sábado, 22 de outubro de 2022

HIPÁTIA DE ALEXANDRIA > > Parte 4

Por Ari Belenkiy
Traduzido do inglês por Francisco José dos Santos Braga
 
Hipátia, primeira mulher na história a estudar matemática e astronomia
Um assassinato astronômico?
Por Ari Belenkiy
 

O assassinato da sábia Hipátia de Alexandria nunca foi adequadamente explicado. Proponho que ela se tornou vítima de um cataclismo político decorrente de desacordo dentro do Império Romano na data da Páscoa em 417 d.C., depois que ela forneceu expertise crítica em astronomia relacionada com o equinócio vernal. A refração atmosférica, um fenômeno desconhecido para Hipátia, poderia tê-la levado a concluir que o equinócio caiu em 16 de março, a data aceitável para a Igreja romana, e não em 21 de março, a data defendida por Alexandria. Sua posição poderia ter ameaçado a autoridade estabelecida da Igreja alexandrinense na questão de datar as Páscoas para todo o Império Romano. Argumento que essa ameaça política levou uma multidão cristã a matá-la. Como corolário, este argumento inclina a balança a favor do ano 416 para a data de sua morte, em vez de 415 como a maioria sustenta. Além disso, sugiro que ela morreu em 21 de março. 

A vida e a morte de Hipátia são conhecidas a partir de relatos contemporâneos, principalmente dos escritos de Sócrates Escolástico (ver seção “A Vida de Hipátia”). Ela era uma sábia de elevada reputação, cuja morte no primeiro quartel do século V (incidente geralmente aceito como ocorrido em 415 ou 416) surgiu, de alguma forma, de um desacordo entre Orestes, o Prefeito Imperial de Alexandria, que governava como parte do Império Romano, e Cirilo, Bispo de Alexandria, cujo poder vinha de sua posição na Igreja Alexandrinense. Por volta da mesma época da morte de Hipátia, houve um confronto cristão-judaico em Alexandria que levou à expulsão da comunidade judaica da cidade. 

Apesar de haver extensa literatura sobre o assunto (Dzielska e Lyra 1995, Deakin 2007, Berggren 2009), os historiadores não descobriram nenhuma razão séria para um desacordo entre Orestes e Cirilo que pudesse levar à violência contra o primeiro, nem uma razão convincente para o assassinato de Hipátia, nem nada mais do que uma razão um tanto superficial para a agitação religiosa. Ninguém tentou descobrir o assunto das “frequentes conversas dela com Orestes”. Referências gerais à “aversão aos dissidentes” de Cirilo entre os cristãos não podem explicar o assassinato brutal que seus seguidores infligiram a Hipátia. Afinal, Teófilo, predecessor e tio de Cirilo, coexistiu pacificamente com todas as partes por muitos anos. Parece provável que essas hostilidades tenham sido consequência de uma controvérsia particular que envolveu os diferentes grupos da sociedade alexandrinense. O problema certamente estava relacionado com a astronomia: Hesíquio de Mileto, do século VI, em seu Dicionário Biográfico de Pessoas Doutas escreve, por exemplo, que a inveja de Cirilo foi causada pela “extraordinária sabedoria e habilidade em astronomia” de Hipátia. 

Astronomia é uma palavra-chave aqui. João, um bispo copta egípcio de Nikiu (fl. 696), também menciona (embora superficialmente) as habilidades de Hipátia em astronomia em sua Crônica 84.87-103

“E naqueles dias apareceu em Alexandria uma filósofa, uma pagã chamada Hipátia, e ela era sempre dedicada à magia, astrolábios e instrumentos musicais, e ela seduzia muitas pessoas através de ciladas do demônio.” 
Apesar de não serem definidas “ciladas do demônio”, um astrolábio é um objeto concreto que lida com medição das posições das estrelas. 
 
Um astrolábio, 1885 / Crédito: British Museum
 
Embora nenhum dos historiadores que escrevem sobre Hipátia tenha mencionado a astronomia como razão para seu assassinato, vou construir meu argumento sobre o fato de que o administrador do Estado (Orestes) esteve envolvido, o que eleva o problema ao nível do Império, e que teve alguma relação com astronomia. O problema que melhor parece satisfazer essas violências na Alexandria do século V foi a data da Páscoa. 
 
Datas incertas 
 
É geralmente aceito que a Páscoa é o primeiro domingo após a primeira lua cheia caindo em ou após o dia do equinócio vernal (a primeira lua cheia vernal). No primeiro quartel do século V, o equinócio vernal caiu em 19 ou 20 de março, então a Páscoa deveria ocorrer em ou após essas datas. Mas naquele período, as duas principais Igrejas usavam critérios diferentes para determinar a data da Páscoa. Consequentemente, em 417 a Igreja romana celebrou a Páscoa em março, enquanto os cristãos alexandrinenses a observaram em abril. Tal desacordo aponta para uma luta de poder entre Roma e Alexandria. Poderia Hipátia estar no centro dessa batalha política e, como famosa astrônoma, talvez ter sido encarregada de determinar a data do equinócio vernal? 
 
Para prosseguir com esta ideia, é importante saber a data da morte de Hipátia. Há evidências de que tenha ocorrido em 415 ou 416. O relato de Sócrates (ver seção “A vida de Hipátia”) inclui as palavras “no quarto ano do episcopado de Cirilo, sob o décimo consulado de Honório e o sexto de Teodósio”, que são problemáticos. Cirilo foi ordenado em outubro de 412; logo, a primeira parte aponta para o ano 416, mas os anos consulares apontam para 415. 
 
