sexta-feira, 5 de agosto de 2022

RECUPERE SEU LATIM > > PARTE 13: MISSA DE RÉQUEM


Por Francisco José dos Santos Braga

Missal Pontifical (Catafalco, fl. 34), 2º quartel séc. XVII-Iluminador desconhecido (Academia das Ciências de Lisboa Ms. A2007) / Crédito: Wikipédia

 

I. INTRODUÇÃO

Réquiem (em latim: acusativo de requies (fem.)="descanso") ou Missa de Réquiem, também conhecida como "Missa para os defuntos (ou finados)" (do latim: Missa pro defunctis) ou "Missa dos fiéis defuntos" (do latim: Missa fidelium defunctorum), é um ofício fúnebre da Igreja Católica oferecida para o repouso da alma de uma ou mais pessoas falecidas, usando uma forma particular do Missal Romano. 

A missa de réquiem é assim chamada com base na primeira palavra do seu Intróito, que começa com a frase "Requiem aeternam dona eis, Domine" («Dai-lhes, Senhor, o eterno repouso»). A missa de réquiem tem um próprio especial, que não varia com o calendário. O Glória e o Credo são suprimidos, e a Sequência Dies irae, dies illa («Dia de ira, aquele dia, / em que o universo...») é inserida logo a seguir ao Tracto. É frequentemente, mas não necessariamente, celebrada no contexto de um funeral. 

A música para a missa, quer para o próprio, quer para o ordinário, vem compilada num livro litúrgico, o Graduale. O Liber usualis, outro livro de música, contém uma seleção dos cânticos mais frequentemente utilizados, tanto do Antiphonale como do Graduale. Os textos da missa e dos ofícios são coligidos, respectivamente, no Missal (Missale) e no Breviário (Breviarium).¹

O termo Réquiem também é usado para cerimônias semelhantes, além da Igreja Católica Romana, especialmente no ramo anglo-católico do Anglicanismo e em certas igrejas luteranas. Um serviço semelhante, com uma forma de ritual e textos totalmente diferentes, existe também na Igreja Ortodoxa e Igrejas Católicas orientais, bem como na Igreja Metodista. 

A Reforma Protestante rejeitou a Missa de Réquiem sobre bases teológicas por causa de sua associação com o Purgatório e seu caráter de missa votiva. Lutero se refere à aparição da alma de um monge relatada por Gregório Magno (Diálogos IV, Cap. 40, MSL, LXXVII, 369s.) e a outras aparições de almas, interpretando-as como logro praticado por demônios (die bösen Geister, cacodaemones): "Em segundo lugar, seguiu-se daí haverem os maus espíritos perpetrado muita maldade, aparecendo como almas de homens e exigindo, com indizíveis mentiras e malignidade, missas, vigílias, peregrinações e outras caridades".  Sobre a afirmação de que Gregório Magno enriqueceu a dogmática da Igreja romana com a doutrina do Purgatório, (...) Luiz de Cadiz, outro autor católico romano, admite que Gregório "carregou nas tintas escuras" a doutrina do Purgatório (90: p. 536), e lembra que os Diálogos de Gregório andaram em todas as mãos durante a Idade Média ("não tanto por seu conteúdo quanto pela atração que o maravilhoso exercia sobre aquelas gentes") (90: p. 537), o que, naturalmente, contribuiu muito para disseminar e firmar a crença no Purgatório e na possibilidade da comunicação com os mortos. ²

