Tchékhov, autor de A Gaivota - ✰ Taganrog (1860) - ✞ Badenweiler, 1904 |
Elvia Bezerra, pesquisadora de literatura brasileira e colaboradora do IMS-Instituto Moreira Salles, teve acesso a 55 cadernos do escritor, cronista e poeta mineiro Paulo Mendes Campos (PMC), ali existentes. Segundo ela,
"o cuidado com que Paulo Mendes Campos conservou esses documentos deixa clara a importância que tiveram na sua vida pessoal e, acima de tudo, literária. Ali ele registrou lembretes do cotidiano e poucas, mas valiosas, notas biográficas. O que ressalta são as anotações de ideias para desenvolver em crônicas; de frases, dele e de outros; planos de antologias; fichamentos de leituras (...), como os de um estudante aplicado, sendo ele um erudito. E listas: de personagens da literatura universal; de personagens bêbados da literatura universal; listas e listas das naturezas mais diversas."
I. CADERNO DE TCHÉKHOV
Interessou-me especialmente o caderno sob o registro 039108, denominado "Caderno de Tchékhov", cujas primeiras 8 páginas são dedicadas a citações e um texto de Tchékhov, onde o cronista mineiro reuniu várias frases do dramaturgo e contista russo, inclusive um trecho da peça teatral A Gaivota, que figura no referido caderno na forma de longo monólogo do personagem Trigórin constante do Ato II.
Sobre o Caderno de Tchékhov, Elvia Bezerra anota suas lúcidas observações:
"Não é só pelo fato de Paulo Mendes Campos ter um caderno de estudo do idioma russo que nos permitimos chamá-lo erudito. Em outros itens semelhantes de seu acervo já impressiona a disciplina com que ele estudava poesia, história, obras, personagens da literatura universal, ou simplesmente palavras: curiosas, incomuns, sonoras — palavras. Fez listas e listas de naturezas diversas, em ordem alfabética, resultado de estudo e pesquisa. Lexicógrafo nato (...)."
Na última página do "Caderno de Tchékhov" (p. 158), apresenta-se o índice temático com os correspondentes assuntos tratados, assim dispostos:
escritor e dramaturgo Tchékhov (p. 1-8)
arquiteto americano Lloyd Wright (p. 9-14)
Pinturas modernas (p. 15-26, cont. 107)
Rio de Janeiro (p. 27-28, cont. 95 e 121)
Da Vinci (p. 29)
escritor James Thurber (p. 33)
poeta Jacques Prévert (p. 49)
Nova série: cidades, regiões (p. 51)
Sabino (p. 53)
Exultações de W. W. (p. 55)
dramaturgo francês Molière (p. 61)
Ideias de ocasião (p. 81)
Nacionalidades (p. 89)
poeta, contista e romancista inglês Walter de la Mare (p. 91)
romancista irlandês Liam O'Flaherty (p. 92)
poeta inglês William Henry Davies (p. 92)
escritor inglês D. H. Lawrence (p. 93)
poeta/dramaturgo/escritor irlandês Yeats (p. 93)
atriz, cantora e dramaturga norte-americana Mae West (105)
Rita (106)
Dança (113, cont. 128)
zoólogo, etólogo e ornitólogo vienense Konrad Lorenz (130)
Não incluído nesse índice, há um longo texto bíblico sobre São João Evangelista, da página 76 a 81.
Em geral, o caderno também traz extensa bibliografia sobre os textos de cada escritor selecionados pelo cronista mineiro.
Segundo a pesquisadora e colaboradora do IMS, o conjunto de citações de Tchékhov, junto às de outros autores, deu origem à crônica de Paulo Mendes Campos, intitulada "Como disse o homem", publicada no Jornal do Brasil, edição de 16 de agosto de 1987 e reproduzida abaixo, também fazendo parte do livro O amor acaba, de 1999.
II. CITAÇÕES DE TCHÉKHOV (pp. 1-6 do Caderno de Tchékhov)
É indispensável neste mundo permanecer indiferente. (Anotação de 4/5/1889)
Na minha infância não tive infância.
