sexta-feira, 19 de novembro de 2021

MEU AVÔ POR RASÚL GAMZÁTOV


Por Francisco José dos Santos Braga 
 
Poema escrito em Avar por Rasúl Gamzátov e traduzido para o Russo por Яков Козловский em 1963. Desenhos de В. Челинцовой.

"Em homenagem a meu avô paterno, falecido em 19/11/1965, conhecido pelos de casa como Vô Zeca e pelos de fora como Nhonhô Braga, por sua diligência, amor e zelo com os netos, entre os quais me incluo. Traduzindo da língua russa o poema MEU AVÔ do daguestanês Rasúl Gamzátov, em diversas passagens, identifiquei a alma bondosa de José da Silva Braga, meu avô, com o herói do poema."

 

I. INTRODUÇÃO

 
Quero aqui consignar meu agradecimento à Profª Marina Gubaydullina pelos registros feitos nos intervalos de sua leitura do poema "Meu Avô" e apresentados no trabalho "Leitura com estações", mostrando o método do seu trabalho docente com crianças, que vou reproduzir aqui, traduzindo-os na íntegra. 
Esclareço o fato de que o poema, em minha tradução, pode ser lido integralmente sem prejuízo para o leitor sem as paradas. Mas, para aquele que quiser conhecer a reação das classes infantis diante da leitura do poema, julgo conveniente fazer a parada em cada "estação do poema" para conhecer um pouco sobre a técnica da pedagogia russa suscitando a participação de todas as crianças que atenciosamente ouvem as professoras. Com seu jeito especial de provocar respostas das crianças à guisa da maiêutica do filósofo Sócrates, motivam a criançada a esclarecer o problema, aproveitando a diferente origem, grupo étnico e experiência da criançada, suscitando, sem pressa e aos poucos, a participação de todas as crianças, cujo objetivo é mostrar-lhes que pertencem à mesma Pátria russa. 
Antes de propriamente começar a leitura do poema, a Profª supracitada fez a seguinte observação: 
“Nós lemos este poema de Rasul Gamzatov com idêntico êxito nas classes juniores 2-x, 3-x e 4-x. Trabalhando com esta obra, utilizamos a tecnologia "Desenvolvimento do pensamento crítico através da leitura e da escrita".”
Segundo ela, todo o trabalho foi dividido em cinco trechos: “Na aldeia”, “Ajudante”, “Um incidente engraçado”, “Como o avô e o neto passam o tempo juntos”, “Encontro com um veterano na escola”. Ao ler esse poema, a gente pode conversar com as crianças sobre uma variedade de coisas importantes, úteis e interessantes para as próprias crianças. Primeiro, sobre a geração mais velha, sobre avós, pais e mães. Um outro tópico de conversa é sobre o trabalho doméstico, sobre as responsabilidades que uma criança deve ter em casa. Além disso, foram discutidas questões sobre como o avô e o neto passam o tempo, o que fazem. E no final, as crianças falaram sobre o que aprenderam de novo sobre os povos do Cáucaso, quais os seus costumes e tradições, que modo de vida eles levam, sobre a natureza no Cáucaso, sobre o que, nas pessoas, a vida nas montanhas deixa marcas e o que contribui para a longevidade nestas condições adversas...
O resultado dessa comunicação foram resenhas escritas das crianças e seus desenhos sobre o que leram.” 
 
 
 

II. O POEMA: Meu Avô” por Rasúl Gamzátov  


PRIMEIRA ESTAÇÃO: NA ALDEIA 
 
Eu tenho um avô, 
Como o inverno, grisalho. 
Eu tenho um avô 
De barba branca. 
 
No dia que travamos conhecimento 
Isso não é nenhum segredo
Eu tinha meio mês de idade, 
E ele, cem anos. 
 
Filhotes de andorinhas, 
Entoando canções, 
Me acordam junto com vovô 
No meu raiar do dia. 
 
O sol, em ginástica matinal, 
Nos observa de perto. 
Levantamos nossos braços 
Ao comando: "Um!" 
 
E acima de nós molhada 
A folhagem farfalha. 
Nós baixamos os braços 
Ao comando: "Dois!" 
 
E com a água fria, 
Direto do riacho, 
Nos lavamos juntos: 
Vovô e eu. 
 