"O Purgatório é uma teoria dos teólogos medievais" é a acusação clássica desferida pelos ortodoxos e racionalistas. Em contraposição, os defensores do Purgatório apresentam II Macabeus 12, 41-46 para defender o sacrifício expiatório para que os defuntos fiquem livres de suas faltas. É verdade que no Novo Testamento, a existência do Purgatório não é citada explicitamente em nenhuma passagem. Entretanto, é possível rastrear alusões a um estado de purificação que não seja o inferno. Assim, por exemplo, em Mt 12, 31-32 lê-se: "Todo o que tiver falado contra o Filho do homem, será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste mundo, nem no que há de vir." Outro argumento forte a favor da existência do Purgatório é que os primeiros cristãos celebravam os santos Mistérios ao redor dos túmulos dos mártires. Mas não só se orava ao redor dos túmulos dos mártires, mas também dos que precisavam de sufrágios. Assim os Acta Joannis, datados de ca. 160 d.C., falam de São João Evangelista orando sobre um túmulo e celebrando a fração do pão no terceiro dia depois da morte de um cristão, insinuando que essa já era uma tradição apostólica. Santo Agostinho, num de seus sermões (de nº 172, intitulado De verbis apostolis), enfatiza a antiguidade desse costume, São João Damasceno remonta essa tradição aos apóstolos, São Denis garante que então se orava pelos defuntos. Em Roma, é o papa Gelásio (492-495) que introduz pela primeira vez o Memento dos mortos no cânone da Missa. Assim, vê-se que a recomendação dos fiéis mortos a Deus constitui um costume bem antigo. A recomendação de defuntos durante o sacrifício eucarístico foi atestada desde o século IV entre os gregos.  ³

A nossa abordagem aqui terá como fundamento a versão mais antiga da tradição litúrgica existente, fazendo acompanhar dos textos das partes o respectivo canto pelos monges beneditinos da Abadia de Solesmes F-72 (gravação de maio de 1953). Portanto, os textos e os cantos que serão vistos aqui são os publicados pelas edições do Missal Romano, durante o período de 1570 e 1962. De 1962 a 1965 houve o Concílio Vaticano II e em 1969 foi publicado o Missal Romano reformado. Grupos de católicos tradicionalistas, descontentes com o Concílio Vaticano II e com o rumo então tomado pelas autoridades eclesiásticas, não receberam com bons olhos o novo missal, preferindo celebrar a missa na forma anterior. Característica comum de todos esses grupos é celebrarem a missa tridentina, utilizando para isso uma edição mais antiga que não contém as mudanças feitas por João XXIII e Pio XII. Em 2007 o Papa Bento XVI, no motu proprio Summorum Pontificum, concedeu amplamente a possibilidade do uso da liturgia tridentina na forma que tinha em 1962 em vez de uma edição mais recente; ou seja, nas paróquias, onde houvesse um grupo estável de fiéis aderentes à precedente tradição litúrgica, o pároco devia acolher de bom grado as suas solicitações de terem a celebração da Santa Missa na forma de 1962. Em 2021 foi revogado esse motu proprio de Bento XVI pelo do Papa Francisco Traditionis custodes e desde 16 de julho de 2021 a celebração da missa tridentina é lícita apenas quando autorizada, em conformidade com as orientações da Santa Sé, pelo bispo da diocese em que se realiza.

A ressurreição de Cristo, base de toda a nossa fé, foi apresentada por São Paulo como a prova e fiadora da nossa. Desde então, a Igreja nunca deixou de, em cada uma das suas reuniões litúrgicas, fazer menção aos seus membros falecidos para que toda a assembleia ore por eles, e que esta oração beneficie a purificação plena dos que dormem. 

 


II. PARTES DA MISSA DE RÉQUIEM 
 
Aqui veremos cantos gregorianos e textos em latim que se impuseram no gosto popular, de 1570 até 1962, para conforto da assembleia de fiéis diante do memento dos defuntos, acompanhados de minhas traduções e informações correspondentes. Para ilustrar os textos, conforme visto, faremos utilização de áudios de um coro de monges beneditinos da Abadia de Solesmes, que fizeram a referida gravação em 1953, disponíveis no YouTube.
 

