sábado, 29 de janeiro de 2022

O CORVO (2012), THRILLER SOBRE OS DIAS FINAIS DE EDGAR ALLAN POE


Por Francisco José dos Santos Braga 
 
Construção fictícia dos últimos 5 dias de vida de Edgar Allan Poe - Crédito pela imagem: Blog Irreparável

"Il y a, dans l' histoire littéraire, des destinées analogues de vraies damnations, des hommes qui portent le mot guignon écrit en caractères mystérieux dans les plis sinueux de leur front. L' Ange aveugle de l' expiation s' est emparé d' eux et les fouette à tour de bras pour l' édification des autres. [...] Lamentable tragédie que la vie d'Edgar Poe! Sa mort, dénouement horrible dont l'horreur est accrue par la trivialité! De tous les documents que j'ai lus est résultée pour moi la conviction que les États-Unis ne furent pour Poe qu'une vaste prison qu'il parcourait avec l'agitation fiévreuse d'un être pour respirer dans un monde plus aromal, qu'une grande barbarie éclairée au gaz, et que sa vie intérieure, spirituelle, de poëte ou même d'ivrogne, n'était qu'un effort perpétuel pour échapper à l'influence de cette atmosphère antipathique. Impitoyable dictature que cela de l'opinion dans les sociétés démocratiques; n'implorez d'elle ni charité, ni indulgence, ni élasticité quelconque dans l'application de ses lois aux cas multiples et complexes de la vie morale. [...]" In BAUDELAIRE: Edgar Allan Poe, sa vie et ses oeuvres, chap. 1, paru pour la première fois dans les fascicules de la Revue de Paris, mars/avril 1852, puis repris comme introduction aux Histoires Extraordinaires (1856).
Trad.: "Há, na história da literatura, destinos análogos de condenações reais homens que carregam a palavra azar escrita em caracteres misteriosos nas pregas sinuosas de sua testa. O Anjo cego da expiação exerce possessão sobre eles e os açoita com todas as suas forças para a edificação dos outros. [...] Que tragédia lamentável a vida de Edgar Poe! Sua morte teve um desfecho horrível cujo horror foi acrescido da trivialidade! De todos os documentos que li resultou a convicção de que os Estados Unidos foram para Poe apenas uma vasta prisão que ele percorria com a agitação febril de um ser criado para respirar num mundo mais puro do que uma grande barbárie acesa com gás e que sua vida interior, espiritual de poeta, ou até de boêmio, foi apenas um esforço perpétuo de escapar à influência desta antipática atmosfera. Não há uma ditadura mais impiedosa do que a da Opinião Pública nas sociedades democráticas; não lhe peçam caridade, nem indulgência, nem qualquer elasticidade na aplicação de suas leis aos casos múltiplos e complexos da vida moral. [...]" In BAUDELAIRE: Edgar Allan Poe, sua vida e suas obras, cap. 1, aparecido pela primeira vez nos fascículos da Revue de Paris, mar/abr 1852, depois retomado como introdução às Histórias Extraordinárias (1856).
 
 
I. INTRODUÇÃO 

 

Edgar Allan Poe (Boston, 19/01/1809 Baltimore, 07/10/1849) tem aparecido na cultura popular (definida sociologicamente como tudo aquilo que se refere a produtos tais como música, arte, literatura, moda, dança, filme, cibercultura, televisão e rádio que são consumidos pela maioria da população) como personagem de livros, quadrinhos, filmes e outras mídias. Além de suas obras, a lenda do próprio Poe fascina as pessoas há gerações. 
Frequentemente, o Edgar Allan Poe histórico aparece como um personagem fictício, muitas vezes representando o "gênio louco" ou "artista atormentado" e explorando suas lutas pessoais. 
 
