Por Francisco José dos Santos Braga
Profª Hebe Maria Rôla dos Santos
DDª Presidente da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes-AML,
Prof. Dr. Arnaldo de Souza Ribeiro
DD. Presidente da Academia Itaunense de Letras-AILE,
Prof. Dr. Raimundo Alves de Jesus
DD. Presidente da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa,
Paulo José de Oliveira
DD. Presidente da Academia Formiguense de Letras-AFL,
Saulo de Oliveira Camêllo,
irmão dileto do saudoso Dr. Roque Camêllo,
Dom Francisco Barroso Filho
Revmo. Bispo Emérito de Oliveira e nobre Acadêmico desta AML, em cujo nome saúdo todos os membros desta egrégia Academia,
Profª Regina Almeida
DDª representante do IHG-MG e membro da AML,
Minha amada esposa Rute Pardini
Cantora lírica e companheira da minha vida,
Senhoras e Senhores, convidados e membros da comunidade marianense que nesta noite prestigiam a minha posse.
Inicialmente, tenho o prazer de cumprimentar e render minhas homenagens a esta plêiade de Nobres Acadêmicos desta douta Academia Marianense de Letras, fundada em outubro de 1962 por ilustres intelectuais mineiros como Waldemar de Moura Santos, Pedro Aleixo, Alphonsus de Guimaraens Filho, Salomão de Vasconcelos, Dom Oscar de Oliveira e outros, portanto em atividade há 57 anos, divulgando as luzes de seu conhecimento e catalisando a união de muitos intelectuais, escritores e pesquisadores que aqui encontram um público fiel e amante da História e das Letras apreciador da produção literária de quantos gostariam de vê-la aqui discutida e divulgada. Intelectuais de diferentes rincões brasileiros aqui vêm lançar e divulgar seus livros, como vai ocorrer esta noite com o lançamento do livro intitulado "Tributo ao Professor Roque José de Oliveira Camêllo", da autoria do itaunense Dr. Arnaldo de Souza Ribeiro, reconhecendo o protagonismo desta AML e de Mariana como focos irradiadores de cultura para Minas e todos os Estados brasileiros.
Honrou-me sobremodo o convite da Presidente Profª Hebe Maria Rôla dos Santos para fazer parte desta egrégia Casa de Cultura, entre surpreso e feliz, especialmente em razão da ilustre figura que será meu patrono: pessoa afável e amigo pessoal, professor, advogado, intelectual respeitado, orador, historiador, empresário e político marianense, cultor das letras e das artes, Prof. Roque José de Oliveira Camêllo, conforme decisão da douta Diretoria. A bem da verdade, devo informar que o próprio Roque Camêllo levou ao meu conhecimento em 16/03/2017, portanto às vésperas de seu passamento, através de ofício-convite com timbre da AML datado de 12/12/2016, portanto havia três meses antes "que os Acadêmicos Dom Francisco Barroso Filho, Frederico Ozanan Santos e ele próprio tinham apresentado o meu nome para integrar o quadro efetivo da AML, recebendo aprovação unânime da Diretoria Executiva". Não preciso dizer do meu júbilo, ao receber tão magnânima notícia, mesmo extemporânea, desconhecendo a razão da demora na comunicação. E tomo sua esposa Merania como testemunha dos fatos aqui relatados. Na mesma data, corri a manifestar-lhe minha aquiescência com a indicação de meu nome para ocupar a Cadeira disponível, que era a de nº 02, patroneada por Francisco de Paula Cândido. No dia seguinte, fui surpreendido com a pungente notícia do falecimento de meu grande benfeitor e amigo leal. Estive em Mariana para a Missa de corpo presente e inumação do corpo de meu dileto amigo Roque Camêllo, tendo acompanhado o féretro até sua última morada. Respeitei o sentimento de luto de Profª Hebe, preferindo aconselhar-me com meu amigo Hélio Petrus a incomodá-la com meu assunto pessoal naquele momento tão doloroso para ela. O grande escultor pediu-me algum tempo para tratar daquele assunto com sua amiga Hebe. Fiquei aguardando com paciência as gestões de Hélio, que me manteve perfeitamente informado dos entendimentos. Nesse ínterim, foi fundado o Instituto Roque Camêllo em 18/03/2018 e lançado o livro "O Roque Camêllo que conheci" em 17/03/2019. Compareci a ambos os eventos. No último, Profª Hebe transmitiu a todos os presentes ao lançamento do livro sua intenção de dar-me posse ainda durante a sua gestão. No dia 22/04/2019 chegou a mim seu comunicado com o seguinte teor: "Considerando que o prof. Roque empenhou-se em trazê-lo para nossa Academia, em reunião a Diretoria decidiu sugerir-lhe o nome do referido ex-presidente, Roque Camêllo, para seu patrono. Ficaremos muito gratos pela sua presença nesta Casa." Acho importante relembrar esses fatos para estender a todas as pessoas que tomaram alguma parte na minha indicação o meu "muito obrigado!" Respondi então à presidente Profª. Hebe "que me sentia bem em defender meu Patrono Roque Camêllo, o que era de meu agrado por duas razões: por ter indicado meu nome um dia antes de entregar seu espírito ao Criador e por ter-se referido a mim como alguém que poderia trazer uma contribuição importante para a História e a Genealogia entre seus pares imortais dessa AML". Aqui se apresenta uma situação clara em que a generosidade se alia à História com resultados os mais profícuos.
Quanto à Mariana, devo confessar que já me sinto desta terra, cidade de tradição cultural e valores ancorados na religiosidade cristã. Gostaria aqui de pontuar os seus principais Momentos Históricos nos Séculos XVII e XVIII de forma resumida.
Até aqui, portanto, já temos afirmado que Mariana representa bem o pioneirismo mineiro por razões históricas. Foi a primeira vila (1711), a primeira capital (1712), a primeira cidade (1745) e a primeira diocese (1745). Por toda essa preeminência cabe-lhe com justa razão o título de "primaz de Minas". Em 6 de julho de 1945, em homenagem à data bicentenária de elevação à categoria de cidade, o Presidente Getúlio Vargas erigiu em Monumento Nacional todo o acervo arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Mariana (DL 7713, de 06/07/1945).
Também gostaria de abordar os principais momentos históricos de Mariana no século XX, verdadeira epopeia vivenciada por Roque Camêllo e da qual sentem inveja os séculos anteriores. Quanto às ações do benfeitor e notável marianense, Roque Camêllo, que resultaram na instituição do Dia de Minas, relembro aqui as datas mais importantes:
Roque José de Oliveira Camêllo nasceu em 1942 em Mariana e passou a infância no Piteiro. Estudou no Seminário de Mariana e posteriormente se formou em Letras e Direito pela UFMG, tendo prosseguido seus estudos em Harvard e na France Langue de Paris. Desde então, não cessou mais de trabalhar diligentemente pelos interesses coletivos de Mariana. Tornou-se uma das maiores referências da história de Mariana e suas influências para a formação do Estado e do País. Desde jovem até seus últimos dias, dedicou sua vida profissional à defesa da cultura e dos patrimônios de Mariana e, consequentemente, de Minas Gerais. Segundo ele, "proteger as cidades históricas é preservar a História Mineira e dar exemplo para todos os municípios fazerem o mesmo." Era conselheiro da Associação Universitária Internacional-AUI. Professor, fundou o Colégio São Vicente de Paula em Belo Horizonte. Em Mariana foi Vereador, Vice-prefeito e Prefeito. Propôs em 1977 a criação do Dia do Estado de Minas Gerais comemorado em todo o território mineiro no dia 16 de julho. Presidiu a Academia Marianense de Letras e foi diretor-executivo da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana (FUNDARQ), onde foi responsável pela 2ª reforma do órgão Arp Schnitger da Catedral de Mariana, pelo restauro do Santuário Nossa Senhora do Carmo, consumido, em grande parte, pelo incêndio em 1999, e do antigo Palácio dos Bispos. Também pela FUNDARQ, vinha conduzindo, com uma equipe de arqueologia e arquitetura, a reconstrução e a revitalização dos Jardins Históricos desse Palácio, visitados pelos viajantes naturalistas franceses que vieram ao Brasil no século XIX em suas pesquisas botânicas. Coordenou a publicação do livro “16 de julho, o Dia do Estado de Minas Gerais” e encaminhou para a UNESCO o projeto de certificação e inscrição do acervo do Museu da Música de Mariana no programa “Registro Memória del Mundo”, deferido em 2011. Em abril de 2016 lançou o livro “Mariana: Assim nasceram as Minas Gerais: uma visão panorâmica da história". Dr. Roque inseriu na seção de Agradecimentos desse seu último livro lançado em homenagem aos 305 anos da elevação de Mariana à categoria de vila: “O tempo foi exíguo para singrar as águas de Minas que não tem mar, mas é um oceano de Cultura e um continente de patriotismo.”
Uma de suas últimas atividades foi presidir a Comissão de Defesa do Patrimônio Histórico da OAB/MG. No dia da criação e instalação da referida Comissão (21/10/2013), o Informativo “OAB-Minas Gerais”, de 22/10/2013, publicou a seguinte notícia: "(...) Roque Camêllo ainda salientou que o objetivo da Comissão é valorizar as raízes históricas do povo mineiro. 'Preservar a história é não apenas reverenciar o passado, mas construir os caminhos que constroem o futuro. O povo que sabe de onde veio sabe traçar o seu próprio destino. Minas Gerais, não sendo o mais velho Estado da Federação, no entanto, é o Estado do equilíbrio nacional e representa os anseios de todo o povo brasileiro que prima por privilegiar o sentimento libertário a exemplo dos Inconfidentes'." Era membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, onde ocupava a cadeira de número 66 desde 20 de novembro de 2010.
Há no Prólogo de um best-seller do canadense Steven Pinker, professor de psicologia cognitiva da Universidade de Harvard, um curioso trecho que, em minha opinião, se adapta perfeitamente a meu patrono. Esse livro foi traduzido para o português como "Guia de Escrita" (Ed. Contexto), embora eu tivesse preferido manter a finesse do título original em inglês: "The Sense of Style", optando por manter a tradução literal, a saber, "O Senso de Estilo". No Prólogo desse seu livro, Pinker refere-se da seguinte forma à importância do estilo na escrita (e eu acrescento: na oratória):
1. Quando trata da importância da clareza nos textos dos escritores (e eu acrescento: e na fala dos oradores), faz a seguinte menção: "(...) O estilo continua importante por pelo menos três razões. Em primeiro lugar, ele garante que os escritores (e oradores) conseguirão que suas mensagens cheguem aos destinatários, poupando os leitores (e ouvintes) de esbanjar preciosos momentos de vida com a decifração de uma prosa opaca". (...)