1) INTROITUS 

(IV Esdr. 2: 34, 35) Réquiem ætérnam dóna eis, Dómine: et lux perpétua lúceat eis. 
(Sl. 64, 2-3) Te décet hymnus, Déus, in Síon, et tíbi reddétur vótum in Jerúsalem: exáudi oratiónem méam, ad te ómnis cáro véniet. 
Réquiem ætérnam dóna eis, Dómine. Et lux perpétua lúceat eis.  
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6NN8gQ28biM (do início a 2:01)  👈
 
Minha tradução: INTRÓITO
Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno e brilhe sobre eles a luz eterna. 
Meu Deus, a vós é devido o louvor em Sião e a vós se oferecerá o voto em Jerusalém : ouvi a minha oração : perante vós comparecerá todo ser vivente. 
Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno e brilhe sobre eles a luz eterna. 
 
2) KYRIE 
 
Kyrie, eleison. Kyrie, eleison. Kyrie, eleison.
Christe, eleison. Christe, eleison. Christe, eleison.
Kyrie, eleison. Kyrie, eleison. Kyrie, eleison.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6NN8gQ28biM (de 2:02 a 3:49)  👈
 
Minha tradução: SENHOR
Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. 
Cristo, tende piedade de nós. Cristo, tende piedade de nós Cristo, tende piedade de nós. 
Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós.

3) GRADUALE
 
(IV Esdr. 2: 34, 35) Réquiem ætérnam dóna eis, Dómine: et lux perpétua lúceat eis.
(Sl. 111, 7) In memória ætérna érit jústus: ab auditióne mála non timébit.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6NN8gQ28biM (de 3:53 a 6:57)  👈
 
Minha tradução: GRADUAL
Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno : e sobre eles brilhe a luz eterna.
Eterna será a lembrança do justo : e não temerá que se diga mal dele. 
 
4) TRACTUS 
 
Absólve, Dómine, ánimas ómnium fidélium defunctórum ab ómni vínculo delictórum et grátia tua íllis succurénte mereántur evádere judícium ultiónis, et lúcis ætérnæ beatitúdine pérfrui. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6NN8gQ28biM (de 7:02 a 13:28)  👈
 
Minha tradução: TRACTO
Livrai, Senhor, as almas de todos os fiéis defuntos de todo o vínculo de seus pecados. E que, socorridos com a vossa graça, mereçam escapar ao juízo da vossa justiça. E gozem a bem-aventurança da luz eterna. 
 
5)  SEQUENTIA *
 
Dies iræ, dies illa
Sólvet sæclum in favilla,
Téste Dávid cum Sibylla.

Quantus trémor est futúrus,
Quando júdex est ventúrus,
Cuncta stricte discussúrus!

Tuba mírum spárgens sónum
Per sepúlcra regiónum,
Cóget ómnes ante thrónum.

Mors stupébit et natura,
Cum resúrget creatura,
Judicánti responsura.

Liber scriptus proferétur,
In quo tótum continétur,
Unde mundus judicétur. **

Júdex érgo cum censébit,
Quidquid latet apparébit:
Nil inultum remanébit.

Quid sum miser tunc dictúrus?
Quem patrónum rogatúrus,
Cum vix jústus sit secúrus?

Rex tremendæ majestátis
qui salvándos salvas grátis
salva me, fons pietátis

Recordare, Jesu píe,
Quod sum causa tuae viæ:
Ne me perdas illa díe.

Quaerens me, sedísti, lássus;
Redemísti crúcem pássus;
Tántus labor non sit cássus.

Júste Júdex ultiónis,
Dónum fac remissiónis
Ante diem ratiónis.

Ingemísco tamquam reus,
Culpa rubet vúltus méus;
Supplicánti párce, Déus.

Qui Maríam absolvísti,
Et latrónem exaudísti,
Mihi quoque spem dedísti.

Preces méae non sunt dígnæ,
Sed tu, bonus, fac benígne,
Ne perenni cremer ígne.

Ínter óves lócum praesta,
Et ab hædis me sequestra,
Státuens in parte dextra.

Confutátis maledictis
Flammis ácribus addíctis,
Voca me cum benedictis.

Oro supplex et acclínis,
Cor contrítum quasi cínis,
Gere cúram mei fínis.

Lacrimosa díes ílla,
Qua resurget ex favilla
Judicandus homo réus.

