o que ouvia, antes de propor-lhe alguma resposta, ou quando solicitada a sua opinião, após ouvi-lo atentamente, propunha-lhe, se não a solução esperada, pelo menos a alternativa menos penosa para o caso. É como eu me sentia quando o visitava no seu endereço, na Rua Santo Antônio, 306: diante de um homem de caráter, paternal mesmo. Resumidamente, eis os traços psicológicos de meu homenageado. 
 
Na Assembleia nº 562 do mês de junho, narrei aos meus caros Confrades como havia sido admitido em 1991 no Instituto Histórico e Geográfico da Campanha “Casa Alfredo Valladão”, fundado em 1959. Prof. Sebastião de Oliveira Cintra já era sócio efetivo daquele Instituto, ocupante da Cadeira nº 2, patroneada pelo Ouvidor Cipriano José da Rocha. Talvez eu fosse ainda novato demais para pertencer a um IHG, mas para Professor Oliveira Cintra era importante para os iniciantes um incentivo, um voto de confiança, pondo fé em seu desenvolvimento. Ele já estava ciente de minhas pesquisas nos arquivos paroquiais (onde se encontravam os Livros de Batizados, Casamentos e Óbitos do passado) e nos arquivos históricos do Museu Regional (que então mantinha a guarda de Livros de Inventários, de Testamentos e de habilitações diversas), hoje sob a custódia do IPHAN. Prof. Oliveira Cintra sabia também que eu estava preparando uma pesquisa intitulada “São João del-Rei: A Terra Natal de Tiradentes”, trabalho que saiu publicado na Revista de Cultura Vozes de jan/fev de 1992 e, em seguida, foi reproduzido no opúsculo do Senador Alfredo Campos com o título sugestivo de “Tiradentes, Cidadão Sanjoanense (uma contribuição ao restabelecimento da verdade histórica acerca do local de nascimento do Tiradentes)” e seu discurso no Plenário em 11/03/1992 em que se refere a mim como seu assessor ad hoc é a expressão da verdade, nos seguintes termos:
“Pelo que pude colher da farta documentação histórica e cartográfica posta à minha disposição pelo Dr. Francisco José dos Santos Braga – Assessor Legislativo desta Casa e incansável estudioso das coisas mineiras, membro do Instituto Genealógico Brasileiro de São Paulo, Colégio Brasileiro de Genealogia do Rio de Janeiro e Instituto Histórico e Geográfico da Campanha-MG, nada mais me restou senão reforçar a convicção que sempre mantive: na verdade, Tiradentes nascera efetivamente em São João del-Rei, em que pese absurda e insubsistente argumentação em sentido contrário ao da realidade dos fatos”. (p. 5 do opúsculo) 
Isto se passou como parte das comemorações do Bicentenário da Morte de Tiradentes (1792-1992). 
 
Revista de Cultura Vozes de jan/fev de 1992

 
 
 
 
 
 
 
Opúsculo do Senador Alfredo Campos, Brasília: Gráfica do Senado Federal, março de 1992, 15 p.

 
Conforme dizia, Prof. Cintra foi paternal mesmo, indicando meu nome ao Monsenhor José do Patrocínio Lefort (1914-1997), famoso por suas obras históricas e genealógicas (por exemplo, dentre muitas outras, as seguintes: “Famílias Campanhenses” de 1995, “Padre Victor: o campanhense trespontano” de 1989 e “Nhá Chica: Francisca de Paula de Jesus Isabel” de 1989). De fato, eu não esperava que fosse formalizado o convite para pertencer ao conceituado IHG da Campanha. Na ocasião, eu residia em Brasília. Voltei para lá e esqueci-me da promessa do Prof. Oliveira Cintra. Certo dia, chegou o convite para minha admissão assinado pelo próprio Monsenhor Lefort e, cumpridas as formalidades, recebi o meu Diploma de Sócio Correspondente em Brasília do IHG da Campanha datado de 05/05/1991, assinado pelo Monsenhor Lefort (Secretário) e Milton Xavier de Carvalho (Presidente). Guardo com muito carinho essa prova da consideração e estima do Prof. Cintra. 
 