2. Em segundo lugar, o estilo traz confiança. Se os leitores (e os ouvintes) percebem que um autor se preocupa com a coerência e qualidade de sua prosa, confiarão que ele se preocupa também com outras virtudes na conduta, que não podem ser verificadas com a mesma facilidade."
3. E, por fim, aduz a terceira razão, com a qual fecha o Prólogo:
"(...) o estilo acrescenta beleza ao mundo. Para um leitor culto (permitam-me adicionar: para um ouvinte culto), uma sentença concisa, uma metáfora surpreendente, um aparte espirituoso, uma formulação elegante estão entre os maiores prazeres da vida. (...)"
Quem de nós, nesta curta citação, não vê a finesse de Roque Camêllo em seus livros e em suas falas, recheadas de figuras de linguagem, concordância verbal perfeita, riqueza vocabular? Quem de nós discorda de Pinker, quando ele diz que ler (e ouvir) uma pessoa com aqueles atributos está entre os maiores prazeres da vida?
Neste meu discurso, gostaria de reproduzir um traço da expressão escrita e oral do meu patrono: a finesse, o brilho, a sensibilidade, que em Roque Camêllo era em relação a tudo, especialmente à educação e à história, campos do conhecimento de sua notória especialização. Mas Roque não era um simples especialista: polígrafo, dominava quase tudo nas áreas mais diversas, além das duas já citadas: manifestações artísticas (arquitetura, pintura, música, poesia, oratória), religião, filosofia, só para citar algumas. Ouso dizer que Roque achava que seus leitores (e ouvintes) precisavam dele. Que outra razão haveria, por exemplo, para Roque comparecer a todos os meus discursos e defesas de patrono? A meu convite, Roque nunca deixou de comparecer a eles e tomo aqui sua esposa Merania como testemunha. Está claro que ele não tinha absolutamente nada a aprender comigo. É possível que isso tenha ocorrido com muitos aqui presentes. Quanto a mim, quando muito, parece-me que ele queria conferir se eu possuía uma ótica diferente da sua, além de sua enorme consideração para com este orador. Ali, sentado e em silêncio, exercitava suas qualidades de ouvinte atento e, tendo obtido a exata compreensão do assunto, no momento da Palavra Livre, dava suas ricas contribuições apontando para uma nova direção, que sem dúvida iriam abrir-me um novo horizonte e possibilitar no meu arcabouço teórico uma nova interpretação.
Por isso, devo confessar minha enorme gratidão a Roque por jamais omitir-me sua outra visão através de seu notável "senso de estilo" e ter gerado em mim a possibilidade da alteridade, significando que não era necessário haver concordância, mas sim aceitação de ambas as partes.
Do livro "O Roque Camêllo que conheci" vou extrair trechos de duas autoras, ambas professoras, que caracterizam bem a figura do saudoso presidente humanista desta Casa de Cultura, exornando a sua excelsa fronte com o laurel digno dos vitoriosos. Cabe observar que todos os testemunhos apresentados no livro são válidos, todas as visões são legítimas e pertinentes; ocorre que me tocou principalmente o testemunho dessas duas pedagogas, porque revelam uma faceta pouco conhecida de Roque Camêllo: a de apaixonado educador.
Em emocionado necrológio do Prof. Roque José de Oliveira Camêllo, a Acadêmica Dra. Patrícia Ferreira dos Santos Silveira, vice-presidente desta Casa de Cultura, escreveu: "A vida e a morte, como o dia e noite, são duas faces da mesma moeda; sempre nos trazem reflexões e temores. Ainda mais quando se trata da passagem de algumas pessoas, como ocorreu esta manhã com Prof. Roque José de Oliveira Camêllo. Irá junto todo o capital simbólico acumulado por ele e sua ação política, cultural e social na histórica cidade de Mariana? Ou servirá seu nobre exemplo ao fito de imortalizá-lo entre nós?" Noutra seção da sua oração fúnebre, Dra. Patrícia completa sua ideia, apoiando-se no conceito de que o exemplo dele faça escola junto aos políticos de ambos os matizes: "Que o teu altaneiro exemplo, pautado em princípios éticos e em valores humanistas, faça escola junto a esta geração de políticos que aqui está, esta que nos governa, e a que pretende conduzir o nosso Brasil!" Permita-me, Dra. Patrícia, humildemente acrescentar: "Que o teu altaneiro exemplo, pautado em princípios éticos e em valores humanistas, guie os passos de seus confrades nesta Casa de Cultura no geral, e os meus passos em particular."
Suas principais ações e projetos culturais foram desenvolvidos na Casa de Cultura em favor da educação. Lembremos aqui como foi comemorado o lançamento da obra "Mariana: Assim nasceram as Minas Gerais", celebrando os 305 anos da criação da primeira vila de Minas Gerais. Todos nos lembramos de sua alegria esfuziante com as apresentações da Sociedade Musical União XV de Novembro, do Coral Tom Maior e do desfile do Bloco Zé Pereira da Chácara, com seus famosos bonecões, e do Congado Nossa Senhora do Rosário. Como erudito que era, sabia ouvir as múltiplas vozes de Minas! Muitos artistas, entidades e agremiações encontraram amparo em seu humanismo: o Movimento Renovador de Mariana, corporações musicais, congados!, conclui Dra. Patrícia. (GUERRA: op. cit., p. 270-3 )
A mim me parece que podemos não possuir as competências, as qualidades e os dons espirituais de Roque Camêllo, que eram incontáveis - é verdade -, mas conhecemos e podemos tocar em frente a sua missão. Não devemos tergiversar nem transigir com nossos pensamentos negativos a respeito de nós mesmos. É esta a minha mensagem.
Para D. Helena Tereza de Jesus Silva, Prof. Roque era, antes de tudo, um educador, alguém que sempre sonhou com a educação como forma de salvar o Brasil e acabar com a desigualdade social: não se conformava com a banalização, a falta de seriedade e de respeito para com os bons programas educacionais implantados no Brasil. Quando a visitava, queria saber sobre os conceitos educacionais transmitidos a ela por D. Helena Antipoff, psicóloga e pedagoga russa, que se fixou no Brasil após sua sólida formação na Rússia, Paris e Genebra, com quem D. Helena trabalhou de 1960 a 1967, dirigindo o Instituto Superior de Educação Rural, na Fazenda do Rosário, em Ibirité-MG. (Idem, p. 113-4)
Prof. Roque sentia-se muito estimulado a fazer intercâmbio com outras Academias e Casas de Cultura. Pessoalmente, vi-o muitas vezes, desde 2011, sempre em companhia de sua adorada Merania, no IHG de São João del-Rei, nas Academias de Letras de Barbacena, de Divinópolis e de Formiga e no Seminário Seráfico de Santo Antônio em Santos Dumont. Ele próprio gostava de cuidar das relações institucionais e do intercâmbio com todas as instituições que buscassem a sua presença ou admirassem o seu talento natural de orador. Vou agora relatar um fato que me marcou profundamente, a partir do qual passei a respeitar meu saudoso amigo. Numa de suas idas a SJDR, durante o 3º Ciclo de Estudos sobre o Tiradentes, promovido pelo IHG local no período de 10 a 12 de novembro de 2011, Dr. Roque compareceu na qualidade de conferencista, tendo pronunciado uma palestra cujo tema era "A Criação das Três Vilas de Minas Gerais: Mariana, Ouro Preto e Sabará" no dia 11 de novembro. Quando terminou sua exposição, foi vivamente aplaudido pelos presentes. Alguém da audiência pediu a palavra para falar sobre o desaparecimento de um livro do Senado da Câmara de São João del-Rei que continha o Auto de Levantamento de Vila, muito caro aos são-joanenses. Dr. Roque ouviu atentamente a exposição sobre a criação da Vila de São João del-Rei, ocorrida em 8 de dezembro de 1713, mediante o Auto de Levantamento de Vila ¹ transcrito literal e fielmente da primeira edição das Ephemerides Mineiras (1664-1897) de José Pedro Xavier da Veiga, editadas pela Imprensa Official do Estado de Minas, em Ouro Preto, no ano de 1897. Ou seja, Dr. Roque tomou conhecimento de que nossa cidade não possuía mais o importante documento, depois de o autor das Ephemerides ter esclarecido tratar-se de reprodução literal de documento official, existente no Arcchivo Publico do Estado. Segundo José Álvares de Oliveira, em sua História do Distrito do Rio das Mortes (1750), esse Auto de Levantamento se achava lavrado no livro primeiro do registro do dito Senado da Câmara são-joanense a folhas trinta e sete. Ao ouvir essas explanações, Dr. Roque pediu a palavra para comunicar que, em suas pesquisas no Arquivo Público Mineiro, de fato tinha constatado a retirada desse documento original do Senado da Câmara são-joanense, obviamente surripiado do referido livro com a utilização de estilete por algum pesquisador leviano ou inimigo dos são-joanenses. Profundamente incomodado, prometeu solenemente à assembleia que iria envidar os maiores esforços para localizar o livro e restituí-lo a seu verdadeiro proprietário, que era a Municipalidade são-joanense, donde nunca deveria ter saído, o que teria prevenido a sua má utilização, a saber: a danificação da folha em que constava o Auto de Levantamento, tão relevante para a história e a memória são-joanenses. Por suas palavras de solidariedade fez-se imediatamente amigo dos historiadores são-joanenses, eternamente reverenciado como benemérito.
Também há que reconhecer quão encantadoras foram suas palavras que definem o seu caráter compromissado com a solidariedade cristã e que fundamentam o Instituto que leva o seu nome - Instituto Roque Camêllo, fundado em 18/03/2018. Suas palavras ecoam na minha mente e de todos os outros Conselheiros e de todos quantos se reuniram naquela data em Mariana para fundarem uma instituição sonhada por ele, cujo intento ele enunciou da seguinte forma:
"As pessoas, cada vez mais distanciam-se de sua verdadeira função social e divina, que é a de doar-se com aquilo que elas têm de melhor. Não é o que elas possuem, mas o que elas são. Criaremos uma Instituição que torne isso possível, gerando o que eu chamaria de uma corrente do bem. Que essa entidade seja para ajudar o ser humano a ser e não a ter, além de ensinar as pessoas a preservarem o patrimônio histórico e a natureza."