Desde minha infância, acreditei no progresso, e como poderia não acreditar, dada a enorme diferença entre a época em que me batiam e a época em que deixaram de me bater. ¹
As mulheres são antipáticas, porque são injustas, porque o senso de justiça não lhes parece ser natural. A amizade é superior ao amor. Meus amigos me amam, eu os amo e, através de mim, eles se amam. Mas o amor faz inimigos aqueles que amam a mesma mulher.
Mesmo no casamento, a amizade é preferível ao amor.
Ao vir a primavera, desejo terrivelmente que no outro mundo haja um paraíso.
Parece-me que tudo deve transformar-se pouco a pouco sobre a terra, que já se transforma aos nossos olhos. Em 200 ou 300 anos, talvez em mil anos, haverá uma vida nova feliz.
Eu me aborreço. Não no sentido da nostalgia da vida, mas, simplesmente, sem homens inteligentes, sem a música que eu amo e sem mulheres, sem caviar e sem chucrute.
Na criatura humana, tudo deve ser belo, a fisionomia, as roupas, a alma e o pensamento.
Em todo ser humano, a vida verdadeira, em sua parte mais interessante, desenrola-se acobertada pelo segredo. Cada existência pessoal é baseada sobre o segredo.
A medicina é minha mulher legítima, a literatura a minha amante. Quando uma me aborrece, vou passar a noite com a outra. (Carta a Madame M. V. Kiselyova em 11/9/1886)
A anatomia e as belas letras têm uma origem igualmente nobre, os mesmos fins... e não têm razão alguma de se guerrearem.
Agora, à véspera da morte, como há 20 ou 50 anos, continuarei acreditando que a ciência é a coisa mais importante, a mais bela e a mais necessária da vida humana, que ela sempre foi e será sempre a mais alta manifestação de amor; graças a ela, o homem chegará a uma vitória sobre a natureza e sobre si mesmo. (A Estepe)
Quem possui o método científico, este sente na alma que um trecho de música e uma árvore têm algo de comum, que tanto um quanto o outro são criados conforme leis semelhantemente lógicas e simples. (Novembro de 1888)
O que é preciso é trabalhar, trabalhar, e que o resto vá para o diabo que o carregue! O importante é ser justo, e o resto virá por si mesmo.
Só os imbecis e os charlatães tudo compreendem e sabem. (A dama do cachorrinho)
Dia e noite, sou perseguido pela mesma ideia obsedante e devo escrever, devo escrever, devo escrever... Oh, que vida estúpida! (A Gaivota)
Estou comovido a teu lado e vejo esta nuvem que passa e que tem a forma de um piano. Penso imediatamente: é preciso mencionar em algum lugar de meu conto uma nuvem que tem a forma de um piano. (A Gaivota)
O amor poético parece tão desprovido de sentido como um bloco de neve que degringola estupidamente da montanha e esmaga homens. Mas, quando se escuta música, tudo parece majestoso e sereno, e mesmo o bloco de neve não mais parece estúpido, pois tudo tem seu sentido na natureza. E a gente dá absolvição a todas as coisas, e seria estranho não querer dá-la.
A felicidade e a alegria não estão nem no dinheiro, nem no amor, mas na verdade.
Tudo o que os velhos não podem mais fazer é proibido ou tido por censurável.
Os velhos são presunçosos e odientos.
Não sou nem um liberal, nem um conservador... Meu santo dos santos é o corpo humano, a saúde, a inteligência, o talento, a inspiração, o amor e a liberdade mais absoluta. (Carta a A. N. Pleshtcheyev em outubro de 1889)
Amo a natureza e a literatura, amo as mulheres bonitas e odeio a rotina e o despotismo. Não só despotismo político. Qualquer despotismo, onde quer que se manifeste.
No meu livro lutarei sobretudo contra as condenações perpétuas, nas quais vejo a fonte de todos os males.
Entre "Deus existe" e "Deus não existe" estende-se um campo imenso que o verdadeiro sábio atravessa penosamente. Mas o homem russo só conhece um destes dois extremos, e o que se encontra no meio não lhe interessa. Isso porque ele não sabe nada, ou muito poucas coisas.