 
Além de ter indicado meu nome para o Instituto da Campanha, ainda me fez a gentileza de por-me em contato com alguns ilustres genealogistas da cidade de São Paulo, cidade onde morei por 17 anos e com a qual sempre mantive proveitosos contatos, tais como com Dr. José Ribeiro do Valle, o “Juquinha”, autor de “E eles também cresceram e se multiplicaram...: Os Ribeiro do Valle, da Região de São João d’El Rei às nascentes dos rios Pardo e Sapucaí” (São Paulo, 1982, 630 p.), além de outros 7 livros, com Apparecida Gomes do Nascimento Thomazelli, autora de “As Famílias de Nossas Famílias (Mineiros e Paulistas)” (Belo Horizonte, 1984, 533 p.), etc.
 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Da mesma forma como procedeu no caso do IHG da Campanha-MG, fez-me um verdadeiro "sermão" a favor da pertença a entidades culturais nacionais. Citou especificamente o CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia, sediado no Rio de Janeiro, ao qual me associei na primeira oportunidade que fui ao Rio fazer pesquisas musicais numa Seção de Música (Arquivo Sonoro) da Biblioteca Nacional, então sediada no prédio do MES-Ministério da Educação e Saúde, projetado por Le Corbusier, e no Arquivo Nacional, em busca de material histórico coletado em fonte primária. Com justa razão, Oliveira Cintra, o historiador são-joanense e ilustre sócio do CBG, até hoje faz parte da Galeria dos Associados daquele sodalício nacional, que o homenageia com uma página para seu breve currículo. (Obs. A assinatura na abertura foi retirada dessa página da Galeria dos Associados.)

Observe-se que o próximo convite para pertencer a um Instituto só recebi em 2007, em minha cidade natal, como sócio correspondente do IHG-SJDR em Brasília, da parte do então Presidente José Antônio de Ávila Sacramento, pelas mãos de quem entrei nesta querida Casa da Cultura. Em 2011, foi acolhido meu pedido de alteração de minha categoria de Sócio Correspondente para Sócio Efetivo deste IHG, pois na ocasião já residia eu na minha terra natal, o que foi acolhido com simpatia pelo então presidente Artur Cláudio da Costa Moreira, designando-me para ocupar a Cadeira nº 22, que tinha como patrono o poeta e jornalista Lincoln de Souza, e, mais tarde, para eu ser Secretário do IHG. Fiz apologia de meu patrono em 03/02/2013. 
 
Sábado passado, antecedendo ao evento de hoje, enviei aos caros Confrades o discurso de Oliveira Cintra quando de sua posse na ABL-Academia Barbacenense de Letras em 12/10/1980. No e-mail enviado, informei-lhes que havia selecionado uma de suas aparições públicas para mostrar a estatura moral, o profundo conhecimento histórico e a envergadura intelectual do meu homenageando, e, de fato, agradeço ao presidente Paulo Roberto a gentileza de ter-me convidado para saudar o amigo Oliveira Cintra neste ano dedicado a ele em nosso IHG, pois no seu discurso ele se referiu explicitamente ao emblema daquela Academia: FINIS CORONAT OPUS, ou O fim coroa a obra. Significa que o remate da obra deve estar de perfeito acordo com seu começo. Tal foi também o emblema da vida do meu biografado. 
 
Emblema da ABL a que se referiu Oliveira Cintra em 12/10/1980
 
Como ainda não tinha localizado na obra publicada de Oliveira Cintra um trecho com suas preferências e impressões, na primeira pessoa com exceção de sua própria genealogia, com essas características, dentro das Efemérides e de seus outros livros publicados já conhecidos , comecei a ruminar onde encontrar tais elementos fundamentais para conhecimento do autor Oliveira Cintra. Depois de várias elucubrações, decidi-me pela leitura atenta de seu curriculum vitae, onde provavelmente ele se sentisse mais à vontade para exprimir seus anseios, suas dificuldades, seu ideal de vida. Procurei nossa confreira Ana Maria de Oliveira Cintra em primeiro lugar, por ser filha do meu homenageado e por ter escrito célebre biografia de seu pai, intitulada "Defesa do Patrono Sebastião de Oliveira Cintra" e publicada recentemente na Revista do IHG (volume XIV, ano 2020), comemorativa dos 50 anos da entidade. Para resumir, ela achou interessante a minha abordagem, mas lamentava comunicar-me que só estava de posse de uma pasta com 3 curricula vitae datilografados por seu pai e uma bela foto dos formandos da turma de seu pai de 1937 no Ginásio Santo Antônio, onde identificamos a presença de Cintra e de meu saudoso pai Roque da Fonseca Braga, Júlio Teixeira (futuro gerente do Banco de Crédito Real S/A), Milton de Rezende Viegas (futuro médico e Prefeito Municipal) e Antônio Pimenta (competente dentista). 
 
Sebastião de Oliveira Cintra, formando do 5º ano ginasial de 1937 do Ginásio Santo Antônio de São João del-Rei / De baixo para cima, o de terno preto na 2ª fileira (do arquivo particular da família do Prof. Oliveira Cintra).