Baronius, o historiador eclesiástico, em seus Annales Ecclesiastici (1588-1607) escolheu 415 como a data do assassinato. O problema foi amplamente discutido pelos historiadores alemães, Wernsdorf (1748), Wolf (1879) e Seeck (1921), que argumentaram que o assassinato ocorreu em março de 416, porque, do contrário, teria transcorrido um ano e meio entre o assassinato e o decreto do imperador Teodósio de 5 de outubro de 416, que é geralmente visto como uma reação aos tumultos em Alexandria. Seeck alegou que a nomeação de cônsules foi muitas vezes adiada durante o século V, o que levou ao uso de “pós-consulados” (isto é, o ano é dado como o ano após o mandato de um determinado par de homens). Sócrates pode ter confundido o pós-consulado de 415 dos cônsules com seu consulado real. Seeck admitiu que também havia a possibilidade de o decreto de Teodósio estar datado incorretamente.
 
Hoche (1860) retrucou que um ano e meio é um intervalo de tempo razoável e não há razão para colocar em dúvida a datação consular. Ele sugeriu que é mais provável que os anos do mandato de Cirilo como bispo tenham sido sincronizados com o calendário romano (isto é, como tanto o ano consular quanto o episcopal começam em 1º de janeiro, o quarto ano seria 415 d.C. no calendário juliano). Campbell (1987) coloca a morte de Hipátia em março de 415 como “a única data virtualmente certa na vida de Hipátia” e que “a única alternativa razoável, março de 416, é geralmente rejeitada”. Outras datas também têm sido favorecidas, por exemplo, Van der Waerden (1956) sugere 418. 
 
Todos esses argumentos estão condicionados a circunstâncias externas, como o decreto de Teodósio; nenhuma razão independente foi oferecida até agora. Eu proponho que Hipátia foi assassinada em 417, com base em dados astronômicos e sua conhecida posição de eminência entre os astrônomos da região. Os anos em discussão fornecem uma primeira pista — eu sugiro que o assassinato de Hipátia esteja relacionado com o conflito entre as Igrejas de Roma e Alexandria quanto à data da Páscoa de 417. 
 
A Vida de Hipátia: informações de histórias contemporâneas 
 
Os detalhes que temos da vida e morte de Hipátia vêm de relatos contemporâneos. Damascius (c. 458 d.C., morreu depois de 538), que era conhecido como “o último dos neoplatônicos”, escreveu sobre ela em Vita Isidori, um texto que sobrevive graças a ter sido preservado e reproduzido na Souda, uma crônica bizantina do século X: 
“Hipátia nasceu e foi educada em Alexandria. Como ela tinha mais inteligência do que seu pai, não se satisfez com sua instrução em assuntos matemáticos e dedicou-se diligentemente aos estudos filosóficos. (...) Essa mulher vestia sua capa de filósofa e andava pelo meio da cidade. Ela interpretou publicamente Platão, Aristóteles ou as obras de qualquer outro filósofo para todos os que desejassem ouvi-la. Além de sua expertise no ensino, ela se elevou aos píncaros da virtude cívica.” 
Sócrates Escolástico de Constantinopla (nascido em 380 d.C.) relata detalhes que tornam justo supor que ele ouviu a história em Constantinopla cerca de 15 a 20 anos após o assassinato, de uma testemunha ocular então residente em Alexandria, que era jovem demais em 416 para entender o fundamento “científico” dos acontecimentos contemporâneos. 
 
Ele escreve sobre a morte de Hipátia em sua Historia Ecclesiastica, terminada c. 439 (HE VII. 15): 
“Havia uma mulher em Alexandria chamada Hipátia, filha do filósofo Théon, que fez tantas realizações na literatura e na ciência, que superou em muito todos os filósofos de seu tempo... No entanto até ela foi vítima do ciúme político que prevalecia naquela época. Pois, como ela mantinha encontros frequentes com Orestes [prefeito imperial de Alexandria], correu o boato calunioso entre a população cristã de ter sido ela quem impediu Orestes de se reconciliar com o bispo [Cirilo de Alexandria]. Alguns deles, portanto, incitados por um zelo feroz e fanático, cujo líder era um leitor chamado Pedro, assaltaram essa mulher ao voltar para casa e, arrastando-a de sua carruagem, levaram-na para a igreja chamada Caesareum, onde a despiram completamente e, em seguida, a assassinaram com telhas. Depois de rasgarem seu corpo em pedaços, eles levaram seus membros mutilados para um lugar chamado Cinaron, e lá os queimaram. Este caso não trouxe o menor opróbrio, não apenas a Cirilo, mas também a toda a igreja alexandrina. E certamente nada pode estar mais longe do espírito do Cristianismo do que a permissão de massacres, lutas e ações semelhantes. Isso aconteceu no mês de março durante a Quaresma, no quarto ano do episcopado de Cirilo, sob o décimo consulado de Honório, e o sexto de Teodósio.”
Outras fontes incluem João Malalas (um cronista bizantino de Antioquia, c. 491-578) e Filostórgio (um assim chamado historiador da Igreja Anomoeana ¹, 368-c. 439). 
 