De mãos dadas 
Com meu avô, 
Por todo o povoado 
Passeamos juntos. 
 
Topamos com o médico 
Que me curou, 
Ou com o ferreiro, 
Profissional do fogo. 
 
Com o carteiro com gorda 
Bolsa no cinto, 
Com o agrônomo, a galope 
Num cavalo castanho,
 
Quem topa conosco 
Na estrada, 
Saúda vovô, 
Dizendo: Salam! 
 
Ando com vovô, 
Pensando com meus botões 
Que, como eu, é provável 
Todo o mundo conheça. 
 
Digo olá às pessoas 
Como moço, a caminho. 
Como é bom para mim ser 
Levado pela mão do avô! 
 
Comentários da Profª Marina Gubaydullina
Será que vocês têm vovô? Quais são eles? O que eles fazem? Vocês costumam se encontrar com eles? Como vocês passam o tempo juntos? E como vocês sobre eles narrariam algo que desejariam comunicar sobre o avô de vocês, antes de mais nada? E agora escutem o que o menininho do poema de Rasul Gamzatov está contando sobre o seu avô... Como aparece diante de vocês o herói do poema? (As respostas foram: "Gentil, sábio", Ele é grisalho, como a neve", "Ele tem barba branca", "Ele tem cem anos", "Ele levanta cedo, faz exercícios, se lava com água fria...".) Sobre o relacionamento com a geração mais velha, as respostas foram: "Todos o cumprimentam, como um rei." "Ele é um ancião. Todo o mundo o respeita." 
A princípio tudo parece tão próximo e, até parece, não difere daquela vida que as cerca, que as crianças até pensem no fato de que a ação possa se desenrolar em algum lugar da nossa região. Desde as primeiras estrofes, as crianças compreendem que o avô e o neto vivem na aldeia. "É uma aldeia tártara", dizem nossas crianças, e nós não os dissuadimos por ora. E por que vocês assim decidiram? As crianças dizem que na aldeia se cumprimentam em tártaro: "Salam!" e ainda: "Aldeia não é aldeia de jeito nenhum, mas se chama "Aúl"."
Mas, representantes de quais profissões moram em "Aúl"? Sem esforço são chamados doutores, carteiros, não esquecendo o ferreiro. Na verdade, nem todos entendem, o que eles fazem. E de jeito nenhum sabem as crianças contemporâneas o que faz um agrônomo. Por isso o poema de Rasul Gamzatov é um motivo muito bom para se falar de várias profissões. 
 
SEGUNDA ESTAÇÃO: AJUDANTE
 
No quintal e dentro de casa 
Estou contente por trabalhar. 
Meu avô diz: 
Dê de comer aos frangos! 
 
Tchi, tchi, tchi! eu grito 
No meio do quintal. 
Tchi, tchi, tchi! eu grito. 
É hora do café matinal! 
 
O falcão está dando voltas no céu, 
Pela terceira vez consecutiva, 
Mas, dirigindo-se a ele, assaltante: 
"Não furte os frangos!" 
 
Afinal, uma cartucheira 
Temos, amigos. 
E vovô atira 
Certeiro de rifle... 
 
Para nosso cabrito 
Colhi ervas 
Pena que nosso cabrito 
Você não tenha visto. 
 
Por ora ele ainda tem 
Mamadeiras não chifres. 
E ele é todo tão branco 
Como neve no inverno. 
 
Embora ele viva no mundo 
Pouco mais de um mês 
Mas já dá chifradas
Não brinque com ele! 
 
Os lobos cinzentos amolam 
Seus dentes nas crianças 
Mas os cães pastores são perspicazes 
Não dormindo à noite. 
 
E de tiroteio meu avô 
Entende muito: 
Escapar do tiro para a floresta 
O lobo não sabe. 
 
De um caso engraçado para você 
Eu vou contar agora. 
Orelhudo, cinzento 
Temos um burro.
 
Comentários da Profª Marina Gubaydullina
Um assunto particular de conversação sobre o trabalho doméstico, que está a cargo da criança em casa. Com qual heroizinho do poema com idade infantil se acostumam? Como vai ajudar sua família a administrar com grande economia? Quais são suas obrigações? A criança com vontade realiza seu trabalho? E você como vai ajudar em casa, com suas obrigações? Quais?
E quais animais vivem no seu quintal? Muitos de vocês, claro, viveram em aldeia. Em nossas aldeias é possível encontrar esses animais? Quais, além dos burros? 

