Por Francisco José dos Santos Braga
MÃE, com apenas três letras,
significado infinito.
Minha mãe costumava ler para seus filhos,
ainda crianças, alguma página imortal.
Então, registro de imagem e som não havia.
Durante os quase 70 anos que nos separam
daquelas sessões de contação de histórias,
quem a superasse ainda não encontrei.
Nas suas leituras não havia afetação
nem exagero na entonação da fala,
mas colocação do pleno sentido,
também com pausas no momento certo,
sem atropelo, dando tempo a que nós,
crianças desatentas imaginássemos
as cenas, os atos, o desenvolvimento
do enredo e, no fim, súbito desfecho.
Era seu jeito muito pessoal de contar,
que nos envolvia e nos transportava
a um mundo de fantasia e encantamento.
P'r'o maior deleite da audiência miúda,
valia-se de emoções e sentimentos
para fazer daquele instante efêmero
de ideias em profusão um rio perene.
Sem intermediários,
com naturalidade,
a boa comunicação
se fazia presente,
brotando de seu cór arfante e terno.
Mantinha-me tão extasiado e suspenso
e maravilhado que tudo daria para ter
uma gravação que fosse
daquelas falas diretas
ao coração infantil.
São João del-Rei, 9 de maio de 2021.
31 comentários:
Prefiro a prosa à poesia.
Mas hoje, subitamente, senti-me tentado a prestar em versos uma homenagem à minha querida mãe, que ouviu meu primeiro vagido e me trouxe a este mundo tão desigual e à novidade da vida.
Conto com a condescendência do leitor para com este meu arroubo poético nesta manhã do Dia das Mães de 2021 !
Meus cumprimentos a todas as Mamães neste seu Dia.
https://bragamusician.blogspot.com/2021/05/a-minha-mae.html
Cordial abraço,
Francisco Braga
Emocionante!
Parabéns pela linda homenagem!
Bonito, Francisco,
Que tempo bom esse quando a informação era passada dessa forma, boca a boca ou por meio de livros. As pessoas certamente eram mais tranquilas e mais inteligentes! Sem dúvida seu poema é melhor registro que uma foto ou um vídeo.
Muito bom domingo para você e sua família!
Parabéns pelo registro, caro amigo Braga. Sem as mães, somos, não apenas órfãos, mas, também, menores e piores filhos de Deus, seres humanos, cidadãos. A minha mãe partiu há quarenta e dois anos. Porém, ela nunca se afastou de mim. A sua foto está na minha mesa de cabeceira; o seu espírito, o seu amor, na mente, no coração, em todos os meus gestos.
Abrs para você e Rute. Feliz e iluminado Domingo.
Muito agradecido, meu caro Francisco Braga, por compartilhar comigo (e a seus leitores) a sua emoção na contação (gostei desta palavra) das suas reminiscências com a sua mãe, numa prosa poética (ou numa poesia em prosa) que me tocou e, sei, que tocará a quem a ler.
Você deu a seu texto um ritmo musical de quem conta devagarinho como a sua mãe falava. Gostei. Parabéns!
Gilberto
Olá, Francisco e Rute.
Parabéns para as mães de vocês!
Que maravilha Deus realiza mediante as mães!!
Toda honra e todo louvor é pouco para Deus e as mães !!! Paz e Bem!! f. Joel.
Parabéns! Lindo poema que retrata o amor, sabedoria e encanto daquela que lhe deu o maior dos dons - a vida e ainda o presenteou com o dom divino da poesia.
Cândida (Jornal de Luz)
Braga: mãe é pura Magia e tem o poder, realmente, como vc disse, de transformar o instante efêmero no rio perene! Grata por compartilhar as suas reflexões poéticas!
Mario Pellegrini Cupello, Arquiteto, Escritor, Presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, na cidade de Valença RJ; Membro Correspondente do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei; disse:
Caro amigo Poeta Braga
Parabéns pela bela homenagem oportuna e poética que você – com muito sentimento e expressão de uma terna saudade – prestou à sua saudosa mãe que tivemos o privilégio de conhecer, em São João del-Rei.