Huic ergo parce, Deus:
Pie Jesu Dómine:
Dóna eis réquiem. Amen.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=6NN8gQ28biM (de 13:29 a 20:12)  👈
 
*  Texto atribuído a Tomás de Celano (✞ 1256), frade franciscano contemporâneo de Francisco de Assis (✞ 1226), seu discípulo e biógrafo, recebeu seu título das duas palavras iniciais do poema. 
O poema consiste em 17 estrofes de rimas triplas em métrica trocaica. O texto rapidamente ganhou popularidade durante o século XIII e XIV, encontrando seu caminho em missais franceses e italianos, e sendo musicado por um compositor desconhecido. O hino provou ser tão popular que, com a adição de três dísticos rimados cataléticos no final, Dies irae sobreviveu ao expurgo de sequências latinas da liturgia durante o Concílio de Trento (1545-1563). O canto, assim, entrou oficialmente na liturgia católica como parte da Missa dos Defuntos (a Missa de Réquiem), bem como na liturgia do Dia de Finados. 
A sequência Dies iræ atualmente já não faz parte da liturgia dos defuntos, sendo cantado como hino do Ofício Divino nos últimos dias do ano litúrgico. 
Cabe destacar a estrutura morfossintática do poema que corresponde à da variante culta. Além disso, convém notar o uso intensivo de particípios futuros de verbos. Ex.: venturus, futurus, responsurus, dicturus, rogaturus, etc. Nota-se também o emprego intensivo do ablativo absoluto. Ex.: teste David, confutatis maledictis, flammis acribus addictis, etc. Observa-se que a estrutura sintática é simples. Quanto ao conteúdo do poema, nota-se que está bem dividido em 3 partes: 
1) estrofes 1 a 6, em que o autor apresenta uma descrição do que, na visão cristã do autor, será o Juízo Universal; 
2) estrofes 7 a 17, em que o autor apresenta a sua situação pessoal nesse julgamento: de um lado, não pode apresentar seu advogado; de outro, usa o recurso da súplica; 
3) na terceira e última parte, o autor faz um pedido, não mais para si mas para o homem em geral; na última estrofe suplica por todos os defuntos.

**  [CURTIUS, 1975, 446], comentando sobre a existência de diferentes pontos culminantes para a poesia profana e a poesia sacra, fez a seguinte observação sobre o Liber scriptus, envolvendo esta estrofe:
“La poesía profana latina dejó atrás hacia 1220 su ponto culminante; pero la poesía religiosa desplegó en el siglo XIII algunas de sus flores más esplendorosas, entre ellas el Dies irae de Tomás de Celano. En este himno aparece una vez más el libro, en la sobrecogedora descripción del Dia del Juicio:

Liber scriptus proferétur,
In quo tótum continétur,
Unde mundus judicétur.
 
(Minha tradução:
O Livro escrito será exposto,
no qual tudo está contido,
por meio do qual o mundo será julgado.)  
 
Es el libro del juicio final, el libro del Apocalipsis; pero además debe haber aquí una reminiscencia de las palabras de Malaquias, 3:16:
(Tunc locuti sunt timentes Dominum, unusquisque cum proximo suo:) et attendit Dominus, et audivit, et scriptus est liber monumenti coram eo timentibus Dominum(, et cogitantibus nomen ejus.)

(Minha tradução: E assim falaram os que temiam o Senhor, cada um com seu próximo. E o Senhor ouviu atento: diante dele foi escrito o livro que conserva a memória daqueles que temem o Senhor e respeitam o seu nome.) 
 
Estas ideas dominan en la Edad Media cristiana y encuentran también expresión en las artes plásticas. Son frecuentes las representaciones de un ángel que escribe las buenas acciones de un hombre mientras el demonio registra las malas. "Así — decía Wilhelm Wackernagel hace ya casi un siglo — vemos a ambos en escudos de piedra, a uno y otro lado del portal románico de la catedral de Bonn, sentados en actitud de escribir en una hoja de papel que sostienen en sus rodillas.
 