O poeta romano Quinto Horácio Flaco, entre nós conhecido simplesmente por Horácio, compôs a ode nº XXX no epílogo do Livro III de suas Carmina ou Odes, cujos dois primeiros versos (III Carm. XXX, 1-2) se impuseram como um dos mais importantes provérbios latinos: EXEGI MONUMENTUM ÆRE PERENNIUS / REGALIQUE SITU PYRAMIDUM ALTIUS (Ergui um monumento mais perene do que o bronze / e mais alto do que a real construção das pirâmides), orgulhosamente se referindo à própria obra literária, mas aqui ouso estender o significado desses versos ao Instituto Roque Camêllo, antevendo a sua persistente e duradoura atuação sobre o meio social e o corpo social.
OBRAS DE DR. ROQUE CAMÊLLO
Autor de "Mariana: Assim nasceram as Minas Gerais" (2016)
Organizador e colaborador de "16 de Julho: o Dia de Minas". Discursos, pronunciamentos, ensaios, crônicas e poemas sobre a data constitucional mineira. Belo Horizonte: Leme, 1991.
Ensaio: Inconfidente Cláudio Manoel da Costa: primeiro advogado assassinado em Minas.
Artigo: Museu da Música, uma relíquia da cultura brasileira, publicado em dezembro de 2007, pela Casa dos Contos, Revista do Centro de Estudos do Ciclo do Ouro, do Ministério da Fazenda.
Com o título "Tributo à Princesa Isabel", Roque pronunciou seu discurso de posse na Cadeira 66 do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, que tem a Princesa Isabel como patrona, em 20 de novembro de 2010. Destaco, para os fins desta minha Apologia do Patrono, trechos que tratam da história de Mariana e da sua linhagem genealógica, quando de sua posse no IHG-MG. O primeiro trecho extraído do discurso de meu patrono que fala de Mariana, é o seguinte:
"Senhoras e Senhores,
Tão logo, recebi o comunicado de minha eleição para ocupar a Cadeira 66 cuja Patrona é a Princesa Isabel, passei a estudar-lhe a vida. Levantei a bibliografia em torno dela, sobretudo onde houvesse pontos de interseção que unissem o Brasil, Minas e Mariana à linha do tempo a lhe alcançar a existência.
Para tanto, seria importante passar pelo descobrimento da Vila do Ribeirão do Carmo em 1696, pelo Governo de Dom João V que, em 1745, elevou-a à categoria de cidade com o nome de Mariana em homenagem à sua esposa Rainha, para nela instalar, após aprovação do Papa Bento XIV, no mesmo ano, a primeira sede episcopal do interior do Brasil. Depois, foi a vez de Dom José I que cumpriu a promessa do pai, mandando instalar na Catedral de Mariana, o Órgão Arp Schnitger. Todos antepassados da Princesa Isabel e de sua sequência familiar. (...)"
O segundo trecho extraído do discurso de meu patrono trata do médico sanitarista Conselheiro Dr. Francisco de Paula Cândido (1805-1864), seu ilustre antepassado, fundador da Cadeira nº 20 da Academia Nacional de Medicina, patrono da Cadeira nº 16 da Academia Mineira de Letras e patrono da Cadeira de nº 02 desta Academia:
"(...) Esses fragmentos históricos aqui se relembram porque estão no contexto direto ou indireto da vida da Princesa Isabel, o que nos faz recordar a pessoa de Francisco de Paula Cândido. Foi cientista, lente da Escola de Medicina, médico e professor das Princesas Imperiais Isabel e Leopoldina. Integrou o quadro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Após cursar o Seminário de Mariana, formando-se em filosofia e latinidades, realizou sua trajetória acadêmica em Paris. Defendeu teses e publicou diversos livros de medicina e física. Por essa época, se tornou presente na vida da Corte. Era irmão de meu bisavô, o juiz de direito e Deputado Geral por Minas, Antônio Gomes Cândido.
A Condessa de Barral, aia das Princesas, em uma carta, de 08 de abril de 1862 datada de Petrópolis, se refere a Paula Cândido como mestre das filhas do Imperador. (...)"
O carinho com que se referiu a seu tio-bisavô, o Conselheiro, médico e professor Francisco de Paula Cândido, e a seu bisavô Dr. Juiz Antônio Gomes Cândido, lançou uma luz sobre sua ascendência genealógica. Isso despertou minha curiosidade de conhecer mais detidamente sua árvore genealógica. Servi-me, então, de dois livros excelentes para fazer uma pesquisa genealógica e histórica que estudaram os antepassados de Roque Camêllo, cujas conclusões serão apresentadas aqui da forma mais simples possível. A árvore genealógica simples que apreciaremos aqui é a de ascendentes em linha reta, ou árvore particular de um indivíduo (Roque Camêllo), sem preocupação com o grau de parentesco coletivo. Importa ressaltar que só nos interessa chegar ao bisavô de Roque (Dr. Juiz Antônio Gomes Cândido) e seus ascendentes, sempre em linha direta, sem o objetivo de ampliar a pesquisa para os vários indivíduos que têm um ancestral comum. Ao delimitar o campo de nosso trabalho, servi-me dos mencionados dois livros muito esclarecedores:
• Genealogias da Zona do Carmo (1943), por Cônego Raimundo Trindade
• No Tempo do Pai (1991), livro de Maurílio José de Oliveira Camêllo, membro desta Casa de Alphonsus de Guimaraens e irmão de Roque, que foi lançado para comemorar os 100 anos de nascimento do Sr. "Catinho" (Torquato José Lopes Camêllo), seu pai, no Natal de 1891.
Do livro "No tempo do pai", de Maurílio José de Oliveira Camêllo, tomei conhecimento da herança de dois importantes TRONCOS FAMILIARES: os GOMES CÂNDIDO, mais antigo, e os ABREU E SILVA, mais recente, na constituição do seu DNA (e de Dr. Roque Camêllo por dedução), além do tronco dos CAMÊLLO propriamente dito, cujo aparecimento é ainda mais recente. Os dois primeiros troncos familiares já tinham sido amplamente tratados no livro "Genealogias da Zona do Carmo" do Cônego Raimundo Trindade. Maurílio se baseou nesse trabalho genealógico anterior para fazer ampliações onde pôde encontrar documentação complementar, de forma que há uma clara intersecção entre os dois livros, havendo mesmo uma complementaridade entre ambos e possibilitando que este orador chegue a uma síntese que vos apresenta a seguir, através de duas árvores genealógicas ampliadas a partir dos Títulos XXXVI (os GOMES CÂNDIDO) e XI (os ABREU E SILVA).
DDª Presidente da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes-AML,
Prof. Dr. Arnaldo de Souza Ribeiro
DD. Presidente da Academia Itaunense de Letras-AILE,
Prof. Dr. Raimundo Alves de Jesus
DD. Presidente da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa,
Paulo José de Oliveira
DD. Presidente da Academia Formiguense de Letras-AFL,
Saulo de Oliveira Camêllo,
irmão dileto do saudoso Dr. Roque Camêllo,
Dom Francisco Barroso Filho
Revmo. Bispo Emérito de Oliveira e nobre Acadêmico desta AML, em cujo nome saúdo todos os membros desta egrégia Academia,
Profª Regina Almeida
DDª representante do IHG-MG e membro da AML,
Minha amada esposa Rute Pardini
Cantora lírica e companheira da minha vida,
Senhoras e Senhores, convidados e membros da comunidade marianense que nesta noite prestigiam a minha posse.
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Inicialmente, tenho o prazer de cumprimentar e render minhas homenagens a esta plêiade de Nobres Acadêmicos desta douta Academia Marianense de Letras, fundada em outubro de 1962 por ilustres intelectuais mineiros como Waldemar de Moura Santos, Pedro Aleixo, Alphonsus de Guimaraens Filho, Salomão de Vasconcelos, Dom Oscar de Oliveira e outros, portanto em atividade há 57 anos, divulgando as luzes de seu conhecimento e catalisando a união de muitos intelectuais, escritores e pesquisadores que aqui encontram um público fiel e amante da História e das Letras apreciador da produção literária de quantos gostariam de vê-la aqui discutida e divulgada. Intelectuais de diferentes rincões brasileiros aqui vêm lançar e divulgar seus livros, como vai ocorrer esta noite com o lançamento do livro intitulado "Tributo ao Professor Roque José de Oliveira Camêllo", da autoria do itaunense Dr. Arnaldo de Souza Ribeiro, reconhecendo o protagonismo desta AML e de Mariana como focos irradiadores de cultura para Minas e todos os Estados brasileiros.
Honrou-me sobremodo o convite da Presidente Profª Hebe Maria Rôla dos Santos para fazer parte desta egrégia Casa de Cultura, entre surpreso e feliz, especialmente em razão da ilustre figura que será meu patrono: pessoa afável e amigo pessoal, professor, advogado, intelectual respeitado, orador, historiador, empresário e político marianense, cultor das letras e das artes, Prof. Roque José de Oliveira Camêllo, conforme decisão da douta Diretoria. A bem da verdade, devo informar que o próprio Roque Camêllo levou ao meu conhecimento em 16/03/2017, portanto às vésperas de seu passamento, através de ofício-convite com timbre da AML datado de 12/12/2016, portanto havia três meses antes "que os Acadêmicos Dom Francisco Barroso Filho, Frederico Ozanan Santos e ele próprio tinham apresentado o meu nome para integrar o quadro efetivo da AML, recebendo aprovação unânime da Diretoria Executiva". Não preciso dizer do meu júbilo, ao receber tão magnânima notícia, mesmo extemporânea, desconhecendo a razão da demora na comunicação. E tomo sua esposa Merania como testemunha dos fatos aqui relatados. Na mesma data, corri a manifestar-lhe minha aquiescência com a indicação de meu nome para ocupar a Cadeira disponível, que era a de nº 02, patroneada por Francisco de Paula Cândido. No dia seguinte, fui surpreendido com a pungente notícia do falecimento de meu grande benfeitor e amigo leal. Estive em Mariana para a Missa de corpo presente e inumação do corpo de meu dileto amigo Roque Camêllo, tendo acompanhado o féretro até sua última morada. Respeitei o sentimento de luto de Profª Hebe, preferindo aconselhar-me com meu amigo Hélio Petrus a incomodá-la com meu assunto pessoal naquele momento tão doloroso para ela. O grande escultor pediu-me algum tempo para tratar daquele assunto com sua amiga Hebe. Fiquei aguardando com paciência as gestões de Hélio, que me manteve perfeitamente informado dos entendimentos. Nesse ínterim, foi fundado o Instituto Roque Camêllo em 18/03/2018 e lançado o livro "O Roque Camêllo que conheci" em 17/03/2019. Compareci a ambos os eventos. No último, Profª Hebe transmitiu a todos os presentes ao lançamento do livro sua intenção de dar-me posse ainda durante a sua gestão. No dia 22/04/2019 chegou a mim seu comunicado com o seguinte teor: "Considerando que o prof. Roque empenhou-se em trazê-lo para nossa Academia, em reunião a Diretoria decidiu sugerir-lhe o nome do referido ex-presidente, Roque Camêllo, para seu patrono. Ficaremos muito gratos pela sua presença nesta Casa." Acho importante relembrar esses fatos para estender a todas as pessoas que tomaram alguma parte na minha indicação o meu "muito obrigado!" Respondi então à presidente Profª. Hebe "que me sentia bem em defender meu Patrono Roque Camêllo, o que era de meu agrado por duas razões: por ter indicado meu nome um dia antes de entregar seu espírito ao Criador e por ter-se referido a mim como alguém que poderia trazer uma contribuição importante para a História e a Genealogia entre seus pares imortais dessa AML". Aqui se apresenta uma situação clara em que a generosidade se alia à História com resultados os mais profícuos.