A pasta em posse da confreira Ana continha três documentos com o mesmo título "Curriculum Vitae de Sebastião de Oliveira Cintra" em três datas diferentes, a saber: 14 de maio de 1979 (contendo 6 folhas), 17 de fevereiro de 1981 (contendo 10 folhas) e junho de 1992 (contendo 6 folhas). Todos aqueles três documentos biográficos foram digitados em máquina de datilografia antiga, assinados pelo próprio Oliveira Cintra. Apenas o primeiro curriculum foi elaborado com letras de forma minúsculas e maiúsculas. Os dois restantes foram digitados exclusivamente com letras maiúsculas.
 
3 curricula vitae de Oliveira Cintra (1979, 1981 e 1992) (do arquivo particular da família do Prof. Oliveira Cintra)

Devo salientar que uma pesquisa nas Atas do Instituto teria sido conveniente, pois normalmente elas trazem informações valiosas de vida nos apartes e exposições dos confrades presentes às reuniões ordinárias e comemorativas. O mesmo pode ser dito para o exame de suas correspondências, que devem possuir muitas apreciações pessoais. Mas, infelizmente a exiguidade de tempo para preparar este discurso não me permitiu realizar toda esta pesquisa. Valendo-me dos 3 curricula vitae, obtive um único documento, resultado de sua mistura digamos homogênea, que passo a apresentar-lhes, ou seja, a minha versão do curriculum vitae de meu amigo Oliveira Cintra, na primeira pessoa. Minha convicção é que, à luz desses elementos obtidos neste trabalho, é possível compreender o homem e o autor Cintra. 
 
CURRICULUM VITAE DE SEBASTIÃO DE OLIVEIRA CINTRA 
 
Filiação: Francisco Augusto de Ulhôa Cintra (1867-1920) e Joana Cândida de Oliveira Cintra (1885-1944), falecidos. 
Nascimento: São João del-Rei, 15 de outubro de 1918. 
Casado com Léa de Oliveira Cintra. Tem o casal os filhos: Sônia Regina, Ana Maria, Maria Angélica, Teresa Cristina, Vera Lúcia e Francisco Eduardo. Oliveira Cintra conheceu os seguintes netos: Henrique, Carolina, Mariana, Ananda, Bernardo, Guilherme, Eduardo, Sérgio Gabriel, Laura e Juliana. 
 
CURSO PRIMÁRIO, com distinção, no Grupo Escolar João dos Santos, na qual estudou o Presidente Tancredo Neves, onde colaborei em A Voz da Escola, atuei na Liga da Bondade e presidi o Clube de Leitura Olavo Bilac. Frequentei também aulas particulares em casa da veneranda mestra Dª Celina de Rezende Viegas. Fundei o Teatro Infantil Primavera, que funcionou à Rua Santo Antônio, no térreo da residência do Sr. José Leôncio Coelho ("José do Padre"). Foram companheiros no empreendimento, entre outros, os irmãos José e Paulo Rezende. 
 
CURSO SECUNDÁRIO: no Ginásio Santo Antônio, que os padres franciscanos (O.F.M.) mantiveram em São João del-Rei, onde colaborei no jornal estudantil O Porvir. Quando cursava a 5ª série servi no então 11º Regimento de Infantaria, obtendo certificado de reservista de 1ª categoria. 
 
CURSO COLEGIAL: cursei o Pré-Médico no Colégio Universitário da Universidade do Brasil, do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro. 
 
CURSO SUPERIOR: cursei 1) a Faculdade Nacional de Medicina na Praia Vermelha, até o 3º ano, quando participei de cursos de extensão universitária (curso interrompido para tratamento da tuberculose que contraiu); 
2) a então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Instituto Lafaiete, no Rio de Janeiro, onde fui aprovado nos exames vestibulares para Biologia e, mais tarde, atuei no Diretório Acadêmico desta Faculdade, agora como integrante da Universidade do Rio de Janeiro; 
3) a Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, onde cursei matérias isoladas, na qualidade de aluno ouvinte. 
 
Oliveira Cintra nos verdes anos (do arquivo particular da família do Prof. Oliveira Cintra)

 
CURSO INTENSIVO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: cursei na Escola de Serviço Social da Faculdade Católica do Rio de Janeiro (atual PUC), sob os auspícios do Ministério do Trabalho. 
 