Quantos de nós também não daríamos, como você mesmo disse: “para ter uma gravação que fosse daquelas falas diretas ao coração infantil” e que hoje, embora em nossa maturidade plena, essas “falas” ainda repercutem de forma singela em nossas mentes e corações.
Parabéns, amigo Poeta!
Aceite o abraço fraterno,
Dos amigos Mario e Beth.
Parabéns, querido Francisco! Nesses seus belos versos, revivi nossa saudosa Mãe e ela se fez novamente presente! Obrigada.
Francisco,
Você se supera sempre, intérmino. Muito sublime, nos alenta.
Lembrando Casemiro de Abreu: - Oh! Que saudades que tenho......
Seu irmão Fernando
Parabéns, belo texto.
Felicito o velho amigo pela lucidez de sentimento.
Abraço
Amaro
Caro professor Braga
A gravação na alma é aquela que, resistindo à matéria, é perene.
Assim o amigo nos apresenta a voz da sua mãe que ouvimos também com o coração.
Parabéns.
Cupertino
"A mãe compreende até o que os filhos não dizem".
(Texto judaico)
Francisco,
meus cumprimentos a você,
pela bela homenagem.
Anderson
Magnífico texto ! Parabéns !
Cordialmente,
Eudóxia.
Caro Francisco,
Li o seu texto realmente magnífico. Ele nos faz retornar a um passado já distante, porém ainda vivo no coração da gente, porque aconteceram coisas que nos marcaram no passado, coisas que deixaram ali a sua assinatura.
Na época, a assinatura da mãe era o carinho, a atenção para com os filhos.
Já perdi a minha mãe há mais de 50 anos. Relembrando o passado, recordo-me de tudo de gostoso que acontecia em nossa casa.
Desejo que a Rute tenha um feliz Dia das Mães a seu lado.
Com meu fraterno abraço,
Paulo Milagre
Francisco, como é bom recordar nossas mães!
Com a minha, convivi muito pouco tempo. Foram apenas 11 anos, mas também guardo recordações muito gostosas. Ela sentada aos pés da minha cama rezando o terço e cochilando, depois de um dia de muito trabalho. Até hoje, quando recordo, lembro-me daquele clima de paz que me envolvia e assim adormecia.
Reencontrar-nos-emos um dia para sempre!
Abraços,
Pepê
Lindo poema, grande saudade de Dona Celina.
Olá, Rute!
Está tudo bem com vcs aí?
Li o poema do Braga hj, postei msg nos comentários do blogue e não apareceu.
Parabenize-o aí por mim.
Pude até ouvir a mãe dele contando estórias...
Endosso o que disse! Realmente, Mãe tem o poder de transformar a efemeridade em rios perenes!
Forte abraço p/ vcs!
Para minha mãe, Isolde Heinrich Celeste, que leu para mim antes de eu saber ler. In memoriam.
Extraordinário... Francisco Braga! Ao ler em seu blog sobre como sua mãe lia para vocês, e de quanto excelente era sua performance, pareceu saírem suas palavras de minha boca. Pois exatamente assim lia minha mãe para nós, Orieta e eu, sentados no chão, sobre o tapete. Ela numa poltrona. Nenhuma falha na leitura, nenhum tropeço, nenhum exagero. Suave, com leve modulação de voz na troca de personagens. Assim fui eu muito lido... entre 5 e 6 anos: A Menina do Narizinho Arrebitado, Viagem ao Céu, O Saci e Caçadas de Pedrinho.
Tão perfeito era seu jeito de ler, que eu não percebia a forma, ficava suspenso, arrebatado... e mergulhava nas estórias, minha imaginação incendiava-se.
Passados uns tempos, quando tinha 10 anos, surgiu um filme intitulado “O Saci”. Era baseado no livro homônimo de Monteiro Lobato. Ao entrar no cinema, grandes eram minhas esperanças:
-- Agora sim, vou ver direito tudo aquilo q ouvi contar na estória...
... inclusive querendo esclarecer pontos obscuros. Um deles: como se pegava um saci no redemoinho com uma peneira cruzada e outro, como se dava a gestação dos sacis, dentro da taquarapoca... por exemplo.