Quanto à Mariana, devo confessar que já me sinto desta terra, cidade de tradição cultural e valores ancorados na religiosidade cristã. Gostaria aqui de pontuar os seus principais Momentos Históricos nos Séculos XVII e XVIII de forma resumida.
Até aqui, portanto, já temos afirmado que Mariana representa bem o pioneirismo mineiro por razões históricas. Foi a primeira vila (1711), a primeira capital (1712), a primeira cidade (1745) e a primeira diocese (1745). Por toda essa preeminência cabe-lhe com justa razão o título de "primaz de Minas". Em 6 de julho de 1945, em homenagem à data bicentenária de elevação à categoria de cidade, o Presidente Getúlio Vargas erigiu em Monumento Nacional todo o acervo arquitetônico, urbanístico e paisagístico de Mariana (DL 7713, de 06/07/1945).
Também gostaria de abordar os principais momentos históricos de Mariana no século XX, verdadeira epopeia vivenciada por Roque Camêllo e da qual sentem inveja os séculos anteriores. Quanto às ações do benfeitor e notável marianense, Roque Camêllo, que resultaram na instituição do Dia de Minas, relembro aqui as datas mais importantes:
Patrono da Cadeira 23 da AML: Roque José de Oliveira Camêllo (⭐︎1942 ✞2017) |
Roque José de Oliveira Camêllo nasceu em 1942 em Mariana e passou a infância no Piteiro. Estudou no Seminário de Mariana e posteriormente se formou em Letras e Direito pela UFMG, tendo prosseguido seus estudos em Harvard e na France Langue de Paris. Desde então, não cessou mais de trabalhar diligentemente pelos interesses coletivos de Mariana. Tornou-se uma das maiores referências da história de Mariana e suas influências para a formação do Estado e do País. Desde jovem até seus últimos dias, dedicou sua vida profissional à defesa da cultura e dos patrimônios de Mariana e, consequentemente, de Minas Gerais. Segundo ele, "proteger as cidades históricas é preservar a História Mineira e dar exemplo para todos os municípios fazerem o mesmo." Era conselheiro da Associação Universitária Internacional-AUI. Professor, fundou o Colégio São Vicente de Paula em Belo Horizonte. Em Mariana foi Vereador, Vice-prefeito e Prefeito. Propôs em 1977 a criação do Dia do Estado de Minas Gerais comemorado em todo o território mineiro no dia 16 de julho. Presidiu a Academia Marianense de Letras e foi diretor-executivo da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana (FUNDARQ), onde foi responsável pela 2ª reforma do órgão Arp Schnitger da Catedral de Mariana, pelo restauro do Santuário Nossa Senhora do Carmo, consumido, em grande parte, pelo incêndio em 1999, e do antigo Palácio dos Bispos. Também pela FUNDARQ, vinha conduzindo, com uma equipe de arqueologia e arquitetura, a reconstrução e a revitalização dos Jardins Históricos desse Palácio, visitados pelos viajantes naturalistas franceses que vieram ao Brasil no século XIX em suas pesquisas botânicas. Coordenou a publicação do livro “16 de julho, o Dia do Estado de Minas Gerais” e encaminhou para a UNESCO o projeto de certificação e inscrição do acervo do Museu da Música de Mariana no programa “Registro Memória del Mundo”, deferido em 2011. Em abril de 2016 lançou o livro “Mariana: Assim nasceram as Minas Gerais: uma visão panorâmica da história". Dr. Roque inseriu na seção de Agradecimentos desse seu último livro lançado em homenagem aos 305 anos da elevação de Mariana à categoria de vila: “O tempo foi exíguo para singrar as águas de Minas que não tem mar, mas é um oceano de Cultura e um continente de patriotismo.”
Uma de suas últimas atividades foi presidir a Comissão de Defesa do Patrimônio Histórico da OAB/MG. No dia da criação e instalação da referida Comissão (21/10/2013), o Informativo “OAB-Minas Gerais”, de 22/10/2013, publicou a seguinte notícia: "(...) Roque Camêllo ainda salientou que o objetivo da Comissão é valorizar as raízes históricas do povo mineiro. 'Preservar a história é não apenas reverenciar o passado, mas construir os caminhos que constroem o futuro. O povo que sabe de onde veio sabe traçar o seu próprio destino. Minas Gerais, não sendo o mais velho Estado da Federação, no entanto, é o Estado do equilíbrio nacional e representa os anseios de todo o povo brasileiro que prima por privilegiar o sentimento libertário a exemplo dos Inconfidentes'." Era membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, onde ocupava a cadeira de número 66 desde 20 de novembro de 2010.
Há no Prólogo de um best-seller do canadense Steven Pinker, professor de psicologia cognitiva da Universidade de Harvard, um curioso trecho que, em minha opinião, se adapta perfeitamente a meu patrono. Esse livro foi traduzido para o português como "Guia de Escrita" (Ed. Contexto), embora eu tivesse preferido manter a finesse do título original em inglês: "The Sense of Style", optando por manter a tradução literal, a saber, "O Senso de Estilo". No Prólogo desse seu livro, Pinker refere-se da seguinte forma à importância do estilo na escrita (e eu acrescento: na oratória):
1. Quando trata da importância da clareza nos textos dos escritores (e eu acrescento: e na fala dos oradores), faz a seguinte menção: "(...) O estilo continua importante por pelo menos três razões. Em primeiro lugar, ele garante que os escritores (e oradores) conseguirão que suas mensagens cheguem aos destinatários, poupando os leitores (e ouvintes) de esbanjar preciosos momentos de vida com a decifração de uma prosa opaca". (...)
2. Em segundo lugar, o estilo traz confiança. Se os leitores (e os ouvintes) percebem que um autor se preocupa com a coerência e qualidade de sua prosa, confiarão que ele se preocupa também com outras virtudes na conduta, que não podem ser verificadas com a mesma facilidade."
3. E, por fim, aduz a terceira razão, com a qual fecha o Prólogo:
"(...) o estilo acrescenta beleza ao mundo. Para um leitor culto (permitam-me adicionar: para um ouvinte culto), uma sentença concisa, uma metáfora surpreendente, um aparte espirituoso, uma formulação elegante estão entre os maiores prazeres da vida. (...)"
Quem de nós, nesta curta citação, não vê a finesse de Roque Camêllo em seus livros e em suas falas, recheadas de figuras de linguagem, concordância verbal perfeita, riqueza vocabular? Quem de nós discorda de Pinker, quando ele diz que ler (e ouvir) uma pessoa com aqueles atributos está entre os maiores prazeres da vida?
Neste meu discurso, gostaria de reproduzir um traço da expressão escrita e oral do meu patrono: a finesse, o brilho, a sensibilidade, que em Roque Camêllo era em relação a tudo, especialmente à educação e à história, campos do conhecimento de sua notória especialização. Mas Roque não era um simples especialista: polígrafo, dominava quase tudo nas áreas mais diversas, além das duas já citadas: manifestações artísticas (arquitetura, pintura, música, poesia, oratória), religião, filosofia, só para citar algumas. Ouso dizer que Roque achava que seus leitores (e ouvintes) precisavam dele. Que outra razão haveria, por exemplo, para Roque comparecer a todos os meus discursos e defesas de patrono? A meu convite, Roque nunca deixou de comparecer a eles e tomo aqui sua esposa Merania como testemunha. Está claro que ele não tinha absolutamente nada a aprender comigo. É possível que isso tenha ocorrido com muitos aqui presentes. Quanto a mim, quando muito, parece-me que ele queria conferir se eu possuía uma ótica diferente da sua, além de sua enorme consideração para com este orador. Ali, sentado e em silêncio, exercitava suas qualidades de ouvinte atento e, tendo obtido a exata compreensão do assunto, no momento da Palavra Livre, dava suas ricas contribuições apontando para uma nova direção, que sem dúvida iriam abrir-me um novo horizonte e possibilitar no meu arcabouço teórico uma nova interpretação.
Por isso, devo confessar minha enorme gratidão a Roque por jamais omitir-me sua outra visão através de seu notável "senso de estilo" e ter gerado em mim a possibilidade da alteridade, significando que não era necessário haver concordância, mas sim aceitação de ambas as partes.
Do livro "O Roque Camêllo que conheci" vou extrair trechos de duas autoras, ambas professoras, que caracterizam bem a figura do saudoso presidente humanista desta Casa de Cultura, exornando a sua excelsa fronte com o laurel digno dos vitoriosos. Cabe observar que todos os testemunhos apresentados no livro são válidos, todas as visões são legítimas e pertinentes; ocorre que me tocou principalmente o testemunho dessas duas pedagogas, porque revelam uma faceta pouco conhecida de Roque Camêllo: a de apaixonado educador.
Em emocionado necrológio do Prof. Roque José de Oliveira Camêllo, a Acadêmica Dra. Patrícia Ferreira dos Santos Silveira, vice-presidente desta Casa de Cultura, escreveu: "A vida e a morte, como o dia e noite, são duas faces da mesma moeda; sempre nos trazem reflexões e temores. Ainda mais quando se trata da passagem de algumas pessoas, como ocorreu esta manhã com Prof. Roque José de Oliveira Camêllo. Irá junto todo o capital simbólico acumulado por ele e sua ação política, cultural e social na histórica cidade de Mariana? Ou servirá seu nobre exemplo ao fito de imortalizá-lo entre nós?" Noutra seção da sua oração fúnebre, Dra. Patrícia completa sua ideia, apoiando-se no conceito de que o exemplo dele faça escola junto aos políticos de ambos os matizes: "Que o teu altaneiro exemplo, pautado em princípios éticos e em valores humanistas, faça escola junto a esta geração de políticos que aqui está, esta que nos governa, e a que pretende conduzir o nosso Brasil!" Permita-me, Dra. Patrícia, humildemente acrescentar: "Que o teu altaneiro exemplo, pautado em princípios éticos e em valores humanistas, guie os passos de seus confrades nesta Casa de Cultura no geral, e os meus passos em particular."