Gênio louco ou artista atormentado? - Crédito pela imagem: Blog Irreparável

 
Muitas dessas representações também se misturam com personagens de seus contos, sugerindo que Poe e seus personagens compartilham identidades. Por essa razão, muitos críticos de Poe questionam até que ponto o autor influenciou seus personagens nos contos e vice-versa. Ainda ressoa em nossos ouvidos a frase lapidar sempre atual do seu discípulo Baudelaire, autor de Fleurs du Mal:
"Tous les contes d'Edgar Poe sont pour ainsi dire biographiques [...]."
Observa-se também que, em romances tais como The Poe Shadow, de Matthew Pearl, representações fictícias de Poe usam suas habilidades de resolução de mistérios em romances e que também foram exploradas no filme que estamos tratando aqui. 
 
O fantástico e o gótico na obra de Poe 
 
Embora seja tema de difícil exatidão na sua conceituação e abordagem, a narrativa fantástica possui alguns traços característicos de fácil discernimento encontrados nos contos de Poe, tais como: o narrador em primeira pessoa aspecto que causa pavor e estranhamento em grande parte dos leitores e a morte como principal embasamento das narrativas. Esses elementos trazem à luz outra ramificação da narrativa fantástica: o gótico. 
De fato, outro aspecto importante a ser destacado na literatura de Poe é que ela evolui de acordo com a concepção do autor daquilo que seria considerado como o "gótico" norte-americano. O Novo Mundo norte-americano não possuía os cenários medievais (castelos, catedrais em ruínas, cemitérios, florestas, ruínas), os personagens melodramáticos (donzelas, cavaleiros, vilões, aristocratas malvados e seus criados), os temas e símbolos recorrentes (segredos do passado, manuscritos escondidos, profecias, maldições), nem os códigos de cavalaria que dominavam as convenções góticas europeias elementos fantásticos e góticos já presentes no romance O Castelo de Otranto (1764) do inglês Horace Walpole, um erudito, diletante e amante da era medieval, introdutor do gênero em terras europeias. Dos acontecimentos de inspiração sobrenatural desta obra derivará a tradição gótica inglesa. Com os romances de Anne Ward Radcliffe (1764-1823) podemos considerar que foi atingido o zênite de uma produção gótica "canonizada" na literatura inglesa. 
A literatura gótica inglesa se apresenta na forma de romances e constitui uma manifestação literária ocorrida especificamente na Inglaterra e compreendida dentro de uma baliza temporal (1764-1820), ainda que alguns dos seus elementos reapareçam nos séculos posteriores. Conforme bem descreveu [BELLIN, 2011, 42]
"Ao mesmo tempo em que ajudou a lapidar uma tradição literária independente dos padrões ingleses, Poe mantinha-se preso a certos padrões literários europeus, em especial à vertente gótica do Romantismo inglês e à obra da escritora Ann Radcliffe."
É bem verdade que, no contexto norte-americano, os autores já tinham explorado uma geografia e história diferentes nos moldes de florestas não mapeadas localizadas na zona temperada do Norte e do passado puritano com seus preconceitos religiosos, conforme os vistos no julgamento das bruxas de Salem no século XVII, mas Poe concluiu que elas não tinham o significado nem os efeitos de terror capazes de impressionar o seu público leitor, por se mostrarem inapropriadas ao Novo Mundo. Os seus contos "Berenice" (1835) e "Ligeia" (1838) ainda foram estruturados nas convenções europeias da Literatura Gótica, mas logo percebeu que precisava aplicar na prosa os preceitos teóricos de sua poesia, inspirados no seu famoso ensaio A Filosofia da Composição (1846). 
Para isso, Poe reconheceu o impacto emocional do medo, como emoção fundamental do homem, cabendo-lhe buscar no sobrenatural seu material literário e, especialmente na mente humana, um local pouco visitado pelos escritores de histórias góticas. Com amparo na ciência gótica contemporânea, ele fez uso da criptografia, da frenologia, do mesmerismo, da telepatia, de processos mentais e estados alterados de consciência (termo só cunhado em 1966 por Arnold M. Ludwig) e de outras tentativas válidas de se entender o ser humano, a que damos o nome de subconsciente. Assim sendo, Poe acabou por desnudar uma região entre o sono e o despertar, entre a vida e a morte, onde entendia que os sentidos humanos estariam mais alertas e as emoções poderiam ser manifestadas sem inibições. 
 