Páscoa e astronomia alexandrinense
 
De acordo com a fórmula moderna, a Páscoa cai no primeiro domingo após a primeira lua cheia vernal, onde “vernal” significa “em ou após o equinócio vernal”. No entanto, não se sabe quando essa definição foi adotada — tudo o que temos acessível são tabelas de calendário do século IV e V. As Páscoas romanas foram calculadas seguindo um ciclo de 84 anos (Mosshammer 2008), e a Páscoa Alexandrinense seguiu um calendário cíclico simples de 19 anos (Neugebauer 1979, Belenkiy 2002). Havia uma complicação adicional na Igreja Romana: se a lua cheia caísse em um sábado, a Páscoa não poderia ser celebrada até uma semana depois. As tabelas mostram que, nos séculos IV e V, as Igrejas Romana e Alexandrinense permitiam duas datas bastante diferentes para a primeira lua cheia da Páscoa: 16 de março e 21 de março, respectivamente. 
 
A razão para duas datas nunca foi claramente declarada; parece serem simples artefatos dos ciclos do calendário que cada Igreja seguiu: 84 anos (Romana) e 19 anos (Alexandrinense). Sabe-se, no entanto, que a Igreja Romana queria ter a Páscoa antes de 21 de abril, dia da fundação de Roma. Isso explica a insistência de Roma nas primeiras datas para a lua cheia da Páscoa, embora Roma tenha sido diligente em ter a Páscoa não antes de 21 de março. Por outro lado, parece que a Igreja Alexandrinense queria que as luas cheias da Páscoa caíssem após o equinócio vernal. Eusébio de Cesareia (c. 263-339) na Historia Ecclesiastica (7.20) diz que Dionísio, patriarca de Alexandria em meados do século III, usou uma regra de que o Domingo de Páscoa não poderia ocorrer antes do equinócio. Eusébio (HE 7.32.14-19) também diz que a regra do equinócio foi reformulada por Anatólio de Laodiceia em fins do século III para indicar que uma lua cheia de Páscoa não deve cair antes do equinócio. Entretanto, em caso afirmativo, o cálculo romano seguia a primeira regra, enquanto o alexandrinense usava a segunda. 
 
A Igreja Alexandrinense foi considerada especialista na data da Páscoa pelo Concílio de Niceia em 325, talvez porque tivesse um conhecimento prático da Sintaxe de Ptolomeu (mais conhecida pelo seu nome árabe Almagest) e da precessão dos equinócios. De fato, na carta ao imperador Marciano sobre outra Páscoa problemática, a de 455, o Papa Leão Magno escreveu que “os Santos Padres, a fim de eliminar qualquer ocasião para erro, delegaram todo o cuidado ao bispo alexandrinense, pois havia entre os egípcios uma ciência antiga para o cálculo” (Krusch 1880, Mosshammer 2008). 
 
Parece que ambas as Igrejas mantiveram 21/22 de março como um limite. Deixe-me mostrar como um seguidor de Ptolomeu do século IV pode ter chegado àquelas datas para um equinócio vernal: Ptolomeu fixou o equinócio vernal em 140 d.C. em 22 de março 13h AT (AT = hora local alexandrinense). Em 325, a Igreja Alexandrinense, revisando os fundamentos do calendário, deveria ter adiantado o tempo de Ptolomeu para os equinócios vernais em cerca de 14,8 horas, seguindo a afirmação de Ptolomeu de que os equinócios sofrem a queda de um dia no calendário juliano em 300 anos e, portanto, conseguindo a extensão entre 21 de março às 22h AT (nos anos bissextos) e 22 de março às 16h AT (nos anos pré-bissextos). 
 
Astronomia no século V d.C.
 
Encontrar o verdadeiro equinócio vernal poderia ter sido um problema delicado nos séculos IV e V, pois a Igreja Cristã suspeitava que a arte da astronomia era praticada em conjunto com o paganismo. Portanto, confiou-se nos dados de Ptolomeu ​​por muitos anos. O único astrônomo digno de nota naquela época foi Théon de Alexandria, pai de Hipátia, que é conhecido por ter observado um eclipse solar e lunar em 364 (Delambre 1817, Rome 1950). 
 
Théon, ao que parece, não era um astrônomo prático; acrescentou um comentário à Sintaxe e às Tabelas Fáceis (Prócheiroi Kanónes) de Ptolomeu, sem qualquer revisão de seus parâmetros — sinalizando sua aprovação da posição dos equinócios e da taxa de precessão de Ptolomeu. Ainda assim, no comentário ao Tabelas Fáceis, Théon menciona uma teoria da “trepidação dos equinócios” que sugere que os equinócios fazem um movimento curto de vai-e-vem em vez de uma mudança constante lenta (Delambre 1817). Qualquer que seja o valor da teoria (uma espécie de fuga teórica desse beco sem saída astronômico), ela demonstra a infelicidade do final do século IV com Ptolomeu, particularmente com a velocidade da precessão. Um observador procurando os equinócios na virada do século V não poderia deixar de notar um problema com a taxa de sucessão de Ptolomeu. 
 
Os equinócios caíram no calendário juliano mais de duas vezes mais rápido do que Ptolomeu havia postulado: movendo-se um dia em 129 anos, em vez de um dia em 300 anos de Ptolomeu. Como o próprio Ptolomeu fixou o equinócio vernal no ano 140 em 20,5 horas mais tarde do que deveria (21 de março 16:23 AT), o verdadeiro equinócio nos anos 410s caiu mais de dois dias antes do que as tabelas de Ptolomeu sugeriam. As efemérides modernas colocam o equinócio em 20 de março às 07:14 AT em 415 e 19 de março às 13:04 AT em 416. Mesmo descartando um terço de um dia para precisão na observação dos equinócios pelos antigos astrônomos gregos (Newton 1977), quaisquer observadores teriam discordado daqueles que calcularam as posições dos equinócios a partir da Sintaxe por cerca de dois dias. Se essa discrepância fosse conhecida, as verdadeiras datas dos equinócios poderiam possivelmente minar a autoridade alexandrina sobre o cálculo da Páscoa, certamente nos anos em que a lua cheia da Páscoa Romana foi definida em 19 ou 20 de março. Mas poderia um observador da época definir os equinócios? 
 