TERCEIRA ESTAÇÃO: UM INCIDENTE ENGRAÇADO
 
Chega à cintura do avô, 
Não é nada. 
Vovô sentou-se uma vez 
No campo com ele. 
 
O burro mudou-se pra casa 
(A via não é longe daqui). 
Eu o trouxe com solas do pé 
Um cavaleiro no chão. 
 
De repente empacou pregado no chão 
Burro a caminho: 
"Vovô pernalto,
Eu não quero dirigir.” 
 
Eu o trouxe com solas do pé 
Um cavaleiro no chão. 
E ele disse alegre: 
"O caminho não é longe daqui". 
 
Não me fica bem cavalgar 
Montado num burro. 
Estou melhor em casa 
Confio no a pé. 
 
E a passos rápidos 
Fui pelo caminho 
E atrás dele zangado. 
O burro correu. 
 
Bem, a mim em um burro 
Andar a cavalo 
Palavra!, agradaria mais 
Do que ir a pé. 
 
Comentários da Profª Marina Gubaydullina
E os burros? Que animais são? "Os burros podem estar às vezes teimosos, às vezes ofendidos." "Sobre eles se diz: Teimoso, como um burro!" "Quando os cavalos estão trabalhando, eles não batem papo, mas os burros dizem: 'ia-ia'. Mas vovô debate com o burro, quando ele não aceita levá-lo? "Não, ele sábia e pacientemente se dirige ao burro: ele desce do burro e vai ele próprio a pé, e o burro se ofendeu e foi atrás dele." E para que se mantêm burros nas aldeias? "Os burros são menores do que os cavalos. Mas em cima de burros é possível transportar coisas pesadas. Eles são muito resistentes e amam o trabalho".
E onde, apesar de tudo, vivem os burros? Alguém responde que o burro Ia-ia vive no conto sobre o ursinho Pooh. E alguém lembrou que na comédia "Prisioneira caucasiana" também há um burro "que nem sempre tem obedecido a Xurika." E onde acontece a ação no filme "Prisioneira caucasiana"? Não imediatamente, mas alguém balbucia a almejada palavra "Cáucaso". "Mas onde Cáucaso se encontra?" "Na cidade". "No país". Finalmente, alguém em um tom hesitante: "Na região... No sul...". Acrescenta: "Há montanhas no Cáucaso". Então nós aos poucos esclarecemos, que os burros vivem no Cáucaso, isto é, que podemos supor que também nossos heróis avô e neto moram no Cáucaso, no Aul montanhoso. Em tal aldeia montanhosa, cujo nome é Tsada, nasceu também o autor do poema Rasul Gamzatov. 
 

QUARTA ESTAÇÃO: COMO O AVÔ E O NETO PASSAM O TEMPO JUNTOS
 
 
Vovô sabe muito 
De histórias fantásticas: 
Sobre lua e sol 
Sobre animais e pássaros. 
 
Lhe faço perguntas diferentes 
Esfalfando-o: 
Onde? 
Pra quê? 
E em quanto tempo? 
Quanto? 
Por quê? 
 
Meu avô é tudo pra mim 
Pode dar uma resposta. 
E meu avô não é velho, 
Apesar de ter cem anos. 
 
Ele se faz de cavalinho 
Talvez pacatá, 
Para eu cavalgar 
Em seus ombros. 
 
E quando meu avô 
Montar em um cavalo, 
Então me fará sentar 
Na sela. 
 
Vamos sentar no balanço
Dois temerários
E nós decolamos alegremente 
Mais alto que as nuvens. 
 
Sentemos no balanço
Ambos temerários
E decolemos alegremente 
Mais alto que as nuvens. 
 
Afinal, rua abaixo 
Conosco caminham as nuvens. 
E os riachos saltam para nós 
Direto da geleira. 
 
Afinal, rua abaixo 
As nuvens estão caminhando. 
E os riachos saltam para nós 
Direto da geleira. 
 
Vovô trabalha 
Como se fosse jovem 
Rega macieiras com água 
De nascente. 
 