 
II. O FILME "THE RAVEN" (O Corvo) 
 
Direção: James McTeigue
Produção: Marc D. Evans, Trevor Macy e Aaron Ryder
Roteiro: Ben Livingston e Hannah Shakespeare
Elenco principal
John Cusack (Edgar Allan Poe) 
Luke Evans (Detetive Emmett Fields) 
Alice Eve (Emily Hamilton, namorada de Poe) 
Brendan Gleeson (Capitão Charles Hamilton, pai de Emily) 
Kevin McNally (Henry Maddox ou Maddux, editor de Poe) 
Sam Hazeldine (Ivan Reynolds, tipógrafo do jornal, obcecado por Edgar Allan Poe e usou seus contos como inspiração para uma série de assassinatos a Baltimore) 
Sinopse: Em seus últimos dias de vida, o poeta Edgar Allan Poe persegue um serial killer que se inspira em suas obras para cometer assassinatos. O filme dramatiza os últimos dias de vida do escritor Edgar Allan Poe, que teria morrido de causas misteriosas em 1849. O título refere-se ao famoso poema de Poe (1845), mas não tem relação com produções cinematográficas anteriores com o mesmo nome, de 1935 e 1963 ¹.

Inicialmente, lembro que o poema "O Corvo" de Allan Poe apareceu no Evening Mirror na edição de 29/01/1845 e se tornou um enorme frisson no público. Isso fez de Poe um nome familiar quase instantaneamente, embora ele tenha recebido apenas US$ 9 por sua publicação. Foi publicado simultaneamente em The American Review: A Whig Journal sob o pseudônimo de "Quarles". 

À guisa de intróito, devo informar que, embora o filme tenha recebido por título "O Corvo", na realidade trata-se de uma ficção baseada principalmente em um dos mais célebres contos de Poe, "Os Assassinatos da Rua Morgue", e não propriamente no seu poema "O Corvo". 

Agora, vejamos alguns elementos acerca do filme. "O Corvo" é um filme hispano-magiar-norte-americano de 2012, dos gêneros terror e suspense, dirigido pelo australiano James McTeigue, com roteiro de Ben Livingston e Hannah Shakespeare. 

O filme recebeu apreciações mistas da crítica, com elogios para os efeitos visuais e a trilha sonora de Lucas Vidal, mas as performances e reviravoltas no enredo foram severamente criticadas.