Havia duas maneiras bastante diferentes para um observador da época de Hipátia encontrar os equinócios. A primeira era seguir o método de Ptolomeu no Livro I de Sintaxe, erigindo um anel meridiano de metal relativamente grande ou um quadrante, subdividido em graus e, além disso, em tantas partes quantas possível, e observando as passagens do sol ao meio-dia por vários dias consecutivos em março. O equinócio vernal cai no dia em que a distância zenital do sol é igual à latitude. A latitude de Alexandria, 30°58, era bem conhecida por Ptolomeu e astrônomos depois dele. Como as observações são realizadas apenas ao meio-dia, para encontrar a hora exata do equinócio era preciso interpolar entre os dois pontos de passagem. 
 
Esta opção estava disponível para Théon e Hipátia? O anel ou o quadrante tinham que ser estabelecidos fora de casa, onde ficariam expostos aos olhos dos outros. Como consequência, os instrumentos e o procedimento de observação do céu teriam sido visíveis, e suspeitos aos olhos dos zelotes cristãos, o que poderia ser perigoso para um observador. Este parece um cenário improvável na época de Hipátia, quando os Cristãos eram a força dominante em Alexandria. 
 
Existe, contudo, um segundo procedimento mais simples para encontrar o dia do equinócio — através da observação dos horários do nascer e do por do sol todos os dias. No dia em que esses eventos são separados por 12 horas (mais ou menos um minuto ou dois), o tempo diurno seria igual ao noturno, conforme exigido pela própria definição do equinócio. Ter um bom relógio de areia ou de água em casa não seria tão suspeito e bastaria para encontrar a data do equinócio, desde que o observador soubesse as definições astronômicas básicas. Se Hipátia tivesse observado os nasceres do sol (para a primeira aparição do disco) e os pores do sol (a última aparição do disco), ela teria obtido os dados mostrados na Tabela 1. Como astrônoma competente, Hipátia poderia então ter subtraído o tempo necessário para o sol cair metade de seu próprio disco. O disco do sol tem 32' de diâmetro. Como o sol cobre 360° a cada 24 horas e, por isso, 1° por 4 minutos, o tempo equivale a um minuto e quatro segundos em cada extremidade. Isso teria chamado sua atenção para 17 de março, onde a duração do dia era 12h02 em 415 ou 12h03 em 416 e que, depois de subtrair os dois minutos, teria estado perto de 12h. Este fato está no cerne da definição de “equinócio”. Ela facilmente poderia ter convencido qualquer pessoa com bom senso de que 17 de março era a data do equinócio para anos não bissextos (como 415, 417), enquanto em anos bissextos (como 416) poderia ter caído, até a 16 de março. 
 
 Tabela 1
Duração do dia em 415 d.C. e 416 d.C. em 15-21 de março

 
Mas há outro fenômeno que afetaria a data do equinócio para um observador do século V, como Hipátia: a refração atmosférica, que sempre leva a um prolongamento do verdadeiro tempo diurno em vários minutos em ambos os lados, ao nascer e ao por do sol. A curvatura dos raios de luz é insignificante para observar o sol no alto do céu, mas chega a 33' no horizonte (calculado para Alexandria, onde a temperatura em meados de março é de 20°C e a pressão atmosférica é de 1 atmosfera; Meeus 1991). O sol precisa de 2,25 minutos para cruzar este arco, em ambos os lados, totalizando 4,5 minutos. A Sintaxe silencia sobre a refração atmosférica, com exceção de uma menção dúbia no Livro IX (Toomer 1998). É verdade que Ptolomeu mencionou esse efeito para observar as estrelas em sua Óptica, e Cleomedes sabia que o sol ainda deve ser visível abaixo do horizonte (Mahan 1962, Ross 2000), mas não temos indícios de que Hipácia estivesse familiarizada com Óptica de Ptolomeu e os Movimentos Circulares dos Corpos Celestes de Cleomedes. Ninguém que escreve sobre Hipátia menciona o nome de Cleomedes. Até mesmo não está claro quando e onde ele viveu (Neugebauer 1941). 
 
Se Hipátia tivesse ciência da refração atmosférica, certamente teria procurado o equinócio nas datas em que o tempo diurno durava 12h06 ou 12h07: 19 ou 20 de março. 
 
Théon e Hipátia 
 
Hipátia era uma astrônoma prática competente, capaz de trabalhar com um anel ou um quadrante? Não sabemos. Estava familiarizada com o problema da precessão dos equinócios? A resposta “sim” vem do fato de que ela colaborou com seu pai Théon no comentário a Sintaxe, especialmente o Livro III, que trata do movimento do sol (Cameron 1990). Portanto, a ideia dos equinócios se movendo pelo calendário juliano não teria sido uma pedra de tropeço para ela. Tal base teórica é mais do que suficiente para cumprir o segundo cenário acima — encontrar o dia do equinócio com um relógio de água ou de areia. 
 