Suas principais ações e projetos culturais foram desenvolvidos na Casa de Cultura em favor da educação. Lembremos aqui como foi comemorado o lançamento da obra "Mariana: Assim nasceram as Minas Gerais", celebrando os 305 anos da criação da primeira vila de Minas Gerais. Todos nos lembramos de sua alegria esfuziante com as apresentações da Sociedade Musical União XV de Novembro, do Coral Tom Maior e do desfile do Bloco Zé Pereira da Chácara, com seus famosos bonecões, e do Congado Nossa Senhora do Rosário. Como erudito que era, sabia ouvir as múltiplas vozes de Minas! Muitos artistas, entidades e agremiações encontraram amparo em seu humanismo: o Movimento Renovador de Mariana, corporações musicais, congados!, conclui Dra. Patrícia. (GUERRA: op. cit., p. 270-3 )
A mim me parece que podemos não possuir as competências, as qualidades e os dons espirituais de Roque Camêllo, que eram incontáveis - é verdade -, mas conhecemos e podemos tocar em frente a sua missão. Não devemos tergiversar nem transigir com nossos pensamentos negativos a respeito de nós mesmos. É esta a minha mensagem.
Para D. Helena Tereza de Jesus Silva, Prof. Roque era, antes de tudo, um educador, alguém que sempre sonhou com a educação como forma de salvar o Brasil e acabar com a desigualdade social: não se conformava com a banalização, a falta de seriedade e de respeito para com os bons programas educacionais implantados no Brasil. Quando a visitava, queria saber sobre os conceitos educacionais transmitidos a ela por D. Helena Antipoff, psicóloga e pedagoga russa, que se fixou no Brasil após sua sólida formação na Rússia, Paris e Genebra, com quem D. Helena trabalhou de 1960 a 1967, dirigindo o Instituto Superior de Educação Rural, na Fazenda do Rosário, em Ibirité-MG. (Idem, p. 113-4)
Prof. Roque sentia-se muito estimulado a fazer intercâmbio com outras Academias e Casas de Cultura. Pessoalmente, vi-o muitas vezes, desde 2011, sempre em companhia de sua adorada Merania, no IHG de São João del-Rei, nas Academias de Letras de Barbacena, de Divinópolis e de Formiga e no Seminário Seráfico de Santo Antônio em Santos Dumont. Ele próprio gostava de cuidar das relações institucionais e do intercâmbio com todas as instituições que buscassem a sua presença ou admirassem o seu talento natural de orador. Vou agora relatar um fato que me marcou profundamente, a partir do qual passei a respeitar meu saudoso amigo. Numa de suas idas a SJDR, durante o 3º Ciclo de Estudos sobre o Tiradentes, promovido pelo IHG local no período de 10 a 12 de novembro de 2011, Dr. Roque compareceu na qualidade de conferencista, tendo pronunciado uma palestra cujo tema era "A Criação das Três Vilas de Minas Gerais: Mariana, Ouro Preto e Sabará" no dia 11 de novembro. Quando terminou sua exposição, foi vivamente aplaudido pelos presentes. Alguém da audiência pediu a palavra para falar sobre o desaparecimento de um livro do Senado da Câmara de São João del-Rei que continha o Auto de Levantamento de Vila, muito caro aos são-joanenses. Dr. Roque ouviu atentamente a exposição sobre a criação da Vila de São João del-Rei, ocorrida em 8 de dezembro de 1713, mediante o Auto de Levantamento de Vila ¹ transcrito literal e fielmente da primeira edição das Ephemerides Mineiras (1664-1897) de José Pedro Xavier da Veiga, editadas pela Imprensa Official do Estado de Minas, em Ouro Preto, no ano de 1897. Ou seja, Dr. Roque tomou conhecimento de que nossa cidade não possuía mais o importante documento, depois de o autor das Ephemerides ter esclarecido tratar-se de reprodução literal de documento official, existente no Arcchivo Publico do Estado. Segundo José Álvares de Oliveira, em sua História do Distrito do Rio das Mortes (1750), esse Auto de Levantamento se achava lavrado no livro primeiro do registro do dito Senado da Câmara são-joanense a folhas trinta e sete. Ao ouvir essas explanações, Dr. Roque pediu a palavra para comunicar que, em suas pesquisas no Arquivo Público Mineiro, de fato tinha constatado a retirada desse documento original do Senado da Câmara são-joanense, obviamente surripiado do referido livro com a utilização de estilete por algum pesquisador leviano ou inimigo dos são-joanenses. Profundamente incomodado, prometeu solenemente à assembleia que iria envidar os maiores esforços para localizar o livro e restituí-lo a seu verdadeiro proprietário, que era a Municipalidade são-joanense, donde nunca deveria ter saído, o que teria prevenido a sua má utilização, a saber: a danificação da folha em que constava o Auto de Levantamento, tão relevante para a história e a memória são-joanenses. Por suas palavras de solidariedade fez-se imediatamente amigo dos historiadores são-joanenses, eternamente reverenciado como benemérito.
Também há que reconhecer quão encantadoras foram suas palavras que definem o seu caráter compromissado com a solidariedade cristã e que fundamentam o Instituto que leva o seu nome - Instituto Roque Camêllo, fundado em 18/03/2018. Suas palavras ecoam na minha mente e de todos os outros Conselheiros e de todos quantos se reuniram naquela data em Mariana para fundarem uma instituição sonhada por ele, cujo intento ele enunciou da seguinte forma:
"As pessoas, cada vez mais distanciam-se de sua verdadeira função social e divina, que é a de doar-se com aquilo que elas têm de melhor. Não é o que elas possuem, mas o que elas são. Criaremos uma Instituição que torne isso possível, gerando o que eu chamaria de uma corrente do bem. Que essa entidade seja para ajudar o ser humano a ser e não a ter, além de ensinar as pessoas a preservarem o patrimônio histórico e a natureza."
O poeta romano Quinto Horácio Flaco, entre nós conhecido simplesmente por Horácio, compôs a ode nº XXX no epílogo do Livro III de suas Carmina ou Odes, cujos dois primeiros versos (III Carm. XXX, 1-2) se impuseram como um dos mais importantes provérbios latinos: EXEGI MONUMENTUM ÆRE PERENNIUS / REGALIQUE SITU PYRAMIDUM ALTIUS (Ergui um monumento mais perene do que o bronze / e mais alto do que a real construção das pirâmides), orgulhosamente se referindo à própria obra literária, mas aqui ouso estender o significado desses versos ao Instituto Roque Camêllo, antevendo a sua persistente e duradoura atuação sobre o meio social e o corpo social.
OBRAS DE DR. ROQUE CAMÊLLO
Autor de "Mariana: Assim nasceram as Minas Gerais" (2016)
Organizador e colaborador de "16 de Julho: o Dia de Minas". Discursos, pronunciamentos, ensaios, crônicas e poemas sobre a data constitucional mineira. Belo Horizonte: Leme, 1991.
Ensaio: Inconfidente Cláudio Manoel da Costa: primeiro advogado assassinado em Minas.
Artigo: Museu da Música, uma relíquia da cultura brasileira, publicado em dezembro de 2007, pela Casa dos Contos, Revista do Centro de Estudos do Ciclo do Ouro, do Ministério da Fazenda.
Com o título "Tributo à Princesa Isabel", Roque pronunciou seu discurso de posse na Cadeira 66 do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, que tem a Princesa Isabel como patrona, em 20 de novembro de 2010. Destaco, para os fins desta minha Apologia do Patrono, trechos que tratam da história de Mariana e da sua linhagem genealógica, quando de sua posse no IHG-MG. O primeiro trecho extraído do discurso de meu patrono que fala de Mariana, é o seguinte:
"Senhoras e Senhores,
Tão logo, recebi o comunicado de minha eleição para ocupar a Cadeira 66 cuja Patrona é a Princesa Isabel, passei a estudar-lhe a vida. Levantei a bibliografia em torno dela, sobretudo onde houvesse pontos de interseção que unissem o Brasil, Minas e Mariana à linha do tempo a lhe alcançar a existência.
Para tanto, seria importante passar pelo descobrimento da Vila do Ribeirão do Carmo em 1696, pelo Governo de Dom João V que, em 1745, elevou-a à categoria de cidade com o nome de Mariana em homenagem à sua esposa Rainha, para nela instalar, após aprovação do Papa Bento XIV, no mesmo ano, a primeira sede episcopal do interior do Brasil. Depois, foi a vez de Dom José I que cumpriu a promessa do pai, mandando instalar na Catedral de Mariana, o Órgão Arp Schnitger. Todos antepassados da Princesa Isabel e de sua sequência familiar. (...)"
O segundo trecho extraído do discurso de meu patrono trata do médico sanitarista Conselheiro Dr. Francisco de Paula Cândido (1805-1864), seu ilustre antepassado, fundador da Cadeira nº 20 da Academia Nacional de Medicina, patrono da Cadeira nº 16 da Academia Mineira de Letras e patrono da Cadeira de nº 02 desta Academia:
"(...) Esses fragmentos históricos aqui se relembram porque estão no contexto direto ou indireto da vida da Princesa Isabel, o que nos faz recordar a pessoa de Francisco de Paula Cândido. Foi cientista, lente da Escola de Medicina, médico e professor das Princesas Imperiais Isabel e Leopoldina. Integrou o quadro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Após cursar o Seminário de Mariana, formando-se em filosofia e latinidades, realizou sua trajetória acadêmica em Paris. Defendeu teses e publicou diversos livros de medicina e física. Por essa época, se tornou presente na vida da Corte. Era irmão de meu bisavô, o juiz de direito e Deputado Geral por Minas, Antônio Gomes Cândido.
A Condessa de Barral, aia das Princesas, em uma carta, de 08 de abril de 1862 datada de Petrópolis, se refere a Paula Cândido como mestre das filhas do Imperador. (...)"