Mas, muito pelo contrário, ao sair do cinema, maiores eram minhas frustrações que minhas esperanças iniciais... as cenas, as imagens do filme, nem de longe, comparavam-se com o imaginário aceso em meu pensamento. Tinha na cabeça um monumento vivo, erguido ao ouvir “O Saci”, pela leitura incomparável de minha mãe. O mesmo se repetiu na série da TV Tupi, Sítio do Pica-Pau Amarelo. Mas daí por diante, fui me acostumando a relevar os defeitos do demiurgo...
Francisco, por certo vem daí o tecido de nossa amizade.
Abraços, José Luiz Celeste.
Querido Franz,
amei o seu poema!
Que lembrança mais bela e cheia de significado!
Com certeza, essas leituras produziram em você o gosto pelas letras, pela busca do conhecimento, já que feitas pela voz da mãe, ser tão amado pela criança.
Parabéns pela delicadeza e pelo gesto!
Beijo da sua irmã
Petete
Para minha mãe, Isolde Heinrich Celeste, que leu para mim antes de eu saber ler. In memoriam.
Extraordinário... Francisco Braga! Ao ler em seu blog sobre como sua mãe lia para vocês, e de quão excelente era sua performance, pareceu saírem suas palavras de minha boca. Pois exatamente assim lia minha mãe para nós, Orieta e eu, sentados no chão, sobre o tapete. Ela numa poltrona. Nenhuma falha na leitura, nenhum tropeço, nenhum exagero. Suave, com leve modulação de voz na troca de personagens. Assim fui eu muito lido... entre 5 e 6 anos: A Menina do Narizinho Arrebitado, Viagem ao Céu, O Saci e Caçadas de Pedrinho.
Tão perfeito era seu jeito de ler, que eu não percebia a forma, ficava suspenso, arrebatado... e mergulhava nas estórias, minha imaginação incendiava-se.
Passados uns tempos, quando tinha 10 anos, surgiu um filme intitulado “O Saci”. Era baseado no livro homônimo de Monteiro Lobato. Ao entrar no cinema, grandes eram minhas esperanças:
-- Agora sim, vou ver direito tudo aquilo q ouvi contar na estória...
... inclusive tendo em mente esclarecer pontos obscuros. Um deles: como se pegava um saci no redemoinho com uma peneira cruzada e outro, como se dava a gestação dos sacis, dentro da taquarapoca... por exemplo.
Mas, muito pelo contrário, ao sair do cinema, maiores eram minhas frustrações que minhas esperanças iniciais... as cenas, as imagens do filme, nem de longe, comparavam-se com o imaginário aceso em meu pensamento. Tinha na cabeça um monumento vivo, erguido ao ouvir “O Saci”, pela leitura incomparável de minha mãe. O mesmo se repetiu na série da TV Tupi, Sítio do Pica-Pau Amarelo. Mas daí por diante, fui me acostumando a relevar os defeitos do demiurgo...
Francisco, por certo vem daí o tecido de nossa amizade.
Abraços, José Luiz Celeste.
COMOVENTE E LINDA HOMENAGEM!!!
Adorei. Parabéns. Abraços.
Caro Francisco, bom dia!
Vc prefere a prosa à poesia. Contudo, a poesia bem lhe agradece por prestigiá-la, e com versos de sua, nossa mãe!
Parabéns!!
Caro Francisco, quanta ternura contida em seus versos. Mostram ensinamentos de vida, vertidos do coração afável de sua mãe.
As mães costumam ser parecidas. Minha mãe rezava, cantava, recitava, contava histórias, gerava filhos e... nos ensinava a vida. Vida! Que para Mamãe foi tão breve, em seus jovens 39 anos de existência nesta terra.
Maria Auxiliadora Muffato
Que lindo!
Linda homenagem.
Prezado Francisco: Parabéns pela terna mensagem poética dedicada a sua mãe, a querida, inesquecível e sempre saudosa dona Celina.
Abraços extensivos à Rute.
Abgar
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