Provar a historicidade do primeiro cenário — observações com um anel meridiano ou quadrante — é muito mais difícil. Sabemos que Théon fez observações dos eclipses solar e lunar em 364. Se ele tivesse tentado construir o anel e observar a hora dos equinócios, armado com a Sintaxe, certamente encontraria a hora correta em metade de um dia. Embora não tenhamos conhecimento de tais observações, e o comentário de Théon sobre a Sintaxe, bem como sua edição das Tabelas Fáceis de Ptolomeu, não trazem nenhuma marca delas, elas seriam extensões naturais das atividades astronômicas de Théon. Se ele tivesse continuado seu trabalho dessa maneira, sem dúvida Hipátia estaria ciente de suas descobertas. Então ela certamente teria chegado às datas corretas, 19 de março para 416 e 417 ou 20 de março para 415. E porque este cenário requer a observação do Sol no zênite, a refração atmosférica não teria nenhum papel. Mas, novamente, não há evidências de que ela tenha feito isso. 
 
Meu palpite é que Hipátia observou a hora do nascer e do por do sol em 415 e 416, usando um relógio muito bom, e se convenceu — e o prefeito, Orestes — de que o verdadeiro equinócio vernal caiu em 16 ou 17 de março, muito longe da estabelecida data de 21 de março. Este fato, combinado com a definição alexandrina de Páscoa, permitiria que a primeira lua cheia vernal caísse entre 17 de março e 20 de março, permitindo uma Páscoa antecipada em 417. Aceitando o equinócio de 17 de março como o verdadeiro, a Páscoa de 417 em Alexandria deveria ter sido celebrada em 18 de março, o que teria sido não apenas anterior à data romana, 25 de março, mas até antes do equinócio vernal — uma completa humilhação para a igreja alexandrinense! O relatório do Prefeito sobre o assunto certamente seria importante para o Imperador e poderia trazer consequências imprevisíveis para o Império como um todo; de fato, a hegemonia alexandrina no calendário pascal poderia ter sido solapada ou mesmo extinta.
 
O problema do equinócio às claras
 
O problema eclodiu em 417 ou imediatamente antes, quando Roma pretendia celebrar a Páscoa em 25 de março, mas Alexandria se preparou para observá-la em 22 de abril. Este evento — mesmo a sua expectativa — deve ter causado muita turbulência psicológica e política, pois mesmo 30-40 anos depois a próxima geração de clérigos cristãos ainda falava dele com amargura, como se pode ver na carta do Bispo Protério ao Papa Leão (abaixo). 
 
Supondo que Hipátia tenha sido assassinada porque foi seu conselho que levou a essa diferença entre Roma e Alexandria sobre a data da Páscoa, resta ainda a pergunta: quando aconteceu o assassinato? Meu argumento é a favor de 416. Cirilo certamente continuou a tradição de seu tio Teófilo (com origem em Santo Atanásio no século IV) de emitir cartas pascais festivas anuais que indicavam a data da Páscoa para o ano seguinte (Mosshammer 2008). As cartas eram despachadas para todo o Império no outono, para serem lidas na Epifania (6 de janeiro), mas provavelmente foram escritas antes, embora a data exata tenha sido decidida provavelmente por volta da Páscoa anterior. Aconteceu que, em 416, vendo a oposição de Orestes à data alexandrina da próxima Páscoa (de 417), e temendo que o mundo cristão se dividisse na celebração da Páscoa, os fanáticos cristãos decidiram resolver o problema assassinando a pessoa que era percebida como a principal causa do problema? O ano 415 parece muito distante de 417 para inflamar tal paixão.
 
Sócrates diz que o assassinato aconteceu em março, durante a Quaresma, em um lugar chamado Cinaron. A Páscoa em 416 foi em 2 de abril. A Quaresma em Alexandria deve ter terminado em 24 de março, a última sexta-feira antes do Domingo de Ramos. Se Hipátia convencesse Orestes de que 21 de março não era o equinócio, ela poderia ter continuado suas observações até 21 de março inclusive. Sugiro, portanto, que 21 de março seja o dia mais provável para seu assassinato. Cinaron poderia ter sido o local onde Hipátia realizou suas observações e, portanto, escolhido pelos fanáticos de Cirilo como o local de sua disposição final. 
 
Aliás, João de Nikiu fornece um detalhe curioso: 
“E depois disso uma multidão de crentes em Deus se levantou sob a direção de Pedro, o magistrado, e eles continuaram a procurar a mulher pagã que havia enganado o povo da cidade e o prefeito com seus encantamentos. E quando souberam o lugar onde ela estava, foram até ela e a encontraram sentada em uma cadeira (alta)...” 
Essa referência a uma cadeira alta pode sugerir que Hipátia estava envolvida em observações astronômicas? Parece uma interpretação possível. 
 
Cirilo tornou-se bispo em outubro de 412 e tinha uma ameaça potencial a enfrentar em 414. A lua cheia da Páscoa Romana ocorreu em 20 de março (sexta-feira), e Roma celebrou a Páscoa em 22 de março (Mosshammer 2008). Se Cirilo usou as tabelas (Neugebauer 1979), então a lua cheia da Páscoa Alexandrinense foi em 21 de março (sábado) e Alexandria também poderia ter comemorado a Páscoa em 22 de março. Isso poderia ter sido realmente um feliz acidente — 20 de março era um dia proibido para a lua cheia de Páscoa no calendário alexandrinense, para que os alexandrinenses pudessem reclamar sobre o cálculo romano — embora provavelmente estivessem satisfeitos com o resultado. 
 