É preciso ser claro intelectualmente, puro moralmente, e limpo fisicamente.
Que é a vida? É como se me perguntasses: Que é uma cenoura? Uma cenoura é uma cenoura, e nada mais se pode dizer. (A Gaivota)
Agora compreendi com formigas, com o meu cérebro, com a minha alma que tanto sofreu, que o destino do homem ou bem não existe de todo, ou só existe numa única coisa: meu amor cheio de abnegação pelo próximo.
Não fazemos mais que falar de amor, e que ler sobre o amor... e amamos tão pouco!
A mulher intelectual distingue-se por sua falsidade.
Se você teme a solidão, não se case! (As Três Irmãs)
OBS.: As citações em itálico/negrito são as que até agora tenho identificado nas obras de Tchékhov, acompanhadas de minhas indicações, entre parênteses, das suas fontes em que se localizam.
III. Monólogo de Trigórin na peça A Gaivota, Ato II ² (pp. 6-8 do Caderno de Tchékhov)
Trigórin (a Nina): Você está pisando, como dizem, no meu calo de estimação e estou começando a ficar inquieto e meio contrariado. Mesmo assim, vamos conversar. Vamos falar sobre a minha grande, gloriosa vida... Bem, por onde começaremos? (Reflete um pouco.) Existem ideias obsedantes, que compelem um homem a permanecer noite e dia a pensar, por exemplo, na Lua; e, também eu tenho a minha lua. Dia e noite sou esmagado por uma ideia fixa: preciso escrever, preciso escrever, preciso... Mal terminei uma longa história, quando preciso de qualquer modo escrever uma outra, depois uma terceira, depois da terceira uma quarta. Escrevo sem parar e não posso deixar de fazer isso. Onde está nisso o esplendor e a glória? — eu lhe pergunto. Oh, que vida mais doida!
Aqui estou agora com você, estou contrariado, e, no entanto, me lembro que uma história inacabada está me esperando. Vejo uma nuvem parecida com um piano. Acho que devo mencionar num conto que passava uma nuvem que parecia com um piano. Sinto um aroma de heliotrópio. Imediatamente registro no meu cérebro: um aroma enjoativo, uma flor de viúva, para ser mencionado numa descrição de uma noite de verão. Eu interrompo você e interrompo a mim mesmo a cada frase, a cada palavra, e vou logo trancar essas frases e essas palavras do meu depósito literário. Elas podem vir a ser úteis! Quando paro de trabalhar, corro para o teatro ou vou pescar. Aí devo achar descanso e esquecer de mim mesmo, mas nada: já um novo tema salta na minha cabeça — e já estou empurrado para a escrivaninha, e preciso começar logo a escrever, a escrever... E isto não tem fim, e não descanso de mim, e sinto que estou devorando minha própria vida: que, pelo mel, que estou dando a alguém no escuro, estou despojando o pólen de minhas melhores flores, arrancando essas próprias flores e espezinhando as suas raízes. Não sou um louco? Meus amigos e conhecidos me tratam como tratam as pessoas normais? "Que você está escrevendo agora? Que surpresa você está escondendo de nós?" Sempre a mesma coisa, e me parece que a atenção dos conhecidos, seus elogios, admiração — que tudo isso é pura enganação — sou enganado por eles como se engana um doente, e às vezes receio que eles vão me agarrar de repente pelas costas e me carregar para um hospício. E naqueles anos, os da juventude, os melhores anos, quando eu estava começando, a minha vida de autor era uma permanente tortura. Um iniciante, especialmente quando não tem sorte, parece a si mesmo canhestro, inepto, supérfluo. [Tem os nervos sempre em frangalhos, mas não desiste de gravitar à volta da gente da literatura e das artes — ignorado e desprezado por todos; chega a temer olhar dentro dos olhos dos outros, como um jogador viciado que não tenha dinheiro.] Não vi o meu leitor, mas, de certo modo, em minha imaginação, ele me parece hostil. Temo o público, me assusta [a audiência num teatro — e sempre que qualquer peça minha era levada à cena, eu imaginava que as pessoas de cabelo escuro me eram hostis, enquanto as de cabelo claro me eram friamente indiferentes.] Era horrível!