CURSO DE DOCUMENTAÇÃO ADMINISTRATIVA: cursei como bolsista do IAPI-Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários, sob os auspícios do DASP-Departamento Administrativo do Serviço Público. 
Fui aprovado em concurso público para recenseador em 1940, no Rio de Janeiro. 
Fui funcionário público federal, aprovado sempre através de concurso público, dos seguintes Ministérios: 
1) da Justiça (no Juizado de Menores, onde exerci o cargo de comissário de menores para o Rio de Janeiro, sendo portador da carteira nº 270, assinada em 1944); 
2) da Educação (na Seção de Registro de Professores); e 
3) do Trabalho (IAPI). 
 
Daí decorre minha atividade seguinte: 
MAGISTÉRIO SECUNDÁRIO E COMERCIAL: exerci em diversos colégios do Rio de Janeiro em 1942, no Ministério da Educação. 
Participei de bancas examinadoras dos candidatos aos exames do art. 91, do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro 
Fui um dos fundadores do Jornal da Juventude, no Rio de Janeiro. 
Em 1944 fui aprovado em concurso para oficial administrativo (após registro em minha carteira profissional em 17/01/1944) do Ministério do Trabalho, quando conquistei bolsa para o curso de Serviço Social nas Faculdades Católicas do Rio de Janeiro (atual PUC) que me habilitou como Auxiliar Social em 1945. (No IAPI ainda desempenhei vários cargos: caixa pagador e arrecadador, informante-habilitador, chefe do Serviço de Benefícios, chefe do Serviço Financeiro e tesoureiro) 
Naquela altura, sua filha Ana Maria relata que Oliveira Cintra
"na mesma época, conheceu Léa, sua futura esposa, no Jardim Botânico. Consta que teria dito a um amigo, ao entrar no bonde: - Com esta eu caso hoje mesmo! No dia seguinte, 06/10/1944, recebeu a notícia da morte de sua mãe.
Oliveira Cintra e Léa, encantados no Jardim Botânico (do arquivo particular da família do Prof. Oliveira Cintra)

 Sua filha Ana Maria continua com a narração de eventos que marcaram a vida de seu pai:

“Simultaneamente trabalhava no SAM-Serviço de Assistência ao Menor, desde 1942, quando contraiu tuberculose em finais de 1945. Licenciou-se das atividades para tratamento pelo Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado (IPASE) no Sanatório Bela Vista, hoje Sanatório Alcides Carneiro, no distrito de Corrêas, Petrópolis. Foi submetido a toraxicoplastia que lhe tirou três costelas e uma parte do pulmão direito.
Tais informações são necessárias, uma vez que foram omitidas por Oliveira Cintra nos seus três curricula
Ana Maria continua a enriquecer este trabalho com suas memórias:
“Após quase dois anos em tratamento, retorna ao trabalho e pede sua transferência em 15.10.1947 para o Posto do Instituto aberto em São João del-Rei. Em junho de 1948, Sebastião é transferido para sua terra natal, levando uma pequena mala com seus pertences e uma gigantesca bagagem interna. Em 01.07.1948 o posto local do IAPI foi elevado à categoria de Agência sob a responsabilidade de Reginaldo Silva Neto. Sebastião Cintra foi promovido a tesoureiro e foi pagador em diversas localidades. 
De 1948 a 1951, aproveitava as idas ao Rio de Janeiro para noivar, visitar redação de jornais e pesquisar Livros de Batismos do período colonial na Biblioteca Nacional. Firmava-se como articulista diversificado, publicando sobre sua cidade natal, acontecimentos políticos e sociais recentes, problemas e dificuldades do cidadão comum, como os jogos de azar. Em suas crônicas, publicadas nos Jornais do Rio de Janeiro e de São João del-Rei, retratava os personagens típicos e histórias da sua infância na Rua Santo Antônio, na Fazenda Bela Vista, na Vila de São Miguel do Cajuru. Com facilidade e talento, deixava viva uma época que certamente se perderia no tempo. Como o fez com a crônica 'Pereira', publicada no Jornal O Papagaio em fevereiro de 1950 e na edição de novembro-dezembro de 1950 sobre sua terra natal, 'Uma cidade genuinamente brasileira'. 
Passou a ter coluna no Diário do Comércio, publicando artigos de interesse público, recebendo diversas cartas à redação com elogios e comentários. 
Em 20.10.1951 casou-se na Matriz de São José, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro com Léa, filha de Izabel da Silva Carvalho, viúva de Antônio Batista de Carvalho. Mudaram-se para a casa que herdou de sua mãe na Rua Santo Antônio, 306. (...) 
Em termos funcionais, buscou aperfeiçoamento, excelência e melhoria. Em 03/02/1954 foi registrado como Corretor de Seguros na Delegacia Regional do Trabalho, com anotação em carteira.
Passeio matinal pelas calçadas do Rio (do arquivo particular da família do Prof. Oliveira Cintra)