Ainda assim, tal evento poderia ter soado alarmes na sociedade alexandrinense, levando Hipátia a investigar a causa do problema. É provável que o tenha feito por iniciativa do prefeito da cidade — daí a observação de que “ela tinha conversas frequentes com Orestes”. Embora as Páscoas nos anos 415 (11 de abril) e 416 (2 de abril) estivessem longe do equinócio e não estivessem sujeitas a qualquer controvérsia, suas investigações e um relatório ao prefeito em 415 poderiam ter levado a mais alarme na cidade, e suas conclusões em 416 poderiam ter sido a gota d'água. 
 
Motins religiosos em Alexandria c. 417 d.C.
 
A fonte mais importante (se não a única) sobre o confronto cristão-judaico de 417 em Alexandria, novamente, é Sócrates (cap. 13). Ele não dá tempo preciso, mas a ordem de sua narração parece colocar o primeiro motim em algum momento entre a ascensão de Cirilo a bispo (412) e o assassinato de Hipátia. 
 
Existe uma conexão astronômica entre as datas da Páscoa e do Pêssach. ² A Páscoa deveria cair na primeira lua cheia da primavera; a lua cheia da Páscoa é um análogo cristão direto. Portanto, a violência cristão-judaica em Alexandria na época do assassinato de Hipátia poderia ter a mesma causa: em 417, a Páscoa Judaica cairia em 17 de março, de acordo com a lua cheia da Páscoa Romana. 
 
Ao ler Sócrates, Bright (1860) chegou a resumir a situação da seguinte forma: “Se não houvesse ataque às sinagogas, sem dúvida não haveria nenhum assassinato de Hipátia”. Embora isso pareça apenas um palpite, vamos desenvolver a ideia. Primeiro, argumento que a Igreja Romana e os judeus fixaram a lua cheia e a Páscoa na mesma data, 17 de março. Na minha opinião, essa coincidência com as datas romanas poderia ter sido entendida tanto como real quanto infeliz pelo clero alexandrinense. Esta poderia ter sido a verdadeira razão da violência contra os judeus alexandrinenses. 
 
Em 417, os judeus alexandrinenses celebraram seu Pêssach em 17 de março, ou pelo menos pretendiam celebrá-lo nessa data, de acordo com uma evidência da data de realização de uma Ketubah (contrato de casamento) de outra cidade egípcia, Antinoópolis (Stern 2001). Uma carta de Paschasinus, um bispo da cidade Lilybæum, na Sicília, ao Papa Leão Magno, escrita na véspera da controversa Páscoa de 444, menciona a Páscoa de 417: “No 11º consulado de Honório augusto e no segundo de Constâncio, para evitar ter a Páscoa em 22 de abril, eles [romanos] celebraram-na em 25 de março.” O 11º consulado de Honório augusto e o segundo de Constâncio foi em 417. Para a Páscoa romana cair em 25 de março com Luna XXII (Krusch 1880, Mosshammer 2008) significa que a lua cheia da Páscoa Romana teve que cair em 17 de março. Paschasinus diz ainda que os alexandrinenses ainda a celebravam em abril e, além disso, conta uma história milagrosa que confirmou 22 de abril como o dia correto para a Páscoa. 
 
Alguns anos depois, essa polêmica repercutia em uma carta do bispo alexandrinense Proterius, às vésperas de outra controversa Páscoa, em 455 (Krusch 1880). A passagem a seguir é a mais notável: 
“Mas alguns, ignorantes da sutileza do cálculo, foram induzidos a erro pelas mentiras judaicas, isto é, a pensar que celebramos no segundo mês quando estendemos a Páscoa tão longe... Os judeus são tão ignorantes da Páscoa quanto de Deus. Eles muitas vezes retrocedem do primeiro mês e observam a Páscoa no décimo segundo.” (Krusch 1880, Jones 1943). 
A frase “alguns ignorantes da sutileza do cálculo” nesse contexto poderia se referir apenas aos romanos, ou melhor, ao próprio Papa. O problema que Protério identifica com as “mentiras judaicas” é o de celebrar a Páscoa no segundo mês e não no primeiro, ou seja, o equinócio alexandrinense é deslocado para que a Páscoa seja celebrada tarde demais no ano. 
 
As palavras escolhidas por Proterius revelam raiva e uma ameaça velada. Tal raiva sugere algum tipo de problema de longo prazo, talvez porque essa correlação entre os calendários romano e judaico em várias ocasiões tenha provocado uma suspeita arraigada entre o clero alexandrinense no século V. Se assim for, a Igreja Alexandrinense, e provavelmente o bispo Cirilo, poderia ter percebido uma conspiração por trás da posição de Hipátia — Orestes, Roma e os judeus alexandrinenses, sobre essas datas. Como a Igreja alexandrinense não era suficientemente poderosa para prejudicar Roma diretamente, ela provocou ataques às duas outras partes e ao prefeito, um representante do Império em geral.
 
Conclusão 
 
Apresentei uma reconstrução original do que poderia ter acontecido em Alexandria por volta de 417. Desconhecendo a refração atmosférica, Hipátia poderia ter calculado mal o tempo do equinócio vernal, colocando-o pelo menos dois dias antes e pelo menos quatro dias mais cedo do que a data calculada pela Igreja Alexandrinense. Sua lógica aparentemente simples ameaçava a supremacia da Igreja Alexandrinense sobre a data da Páscoa, porque levava à mesma data do cálculo romano. Como consequência, os fanáticos cristãos alexandrinenses seguidores do bispo Cirilo a assassinaram. Suspeitando que a comunidade judaica estivesse conspirando com Roma sobre a escolha da lua cheia da Páscoa em 417, a multidão cristã atacou também a comunidade judaica alexandrinense. 
 