Minha tradução: DIA DE IRA
Dia de ira, aquele dia
O mundo dissolverá em cinza,
Sendo testemunha Davi com a Sibila.
 
Quão grande pavor será
Quando o Juiz estiver para vir
Julgar tudo rigorosamente. 
 
A trombeta levará seu penetrante som 
através dos sepulcros dos quatro pontos cardeais,
reunirá todos perante o trono.
 
Ficará pasmada a morte com a natureza
quando ressuscitar o homem-criatura
para responder ao julgador.
 
O Livro escrito será exposto,
no qual tudo está contido,
por meio do qual o mundo será julgado. 
 
Quando o juiz der o seu parecer,
Tudo aquilo que está oculto aparecerá:
Nada permanecerá impune.
 
Pobre de mim! O que hei de dizer então?
A que advogado hei de recorrer
se apenas o justo está seguro?
 
Ó Rei de tremenda majestade,
que, em salvando, grátis salvas,
salva-me, fonte de piedade. 
 
Lembra-te, bom Jesus,
de que sou causa de tua Via Crucis:
Não me percas naquele dia.
 
À minha procura, paraste exausto: 
Padecendo na cruz me redimiste:
Não seja em vão tanta fadiga.
 
Justo juiz da vingança,  
concede-me o benefício do perdão
antes do dia da prestação de contas.
 
Estou gemendo como um réu,
a culpa me enrubesce o rosto ,
ao suplicante perdoa, meu Deus! 
 
Tu que Maria (Madalena) absolveste
e ao ladrão deste ouvido,
a mim também deste esperança.
 
De minhas preces não sou digno,
porém tu, bom, seja benevolente,
que eu não seja consumido pelo fogo. 
 
Entre as ovelhas um lugar me garante,
dos bodes me separa,
colocando-me à tua direita. 

Após serem os adversários amaldiçoados,
às chamas ardentes conduzidos,
chama-me em companhia dos benditos.

Oro, súplice e ajoelhado,
com o coração contrito e inflamado:
traz a causa a meu bom fim.

Naquele dia lacrimoso, 
no qual ressuscite da cinza
o homem-réu a ser julgado:

A este perdoa, ó Deus,
Senhor bom Jesus,
dá-lhes o descanso. Amém.

6) OFFERTORIUM
 
Dómine Jesu Christe, Rex glóriæ, líbera ánimas ómnium fidélium defunctórum de pœnis inférni et de profundo lácu: líbera eas de ore leónis, ne absórbeat eas tártarus, ne cádant in obscúrum: sed sígnifer sanctus Míchael repræséntet eas in lúcem sanctam * Quam olim Abrahæ promisísti, et sémini ejus. Hóstias et preces tíbi, Dómine láudis offérimus: to súscipe pro animábis íllis, quárum hódie memóriam fácimus: fac eas, Dómine, de morte transíre ad vitam: * Quam olim Abrahæ promisísti, et sémini ejus.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6NN8gQ28biM (de 09:24 a 13:27)  👈
 
Minha tradução: OFERTÓRIO
Senhor Jesus Cristo, rei da glória, livrai as almas dos fiéis defuntos das penas do inferno e do lago profundo: livrai-as da boca do leão, para que não as devore o abismo, e que não se precipitem nas trevas: porém, antes, o Arcanjo São Miguel as apresente na santa luz * que outrora prometestes a Abraão e à sua posteridade. Senhor nós vos oferecemos orações e hóstias de louvor: recebei-as, pois, para aquelas almas, das quais hoje fazemos memória; fazei que elas passem da morte à vida * que outrora prometestes a Abraão e à sua posteridade. 
 
7) SANCTUS XVIII
 
Sánctus, Sánctus, Sánctus, Dóminus Déus Sábaoth. Pléni sunt cæli et térra glória túa. Hosánna in excélsis.
Benedíctus, qui vénit in nómine Dómini. Hosánna in excélsis. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6NN8gQ28biM (de 20:13 a 21:03)  👈

Minha tradução: SANTO XVIII
Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus dos Exércitos. A Terra e o Céu estão cheios da Vossa glória. Hosana no mais alto dos Céus. 
Bendito O que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas! 
 