É interessante ainda o que ressalta sua filha Ana Maria em seu estudo, isto é, que houve um ponto de inflexão na produção literária de Oliveira Cintra, que até então seu forte tinha sido redigir crônicas:

“Em 1962, na Série Registros Históricos Sanjoanenses, foi publicado seu estudo sobre o Professor Augusto Ribeiro Campos. Nessa época seus artigos adquirem uma dimensão histórica, voltada para a genealogia. Nascia o pesquisador de história, como gostava de ser qualificado. Dedicava-se a levantar os troncos familiares, muitas vezes começando com os relatos orais dos familiares, registrados em longas conversas ou por escrito, para verificação nos arquivos públicos. Manteve uma profícua correspondência com parentes, historiadores, amigos. Sempre simpático, didático e elegante, tanto no trato pessoal, quanto na sua correspondência.
 
CURSO PARA FISCAL DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS 
O próprio Oliveira Cintra esclareceu:   
Também exerci o cargo de tesoureiro do INPS, numa época em que não havia, através da rede bancária, arrecadações de contribuições previdenciárias e pagamentos de benefícios. 

Um pouco de história dos antigos institutos de aposentadoria e pensões do setor privado
Em 1966 foi criado o Instituto Nacional da Previdência Social – INPS, que foi resultado da fusão dos institutos de aposentadoria e pensões do setor privado então existentes, tais como o dos marítimos (IAPM), comerciários (IAPC), bancários (IAPB), industriários (IAPI), dos empregados em transportes e cargas (IAPETEC), além dos ferroviários e empregados em serviços públicos (IAPFESP). 
Uma das medidas para equacionar o problema de pessoal na fusão dos vários Institutos foi a adequação do quadro de pessoal para atendimento. 
Para isso, foi preciso treinar o pessoal dos institutos em extinção e fazer as adaptações para os novos cargos existentes. 
A confreira Ana Maria me relatou a seguinte passagem na vida de seu pai e, por consequência, na de sua família:
“Embora a vida dele tivesse boa estabilidade com seu emprego na Agência do INPS em SJDR, os filhos foram nascendo e ele se viu angustiado pelo excesso de gastos, tornando-se insuficiente o que ganhava do INPS. Felizmente para ele o novo cargo dentro do INPS, de fiscal, representaria uma verdadeira promoção na carreira. Submeteu-se à condição que lhe era imposta. A única inconveniência é que teria que sujeitar-se a um treinamento para habilitar-se no novo cargo, que duraria seis meses em Governador Valadares, cidade no Norte de Minas, muito distante de SJDR. Assim, foi mesmo obrigado a deslocar-se para tal curso para se adequar ao almejado cargo de "fiscal", pois para ele justificava o enorme sacrifício, uma vez que o seu salário teria um acréscimo razoável após o curso com aproveitamento. Papai não foi o único a fazer o treinamento exigido; muitos servidores de São João del-Rei seguiram o mesmo caminho.
Comemoração do 70º aniversário de Léa, em família (do arquivo particular da família do Prof. Oliveira Cintra)

Agora, ouçamos o próprio Oliveira Cintra: Exerci o cargo de Fiscal de Contribuições Previdenciárias (INPS e IAPAS). Aposentei-me em 1977 por tempo de serviço, recebendo medalhas e diplomas "em agradecimento pelos bons serviços prestados à Previdência Social". O certificado que acompanhou a medalha principal foi assinado, na ocasião, pelo presidente Reinhold Stephanes. (...) 

O jornal "O Fiscal", estampou, na época da minha aposentadoria, honroso e laudatório artigo sobre minhas atividades funcionais, literárias, educacionais, históricas, cívicas e sociais, artigo que a imprensa sanjoanense transcreveu." 
 