Crédito deve ser dado a Hipátia por ter ido além dos limites sufocantes da Sintaxe de Ptolomeu. Mas ela certamente exagerou sua autoridade em astronomia observacional. Embora a rivalidade do calendário na Antiguidade sempre levasse aos confrontos mais violentos, o status da Sintaxe de Ptolomeu como autoridade astronômica em Alexandria contribuiu muito para esse efeito. 
 
As conjeturas descritas aqui oferecem questões sobre o estado da astronomia e a qualidade dos relógios na Alexandria do século V. Uma nota histórica também é relevante. O ano de 2010 está separado de 414 por 1.596 anos, exatamente três ciclos de 532 anos (dionisíacos). Aliás, também são oitenta e quatro ciclos de 19 anos (alexandrinenses) e dezenove ciclos de 84 anos (romanos). Portanto, todos os eventos de calendário relacionados à Páscoa em 416, incluindo Quaresma, motim, assassinato e assim por diante cairão nos mesmos dias da semana e datas em 2012. Esta é a primeira ocasião desse tipo desde 416. Portanto, será justo comemorar a morte de Hipátia no ano 2012, em 21 de março, de acordo com o calendário juliano, ou em 22 de março, de acordo com o calendário gregoriano (o calendário gregoriano proléptico estava apenas um dia atrás do juliano no século V).
 
BELENKIY, Ari: An astronomical murder?, Astronomy & Geophysics, Volume 51, Edição 2, abril 2010, pp. 2.9–2.13. Publicado em 01/04/2010.  ³

 
Rachel Weisz como Hipátia e Michael Lonsdale como seu pai Théon no filme Ágora da Sony Pictures de 2009. Situada em 391 d.C. no Egito romano, a história se concentra em um escravo que se volta para a maré crescente do Cristianismo na esperança de buscar a liberdade, enquanto também se apaixona por sua mestra, a famosa professora de filosofia e ateia Hipátia de Alexandria. (Newmarket Films)

 
Notas explicativas do tradutor/gerente do Blog do Braga 
 
¹ Membro da extrema divisão dos Arianos do século IV d.C. que declaravam que, por ter o filho de Deus sido criado, era diferente de Deus em essência. Tal doutrina foi pregada por Ário (250-336 d.C.), padre cristão de Alexandria, que afirmava ser Cristo a essência intermediária entre a divindade e a humanidade, negando-lhe o caráter divino e ainda desacreditando a Santíssima Trindade.  O termo "anomoean ou anomoian" é oriundo do adjetivo grego "anomoios", significando "diferente".
 
² Segundo o Macmillan Dictionary Online:
Páscoa (ou Easter em inglês): um domingo em março ou abril quando cristãos celebram o tempo em que Jesus Cristo morreu e ressuscitou de acordo com a Bíblia;
Pêssach (ou Passover em inglês): um festival religioso, também chamado Festa da Libertação, com duração de sete ou oito dias em março ou abril (dentro de nissan, primeiro mês do calendário judaico), durante o qual os judeus relembram o tempo que marca a saída do povo hebreu do Egito sob a liderança de Moisés. Pêssach começa com uma refeição especial.
A Páscoa judaica raramente coincide com a Páscoa cristã.
 
³ Posteriormente (talvez em 2016), Ari Belenkiy tem feito uma advertência a seus leitores, no site "History of Women Philosophers and Scientists", retificando sua posição exposta neste artigo. Em suas palavras: 
“No artigo de 2010 (Astronomy & Geophysics, 51 (2), 9-13), eu sugeri que o assassinato da filósofa alexandrinense Hipátia por um grupo de fanáticos do bispo Cirilo foi o resultado do envolvimento dela no conflito entre as Igrejas Romana e Alexandrinense sobre a data da Páscoa no ano de 417 d.C. O assassinato teria sido cometido em março de 416 depois de ela ter realizado observações astronômicas controversas que apoiavam a data romana em desfavor da alexandrinense. 
Esta versão enfrenta problemas graves de vários lados. Portanto, no artigo de 2016 (Vigiliae Christianae 70 (4), 373-400), eu sugiro outro cenário, onde uma posição pouco ortodoxa da Igreja Novaciana sobre a determinação da época da Páscoa e a celebração da Páscoa antecipada em 414 desencadeou a cadeia de eventos que levou ao assassinato de Hipátia. Esse cenário situa o assassinato em março de 415 e oferece um prazo único para todos os eventos relacionados. Aqui Hipátia exibe habilidades de astronomia que justificam sua reputação histórica subsequente. Também lancei luz sobre as circunstâncias imediatas de seu assassinato, sugerindo especificamente que ele aconteceu no dia em que ela estava fazendo as observações equinociais. 
Finalmente, propus instituir um dia memorial para Hipátia no dia do equinócio vernal: Link: https://www.change.org/p/canada-s-parliament-commemorating-the-first-female-astronomer-hypatia-of-alexandria 
 
Agradecimentos
 
Obrigado a Reinhold Bien (Heidelberg), Joan Griffith (Annapolis, MD), Axel Harvey (Montreal), Larry Horwitz (Tel-Aviv), Jan Kalivoda (Praga), Yaqov Loewinger (Tel-Aviv), Philipp Nothaft (Munique), Tom Peters (Amsterdã), Giancarlo Truffa (Milão), Eduardo Vila-Echagüe (Santiago, Chile) e Yaakov Zik (Haifa).
 