Nina: Mas, decerto, a inspiração e o processo de criação em si mesmo lhe proporcionam momentos felizes?
Trigórin: Sim. Quando escrevo sinto prazer. E ler as provas também é agradável... mas, mal a obra é publicada, não posso mais suportá-la. (Rindo) E o público lê [e depois diz]: "É bonito, inteligente, mas abaixo de Tolstói." Depois que eu morrer, conhecidos, passando por minha sepultura, vão dizer: "Aqui jaz Trigórin. Bom escritor, mas não escrevia tão bem quanto Turguêniev."
OBS.: Os textos entre colchetes correspondem à minha proposta de completar as passagens de Tchékhov, que foram, por alguma razão, omitidas por PMC.
IV. CRÔNICA: COMO DISSE O HOMEM
Por Paulo Mendes Campos
Que sei eu? A vida é um sonho: ao dormir, estamos despertos, e ao
despertar, adormecemos. Nada torna um homem mais temível, mais
implacável, do que a faculdade de ver as coisas. Melhor nada dizer que
deixar de dizer o necessário. O mais importante na vida é não ter
morrido. Amo a vida, mesmo quando a odeio. Se tivesse sido consultado,
não teria desejado vir ao mundo, mas, já que aqui estou, vou demorar-me
tanto quando possível. Viver é nascer lentamente. O homem procura a sua
densidade, e não a sua felicidade. A consciência é uma doença. Ter um
corpo é a grande ameaça para o espírito.
Parece que cada um de nós tem duas vontades sempre opostas entre si: ao
mesmo tempo, queremos e não queremos; condenamos e aprovamos; buscamos e
fugimos; amamos e aborrecemos. O teu olho é a luz do teu corpo. Se o
teu olho for simples, todo o teu corpo será luminoso. Tudo é dança.
Todas as épocas que compreenderam o corpo humano, cultivaram e veneraram
a dança. Na criatura humana tudo deve ser belo: a fisionomia, as
roupas, a alma e o pensamento. O mistério é a fonte de toda a verdade e
de toda a ciência. O homem pode decerto fazer o que ele quer, mas não
pode decidir o que ele quer. É preciso sacudir a vida; do contrário, ela
te rói. Tem sido, há muito, o meu axioma que as pequenas coisas são
infinitamente as mais importantes. Tudo flui, nada permanece parado.
Nós que vivemos em países civilizados densamente povoados, especialmente
nas grandes cidades, já não percebemos a falta que nos faz o calor da
afeição humana. Quando estou no campo, gosto de vegetar com o campo.
Jamais aconteceu, no decurso da minha vida, uma felicidade inesperada,
um bem que não tivesse de conquistar.
Suave é a noite. A noite é a única coisa que a gente tem: é minha, é
tua; o dia não é de ninguém. De dia, eu faço, mas de noite eu sonho.
Minha terra é o mundo. Adoro conversar sobre rios, peixes e pescarias.
Não sei como sou para o mundo, mas, para mim mesmo, acho que não passo
de um garoto brincando na praia, enquanto o grande oceano permanece
desconhecido diante de mim. Minha face é a prisão do amor.
É preciso que ajudemos uns aos outros: é a lei da natureza. Sou um
homem: creio que nada do que é humano me é estranho. Nasci povo, tinha o
povo no coração. Não fazer o bem é pecar. Fico desesperado com os atos
de violência juvenil. Ser homem é precisamente ser responsável.
Liberdade quer dizer responsabilidade: é por isso que a temem quase
todos. Será que a liberdade é uma bobagem?... Será que o direito é uma
bobagem? Ser moço é uma carga muito dura, que só se aguenta porque moço
tem força e resistência. Sê pródigo de ti: a lâmpada noturna esgota o
seu óleo para dar luz ao mundo. O mundo só será salvo, se puder sê-lo,
pelos insubmissos. O importante não é o que fizeram de nós, mas o que
fazemos de nós mesmos daquilo que fizeram de nós. Que me importa a minha
vida! Quero apenas que ela reste, até o fim, fiel ao menino que fui. O
homem sucumbirá pelo excesso daquilo que chama civilização. Nós, as
civilizações, sabemos agora que somos mortais.