OUTRAS ATIVIDADES 
Ministrei aulas particulares no Rio de Janeiro e São João del-Rei.
Em 08/03/1959 participei com um grupo de amigos da criação do CAC-Centro Artístico e Cultural de São João del-Rei, que funcionou durante 10 anos, durante os quais exerci o cargo de Diretor do Departamento de História. 
Abrindo novo parêntese, lembro que em 1963, São João del-Rei festejou seu 250º aniversário de elevação à categoria de Vila (1713-1963). Dois eventos marcantes que diretamente diziam respeito a Oliveira Cintra e, consequentemente, ao C.A.C. faziam parte da programação do dia 1º a 8 de dezembro daquele ano: 
1) No dia 1º às 19 horas - À rua Marechal Deodoro, 149, solene inauguração do IV SALÃO SANJOANENSE DE BELAS ARTES, promoção do Centro Artístico e Cultural de São João del-Rei (C.A.C.). 
2) No dia 3 às 20 horas - No salão nobre da Prefeitura Municipal, lançamento do livro "EFEMÉRIDES DE SÃO JOÃO DEL-REI", do escritor sanjoanense Sebastião de Oliveira Cintra, do C.A.C. Neste dia, Oliveira Cintra lançou a primeira parte (janeiro a junho) de seu livro Efemérides de São João del-Rei. 
A noite de autógrafos, irradiada pela Rádio São João foi incluída nos festejos do 250º aniversário, com apresentação de orquestra regida pelo Maestro João Américo da Costa. 
Voltando aos curricula de Oliveira Cintra, verifiquei os seguintes fatos relevantes:
Fui jurado no Festival Del-Rei da Canção nos anos de 1980, 1981, 1982 e presidente em 1985.
Pertenci ao Corpo de Jurados da Comarca de São João del-Rei.
Representei o município de São João del-Rei em Congresso Turístico realizado em Ouro Preto.
Em 1969 fiz o curso de extensão cultural "Bárbara Eliodora: sua vida e sua obra" em BH, promovido pelo Governo do Estado de Minas em maio de 1969, e fui nomeado pelo Prefeito Municipal Dr. Milton de Rezende Viegas para a comissão regional das comemorações do sesquicentenário de sua morte. 
Em 1º de março de 1970, fui um dos vinte fundadores do IHG de São João del-Rei a assinar a primeira Ata de Posse. Naquela sessão, o primeiro Presidente Fábio Nelson Guimarães me nomeou para a leitura das efemérides do dia. Tive participação ativa nas comissões da Revista do IHG e de História, bem como ocupei cargos de vice-presidente, 2º vice-presidente, bibliotecário, membro do Conselho Curador e do Conselho de Notáveis. 
Fiz o curso de extensão cultural "Alphonsus de Guimaraens: sua obra e sua vida", promovido pelo Governo do Estado de Minas em julho de 1970.
Em 08/12/1970 foi criada pelo Prefeito Municipal Dr. Milton de Rezende Viegas a Academia Sanjoanense de Letras através do Decreto nº 620 e a instalação do sodalício se deu em 21/01/1971, do qual fui um dos sócios fundadores, e onde exerci a presidência, a vice-presidência e o cargo de orador oficial. 
Fui diplomado pelo curso de extensão cultural "José Severiano de Resende (padre): sua vida e sua obra", promovido em janeiro de 1971 pela Prefeitura Municipal de São João del-Rei.
Em 1977 aposentei-me como Fiscal de Contribuições Previdenciárias do INPS, por 35 anos de serviço efetivamente prestado. 
Ministrei curso de História no Inverno Cultural, realizado em julho de 1988, sob os auspícios da FUNREI-Fundação do Ensino Superior de São João del-Rei. Com a duração de duas horas cada uma, pronunciei as três conferências seguintes: 
1) Igreja de Nossa Senhora do Pilar e as pontes de São João del-Rei (20/07/1988) 
2) Personalidades de destaque de São João del-Rei (21/07/1988) 
3) Principais efemérides de São João del-Rei (22/07/1988).
Fui empossado presidente da Associação de Imprensa de São João del-Rei, ocasião em que recebi congratulação da Câmara Municipal pela posse. 
 