Enredo 

Baltimore, Estado de Maryland, outubro de 1849. Edgar Allan Poe está passando por uma fase de bloqueio criativo que o impede de escrever novos contos e agradar aos leitores do jornal local. O filme começa com uma cena de bebedeira de Poe, em que fica evidente que vive entregue ao alcoolismo, escandalizando a sociedade local, após o que seguem vários crimes violentos. 
A polícia de Baltimore descobre, estendida no chão de seu apartamento trancado por dentro, uma mulher estrangulada. Enquanto procuram meios de fuga do assassino, eles descobrem um segundo cadáver na chaminé, mais tarde identificado como a filha de 12 anos da primeira vítima. 
O detetive Emmett Fields é chamado para auxiliar na investigação e descobre que o crime se assemelha a um assassinato fictício em um conto de Poe, "Os Assassinatos da Rua Morgue", que ele leu certa vez. Devido a isso e à sua atual vida entregue ao alcoolismo, Poe é levado a Fields para interrogatório, pois este se torna imediatamente suspeito do duplo homicídio. 
Enquanto Fields confronta Poe, outros crimes e assassinatos inspirados nas histórias do escritor continuam a acontecer, e a polícia percebe que enfrenta um sanguinário serial killer. O detetive Fields começa a perceber que o escritor lhe será útil para a elucidação dos crimes, depois de encontrar o corpo de Griswold, um rival de Poe, cortado ao meio por um pêndulo (como no conto "O poço e o pêndulo" de Poe), o que deu início a um trabalho conjunto da dupla recém-formada. 
A seguir, a amada de Edgar, Emily Hamilton, é sequestrada no baile de máscaras promovido por seu pai, como o descrito em "A Máscara da Morte Rubra" de Poe ². Estranhamente, o assassino provoca Poe em uma nota, exigindo que este escreva e publique um novo conto. Os alojamentos de Poe são incendiados por pessoas que acreditam que ele esteja explorando os assassinatos para seus próprios fins jornalísticos, e ele é forçado a morar com o detetive Fields. 
Uma pista do assassino, reportando-se ao conto "O Barril de Amontillado", leva Poe e Fields a vasculhar os túneis sob a cidade com vários policiais, descobrindo o cadáver emparedado de um homem vestido como Emily. Tal homem estava determinado a ser um marinheiro, e as pistas em seu corpo levam os perseguidores à Igreja de Santa Cruz, onde um túmulo vazio com o nome de Emily foi preparado. 
Enquanto a polícia tenta arrombar as portas da igreja, o assassino ataca e mata um dos policiais, depois atira e fere Fields. Poe o persegue a cavalo, mas o assassino escapa. 
Poe escreve uma última coluna de jornal, oferecendo sua vida pela de Emily, sugerindo que ele poderia tomar veneno. 
De manhã, a empregada entrega a Poe uma carta do assassino, aceitando seus termos, mas a nota foi entregue muito antes de o jornal ser distribuído. Percebendo que o assassino deve trabalhar no jornal, Poe corre para confrontar seu editor, Henry, mas este já está morto, com outra nota a seu lado. O verdadeiro assassino é o tipógrafo do jornal, Ivan Reynolds, que parabeniza Poe e lhe oferece uma bebida. Ivan tenta conversar com Poe, mas este exige a localização de Emily. Reynolds derrama no cálice um frasco de veneno, prometendo terminar a história como Poe a havia escrito. Poe concorda e bebe o líquido. Reynolds cita "The Tell-Tale Heart" ³, sugerindo ao autor que Emily está escondida sob o piso da tipografia. 
Quando o assassino sai, Poe usa suas últimas forças para rasgar uma parte falsa do chão e abrir um alçapão que leva à prisão de Emily. Poe resgata Emily, e eles compartilham um momento comovente antes de ser levada pela ambulância. 
 
Num banco do parque, Poe aguarda a morte. Em seu delírio, repete: "Diga a Fields que seu sobrenome é Reynolds".
 
Delirando com o veneno, Poe vai até um banco do parque para morrer. Um homem caminhando no parque o reconhece como o famoso escritor e pergunta se ele está bem. Poe só consegue reunir forças suficientes para dizer: "Diga a Fields que seu sobrenome é Reynolds". Mais tarde, quando Fields vem ver o cadáver de Poe no hospital, o médico assistente não consegue dizer a causa exata da morte, mas menciona que o escritor era incoerente, insistindo que "seu sobrenome é Reynolds". Fields pondera sobre o significado da frase, lentamente conectando os pontos. 
Os Hamiltons assistem ao enterro de Poe. 
Ivan Reynolds desembarca de um trem em Paris. Enquanto um carregador carrega sua bagagem, Reynolds sobe em uma carruagem e é confrontado por Fields. Ele ataca o detetive, e Fields atira nele à queima-roupa. 

 

III. NOTAS EXPLICATIVAS

 

¹  O filme de terror americano de 1935 com o mesmo título foi dirigido por Louis Friedlander e estrelado por Boris Karloff e Béla Lugosi. O filme de 1935 é estrelado Lugosi como um cirurgião louco obcecado por Poe com uma câmara de tortura em seu porão e Karloff como um assassino fugitivo da polícia.

O filme estadunidense de 1963 com o mesmo título pertence ao gênero comédia de terror, produzido e dirigido por Roger Corman. É parte da série de adaptações do diretor inspiradas na obra de Edgar Allan Poe para a American International Pictures. Esse filme teve roteiro de Richard Matheson com base no poema "The Raven".
Do elenco constam
Vincent Price (Dr. Erasmus Craven)
Hazel Court (Lenore Craven)
Olive Sturgess (Estelle Craven)
Peter Lorre (Dr. Adolphus Bedlo)
Boris Karloff (Dr. Scarabus)
Jack Nicholson (Rexford Bedlo)