O carinho com que se referiu a seu tio-bisavô, o Conselheiro, médico e professor Francisco de Paula Cândido, e a seu bisavô Dr. Juiz Antônio Gomes Cândido, lançou uma luz sobre sua ascendência genealógica. Isso despertou minha curiosidade de conhecer mais detidamente sua árvore genealógica. Servi-me, então, de dois livros excelentes para fazer uma pesquisa genealógica e histórica que estudaram os antepassados de Roque Camêllo, cujas conclusões serão apresentadas aqui da forma mais simples possível. A árvore genealógica simples que apreciaremos aqui é a de ascendentes em linha reta, ou árvore particular de um indivíduo (Roque Camêllo), sem preocupação com o grau de parentesco coletivo. Importa ressaltar que só nos interessa chegar ao bisavô de Roque (Dr. Juiz Antônio Gomes Cândido) e seus ascendentes, sempre em linha direta, sem o objetivo de ampliar a pesquisa para os vários indivíduos que têm um ancestral comum. Ao delimitar o campo de nosso trabalho, servi-me dos mencionados dois livros muito esclarecedores:
• Genealogias da Zona do Carmo (1943), por Cônego Raimundo Trindade
• No Tempo do Pai (1991), livro de Maurílio José de Oliveira Camêllo, membro desta Casa de Alphonsus de Guimaraens e irmão de Roque, que foi lançado para comemorar os 100 anos de nascimento do Sr. "Catinho" (Torquato José Lopes Camêllo), seu pai, no Natal de 1891.
Do livro "No tempo do pai", de Maurílio José de Oliveira Camêllo, tomei conhecimento da herança de dois importantes TRONCOS FAMILIARES: os GOMES CÂNDIDO, mais antigo, e os ABREU E SILVA, mais recente, na constituição do seu DNA (e de Dr. Roque Camêllo por dedução), além do tronco dos CAMÊLLO propriamente dito, cujo aparecimento é ainda mais recente. Os dois primeiros troncos familiares já tinham sido amplamente tratados no livro "Genealogias da Zona do Carmo" do Cônego Raimundo Trindade. Maurílio se baseou nesse trabalho genealógico anterior para fazer ampliações onde pôde encontrar documentação complementar, de forma que há uma clara intersecção entre os dois livros, havendo mesmo uma complementaridade entre ambos e possibilitando que este orador chegue a uma síntese que vos apresenta a seguir, através de duas árvores genealógicas ampliadas a partir dos Títulos XXXVI (os GOMES CÂNDIDO) e XI (os ABREU E SILVA).
Crédito pela diagramação: Confrade Paulo Chaves Filho |
COMENTÁRIOS SOBRE A ÁRVORE GENEALÓGICA ACIMA
Vou comentar brevemente sobre cada unidade familiar que compõe o tronco familiar GOMES CÂNDIDO, detalhadamente por Cônego Raimundo Trindade (1943) e complementado por Maurílio Camello (1991):
ANTONIO GOMES CANDIDO e sua mulher ANDREZA MARIA, naturais da freguesia de Santa Maria de Olivais, extra muros de Lisboa, são o tronco da familia mineira Gomes Candido. Não vieram talvez a estas Minas, onde somente são encontrados estes seus (dois) filhos:
F 1 - Francisco Gomes de Almeida Candido Cap. I
(...)
O alferes Francisco Gomes de Almeida Candido, da pátria de seus pais, casou-se no Furquim, freguesia do Senhor Bom Jesus do Monte, do bispado de Mariana, com D. Rosa Maria Orens, dali natural, filha de Manuel Gomes Ferreira e de D. Luisa da Silva Orens. Sua fazenda e lavoura e mineração, em Barra Longa, ficava nos arredores da capela de São João Batista do Crasto, não muito distante da atual estação do Crasto, na E. F. C. do Brasil.
Encontrei-o nos velhos autos de uma devassa. Chamado a depor numa visita pastoral, durante a qual, como em todas desses tempos, foi implacavelmente varejada a vida de muita gente durante a qual, ainda, uma só das testemunhas arroladas não deixou de delatar coisas incríveis, Francisco Gomes declarou peremptoriamente que tudo ignorava. Nada soube dizer em relação ao extenso interrogatório, que lhe foi lido. O simpático velho trabalhava, desconhecia a biografia alheia, tinha horror à delação.
Faleceu em sua fazenda e foi sepultado na matriz de Barra Longa a 20 de abril de 1799.
Do seu matrimonio procederam estes filhos q. d.:
(...)
N 7) Capitão Antonio Gomes Candido, natural de Barra Longa, casado em São Caetano do Xopotó, a 14-2-1800 com D. Ana Rosa Umbelina, nasc. e batizada na mencionada capela de São Caetano, filial de Guarapiranga, filha de Antonio Marques da Silva natural de Vidoedo, bispado do Porto, e de D. Maria Teresa da Conceição, nascida em Santo Antonio da Casa Branca, comarca de Vila Rica. O capitão faleceu, com seu solene testamento, em 18 de novembro de 1844. Filhos:
Bn 1) Dr. Antonio Gomes Candido, formado em direito, nascido em 15 de julho de 1802 em Guarapiranga, em cuja matriz foi batizado no primeiro dia do mês seguinte. Fez o curso secundário no seminário de Mariana. Onde levou até o meio o curso de teologia, tendo recebido do bispo diocesano a primeira tonsura e as ordens menores. Preparava-se para tomar ordens de subdiácono, quando, movido por outra deliberação, deixou o seminário 1823. Dez anos depois estava formado na faculdade de direito pela escola de São Paulo. Exerceu a magistratura na sua província natal, nas comarcas de Sabará, Serro, Pouso Alegre, Mariana e outras. Foi chefe-de-polícia, deputado provincial e geral. Faleceu no Rio a 18 de março de 1850. Foi casado com D. Maria Angélica Pereira de Carvalho, da qual teve os filhos:
(Até aqui, registrado por Cônego Raimundo Trindade. A partir deste ponto, apenas Maurílio Camêllo faz as suas adições.)
Tn 2) Antônia Gabriela Gomes Cândido, nascida no Rio de Janeiro, em 1844, retorna para Mariana e se casa em 13/06/1867 com Tenente Torcato (sic) José Lopes Camello, nascido aproximadamente em 1825 (filho do reinol Antônio José Lopes Camelo, o "Canjica", empresário e produtor de ferro, e sua mulher Rita de Cassia Abreu e Silva). Tiveram os seguintes filhos: Antônio nasc. 1868; Gustavo nasc. 1872; Maria Albina nasc. 10/10/1874; Olavo, nasc. 04/04/1878; Amando, nasc. 14/08/1880; Oscavo, nasc. 25/01/1884; Carmelo nasc. 1888; Agrícola nasc. 1886; Torquato, o "Catinho", nasc. 25/12/1891 e Josina nasc. 1895. Desses filhos, interessa ao presente estudo o penúltimo filho, Torquato José Lopes Camello, apelidado "Catinho", e, em comemoração pelo centenário de seu nascimento, Maurílio Camello publicou seu livro "No tempo do pai" (1991).
Voltando ainda à trineta Antônia Gabriela e seu marido Tenente Torcato, Maurílio dedica o capítulo "Reunião de família" (p. 34-40), para descrever uma reunião ocorrida entre os filhos herdeiros em razão da morte de seus pais em 18/04/1876 no Gualaxo com a finalidade de fazerem um inventário amigável, a saber, avaliar os bens e distribuí-los entre os filhos e filhas herdeiras: "casas, matos, a fábrica de ferro, os escravos, os trastes. E todos assinam. Solteiras e casados. (...)"
Tenente Torcato e sua família ficam com a sede do Gualaxo e do Taveira.
"Catinho", filho do Tenente Torcato, nasc. 25/12/1891 e batizado em 22/05/1892 casado em 26/09/1929 com Maria José de Oliveira e Souza, apelidada "Zizinha", tiveram os seguintes 12 filhos: Antônio, Maria do Carmo, José, Luis, Ari, Francisca, Saulo, Maurílio (autor do livro No tempo do pai), Maria da Purificação, Roque (nosso homenageado), Marina e Heráclio.
"Catinho" e "Zizinha" possuíram um rancho de tropeiros em Mariana, aproximadamente no sítio onde se localiza a "Pousada Contos de Minas", de propriedade da família Camêllo. Zizinha foi uma mulher muito caridosa e apreciada por todos os seus conterrâneos. Seu nome é lembra com o título de uma rua: "Zizinha Camello" no centro de Mariana.
Vou relatar uma estranha "coincidência" (ou mistério?) que me ocorreu ontem, logo após meu check-in na Pousada Contos de Minas, localizada na rua Zizinha Camêllo, nº 15, no centro histórico de Mariana. Ao lado da recepção, contemplei uma tela pintada em bela moldura retratando um antigo rancho de tropeiros. Dirigi-me mais perto da peça e verifiquei tratar-se do antigo Rancho de Tropas, tratado por Maurílio em seu livro e fundado por "Catinho" e "Zizinha". Numa pequena placa, logo abaixo do quadro, li com espanto:
Rancho de Tropas
01-06-1938
Início de nossa História
Achei muito estranho que a data de minha posse na AML tenha coincidido com a data de fundação do Rancho de Tropas, com uma distância temporal de 81 anos.
A reprodução do antigo Rancho de Tropas deve ter sido feita a partir de fotografia de época. Ei-la:
Noutra parede, encontrei o seguinte texto descrevendo o que era a Pousada Contos de Minas:
"Em 1º de junho de 1938, Torquato José Lopes Camello (Catinho) e Maria José de Oliveira Camello (Zizinha) instalaram o 'Rancho dos Camello', utilizado durante décadas como pousada dos tropeiros vindos dos distritos de Mariana e de outros municípios.
Lugar de descanso para aqueles homens e suas tropas, o Rancho era também centro de abastecimento da cidade e ponto de comunicação entre as diversas regiões. (...)
Em homenagem à memória dos pioneiros Catinho e Zizinha e à Dinorah.
Antônio de Oliveira Camêllo
Mariana, 13 de junho de 2003"
Fontes: Genealogias da Zona do Carmo, por Cônego Raimundo Trindade
http://www.arvore.net.br/trindade/indice.htm
http://www.arvore.net.br/trindade/TitGomesCandido.htm
No tempo do pai, por Maurílio Camello
Crédito pela diagramação: Confrade Paulo Chaves Filho |
COMENTÁRIOS SOBRE A ÁRVORE GENEALÓGICA ACIMA
Felipe de Abreu e Silva, nascido na freguezia de São Pedro da vila de Óbidos e batizado na de Santa Maria Madalena a dos Negros; do termo daquela vila, ambas do patriarcado de Lisboa, veio <... ha perto de oitenta annos da sua pátria, della se Ausentando de muito pouca idade para os Estados do Brasil a chegando a esta cidade Marianna, sendo ainda. villa, de menor idade, nella tivera continuada residência por mais de quatorze annos; e passando depois a morar na freguezia do Inficcionado nella estivera athe o fim de sua vida,sendo em huma e outra, parte mais bem conhecido do que seria, hoje em sua pátria, por exceder o dilatado espaço de tempo em que della se ausentou á memória dos homens nella actualmente existentes; provando-se egualmente pelas testemunhas (ilegível toda uma linha) verdadeiramente catholicas que em lodo o dilatado tempo de sua existência, nesto Bispado sempre exercitou.> A 9 de novembro de 1757 na matriz do Inficionado se casou com D. Maria Joana de Jesus, dali natural, filha legitima de José da Rocha Vieira e de D. Maria Teresa de Jesus. O casal Felipe de Abreu — Maria Joana teve os seguintes filhos:
F 1) Capitão Felipe de Abreu e Silva, natural do Inficionado, casado com D. Albina Florinda da Silva (ou de Jesus). Tiveram os seguintes filhos:
(...)