PRINCIPAIS OBRAS PUBLICADAS 
1) Efemérides de São João del-Rei, 1º volume, 181 páginas, edição do autor, lançamento em 03/12/1963 da primeira parte (janeiro a junho) de seu livro com noite de autógrafos (Cintra se apresenta como Diretor do Departamento de História do Centro Artístico e Cultural) 
2) Efemérides de São João del-Rei, 2º volume, 288 páginas, edição do autor, 1967 (Cintra se apresenta como membro do IHGMG e da AMULMIG) 
3) Efemérides de São João del-Rei, 2ª edição revista e aumentada, 2 volumes, 622 páginas, Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1982 (Oliveira Cintra se apresenta como sócio das seguintes entidades: AMULMIG, ALSJDR, ABL de Barbacena, Ac. Sabarense de Letras e Artes; dos IHGMG, IHGJF, IHGSJDR e IHG de Campanha; do IBES do Estado de São Paulo; membro da Academia Paulistana da História, da Ordem Nacional dos Bandeirantes Mater, de São Paulo, e da Academia Anapolina de Filosofia, Ciências e Letras) 
4) Galeria das Personalidades Notáveis de S. João del-Rei, 1º volume, com apoio da FAPEC, 1994. Consta que deixou pronto o segundo volume de Galeria, cujas biografias inéditas estão a desafiar apoiadores culturais a dar-lhes vida literária 
5) Opúsculos denominados "Inconfidência Mineira" (edição patrocinada pelo Círculo dos Trabalhadores Cristãos de São João del-Rei em julho de 1980) e "Nomenclatura de Ruas de São João del-Rei" (reproduzido na Revista do IHG, volume VI, ano 1988, p. 5 a 24) 
6) Registros Biográficos Sanjoanenses 
7) 12 trabalhos constantes de 9 volumes da Revista do IHG de São João del-Rei (todos, fruto de pesquisas em fontes originais)
8) Calendário Sanjoanense (publicado no extinto Diário do Comércio); circulou dia a dia, durante um ano (de 1º de abril de 1954 a 30 de março de 1955). 
9) Exéquias promovidas pelo Senado da Câmara da Vila de São João del-Rei (publicado na Revista da AMULMIG - Edição comemorativa de 1980) 
 
JORNALISMO (no curriculum de 1981) 
Fui um dos fundadores, na cidade do Rio de Janeiro, do Jornal da Juventude
Durante mais de 20 anos colaborei intensamente no extinto "Diário do Comércio", de São João del-Rei. Mantive no referido órgão as seções seguintes: Instantâneos, Notícias de Outrora, Calendário Sanjoanense, Notícias da Câmara Municipal e Vultos do Passado. Assinei centenas de artigos. Algumas vezes com o uso de pseudônimos: Leandro Silva, N. Silva, C, SC, OC, Seólicin e outros. Nome mais utilizado: Oliveira Cintra. Ainda escrevo em jornais da cidade, versando de preferência assuntos históricos. 
Sou o fundador da Associação de Imprensa de São João del-Rei, na qual exerci a presidência e a vice-presidência, continuando como presidente honorário 
Ocupei o cargo de Diretor-Secretário da Sociedade Rádio Emboabas (1ª Diretoria), sediada no Município de Tiradentes. 
Em junho de 1980 retornei à crônica, atendendo aos insistentes pedidos do radialista Prof. Paulo Procópio. Até fins de janeiro de 1981 foram irradiadas 98 crônicas, a maioria delas transcrita no jornal mural "O Povão". Na imprensa de São João del-Rei, publiquei 303 crônicas, das quais 98 foram irradiadas pela Rádio Emboabas. Focalizavam, em sua maioria, assuntos locais de fundo histórico. 
Em 1980 fui escolhido "Personalidade do Ano 1980", na qualidade cronista, numa promoção do jornal "Tribuna Sanjoanense". 
Fui agraciado com uma placa de prata, em 23/12/1984, uma homenagem da imprensa sanjoanense. 
 
ORATÓRIA (no curriculum de 1981) 
Em diversas solenidades cívicas fui distinguido com o convite para orador oficial de São João del-Rei, aceitando a convocação dos Senhores Prefeitos Municipais. Em solenidades cívicas fui o orador oficial de São João del-Rei, principalmente na gestão do Prefeito Octávio de Almeida Neves (31/01/1977-31/01/1983), irmão do Presidente Tancredo Neves, embora fossem notórios nossos sentimentos políticos divergentes. 
Estive presente como orador
- em diversas solenidades cívicas programadas pelo 11º B.I., Regimento Tiradentes 
- no IHG-SJDR, como decano do referido sodalício cultural 
- na ALSJDR, onde ocupo o cargo de orador oficial 
- no Rotary Clube de São João del-Rei, como sócio honorário e orador oficial em reuniões festivas 
- em vários colégios de São João del-Rei, mormente para palestras sobre temas de cunho histórico 
- na posse do 2º Bispo de São João del-Rei, Dom Antônio Carlos Mesquita, a 19/02/1984, como orador oficial da Diocese de São João del-Rei 
Diversas vezes discursei em cerimônias cívicas programadas pelos Senhores Comandantes do bravo Batalhão Tiradentes, o 11º B.I., cabendo destacar as seguintes: 
- Palestra sobre "O Dia da Bandeira", publicada no Boletim Interno do dia 23/11/1977 do 11º Batalhão de Infantaria, conhecido como Batalhão Tiradentes 
- Conferência intitulada "Inconfidência Mineira" (contendo 45 páginas, originada de uma conferência que proferi no Batalhão Tiradentes, a convite do seu comandante, transcrita no Boletim Interno e publicada mimeografada em separata) 
 
POÉTICA  DE OLIVEIRA CINTRA
Na antologia poética intitulada “Os versos que te dou”, organizada por Dr. Paulo César dos Santos, presidente da então Academia Petropolitana de Poesia Raul de Leoni, e publicada na Ed. Pirilampo, apresentou a poesia de sua autoria “Pesadelo”. 
De acordo com Ana Maria, Oliveira Cintra guardou muitas outras poesias de sua lavra no seu arquivo.
 