Estou no celeiro atrás da escada, 
Acreditem! não irei 
Colher a maçã madura 
No pomar, 
 
Porque vovô 
Rápido e facilmente, 
Num instante pode me erguer 
Muito alto. 
 
Lezguinka ¹ vovô e eu 
Adoramos dançar. 
Se fica acertado que cabe 
A mim começar 
Então, apertando afetuosamente 
Os olhos gentis 
Vovô bate palmas 
E grita: Arssa!
 
E vovô põe-se a dançar 
Esguio como uma videira, 
Eu bato palmas 
E grito: Arssa! 
 
Perto do velho moinho 
Ao alvorecer do dia 
Nadar em um rio de montanha 
Ele me ensinou. 
 
E agora vovô e eu 
Nas ondas do rio 
Costumamos nadar no verão 
Aposta: quem chega primeiro?... 
 
Ele fabricou uma flauta 
Eu fiz de caniço. 
Amam minha flauta 
Campo e rio. 
 
O rouxinol no bosque 
Ama minha flauta. 
À noite, costuma cantar 
Junto dela. 
 
E quando nós esperamos 
Com o Avô Inverno ²
Então, em um trenó montanha abaixo 
Passamos voando com ele. 
 
Com faíscas azuis
A neve gira em redemoinhos. 
Num instante, o eco responderá 
Numa risada divertida. 
 
Se você ficar com raiva 
Eu ficarei no frio 
Esfregando com uma luva 
Nariz avermelhado 
O avô dirá baixinho: 
Esconde-te, pardal!
E me agasalha 
Com sua burca. 
Águia tão pequena 
Nas rochas antes de dormir 
Águia mãe afetuosamente 
Esconde-a sob a asa. 
 
As estrelas brilham ao anoitecer 
O pomar dorme na neve. 
Vovô e eu nos sentamos 
Mais perto da lareira. 
 
Ele lê livros pra mim
Afinal, ler eu mesmo 
Ainda não posso 
Mesmo por sílabas. 
 
Comentários da Profª Marina Gubaydullina:
Este trecho permite travar conhecimento mais íntimo com o modo de vida do povo do Cáucaso setentrional. Também aqui as crianças particularmente estão ativas na conversação. Será que isso é chato para o avô e o neto? Como eles juntos passam o tempo? E o que de novo vocês, crianças, souberam sobre os povos do Cáucaso a partir desse trecho? Qual é a natureza no Cáucaso? E como influencia na vida da gente montanhesa? O que contribui para a longevidade dos avós? Quais costumes, tradições entre os povos caucasianos? Qual cultura, quais danças populares? 
Ao declamar o trecho apresentamos junto a seguinte narrativa sobre a vida dos povos do Cáucaso setentrional: 
“A vida nas montanhas é uma vida em condições austeras. No inverno lá é frio, e os homens agasalham-se com burcas de pele de cordeiro (capas de feltro usadas no Cáucaso); em tal burca o avô vai esconder o pequerrucho no frio intenso de inverno. As montanhas circundam Aúl com cumes gelados, das montanhas caem cachoeiras e fluem riachos diretamente da geleira, por isso a água neles, mesmo no verão, é muito fria. A natureza nas montanhas é muito bela, majestosa. A posição de Aúl é mais elevada do que as nuvens. Lá há ricas pastagens verdes, onde são apascentados bodes montanheses, ovelhas e carneiros, existem fontes, crescem macieiras e pessegueiras, onde é possível ouvir o canto do rouxinol. Nos penhascos da montanha vivem aves de rapina águias e falcões, que podem surripiar frangos, e nos bosques encontram-se lobos, que estão dispostos a aproveitar-se dos animais domésticos. Por isso, é preciso sempre estar pronto para tal ataque. 
Os povos caucasianos trabalham muito e acostumam os filhos desde a mais tenra idade ao trabalho. Os meninos desde a primeira infância são bons cavaleiros e atiradores certeiros, fortes e resistentes fisicamente. Os montanheses povo enrijecido, banhando-se em riachos frios da montanha, nadam até para ver quem chega primeiro. O ar livre da montanha e então o modo de viver contribuem muito para a vigorosa saúde e longevidade. Nas tradições dos povos caucasianos a formação do respeito e da relação respeitosa para com a geração idosa, visível no poema, mostra como todos respeitam o avô. E ainda aqui, sua cultura irrepetível: a música, sem semelhança nem em quaisquer outras danças. Todos gostam de dançar lezguinka. Eles mesmos fazem da cana de açúcar tubos e brincam com eles. A rica língua pertencente a cada povo fica bem evidente quando o menino conta que o avô "sabe muitas histórias fantásticas...".”
 