N 3) D. Rita de Cássia de Abreu e Silva casada com o Tenente Antonio José Lopes Camelo, o "Canjica", reinol. Filhos:
(...)
(Até aqui, registrado por Cônego Raimundo Trindade. A partir deste ponto, apenas Maurílio Camêllo faz as suas adições.)
Bn 3) Torcato José Lopes Camello casado com Antônia Gabriela Gomes Cândido ("Antoninha"). Filhos:
(...)
Tn 9) Torquato José Lopes Camêllo, "Catinho", casado com Maria José de Oliveira e Souza, "Zizinha". Filhos:
(...)
Ttn 10) Roque José de Oliveira Camêllo c.c. Merania Aparecida de Oliveira
Fontes: Genealogias da Zona do Carmo, por Cônego Raimundo Trindade
http://www.arvore.net.br/trindade/indice.htm
http://www.arvore.net.br/trindade/TitAbrSil.htm
No tempo do pai, por Maurílio Camello
Presidente Professora Hebe Rôla e nobres colegas Acadêmicos,
Devo cumprimentá-los e agradecer-lhes por me proporcionarem este maravilhoso momento cívico, histórico e cultural e a feliz oportunidade de relembrar momentos importantes da história marianense, com o propósito de valorizá-los e, sobretudo, de dar crédito àqueles que os fizeram e também àqueles que os fazem, os materializam e os legam às gerações futuras, a exemplo de meu patrono Dr. Roque Camêllo, portanto, destinatário legítimo de nosso respeito e de nossa admiração.
Meus parabéns e meu muito obrigado,
E que o bom Deus continue a iluminá-los na condução desta Casa de Alphonsus de Guimaraens!
Mariana, 1º de junho de 2019.
Francisco José dos Santos Braga
NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Esse Auto de Levantamento de Vila pode ser encontrado in Revista do Arquivo Público Mineiro, Ano II, volume 2, fascículo 1, 1897, p. 88-9.
Consultar http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/BUOS-9K9QM5/dissertacao_cla_dia_resende_silva.pdf?sequence=1
BIBLIOGRAFIA
BRAGA, Francisco José dos Santos: Um momento decisivo da história de São João del-Rei: elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar à categoria de vila com o nome de São João d'El Rey, postado no Blog de São João del-Rei em 02/07/2015
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2015/07/primeiro-momento-da-historia-de-sao.html
–––––––––– Falecimento do escritor Dr. Roque Camêllo constitui irreparável lacuna na comunidade cultural de Minas e do Brasil, postado no Blog de São João del-Rei em 18/03/2017
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2017/03/falecimento-do-escritor-dr-roque.html
–––––––––– Prefácio do livro Tributo ao Professor Roque José de Oliveira Camêllo, por Dr. Arnaldo de Souza Ribeiro, Divinópolis: Gulliver Editora, 2019, 126 p.
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2015/07/primeiro-momento-da-historia-de-sao.html
–––––––––– Falecimento do escritor Dr. Roque Camêllo constitui irreparável lacuna na comunidade cultural de Minas e do Brasil, postado no Blog de São João del-Rei em 18/03/2017
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2017/03/falecimento-do-escritor-dr-roque.html
–––––––––– Prefácio do livro Tributo ao Professor Roque José de Oliveira Camêllo, por Dr. Arnaldo de Souza Ribeiro, Divinópolis: Gulliver Editora, 2019, 126 p.
CAMELLO, Maurílio: No tempo do pai, BH: Edições Cuatiara Ltda, 119 p., 1992.
CAMELLO, Roque José de Oliveira: Mariana: Assim nasceram as Minas Gerais, uma visão panorâmica da História, BH: Editora Nitro, 2016, 231.
–––––––––– 16 de Julho: o Dia de Minas. Discursos, pronunciamentos, ensaios, crônicas e poemas sobre a data constitucional mineira. Belo Horizonte: Leme, 1991.
–––––––––– Museu da Música, uma relíquia da cultura brasileira, publicado em dezembro de 2007, pela CASA DOS CONTOS, Revista do Centro de Estudos do Ciclo do Ouro, do Ministério da Fazenda
https://web.archive.org/web/20101011232750/http://www.aui.org.br/artigos/docs/Museu_da_Musica_uma_Reliquea_da_Cultura_Brasileira-Roque_Camello.pdf
–––––––––– Inconfidente Cláudio Manoel da Costa: primeiro advogado assassinado em Minas https://www.editorajc.com.br/inconfidente-claudio-manoel-da-costa-primeiro-advogado-assassinado-em-minas/
–––––––––– Tributo à Princesa Isabel, discurso de posse na Cadeira 66 do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, proferido em 20 de novembro de 2010.
http://tributoprincesaisabel.blogspot.com/2011/07/discurso-de-posse-do-dr-roque-jose-de.html
–––––––––– Falecimento do músico, musicólogo e pesquisador Aluízio Viegas abre irreparável lacuna na comunidade cultural de Minas e do Brasil, postado no Blog de São João del-Rei em 30/07/2015
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2015/07/falecimento-do-musico-musicologo-e.html
–––––––––– 16 de Julho: o Dia de Minas. Discursos, pronunciamentos, ensaios, crônicas e poemas sobre a data constitucional mineira. Belo Horizonte: Leme, 1991.
–––––––––– Museu da Música, uma relíquia da cultura brasileira, publicado em dezembro de 2007, pela CASA DOS CONTOS, Revista do Centro de Estudos do Ciclo do Ouro, do Ministério da Fazenda
https://web.archive.org/web/20101011232750/http://www.aui.org.br/artigos/docs/Museu_da_Musica_uma_Reliquea_da_Cultura_Brasileira-Roque_Camello.pdf
–––––––––– Inconfidente Cláudio Manoel da Costa: primeiro advogado assassinado em Minas https://www.editorajc.com.br/inconfidente-claudio-manoel-da-costa-primeiro-advogado-assassinado-em-minas/
–––––––––– Tributo à Princesa Isabel, discurso de posse na Cadeira 66 do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, proferido em 20 de novembro de 2010.
http://tributoprincesaisabel.blogspot.com/2011/07/discurso-de-posse-do-dr-roque-jose-de.html
–––––––––– Falecimento do músico, musicólogo e pesquisador Aluízio Viegas abre irreparável lacuna na comunidade cultural de Minas e do Brasil, postado no Blog de São João del-Rei em 30/07/2015
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2015/07/falecimento-do-musico-musicologo-e.html
GUERRA, Mário de Lima (org.): O Roque Camêllo que conheci, BH: Gráfica O Lutador, 293 p.
PINKER, Steven: Guia de escrita: como conceber um texto com clareza, precisão e elegância, tradução de Rodolfo Ilari, São Paulo: Editora Contexto, 2016, 252 p.
RIBEIRO, Arnaldo de Souza: Tributo ao Professor Roque José de Oliveira Camêllo, prefaciado por Francisco José dos Santos Braga, Divinópolis: Gulliver Editora, 2019, 126 p.
TRINDADE, Raimundo: Genealogias da Zona do Carmo, Ponte Nova: Estabelecimento Gráfico Gutenberg Irmãos Penna & Cia, 1943, 360 p.
41 comentários:
Prezad@,
Tenho o prazer de compartilhar com você recordações de minha posse como membro efetivo da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, que me conferiu diploma em 1º de junho de 2019 para ocupar a Cadeira de nº 23, patroneada por Dr. Roque José de Oliveira Camêllo.
https://bragamusician.blogspot.com/2019/06/meu-discurso-de-posse-na-academia.html
Cordial abraço,
Francisco Braga
Caro amigo Francisco Braga.
Foi uma bela noite de Posse da Cadeira nº 23, na Academia de Letras, Ciências e Artes de Mariana.
Seu discurso enobreceu seu Patrono, o Dr. Roque Camello, com brilhantismo, fidelguia e honradez.
Parabéns por integrar os quadros desta casa do saber.
Rogamos a Deus para que continue derramando bençãos e graças em vc, sua querida esposa Rute Pardini e sua família.
Tenha um ótimo dia abençoado. 🙏🙏
Dos amigos,
Alan Elias e Selma Santiago.
Prezado Francisco!!
Parabéns, mais do que merecido!!
Saudações gaúchas,
Ana Claudia
ESTIVE PRESENTE E ATENTO A TUDO ENTÃO, O PRAZER FOI MEU.
Parabéns pela sua posse. Desejo-lhe muito sucesso.
Obrigado por me mandar o discurso. Parabéns!
Alaor Barbosa.
Prezado amigo Francisco e esposa,
Parabenizo-o pelo belíssimo discurso de posse na Academia Marianense de Letras, em Mariana
É um orgulho para todos nós, principalmente para SJDR em ter um filho tão ilustre, que nos envolve de orgulho, de admiração e respeito pela inteligência ímpar, que deixa marcas de competência por onde passa Cordialmente,
Ruth
Prezado imortal Francisco Braga,
Boa noite!
Li com grande emoção o discurso proferido por Vossa Senhoria, Trata-se de mais que um discurso, uma verdadeira peça de arte de oratória da qual és mestre. Qualquer academia do mundo se orgulharia em tê-lo
em seus quadros. A referida Casa de letras saiu ganhando e nós pequeninos entusiastas de seu sucesso também. Perdoe minha ausência. A festa continuará em outras grandes conquistas, amigo de minh'alma!
Meu amigo Francisco,
Parabéns! Você brilhou como sempre. Gostei muito do discurso e tive notícias pela Merania sobre sua posse, impecável! Infelizmente, ela deve ter dito, eu estava no Ceará, fui fazer uma conferência na UFC, voltei no sábado com o objetivo de ir à Mariana, mas o voo atrasou, teve escala prolongada e quando fui buscar meu carro no estacionamento já passava das 18:00 horas, não conseguiria chegar a tempo para vê-lo. Quero, entretanto, dizer que estive presente de coração e em pensamento, pesarosa por não poder compartilhar desta posse significativa. Um momento especial para mim, quando meus dois amigos das letras, você e Roque, dão continuidade mais uma vez à amizade.