ENTIDADES CULTURAIS A QUE PERTENCEU 
Fui sócio correspondente: 
do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais;
do Instituto Brasileiro de Estudos Sociais; 
do Colégio Brasileiro de Genealogia-Rio de Janeiro;
da Academia Barbacenense de Letras;
do Instituto Histórico e Geográfico Goiano, patrono Cipriano da Silva Jucá;
da Academia Petropolitana de Letras, patrono Alcindo de Azevedo Sodré.
Fui membro correspondente:
da Academia Paulista de História, patrona Bárbara Eliodora Guilhermina da Silveira; 
da Academia Anapolina de Filosofia, Ciências e Letras; 
da Academia Goianiense de Letras, patrono Manuel Caetano de Almeida e Albuquerque;
da Academia de Letras da Manchester Goiana, patrono Alcides de Mendonça Lima;
do ICVRP-Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, de Valença. 
Fui membro titular:
da Ordem Nacional dos Bandeirantes;
da Academia de Estudos Literários e Linguísticos, patrono Ladislau Espírito Santo Melo dos Santos Títara;
da Academia Interamericana de Literatura e Jurisprudência, patrono Hermes Martins Fontes;
da Academia de Ciência e Letras de Conselheiro Lafayette; 
da Academia Anapolina de Filosofia, Ciências e Letras de Anápolis – GO. 
Sentiu-se especialmente realizado ao ser admitido em 1993 como sócio da Associação Brasileira de História e Genealogia. 
 
IRMANDADES RELIGIOSAS SÃO-JOANENSES 
Extremamente religioso, católico praticante, Oliveira Cintra tinha consciência de sua responsabilidade social e comunitária. Para tal, fez parte da mesa administrativa da Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Assis, tendo sido secretário em 1953. Foi provedor de honra da Irmandade de São Miguel e Almas, onde foi tesoureiro e secretário (1953-54). Pertenceu a quase todas as Irmandades e Confrarias de São João del-Rei com participação ativa. 
 
Obrigado, Prof. Oliveira Cintra.
Obrigado a todos.

 

II. AGRADECIMENTOS
 

À Confreira Ana Maria de Oliveira Cintra, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, ocupante da Cadeira nº 37, patroneada por seu saudoso pai, o historiador e genealogista Sebastião de Oliveira Cintra, por todo o apoio à realização da pesquisa através da cessão de documentos originais e fotografias, que me facilitaram enormemente o meu trabalho e ilustraram a matéria do Blog.
Agradeço carinhosamente à minha esposa Rute Pardini suas fotos bem como a sua edição e formatação para fins deste post.  
 
Jornal Tribuna Sanjoanense, edição de 28/06 a 13/07/2021, Ano LII nº 1.501, p. 3.

 
 
III. BIBLIOGRAFIA 
 
 
BRAGA, Francisco José dos Santos Braga: São João del-Rei: a terra natal de Tiradentes, in Blog de São João del-Rei, postado em 13 e 14/12/2008 

CINTRA, Ana Maria de Oliveira: Defesa do Patrono Sebastião de Oliveira Cintra", in Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, volume XIV, ano 2020, p. 130-145 (disponível para consulta no site do IHG-SJDR, no seguinte link: https://ihgsaojoaodelrei.org.br/)
 
CINTRA, Sebastião de Oliveira:  breve currículo disponível em página da Galeria de Associados, no site do CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia. (Recomendo usar na busca o Safari em vez do Firefox)
 
GOMES DO NASCIMENTO THOMAZELLI, Apparecida: AS FAMÍLIAS DE NOSSAS FAMÍLIAS (MINEIROS E PAULISTAS), edição da autora, Belo Horizonte, 1ª edição, 1984, 533 p.
 
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DA CAMPANHA. CASA ALFREDO VALLADÃO. Blog Isto é Campanha, 2011

RIBEIRO DO VALLE, Dr. José: “E eles também cresceram e se multiplicaram...: Os Ribeiro do Valle, da Região de São João d’El Rei às nascentes dos rios Pardo e Sapucaí”, edição do autor, São Paulo, 1982, 630 p.