O gerente do Blog do Braga agradece à sua amada esposa Rute Pardini Braga a formatação e edição das fotos utilizadas neste ensaio.
 
Referências 
 
Belenkiy A., Culture and Cosmos, 2002, vol. 6 (pp. 3-22)
 
Berggren J L., Metascience, 2009, vol. 18 (pp. 93-97)
 
Bright W., History of the Church from 313 to 451, 1860, vol. vol. III p. 275 Oxford and London
 
Cameron A., Greek, Roman, and Byzantine Studies, 1990, vol. 31 (pp. 103-127) 
 
Campbell P J. & Grinstein L S., Women of Mathematics: a Bio-Bibliographic Sourcebook, 1987
 
Deakin M B., Hypatia of Alexandria: Mathematician and Martyr, 2007 Prometheus Books 
 
Delambre J B J., Histoire de L'Astronomie ancienne, 1817 
 
Dzielska M, Lyra F. , Hypatia of Alexandria, 1995 Harvard University Press 
 
Hoche R., Philologus, 1860, vol. 15 
 
Jones C W., Bedae: Opera De Temporibus, 1943 p. 59 
 
Krusch B., Studien zur christlich-mittelalterliche Chronologie. Der 84jahrige Ostercyclus und seine, 1880 
 
Mahan A I., Appl. Opt., 1962, vol. 1 (pp. 497-511) 
 
Meeus J., Astronomical Algorithms, 1991 Willmann-Bell Richmond 
 
Mosshammer A., The Easter Computus and the Origins of the Christian Era, 2008 Oxford University Press 
 
Neugebauer O., Am. J. Philology, 1941, vol. 62 (pg. 344-347) 
Neugebauer O., Oriens Christianus, 1979, vol. 63 (pg. 87-102) 
 
Newton R R., The Crime of Claudius Ptolemy, 1977 Johns Hopkins University Press 
 
Rome A., Proceedings of the International Congress of Mathematicians, 1950, vol. I (pg. 209-219) 
 
Ross H E., Perception, 2000, vol. 29 (pg. 863-871) 
 
Seeck O., Geschichte des Untergangs der antiken Welt appendix, 1921 (pg. 404-5) 
 
Stern S., Calendar and Community, 2001 Oxford (pg. 137-9) 
 
Toomer G J., Ptolemy's Almagest, 1998 Princeton University Press 
 
Van Der Waerden B L., Science Awakening, 1956 pg. 478 
 
Wernsdoff J C., de Hypatia, philosopha Alex. diss., 1748 
 
Wolf S., Hypatia, die Philosophin von Alexandrien, 1879 pg. 38

5 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Prezad@,
Para a série dedicada a HIPÁTIA DE ALEXANDRIA, o Blog do Braga apresenta a tradução de UM ASSASSINATO ASTRONÔMICO?, texto da autoria de ARI BELENKIY, nascido em Kharkov (Ucrânia), matemático e historiador, ex-professor de Matemática e Estatística na Universidade Bar-Ilan (Israel) e atualmente ensinando Estatística no BCIT e na Universidade Simon Fraser (Canadá). No seu artigo, Belenkiy examina o assassinato de Hipátia de Alexandria, perguntando-se se problemas com observações astronômicas e a data da Páscoa a levaram a se tornar vítima de intrigas políticas do século V. Mais especificamente, sugere que o assassinato da filósofa alexandrinense Hipátia por um grupo de fanáticos do bispo Cirilo foi o resultado do envolvimento dela no conflito entre as Igrejas Romana e Alexandrinense sobre a data da Páscoa no ano de 417 d.C. O assassinato teria sido cometido em março de 416 (sic), depois de ela ter realizado observações astronômicas controversas que apoiavam a data romana em desfavor da alexandrinense.

Link: https://bragamusician.blogspot.com/2022/10/hipatia-de-alexandria-parte-4.html

Cordial abraço,
Francisco Braga

Marcelo Miranda Guimarães (escritor, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de MG e presidente do Museu da Inquisição em Belo Horizonte) disse...

Obrigado, Francisco , por esta tradução que trata de um tema tão rico.
Se os pais da Igreja católica não tivessem mudado a data da páscoa judaica, 14, dia do mês de Aviv ou Nissan (Ex 12), não teria havido tanta confusão e até mesmo o assassinato. Urge que a igreja cristã volte para as Escrituras Sagradas.
Forte abraço e até dia 12.11 em Mariana,
Marcelo

Eduardo Oliveira (ex-seminarista salesiano, organizador e facilitador de encontros) disse...

Bom dia, amigo!
Agradeço todas as informações e textos riquíssimos que manda.

Muito obrigado.
Fica com Deus

Com Dom Bosco sempre

edu

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga!

Curioso estudo de Ari Belinkiy! O caso é representativo das relações entre Ciência e Crença, entre Religião e Poder. Curiosa também a importância institucional da Astronomia na Antiguidade, cujo paralelo pode ser representado pela hegemonia que tem hoje a Economia. É de se notar, aliás, que as datações oficiais no Ocidente que têm seu início no calendário "Anno Domini", foram calculadas pelo matemático e também astrônomo Dionísio cerca de um século após a morte de Hipátia.
Grato. Cumprimentos.

Cupertino

Gilberto Mendonça Teles (autor de O terra a terra da linguagem e Hora Aberta-Poemas Reunidos e é membro da Academia Goiana de Letras) disse...

Obrigado.
Gilberto Mendonça Teles