 
QUINTA ESTAÇÃO: ENCONTRO COM UM VETERANO NA ESCOLA
 
 
Eis o que meu avô é!
No feriado de maio, ele
Estava na reunião na escola
Convidado pela criançada.

Ele chegou a tempo
Não decepcionou a criançada.
Ficou sob a bandeira vermelha
Destacamento de pioneiros.

E mantendo o alinhamento,
Todas as crianças estão aqui
Ao avô pioneiro
Fizeram uma saudação.

E quando solene
O fogo estava queimando
Meu avô disse,
Velho habitante da montanha,

Que tal como acontece com outros montanheses
No início de fevereiro
Ele esteve em visita a Lênin
E visitou o Kremlin.

Como ele doou, com o coração apertado,
Uma Burca Ilitch... ³
Ser tal como meu avô,
Eu realmente quero!

Venham nos visitar
Nas montanhas íngremes
Conheçam a si mesmos
Com meu avô!
 
Comentários da Profª Marina Gubaydullina:
O que mais ficamos sabendo do avô? O avô, como muitos habitantes dos mais diferentes cantos do nosso país, ainda é também participante da Grande Guerra Patriótica.   E esta o uniu a muitos, e naquela data também a nossos patrícios. 
Eis como falamos, lendo os versos de Rasul Gamzatov. A leitura dessa obra instrui muitas das criancinhas, em muitas abre os olhos, permite confrontar seu modo de vida com a vida das pessoas, habitantes nestas montanhas. Tudo, sobre o qual se conta no poema, está próximo e claro para as crianças. Elas, de bom grado se lembram de seus avós, os comparam com o herói de Rasul Gamzatov, e também o fazem com seus sentimentos, que elas experimentam com seu avô, com sentimento de orgulho, do qual está repleto o heroizinho do poema. 
 
 
 
 

II. NOTAS  EXPLICATIVAS

 

¹  De acordo com a Encyclopaedia Britannica
"Lezginka, soletrado também Lezguinka, dança folclórica com origem atribuída ao povo Lezgin do Cáucaso. É uma dança de homem solo (frequentemente com uma espada) e também uma dança para um casal. O homem, imitando a águia, cai em seus joelhos, salta para cima, e dança com breves passos e fortes e afiados movimentos braçais e corporais. Quando a dança é representada aos pares, os casais não se tocam; a mulher dança tranquilamente olhando a exibição masculina." 
 
²  Na Rússia, em vez do Papai Noel, existe outro personagem que se chama Ded Moroz (pron. Dyed Moróz). Muita gente traduz esse nome em português como Vovô Gelo. No poema, o velhinho é chamado de Vovô Inverno.
Ded Moroz é um velhinho que entrega os presentes para crianças na festa do Ano Novo, e não é no Natal que é celebração religiosa. Ded Moroz tem uma netinha Sniegúrka ou Sniegúrotchka, a heroína de muitos contos de fadas russos, a Donzela de Neve, que ajuda seu vovô.
 
³ A referida burca ficou famosa porque Vladimir Ilitch Lodyzhensky (2/3/1886-16/01/1915) a usava quando caiu com honra e como herói no campo de batalha da Galícia durante ataque.
Em 2018, uma residente em São Petersburgo, Natalya Georgievna Dobrovolskaya, doou uma burca de seu parente, o coronel Vladimir Lodyzhensky, que morreu na frente em 1915, para o Museu "Rússia na Grande Guerra". Perfurado por uma bala, foi mantido na família por mais de 100 anos.
A coleção da Reserva do Museu do Estado de Tsarskoe Seló foi reabastecida com um item raro.
Cf.  https://spbdnevnik.ru/news/2018-06-13/peterburzhenka-peredala-v-muzeyzapovednik-tsarskoe-selo-probituyu-puley-burku