Quem dirá que eu não vivo satisfeito? Eu danço! Se há alguma coisa
sagrada, o corpo humano é sagrado. Continuo puro: a cópula, a meu ver,
não é mais grosseira do que a morte. Ver, ouvir, pegar são milagres; e
cada partícula de mim mesmo é um milagre. Pedimos água, mas também
pedimos comunicação. Não sei viver fora do amor. Saberei dizer amém a
tudo o que possa acontecer. A beleza é a verdade.
São oito os pecados mortais do homem civilizado... oito processos que
ameaçam destruir não só a civilização, mas o ser humano como espécie:
superpopulação, devastação do ambiente, corrida do homem contra si
mesmo, declínio de sentimentos e emoções, decadência genética,
rompimento com a tradição, doutrinação da espécie humana, armas
nucleares.
O importante é ser justo, que o resto virá por si mesmo.
Que é a vida? É como se me perguntasses: que é uma cenoura? Uma cenoura é
uma cenoura, e nada mais se pode dizer.
Eu sou este mundo e como este mundo. Não há felicidade inteligente. A
felicidade é um dom. Que sei eu!
♧ ♧ ♧
Este monólogo foi composto com frases das seguintes fontes: Bíblia,
Upanishads, Mário de Andrade, I. Walton, I. Newton, Montaigne, La
Fontaine, da Vinci, Ortega, J. Rostand, Malherbe, Valéry, Menandro, Gide,
Fabre, Sartre, Michelet, Proust, E. Serna, Pasolini, Shaw, Whitman, Marx,
Bernanos, Ovalle, Tchékhov, Matias Aires, Rachel de Queiroz,
Shakespeare, C. Doyle, Stendhal, Saint-Exupéry, Hazlitt, K. Lorenz,
Heráclito.
Fonte: Jornal do Brasil, Caderno B Especial, edição de 16/8/1987
V. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Eis a tradução de Tchékhov sobre sua infância dada em uma carta a seu editor e amigo Alexei Suvórin: "Desde minha infância eu acreditei no progresso, e eu não poderia deixar de acreditar nele, uma vez que a duração entre a época em que eu costumava ser maltratado e quando eles desistiram de me maltratar foi tremenda." Carta a Suvórin, 27 de março de 1984. Cf. GARNETT, Constance. Letters of Anton Chekhov (...)
² Em outubro de 1981, como uma homenagem ao grande mestre russo, Tennessee Williams (1911-1983) produziu sua própria versão do drama A Gaivota (1895), de Anton Tchékhov, intitulada Os Apontamentos de Trigórin. Uma adaptação livre de A Gaivota, de Antón Tchékhov (The Notebook of Trigorin. A free adaptation of Anton Chekhov’s The Seagull). A peça foi produzida pela primeira vez pelo Vancouver Playhouse. Trata-se talvez da última peça importante de Williams há muito esquecida. No entanto, Williams era conhecido como um escritor incorrigível. Ele fundia repetidamente uma obra em outra ou transformava obras escritas anteriormente (geralmente peças de um ato ou contos) em peças completas.
A Gaivota, de Tchekhov, era sua peça favorita. Ele próprio era frequentemente apelidado de «Tchékhov americano». Os personagens — dois roteiristas e duas atrizes — o atraíam imensamente, e o tema da peça — a luta do artista contra a indiferença da sociedade — refletiu sua própria experiência na época.
Mesmo depois do grande sucesso de Um Bonde Chamado Desejo de 1947 transformado em filme por Elia Kazan, Williams continuou obcecado por A Gaivota.