8) AGNUS DEI XVIII
 
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi: dona eis requiem.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi: dona eis requiem.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi: dona eis requiem sempiternam.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6NN8gQ28biM (de 21:05 a 21:52)  👈
 
Minha tradução: CORDEIRO DE DEUS XVIII
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo: dai-lhes repouso.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo: dai-lhes repouso.
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo: dai-lhes repouso eterno.
 
9) COMMUNIO
 
(IV Esdr. 2, 35; 34). Lux ætérna lúceat eis, Dómine; * Cum Sanctis tuis in ætérnum; quia pius es. Réquiem ætérnam dona eis, Dómine: et lux perpétua lúceat eis. * Cum Sanctis tuis in ætérnum; quia pius es.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6NN8gQ28biM (de 21:54 a 22:38) 
👈
 
Minha tradução: COMUNHÃO
Que sobre eles brilhe a luz eterna, Senhor; com os vossos santos para sempre: pois sois pio. Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno: e sobre eles brilhe a luz eterna. Com os vossos santos para sempre: pois sois pio.
 
10) ANTIPHONAE "IN PARADISUM" ET "CHORUS ANGELORUM"
 
In paradísum dedúcant te Ángeli: in tuo advéntu suscípiant te Mártyres, et perdúcant te in civitátem sánctam Jerúsalem,
Chórus Angelórum te suscípiat, et cum Lázaro quóndam páupere
ætérnam hábeas réquiem. 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=6NN8gQ28biM (de 22:40 ao fim)  👈
 
Minha tradução: ANTÍFONAS "AO PARAÍSO" E "O CORO DE ANJOS"
Que ao paraíso te conduzam os Anjos: à tua chegada te recebam os Mártires, e te introduzam na cidade santa, Jerusalém,
Que o coro de Anjos te acolha, e com Lázaro outrora pobre tenhas um eterno descanso. 
 
 
III. NOTAS EXPLICATIVAS
 
 
¹   GROUT, Donald J. & PALISCA, Claude V.: História da Música Ocidental, Lisboa: Gradiva, p. 55.
 
² Cf. SCHÜLER, Arnaldo: Dicionário Enciclopédico de Teologia, p. 313 

³ Cf. https://laportelatine.org/formation/apologetique/questions-sur-le-purgatoire#identifier_0_31763 e TREFFORT, Cécile: L'Église Carolingienne et la Mort: Christianisme, sites funéraires et pratiques commémoratives, Lyon: Presses Universitaires de Lyon, 1996, pp. 89-90

Maiores informações podem ser obtidas no seguinte link da Wikipédia: 
Também o Instituto Unisinos-IHU, órgão transdisciplinar da Unisinos, publica uma série de matérias sobre o tema, a saber: 
 
 
 
IV. NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
 
 
CARLHIAN, Abbé Louis-Marie: Questions sur le Purgatoire, publicado no site La Porte Latine em 10/11/2016
 
CURTIUS, Ernst Robert: Literatura europea y Edad Media Latina, Mexico: Fondo de Cultura Económica, vol. 1, 489 p.
 
GROUT, Donald J. & PALISCA, Claude V.: História da Música Ocidental, Lisboa: Gradiva, 2007, 759 p.

SCHÜLER, Arnaldo: Dicionário Enciclopédico de Teologia, Canoas: Editora da ULBRA, 2002,  512 p. 

TREFFORT, Cécile: L'Église Carolingienne et la Mort: Christianisme, sites funéraires et pratiques commémoratives, Lyon: Presses Universitaires de Lyon, 1996, 224 p.

