quarta-feira, 14 de agosto de 2024

CONTE-ME UMA HISTÓRIA... SOBRE NICÓPOLIS (ou O ANTIGO CASTELO DE PRÉVEZA)

Por 8ª Escola Primária de Préveza (sob a orientação de Christina Merkoúri, Athiná Konstantáki e Roxáni Vlachopoúlou) *

Tradução do grego e autoria dos comentários por Francisco José dos Santos Braga

Resumo das ilustrações em todas as páginas do livro

À guisa de prefácio 

Em maio de 2011, no âmbito da participação da 33ª Repartição das Antiguidades Pré-históricas e Clássicas de Préveza-Arta ¹ na comemoração do Dia Internacional dos Museus, com o tema "Museus e memória", materializou-se no Museu Arqueológico de Nicópolis um programa educativo com o título "Conte-me uma história... sobre Nicópolis". No programa, que se dirigia a alunos das primeiras classes do Primário, participaram escolas da cidade de Nicópolis e Parga ². O objetivo do programa era conhecerem as crianças, por meio da contação, no espaço do Museu, de uma antiga e hoje esquecida história, que se liga a Nicópolis e a seu aqueduto. A história, conhecida também com o título "O velho Castelo de Préveza", foi transformada pelo poeta folclórico Kóstas Krystállis em poema bucólico. Esse poema, sem perder o seu caráter original, foi adaptado linguisticamente, de modo a ser compreensivo e acessível às crianças. Com base na história  poema e estímulos que são dados pelo percurso pelas salas do Museu, criou-se pelo conjunto dos cinquenta alunos uma série de pinturas, através das quais a fantasia infantil reanimou a história com cor e forma. O livro que tendes em mãos, separado por cada escola que participou, é uma criação de crianças. Esperamos que através dele não será esquecido O antigo castelo de Préveza
Préveza, 2011. 
 
¹ Ambas as cidades ficam a noroeste da Grécia, na província de Epiro. As ruínas da antiga cidade de Nicópolis ficam a 5 km a norte de Préveza, sobre uma pequena baía do Golfo de Arta, no Mar Jônico. Em 29 a.C., dois anos após sua vitória na batalha naval de Actium, na qual derrotou Marco Antônio e Cleópatra, o imperador Augusto Otaviano fundou uma nova cidade que chamou Nicópolis (Cidade da Vitória). As ruínas de Nicópolis, agora conhecida por Antiga Préveza, na área onde ocorreram os eventos da batalha naval de 31 a.C., incluem: 
• o monumento Actium de Augusto 
um teatro (com 77 fileiras de assentos) 
um Odeon 
imensas seções de muralhas originais 
um aqueduto (ruínas do aqueduto nas diversas formas de construção ainda são visíveis hoje, bem como o túnel romano do aqueduto de Nicópolis, talhado na rocha, e que servia de ligação entre a fonte e o aqueduto (recente pesquisa atribuiu sua construção a Hadriano, no século II d.C.; no século IV d.C., vários reparos foram empreendidos pelo imperador Juliano e finalmente em meados do século V d.C. o aqueduto parou de operar)
a ponte do aqueduto sobre a corrente do rio desde a fonte até ao Nymphaeum na cidade, onde era redistribuída
o Nymphaeum 
os banhos (thermae
o estádio, onde se realizavam os famosos Jogos Actianos, juntamente com um ginásio próximo, teatro e hipódromo.
Desde o início, Nicópolis foi designada como local para celebrar a festa dos "Actia". Antes de 29 a. C. era realizada no santuário de Apolo. 
 
Arta é conhecida pela sua antiga Ponte de Arta localizada sobre o rio Aracto, e pelo castelo do século XIII, um dos mais bem preservados da Grécia. 
 
² Antiga cidade da Grécia banhada pelo Mar Jônico, na qual existem ruínas de um castelo veneziano.
 
************************
 
A história que vou lhes dizer contava-a meu avô, que por sua vez disse que ficou conhecendo-a através do avô dele, quando moço em direção para os lados de Nicópolis. Um dia, então, encontrou-se com dois pastorzinhos, que pastoreavam seus rebanhos nos prados de Nicópolis. Não sabendo aonde ir, perguntou-lhes: 
Digam-me, crianças, aonde vai dar este caminho, porque não sou da terra. 
Ao antigo castelo, caminhante. Nas elevadas ruínas. Agora, contudo, anoitece; aonde vais caminhar sozinho? 
Talvez as rochas aqui sejam grandes e os precipícios muito altos, não são? 
Aqui não tem rochas, nem precipícios. Tem o fantasma do castelo. 
Dito isso, já escurecia e os dois pastorzinhos o convidaram vir com eles à sua cabana para uma refeição. Sentaram-se em volta da fogueira e o mais velho começa a contar a história sobre o fantasma do castelo. 
 
Era uma vez, na época que Cristo vivia na terra, governava em Nicópolis um rei famoso, cujo nome não sabemos. Esse rei governava bem e cuidava do seu povo. E tinha uma filha muito bonita, que outra não tinha nascido em todo o mundo. Menina pura como a gota de orvalho e bonita como a aurora. 
 
Quando cresceu a princesinha e tinha vinte anos, o rei quis casá-la. Enviou, então, mensageiros aos confins da terra para se apresentarem todos os príncipes perante sua linda filha. E aquele que for de seu agrado, que ela o tome por marido. 
 