VI. BIBLIOGRAFIA
BEZERRA, Elvia: Caderno de Tchekhov: Paulo Mendes Campos
–––––––––-–––––: Caderno de erudito: Paulo Mendes Campos
Link: https://ims.com.br/por-dentro-acervos/caderno-de-erudito-paulo-mendes-campos-por-elvia-bezerra/
–––––––––––––––: Caderno de lirismo: Paulo Mendes Campos
BRANDÃO, Fiama Hasse Pais (trad.): A Gaivota de Anton Tchekov
COMUNA TEATRO DE PESQUISA: Os Apontamentos de Trigórin (Autor: Tennessee Williams: Adaptação livre de "A Gaivota" de Anton Tchekhov
GARNETT, Constance (trad.): Letters of Anton Chekhov to his family and friends with biographical sketch, New York: The Macmillan Company, 1920, 416 p.
WILLIAMS, Tennessee: The Notebook of Trigorin: A Free Adaptation of Anton Chekhov's The Seagull, New York: New Directions Publishing, 1997, 98 p.
8 comentários:
Prezad@,
O presente trabalho foi pensado a partir de informações fornecidas pela pesquisadora de literatura brasileira e colaboradora do IMS-Instituto Moreira Salles, Dra. Elvia Bezerra, que teve acesso a 55 cadernos do escritor, cronista e poeta mineiro PAULO MENDES CAMPOS (1922-1991), ali existentes. Interessou-me especialmente o CADERNO DE TCHÉKHOV, onde o escritor mineiro reuniu várias frases do dramaturgo e contista russo ANTON TCHÉKHOV (1860-1904), inclusive um trecho da sua peça teatral A GAIVOTA (1895). Servi-me desse precioso material de pesquisa para oferecer minha modesta contribuição a fim de seu possível enriquecimento.
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2023/05/paulo-mendes-campos-e-tchekhov.html 👈
Cordial abraço,
Francisco Braga
Foi com grande alegria que li as anotações de Paulo Mendes Campos, isso porque tive a glória de almoçar com ele, no Leblon, várias vezes e aprendi muito nas conversas. Infelizmente, no final da vida, estava alcoólatra e só se podia ter acesso à sua sensibilidade e inteligência até as 10h da manhã, momento em que sua mulher, americana ou inglesa de nascimento, vinha buscá-lo no restaurante, com extrema paciência e elegância. Boas lembranças! Abs!
Prezado Francisco Braga,
Li as anotações de Élvia que você transcreveu e me detive nas personagens ébrias para lhe contar um episódio com o Paulo Mendes Campos. Estivemos juntos num congresso em Fortaleza e, na volta, ele entrou no avião com duas garrafas de uísque, que foi distribuído à vontade aos participantes que se interessassem, Pois bem, ele entrou com três, pois já havia bebido uma e foi meu vizinho numa poltona do avião. Sem mais comentário; Gilberto Mendonça Teles
Obrigado, Francisco. Textos muito interessantes. Gostei da ênfase ao valor da ciência exposta no primeiro texto.
Abraço.
MUITO BOM!
GOSTO DE CITAR FRASE DE PAULO MENDES CAMPOS: ANTIGAMENTE AS COISAS ERAM PIORES, DEPOIS FORAM PIORANDO...
É O BRASIL, SEMPRE.
ABS.
Prezado Francisco,
muito interessante este material sobre o Caderno de Tchekhov, de Paulo Mendes de Campos. Adorei ler a crônica, assim como as citações de Tchekhov escolhidas por Paulo Mendes de Campos. Gosto especialmente desta: "Que é a vida? É como se me perguntasses: que é uma cenoura? Uma cenoura é uma cenoura, e nada mais se pode dizer.» Genial, não é?
Um cordial abraço,
Elena
Caro professor Braga.
Fantástica leitura, com admiração pela notável sensibilidade literária e erudita de Paulo Mendes Campos !
Saudações !
Cupertino
Muito grata pelo precioso material sobre a obra de Paulo Mendes de Campos . Admirei seu jeito peculiar de colecionar textos, frases, e tudo que lhe parecesse interessante, para depois recriar tudo isso em suas produções. MARIA AUXILIADORA MUFFATO
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