10 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
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Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Prezad@,
Tenho o prazer de apresentar-lhe o resultado do meu trabalho de pesquisa e tradução de um costume antiquíssimo da humanidade, qual seja o do respeito à memória dos mortos, aqui voltado para o enfoque religioso dado pela Igreja Católica Apostólica Romana, pelo menos até o advento do Concílio Vaticano II. Refiro-me à MISSA DE RÉQUIEM, cultuada pelo menos desde o século III d.C. até aproximadamente 60 anos atrás, considerado o período de seu esplendor.
Como se sabe, o canto gregoriano é cantado a capella, isto é, sem a necessidade de acompanhamento do órgão ou da orquestra.
Resta ainda lembrar que o canto gregoriano era apreciado pelos maiores compositores, especialmente por Mozart que teria dito: "Daria toda a minha obra pela glória de ter composto o prefácio de uma missa gregoriana". Beethoven escreveu: “Para escrever uma verdadeira música religiosa, estudem os antigos salmos e cantos católicos em sua verdadeira prosódia”. Gounod explicitou em seu testamento sua vontade de ter somente canto gregoriano em suas exéquias.

https://bragamusician.blogspot.com/2022/08/recupere-seu-latim-parte-13-missa-de.html

Cordial abraço,
Francisco Braga

Roberto Oliveira de Carvalho (genealogista) disse...

Muito Bom.

ATT
ROBERTO CARVALHO

Gilberto Mendonça Teles (autor de O terra a terra da linguagem e Hora Aberta-Poemas Reunidos e é membro da Academia Goiana de Letras) disse...

Obrigado, meu caro Francisco Braga,

Aprendo muito com as suas pesquisas.

Gostei de saber dos meus dois grandes amigos (Mozart e Beethoven) sobre cuja “Pastoral” tenho um poema. Tinha na minha estante um busto de Beethoven. Com os meus três meses no hospital em 2019, ele também ficou “surdo”, e desapareceu.
Abraço do Gilberto Mendonça Teles

Daniel Mendes (jornalista e crítico cultural) disse...

Muito bonito, Francisco. Também acho a Missa a grande obra de arte de todos os tempos. Asperges, Kyrie, Salve Regina. Toda a função de cada pequeno detalhe, é glorioso. Não conhecia as citações de Mozart e Beethoven, que confirmam o que eu já pensava. Bom fim de semana! 🤗
Daniel

Frei Joel Postma o.f.m. (compositor sacro, autor de 5 hinários, cantatas, missas e peças avulsas) disse...

Olá, Francisco e Rute. A Missa 'Requiem eternam' no Gregoriano tradicionalmente tem sido muitíssimo cantado, desde a reforma do 'Graduale Romanum'.No Hinário Litúrgico da CNBB tem a Missa: "A luz eterna os ilumine, ó Senhor"!
Grande abraço. do irmão f. Joel.

Raquel Naveira disse...

Trabalho culto, místico, erudito. O latim tem voltagem lírica e mistério.
E que a luz eterna nos ilumine agora e sempre.

Marcelo Miranda Guimarães (escritor, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de MG e presidente do Museu da Inquisição em Belo Horizonte) disse...

Prezado Dr. Francisco J.S. Braga, shalom!

Muito obrigado por me enviar seu artigo “Missa de Réquiem”, muito interessante e rico. Eu gostaria que você incluísse na sua relação de mala direta “Recupere seu latim”, os nomes de dois ex-colegas do Seminário dos padres Redentoristas em Congonhas do Campo, o Carlos Roberto de Carvalho e Carlos Eduardo Nogueira. Compartilhando com eles sobre o seu trabalho, ambos se mostraram muito interessados. A propósito, o Carlos Roberto de Carvalho reside atualmente em São João del Rei. Obrigado, aguardando sua visita ao nosso Museu.

Cordial abraço,

Marcelo Miranda Guimarães

Fundador Museu da Inquisição

Heitor Garcia de Carvalho (pós-doutorado em Políticas de Ensino Superior na Faculdade de Psciologia e Ciências da Informação na Universidade do Porto, Portugal (2008) disse...

Muito obrigado@
Heitor

Anizabel Nunes Rodrigues de Lucas (flautista, professora de música e regente são-joanense) disse...

Parabéns pelo belíssimo trabalho com relação à missa de réquiem. Vou imprimir as traduções. Bom saber o que estamos cantando. OBRIGADA