Receba meu abraço apertado.
BRAVO!
Bom dia
Francisco Braga
Duplos Parabéns: Primeiro, pela sua tomada de posse; segundo, pelo brilhante discurso.
Felicidade nas novas funções.
Abraço.
Diamantino Bártolo
Prezado confrade Prof. Braga
Os meus reiterados cumprimentos por sua brilhante posse na Academia
Marianense de Letras e pela notável e consubstanciada peça proferida,
fruto indubitavelmente de sua excepcional verve e fulgor intelectual.
Darei divulgação à matéria, embasada em riquissimo conteúdo humano e
histórico.
Abraços
João
Obrigado pelo envio do seu belo discurso de posse. Estou lhe enviando o meu discurso de saudação. Dom Barroso
Braga, primeiramente gostaria de parabenizar a sua posse na histórica Academia de Letras de Mariana. Também quero justificar a minha ausência visto que tive que representar a Academia Divinopolitana de Letras no evento oficial de aniversário de Divinópolis, dia 1º de Junho. Coube a mim ler um texto de saudação à Bandeira do Brasil.
Abraços,
Flávio Ramos
Parabéns, meu confrade Francisco Braga,
Ficou excelente. Você é muio bom no que faz. Que Deus continue protegendo-o e concedendo saúde e paz.
Abraço
Augusto Fidelis
Parabéns, Francisco, por mais essa conquista!
Caro amigo Maestro Braga
Agradecemos pelo envio do seu Discurso de Posse na Academia Marianense de Letras, que ora se engrandece com a sua presença.
A Cadeira de nº 23, patronímica de um dos mais ilustres marianenses, na pessoa do Dr. Roque José de Oliveira Camêllo, não poderia estar melhor representada, a não ser por sua invulgar cultura.
Seu discurso é uma bela obra literária e memorialista de grande valor, pelo que lhe felicitamos! Ele enaltece, com muita propriedade, a memória histórica do nosso saudoso amigo Dr. Roque Camêllo.
Parabéns pelo seu ingresso em mais este importante Sodalício mineiro!
Aceite o abraço fraterno,
Dos amigos Mario e Beth.
Prezado primo Francisco Braga,
Estou em falta com você. Acho que incidi em falta grave com você e perdi pontos na carteira... Infelizmente, não pude comparecer ao evento, sua posse na AML e demais homenagens. Dessa Academia conheço Marly Moisés. Estou certo? Meus parabéns e loas pela sua intensa atividade de pesquisa, musical, literária, histórica, etc. Admiração tenho eu. Inveja, não. Creio que você já discorreu, no seu blog, sobre essa distinção. Enfim, grande abraço. Com admiração, primo Antônio.
Parabéns amigo e confrade Braga pela posse como membro efetivo da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, Ciências e Letras e pelo eloquente discurso de posse. É uma matéria para ficar para a história e para os diversos pesquisadores da vida e obra do Dr. Roque José de Oliveira Camêllo.
Atenciosamente.
José Cláudio Henriques.
Prezado Braga, bom dia. Li com atenção seu bem fundamentado texto em que louva e honra a figura emérita do colega e confrade Prof. Roque Camêllo. Parabéns pela distinção que lhe conferiram. Fizemos constar da ata que a justificativa da sua ausência se dava por um motivo muito justo: o devido reconhecimento da sua vida e obra.
Paulo Sousa Lima
Dr Francisco,
Que belas palavras, sentimento puro!
Sinto-me cada vez mais honrada pela minha história, aqui representada por Tio Roque e meu pai Antonio (Nico).
De minha parte, sigo honrando-os com tudo que nos foi ensinado.
Que nossa casa, Pousada Contos de Minas, seja sempre um local onde possamos contribuir para o melhor do próximo, acolhendo-os com carinho e gratidão.
Coloco-me sempre à disposição de todos vocês !
O que dizer além de muito obrigada ?!
Gratidão por nos ajudar a manter nossa memória viva!
Abraços
Patricia Camêllo
Prezado Acadêmico Francisco Braga.
Venho cumprimentá-lo pela posse na Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, realizada em 1º de Junho. A merecida honraria vem reconhecer o seu trabalho que tenho acompanhado pelo seu blog. Agradeço pela sua gentileza em fazer-me acompanhar seu sucesso como literato e musicista, bem como o de sua amada esposa Rute, sua companheira de tantas conquistas. Parabéns ao casal e parabéns à Academia Marianense pela justa escolha de sua pessoa que honra a Cultura das Letras de nosso Pais.
Elza do Val Gomes
Calorosos parabéns pela posse e discurso na Academia Marianense de Letras, também nisto muito bem representada.
Belo discurso demonstrando a riqueza de Mariana, sua história e a vida ilibada de seu Patrono - Dr. Roque Camêllo. Parabéns por ocupar uma Cadeira tão significativa na Academia de Letras, Ciências e Artes de Mariana! Abraços.
Parabéns! Espero que vcs curtam bastante esse momento tão especial !
Rute, parabéns para o Francisco! Está um sucesso nas Academias de Letras. Amei a pesquisa sobre o Roque Camêllo e o destaque sobre a importância da educação. Parabéns!
Rute, dê os Parabéns ao Francisco.
👏👏👏👏
👏🏻👏🏻👏🏻 Parabéns, Francisco!
Mais uma vez, Francisco ,
parabéns ! Que Deus os abençoe!
Parabéns!
Obrigado pelo convite e pelo carinho 🌹
Esse seu homem é realmente um cara espetacular.
👏🍀👏🍀👏🍀👏
Bom dia.
Parabéns ao Francisco
Muito bom!
Bom dia, meus queridos amigos!
Parabéns Francisco, por mais este sucesso em sua vida! Que Deus os abençoe!
Abs.🌹❤🙏
Parabéns ao Francisco pelo belo discurso . Gostei muito
FELICITAÇÕES PELA POSSE COMO MEMBRO EFETIVO NA CASA DE CULTURA-ACADEMIA MARIANENSE DE LETRAS, TENDO COMO PATRONO O PRECLARO PROF. ROQUE JOSÉ DE OLIVEIRA CAMELLO
Estimado Dr. Francisco José dos Santos Braga,
Bom dia.
Com grande carinho e admiração, venho felicitá-lo pela posse como membro efetivo na Casa de Cultura – Academia Marianense de Letras, triunfantemente, tendo, como patrono, ninguém menos que um dos maiores ícones da Educação, da cultura e da Política, a boa Política, em nosso País, o preclaro Prof. Roque José de Oliveira Camello. Estou certa de que ele próprio vibraria por esta homenagem, prefigurada no quilate do senhor, grande erudito, estudioso, e possuidor de notórias qualidades de jurista e cidadão, tendo-o, doravante, como o seu representante correlato na instituição que mais amou, e para a qual dedicou toda a sua juventude, bem como a verve, a inteligência e a energia dos seus últimos 32 anos de sua vida!
Da mesma forma que eu e meu marido, que tivemos a honra de conhecê-lo, e de nos aproximarmos dele e de sua família em seus últimos e intensos anos, esteja o senhor seguro de que a sua posse honra sobremaneira a memória deste grande vulto da nossa história política e cultural.
Espero, do fundo do meu coração, que a presença de nome tão digno quanto o do senhor possa bafejar novos ventos sobre aquela nobre e tradicional Casa de Cultura – Academia Marianense de Letras. Instituição que existe há 57 anos, vocacionada para irradiar cultura e educação, e para incluir aqueles que a ela não possuem amplo acesso! Que o senhor possa, com a sua dignidade e respeitabilidade, cada vez mais contribuir para que a Diretoria desta Nobre Casa cada dia mais se conscientize do seu papel, e se sensibilize para a importância de instituições como a que representamos!
Eu e minha família nos pomos à sua inteira disposição para o sadio diálogo, que felizmente as suas cultas mensagens sempre vêm nos proporcionar. Mais ainda, agora, como irmãos-confrades da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, por muito amar e honrar a memória do teu brilhante patrono, o preclaro Dr. Roque José de Oliveira Camello.
Reitero as minhas saudações fraternas, manifestando a enorme admiração e respeito que lhe dedico, e a minha imensa gratidão pelo apreço e amizade que vimos cultivando, inclusive com a recente e honrosa posição de colaboradora em teu renomado blog, o que tanto me honra, alegra e motiva a prosseguir!
Receba, por meio desta o nosso forte abraço, com os nossos melhores cumprimentos, meus e de meu marido, Dr. Ricardo Pacheco da Silveira. Esperamos ocasião de nos encontrarmos para dar-lhe pessoalmente os nossos felizes cumprimentos.
Mariana, 02 de junho de 2019.
Rute, dê os parabéns ao Francisco. Que Deus continue dando a ele o dom da comunicação!
Nosso país é sedento de cultura. É preciso valorizar quem a busca e preserva. Um abraço.
Prezado amigo e confrade Francisco Braga, tenho a satisfação e a honra de cumprimentá-lo pelo brilhante e erudito discurso de posse na Cadeira 23 da nossa Casa de Cultura- Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, tendo como Patrono o saudoso escritor, historiador e professor Roque Camêllo, meu amigo de infância e pela vida afora. Gostei imensamente de sua oração acadêmica e com ela aprendi muito sobre Mariana, a ilustre família Camêllo e Minas Gerais. Muito grato pela atenção. A Academia se engrandece com sua presença no seu quadro de titulares. E Mariana e São João del -Rei, mais uma vez, confraternizam na saga das Minas Gerais. Abraço afetuoso do velho confrade, leitor e admirador Danilo Gomes.
Dr. Francisco,
Bom dia, paz, saúde e alegria!
O sr. é realmente a pessoa mais indicada para ocupar esta cadeira que foi criada para homenagear aquele que foi a alma desta Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes.
Parabéns!
Merania de Oliveira
Boa tarde, caro amigo e nobre acadêmico.
Não fiquei sabendo da sua posse.
Parabéns. Sucesso sempre.
Abraço do Ozório Couto
Mestre Braga, gostei muito do discurso de Dom Barroso recebendo Vossa Mercê na Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes. O discurso dele e o seu são excelentes e merecem figurar num volume, com fotos, etc. Lá no Céu, onde sua boa alma descansa na luz do Altíssimo , meu saudoso amigo de infância e da vida toda, Roque Camêllo, deve estar feliz. Mande, por favor, se já não o fez, essas belas peças literárias para o Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, em Viçosa. Não tenho aqui o e-mail dele. Grato por tudo. Abraço do velho escriba marianense Danilo Gomes.
Aguardo ansioso pelos próximos. É um prazer ver tudo isso.
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