Sinopse: O poderoso feiticeiro Dr. Erasmus Craven vive recluso em seu castelo, de luto pela morte de sua esposa Lenore há dois anos, para tristeza da filha dele, Estelle. Numa noite, entra pela janela um corvo que se revela como o feiticeiro Dr. Bedlo, transformado na ave após um duelo de magia com o maligno Dr. Scarabus. Craven o ajuda a voltar ao normal e Bedlo quer retornar ao castelo de Scarabus para a revanche. O doutor Craven o acompanha, pois Bedlo lhe contara que vira o fantasma de Lenore no local. Acompanham a dupla de feiticeiros Estelle e Rexford, filho de Bedlo. No castelo de Scarabus ocorre o novo duelo de magia entre o proprietário do castelo com Bedlo e depois, a luta final com Craven. 

²  Lá fora, a peste; aqui dentro, a loucura.  
Em certa medida, essa formulação resume A máscara da morte rubra, conto de Edgar Allan Poe publicado pela primeira vez em maio de 1842, cujo enredo aborda o desvario diante de uma epidemia. De acordo com biógrafos, Poe inspirou-se no relato de um conterrâneo, o também escritor Nathaniel Parker Willis, que teria participado de um “baile de cólera” em Paris. 
Com efeito, o contexto do conto é o surto de cólera que atacou a Europa — mais especificamente a França — na primeira metade do século 19. Na história de Poe, enquanto a chamada “morte rubra” devasta a região, o destemido príncipe Próspero decide reunir e trancar, em uma abadia fortificada, mil amigos escolhidos entre os cavaleiros e as damas de sua corte. Após alguns meses de confinamento, quando a pestilência atinge o ápice do lado de fora da abadia, o príncipe acha por bem oferecer um baile de máscaras “da magnificência mais extraordinária”. A história se detém nessa festa, que, em certo momento, receberá um assustador intruso. 
Cabe aqui verificar como o relato de Poe cristaliza um comportamento humano recorrente diante das catástrofes de enormes proporções: o desregramento e a loucura. Quem revela essa recorrência é o historiador francês Jean Delumeau (1923 - 2020), autor de História do medo no Ocidente, monumental ensaio publicado originalmente em 1978. O estudo de Delumeau abrange o período que vai dos séculos 14 ao 18, e investiga os pesadelos — tanto íntimos quanto coletivos — que assolaram a civilização ocidental ao longo desse tempo, muitos dos quais persistem até hoje. 
No capítulo dedicado às pestes, o historiador lembra que, frente ao avanço das epidemias que aniquilaram boa parte da população europeia, eram 
“frequentes [...] as bebedeiras e os desregramentos inspirados pelo desejo frenético de aproveitar os últimos momentos de vida. Era o carpe diem vivido com uma intensidade exacerbada pela iminência quase certa de um horrível trespasse”.
A propósito, a descrição de Delumeau sobre os efeitos das pestes nas cidades medievais assombra pela forma como reverbera em tempos de Covid-19
Evita-se abrir as janelas da casa e descer à rua. As pessoas esforçam-se em resistir, fechadas em casa, com reservas que se pôde acumular. Se assim mesmo é preciso sair para comprar o indispensável, impõem-se precauções. Fregueses e vendedores de artigos de primeira necessidade só se cumprimentam à distância e colocam entre si o espaço de um largo balcão
Cenografia do horror 
 