Burca Ilitch
 
 
Com essa expressão utilizada na Rússia e noutras ex-repúblicas soviéticas, esses países tentaram descrever o conflito e o esforço de guerra contra a Alemanha Nazista e seus aliados (Bulgária, Hungria, Itália, Romênia, Eslováquia, Finlândia e Croácia) ocorrida entre 1941 e 1945 na II Guerra Mundial.
Em 22/06/1941, o III Reich deslanchou um pérfido ataque à União Soviética, dando início à Grande Guerra Patriótica, quando os alemães invadiram Lviv. Então o avô foi enviado para o front da batalha nas fileiras do Exército Vermelho.
Calcula-se que cinco milhões de soldados do Exército Vermelho tenham sido mortos, capturados ou feridos nos primeiros seis meses da guerra.
Apesar das significativas vitórias dos exércitos do Eixo nas batalhas de Minsk, Smolensk, Viazma e Kiev, entre outras, a tenacidade da resistência dos soldados soviéticos, acrescentada à mobilização do povo soviético diante do inimigo, fez com que a máquina de guerra nazista não alcançasse seus principais objetivos, que eram destruir o exército soviético e conquistar as principais cidades do país: Leningrado e Moscou.   



 
BIBLIOGRAFIA
 
 
GUBAYDULLINA, Marina: Расул Гамзатов. Поэма «Мой дедушка»: Чтение с остановками в младших классах. 12 p. 

ГАМЗАТОВ, Расул: Мой дедушка, Moscou: Детская литература, 1975 (ilustrado)

15 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

É um prazer enviar-lhe a minha tradução do russo para o poema "MEU AVÔ" por Rasul Gamzátov, o grande poeta daguestanês que o escreveu originalmente em Avar e em 1963 foi traduzido para o Russo por Iákov Kozlovski.
Destaco o ineditismo dessa minha tradução, porque não se encontra em outra língua ocidental de meu conhecimento.
Esse poema constituiu o primeiro trabalho publicado pelo autor e daí a sua importância histórico-literária.
Ao mesmo tempo, gostaria de realçar, neste meu trabalho de tradução, a relevante partipação da experiente Profª Marina Gubaydullina de turmas juniores russas, que vai nos explicar o seu método de analisar, junto com as crianças, um poema denso e profundo como "Meu Avô", fazendo largo uso de seu conhecimento didático e de pedagogia russa.

Link: https://bragamusician.blogspot.com/2021/11/meu-avo-por-rasul-gamzatov.html

Cordial abraço,
Francisco Braga

Mario Pellegrini Cupello - Arquiteto, Diplomado em Direito, Escritor, Pres. do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, Membro da Academia Valenciana de Letras disse...

Caro amigo Braga
Obrigado pelo envio desta interessante postagem, pelo que eu lhe felicito duas vêzes: a primeira pelo ineditismo da tradução deste Poema “Meu Avô” de Rasúl Gamzátov; e a segunda por suas apreciações sobre o tema, sempre com muita propriedade e demonstração de sua refinada cultura.
Quanto aos Comentários da Profª Marina Gubaydullina, são excelentes e muito didáticos, pelo que também a felicito.
Foi bom conhecer, através deste Poma, um pouco sobre o modo de vida agreste daquele povo e de suas vivências.
De fato a maioria das crianças têm uma lembrança afetiva de seus avós, às vezes muito mais fortes do que a de seus pais.
Enquanto a seus progenitores – especialmente ao “pai” – elas os têm como ídolos, aos seus avós o sentimento é outro; o de um carinho amoroso, repleto de ternura e sabedoria, cujas recordações jamais se esgotam.
Junto aos renovados agradecimentos, receba o meu abraço fraterno e o de Beth.
Mario Cupello.

Elza Zarur (jornalista formada pela UnB e, atualmente, aposentada do Itamaraty, tendo servido nas Embaixadas de Washington e Buenos Aires, onde exerceu a função de vice-cônsul) disse...

Muito obrigada por compartilhar comigo mais este seu belo trabalho!
A poesia “Meu Avô” é linda.

Parabéns pela riqueza da sua cultura.
Obrigada
Elza Zarur

Dr. Geraldo Reis (morador de Brigadeiro Tobias, fundador do Movimento Brigadeiro em Ação e do Projeto Mutirão) disse...