Assim aconteceu. Em poucos dias chegaram a Nicópolis cem príncipes notáveis. A princesa os viu, mas nenhum lhe agradou. Finalmente vieram dois príncipes, que não pareciam com nenhum dos anteriores. Tinham uma estatura esbelta e demasiada coragem. 
 
Mal viu a princesa os moços, corou e achou-se em grande dilema, porque tinha se apaixonado pelos dois moços esbeltos. 
 
Qual, então, escolher para seu marido, pensava e derretia como cera. O rei viu a sua filha sofrer e para tirá-la da difícil situação, lhe disse: 
 
Minha filha, quero construir um alto castelo e levar as águas do rio à região. Nossos palacianos vão anunciar ao povo a minha definição. 
 
Que venham os moços. Que um comece o aqueduto, ou outro, o castelo. E amanhã, até que o sol se ponha, quem terminar primeiro se torne teu par. Daquele instante em diante os dois príncipes se puseram a fazer cada qual o seu trabalho. 
 
E os castelos de Nicópolis nasceram com grande pressa... mas também os trabalhos do grande aqueduto avançaram com ritmo veloz. 
 
Mas também o outro príncipe construía com demasiada arte as elevadas arcadas sobre o rio e aplainava o rochedo sobre o qual passaria a água. O que construía o castelo, até o meio-dia, tinha prontos e talhados os seus mármores. Mármores cortados profundamente, enormes. E quanto mais avançava o dia, tanto mais se construía o castelo. 
 
Ao por do sol o castelo se projetava alto e imenso, e brilhava como se fosse feito de cristal. Corre, então, o jovem para o palácio. Porém, no meio do caminho, lembra-se das ferramentas. O rei tinha dito que, retornando, deveria cada um trazer também as suas ferramentas. Faz uma parada, volta, pega as ferramentas e corre ao palácio num só fôlego. 
 
Mas no primeiro degrau, no mesmo instante chega também o outro jovem, que construía o aqueduto. Como estava pronto para subir, quer com um impulso ultrapassá-lo. O outro jovem estende a sua mão para impedir. Agarram-se, saem nos tapas e lutam com as ferramentas, ferozmente como leões. 
 
A linda princesa, que com susto esperava na janela em cima, para receber seu par, ao ver a briga deles, corre a separá-los, mas... não chegou a tempo. 
 
E assim, de pesar e desgosto, se fechou no seu castelo. E jurou pelo povo não sair do palácio. 
 
Um dia, depois outro dia, demoliu-se o castelo desabitado e nem a moça reaparece. 
 
Somente de noitinha, quando se põe o sol e acendem as estrelas, dos escombros e das ruínas do castelo dizem que ela sai vestida de branco, como fantasma, como espectro. 
 
Link: https://online.pubhtml5.com/xjzp/gupa/  👈  (texto em grego com ilustrações)

* Respectivamente, responsáveis pela Administração geral-coordenação; Realização de docência, administração dos textos e escolha das imagens; Administração gráfica.

7 comentários:

Francisco José dos Santos Braga disse...

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
Prezad@,
Tenho o prazer de apresentar ao leitor do Blog do Braga minha tradução do grego, de um texto redigido e ilustrado por alunos da 8ª Escola Primária de Préveza sob a orientação de três especialistas em Pedagogia.
O tema proposto às salas de aula era o de contarem uma história sobre Nicópolis, cidade fundada em 29 a.C. pelo imperador Augusto Otaviano em comemoração à batalha naval de Actium (em 31 a.C.) e cujas ruínas têm sido objeto das mais emocionantes pesquisas arqueológicas.

Link: https://bragamusician.blogspot.com/2024/08/conte-me-uma-historia-sobre-nicopolis.html  👈

Cordial abraço,
Francisco Braga

Francisco José dos Santos Braga disse...

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...
Caro professor Braga

Encantadora forma de trabalhar com as crianças locais dessa fascinante Nicópolis. Um dos melhores investimentos culturais que se pode fazer na preservação dos patrimônios histórico e imaterial.
Cumprimentos pela tradução e publicação.
Grato,
Cupertino

Anônimo disse...

Parabéns Francisco, muito sábio você, gosto de ver as publicações que a Rute coloca .

Francisco José dos Santos Braga disse...

r. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, desembargador, ex-presidente do TRE/MG, escritor e membro do IHG-MG e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...
Muito bom. História da Antiguidade!
Grato, abs

Francisco José dos Santos Braga disse...

Hilma Pereira Ranauro (escritora, autora de "Descompasso" e "O Falar do Rio de Janeiro" e membro efetivo da Academia Brasileira de Filologia e da Academia Virtual Mageense de Letras) ) disse...
UAU! Parabéns, amigo.

Hilma Ranauro

Francisco José dos Santos Braga disse...

Benjamin Batista (fundador de diversas Academias de Letras na Bahia, presidente da Academia de Cultura da Bahia, showman e barítono de sucesso) disse...
Bravo!

Francisco José dos Santos Braga disse...

Sílvio Firmo do Nascimento (professor, escritor, membro da Academia de Letras de SJDR e da AMEF-Academia Mantiqueira de Estudos Filosóficos de Barbacena) disse...
Caro confrade Francisco Braga
Graça e paz!
Agradeço-lhe a remessa do link sobre Conte-me uma história...
Atenciosamente,
Pe. Sílvio