De certa forma, isso é o que fazem Próspero e seus mil amigos “sãos e despreocupados”: exilam-se do mundo, confinados na fortaleza do príncipe. Mas logo se mostram desvairados. Afinal, todas as providências foram tomadas para que eles se divirtam ao máximo possível. 
Dentro da abadia, há bufões, atores, dançarinos, músicos, vinho... Tudo isso, mais a segurança. Lá fora, a ‘Morte Rubra’”. 
A propósito, os espaços têm papel central na narrativa. Mais especificamente os sete salões onde ocorre o baile. Exímio cenógrafo do horror que era, Poe cuidou de todos os detalhes, da iluminação (em cada salão predomina uma cor) à tapeçaria e às cortinas, para acentuar o arrepio — depois transformado em horror e aversão — causado pela chegada de uma certa figura mascarada. 
A sonoridade também se destaca na composição do conto. Durante toda a narrativa, soa o gigantesco relógio de ébano localizado no último salão, em que predomina a cor negra e no qual poucos ousam entrar. Os badalos macabros ditam o ritmo da narrativa. Ribombando de hora em hora, o relógio cala, por alguns momentos, a música e o vozerio do baile, lembrando os convivas de que a morte anda à espreita; senão pela peste, por Cronos, que a tudo devora. (...) 
No caso de A máscara da morte rubra, a narrativa de Poe não apenas obedece à risca a regra da extensão exposta posteriormente em seu ensaio A Filosofia da Composição (1846), como propõe que o leitor realize a leitura no ritmo vertiginoso das badaladas do relógio, rumo ao terrível desfecho. Com efeito, Poe, no seu famoso ensaio declara: 
“Se qualquer obra literária for longa demais para ser lida em apenas uma sentada, deve-se aceitar que se dispersará o imensamente importante efeito derivado da unidade de impressão — porque, se forem exigidas duas sentadas, as coisas do mundo vão interferir, e a totalidade será imediatamente destruída.”
 
³ "The Tell-Tale Heart" ou "O Coração Revelador" é um conto de Edgar Allan Poe publicado pela primeira vez em 1843. Ele é contado por um narrador sem nome que se esforça para convencer o leitor de sua sanidade mental, ao descrever um assassinato que ele cometeu. (A vítima era um homem velho com um "olho abutre", como o narrador chama.) O assassinato é cuidadosamente calculado e o assassino esconde o corpo sob o assoalho. A culpa do narrador começa a se manifestar na forma do som possivelmente alucinatória de coração do velho ainda batendo sob o assoalho. 

  Embora o enredo do filme seja fictício, os escritores o basearam em alguns relatos de situações reais em torno da misteriosa morte de Edgar Allan Poe. Por exemplo, consta que Poe tenha mencionado repetidamente o nome "Reynolds" na noite anterior à sua morte, embora não esteja claro a quem ele estava se referindo.

IV. ALGUMAS  CRÍTICAS AO FILME (ESTRANGEIRAS E NACIONAL)

 

[CHESTER, Dylan, em 27/04/2012], em sua resenha, assim inicia sua crítica ao filme (em minha tradução): 