É incrível, o avô é uma figura recorrente na minha poesia. Cheguei a escrever um livro, SOMBRIO CHAPÉU, que possui um poema com a temática. Só posso lhe dizer: meus parabéns... e muito obrigado. No mais, a poesia é uma pessoa diferente do autor, uma outra sombra que o acompanha, diferente da sombra dele mesmo E como sombra, muitas vezes é "mal recebida". É louvável o seu trabalho de divulgação da cultura em geral. Sob certos aspectos, essa áspera tarefa tem o peso de um trabalho braçal, nem sempre devidamente reconhecido. Para me valer de um "lugar comum", devo dizer que "tiro o meu chapéu pra você". Geraldo Reis - Blog: O Ser Sensível. www.geraldoreis.blogspot.com

Salomea Gandelman (professora universitária, autora do livro "36 Compositores Brasileiros-obras para piano (1950-1988)" disse...

Muito obrigada! Gostei muito de ler sua tradução do poema "MEU AVÔ" de Rasul Gamzátov, bem como do texto da Profª Marina Gubaydullina. Tudo me remeteu à minha infância porque meu pai era moscovita e cresci ouvindo a língua russa. Lembro-me bem de um livro fantástico "Lendas e Contos da Rússia", cheio de babayágas, boiardos, czares e czarinas que povoaram minha imaginação de criança, mas que, lamentavelmente, não sei onde foi parar. Um abraço, Salomea

Celina Maria Braga Campos (bacharel em serviço social) disse...

Oi, Francisco!
Que belo trabalho! Emocionante! Maravilhoso poema e, como vc, também pude me identificar com as relações de avô e neta. Enquanto lia o poema pensava no nosso Vô que muito teve de semelhança com este que o menino descreveu, dentro do contexto de nossa vida.
Excelente o trabalho da professora Marina Gubaydullina!
Muito obrigada por partilhar conosco tão belo trabalho!
Muitas saudades de meu Avô!

Laura Maria ("Laurinha") disse...

Muito lindo e muito parecido com o Vô Zeca...
Parabéns! Beijos e ótimo sábado!

Marília Ibanez disse...

Muito bonito!👏👏👏👏
Abraços. Marilia Ibanez

João Carlos Ramos (poeta, escritor, membro e ex-presidente da Academia Divinopolitana de Letras e sócio correspondente da Academia de Letras de São João del-Rei e da Academia Lavrense de Letras) disse...

Magnífica tradução feita pelo poliglota acadêmico Francisco Braga. O grande vulto sempre nos espanta com sua alta intelectualidade.

Anderson Braga Horta (poeta, escritor, ex-presidente da ANE-Associação Nacional de Escritores e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal) disse...

Muito bem, Francisco. Obrigado.

Abraço de

Anderson

Evaldo Balbino (escritor e membro da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Caro confrade Francisco Braga, conforme já pude enunciar, seu trabalho de tradução é excelente. Traduzir poesia não é gesto simples. Parabéns!

Raquel Naveira (membro da Academia Matogrossense de Letras e, como poetisa publicou, entre outras obras, Jardim Fechado, antologia poética em comemoração aos seus 30 anos dedicados à poesia) disse...

Que belas traduções dos poemas de Gamzátov e comentários pertinentes e sensíveis da Profª Marina, caro Francisco Braga.
Lembrei do meu avô amado, o português Carvalhinho.
Abraço afetuoso,
Raquel Naveira

Zélia Leão Terrell (poetisa são-joanense e presidente da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Meu querido Confrade Francisco, vc é um gênio! Que Deus o abençoe junto a esta riqueza ao seu lado, nossa amada Rute. Parabéns!
Abs.

Pe. Sílvio Firmo do Nascimento (professor, escritor e editor da Revista Saberes Interdisciplinares da UNIPTAN e membro da Academia de Letras de SJDR) disse...

gratidão Francisco
Abraço,
Pe. Sílvio

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga.

Parabéns pela tradução e publicação de poesia de Iákov Kozlovski, de outro modo não acessível aos leitores brasileiros que não dominam aquele idioma, assim como demonstrar o método de aula da professora Marina. Apaixonante!
Muito grato pela oportunidade da leitura.
Cumprimentos
Cupertino