"Tendo por cenário as ruas enevoadas de Baltimore, o ícone do século 20 e bêbado Edgar Allan Poe (John Cusack) é um escritor decadente. Seu retorno a Baltimore é tranquilo e depressivo, sem que ninguém aprecie seu intelecto e seus escritos. O único personagem que aprecia seus talentos é o fanboy mais perigoso da memória recente: um serial killer. O assassino começa a tirar páginas de Poe, fazendo com que seus assassinatos reproduzam a violência dos escritos do autor. Isso não é algo em que Poe bêbado gostaria de se envolver, mas depois que sua noiva Emily Hamilton (Alice Eve) é sequestrada pelo louco, ele não tem escolha a não ser tentar detê-lo. (...) 
Este é o tipo de filme de época em que parece que todo mundo está se fantasiando. Cusack, que mesmo quando desligado é pelo menos confiável, foi infelizmente mal escalado para o papel errado. Nunca há uma voz singular e clara para Poe. McTeigue e Cusack querem que Poe seja um palhaço? Um artista torturado? Talvez ambos, mas nunca se faz a mistura de forma coesa. Cusack, uma marca moderna de ator, está fora de lugar aqui. (...)"
[LAURENCE, em 18/07/2012], divulgando o lançamento do blu-ray e DVD do filme "O Corvo", escreveu (em minha tradução): 
"John Cusack estrela como Edgar Allan Poe no filme de crime e suspense de 2012, O Corvo, que gira em torno da investigação do conturbado escritor sobre uma série de assassinatos macabros aparentemente inspirados em suas obras mais macabras. 
O filme se passa em Baltimore, 1849, onde o detetive da polícia Emmett Fields, ao investigar um terrível assassinato duplo, descobre que os métodos do assassino refletem os escritos distorcidos de Edgar Allan Poe. Suspeitando de Poe a princípio, Fields finalmente pede sua ajuda para impedir futuros ataques. As apostas aumentam à medida que os assassinatos horríveis continuam, a caçada se intensifica e o próprio amor de Poe, Emily Hamilton, se torna alvo para o assassino."
Vejamos agora o teor de uma crítica nacional ao filme em questão. 
[LEME, Marcelo, em 22/05/2012], in "Uma versão heróica e frágil de Edgar Allan Poe", desfere a seguinte crítica acerca do filme: 
"frágil suspense policial banhado pela literatura e história que vem angariar alguns fãs e recordar o Séc. XIX. (...) 
Allan Poe é celebrado de uma maneira minúscula diante de sua magnânima importância."
 Em seguida, o crítico coloca uma questão inicial seguida de uma constatação: 
"Afinal, quantos são os espectadores de O Corvo que conhecem a vida de Allan Poe? Alguns nem mesmo ouviram falar de qualquer uma de suas obras."
Como aconteceu com a mutação de Sherlock Holmes na telona perdendo características em favor da necessidade de atrair um outro público que não o leitor, ele acha que O Corvo é outra ficção fadada a não conseguir que o público que assistiu ao filme busque conhecer o escritor. 
"Essa ficção baseada em um dos seus mais célebres contos, Os Assassinatos da Rua Morgue, é dirigida por James McTeigue, do ótimo V de Vingança (V For Vendeta, 2005). Apostando numa atmosfera gótica pela necessidade de chamar a atenção para a estética quando a narrativa não tem grande vigor, McTeigue traça um rumo captando elementos de várias obras do protagonista (Allan Poe), como O Barril de Amontillado ou A Máscara da Morte Rubra, entre outros citados. Não há qualquer força ou finalidade justificável por ações, com personagens soltos cuja importância nula não corresponde nem para nossa gana em desvendar o mistério sugerido ou especular o assassino que vem causando terror em Baltimore. (...) 
Concebido por diálogos rebuscados, especialmente veiculados ao seu genial protagonista, O Corvo se torna um suspense de jornal com cenas ao estilo da série Jogos Mortais."
Finalmente, o crítico de cinema remete a Jigsaw (Jogos Mortais, 2004), um assassino que possui uma marca registrada: deixar em suas vítimas uma cicatriz em forma de quebra-cabeças. O detetive, designado para investigar os assassinatos, desenvolve uma obsessão de capturar Jigsaw, a partir do caminho evasivo seguido pelo assassino. Segundo Leme, o filme possui a característica de 
"um romance ficcional motivando a trama: a sequestrada (Emily Hamilton), que Edgar Allan Poe tem que encontrar, é justamente quem este ama, é aquela pela qual faria qualquer coisa. Vale como estudo de uma época, uma menção a respeito do despontamento de dois grandes nomes da literatura mundial, o próprio Poe e o francês Júlio Verne, este lembrado durante a narrativa. Moldado para ser um herói, o protagonista que ganha a face de John Cusack com cavanhaque (dispensando o bigode tradicional do original), Allan Poe é celebrado de uma maneira minúscula diante de sua magnânima importância."

V. ALGUMAS  CITAÇÕES INTERESSANTES NO FILME, GERALMENTE EXTRAÍDAS DA OBRA DE POE

 

1) John Cusack (Edgar Allan Poe) 
"Tell Fields his name is Reynolds." Trad.: "Diga a Fields (detetive) que seu nome é Reynolds."
De Poe para o detetive Fields sobre o serial killer:
Poe: You think this comes from a logical mind? Any man who can carve a human being in half doesn't come from a place of logic.
Fields: Then from where?
Poe: Mental disease. Obsession. Passion.
Trad. Poe: Tu achas que isso (assassinato) venha de uma mente lógica? Qualquer um que possa talhar outro ser humano pela metade não vem de um local da lógica.
Fields: De onde então?
Poe: Doença mental. Obsessão. Paixão.
2) Alice Eve (Emily Hamilton, namorada de Poe)
Emily declama trecho do inesquecível poema "Annabel Lee", o último poema completo composto por Allan Poe provavelmente em maio de 1849:
"And neither the angels in heaven above
Nor the demons down under the sea
Can ever dissever my soul from the soul
Of the beautiful Annabelle Lee."
Trad.: "Nem os anjos no céu acima
Nem os demônios debaixo do mar
Podem jamais separar minh' alma da alma
Da belíssima Annabel Lee."
Obs. O poema completo intitulado "Annabel Lee" consiste de 6 estrofes: 3 com 6 linhas cada, uma com 7 linhas e duas com 8 linhas cada. Embora não seja tecnicamente uma balada, Poe referiu-se ao poema como uma balada. Como balada, o poema usa repetição de palavras e frases propositadamente para criar seu efeito lúgubre. Consta que Poe tomou medidas para assegurar que o poema pudesse ser lido impresso. Ele deu uma cópia para Rufus Wilmot Griswold, seu inventariante literário e rival pessoal, deu outra cópia para John Thompson para quitar um débito de $5, e vendeu uma cópia para Sartain's Union Magazine para publicação. Embora Sartain's fosse a primeira impressão autorizada em janeiro de 1850, Griswold foi o primeiro a publicar em 9 de outubro de 1849, dois dias após a morte de Poe, como parte de seu obituário de Poe no New York Daily Tribune. Thompson o publicou no Southern Literary Messenger em novembro de 1849.
3) Brendan Gleeson (Capitão Charles Hamilton, pai de Emily)
"If you know what's good for you, Poe, you stay away from my daughter."
"Se você sabe o que é bom para você, Poe, fique longe de minha filha.
4) Kevin McNally (Henry Maddox ou Maddux, editor de Poe)
Maddux sobre Poe: "I believe that God gave him a spark of genius and quenched it in misery. But as far as something like this... The only thing he's ever killed is a bottle of brandy."
"Acho que Deus lhe deu uma centelha de gênio e a apagou na adversidade. Mas quanto a algo assim (isto é, ser o serial killer)... A única coisa que ele matou foi uma garrafa de conhaque."
5) Sam Hazeldine (Ivan Reynolds, tipógrafo do jornal, obcecado por Edgar Allan Poe, que usou seus contos como inspiração para uma série de assassinatos em Baltimore)
Quando cita trecho do conto "O Coração Revelador": 
"Anything was better than this agony. Anything was more tolerable than this derision. I could bear those hypocritical smiles no longer."
Trad. "Qualquer coisa era melhor do que esta agonia. Qualquer coisa era mais tolerável do que esse escárnio. Eu não aguentava mais aqueles sorrisos hipócritas."
Na final confrontação, Reynolds (tipógrafo) fala com Poe: "I couldn't agree more. I am your crowning achievement, your masterpiece. In whose world do we each exist right now, Edgar? Mine or yours? I don't really know the answer. It's quite brilliant."
"Concordo plenamente. Eu sou tua realização suprema, tua obra-prima. Em que mundo cada um de nós vive agora, Edgar? No meu ou no teu? Eu realmente não sei a resposta. Ela é bastante brilhante."

 
 
VI. REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS


BAUDELAIRE, Charles: Edgar Allan Poe, sa vie et ses oeuvres, cap. 1, aparecido pela primeira vez nos fascículos da Revue de Paris, mar/abr 1852, depois retomado como introdução às Histórias Extraordinárias (1856)

BELLIN, Greicy Pinto: Edgar Allan Poe e o surgimento do conto enquanto gênero de ficção, Anuário de Literatura, Curitiba: Universidade Federal do Paraná, vol. 16, n. 2, p. 41-53, 2011

BLOG IRREPARÁVEL: O Corvo / Link: http://www.irreparavel.com/2012/10/o-corvo.html  👈

CHESTER, Dylan: [Review] The Raven / Link: https://thefilmstage.com/review-the-raven-2/  👈
 
DELUMEAU, Jean: HISTÓRIA DO MEDO NO OCIDENTE 1300/1800: Uma cidade sitiada, São Paulo: Companhia de Bolso, 2009, 695 p.
 
FANTASTICURSOS: Edgar Allan Poe entre o Gótico e a Ficção Científica / Link: http://fantasticursos.com/edgar-allan-poe-gotico-e-ficcao-cientifica/  👈
 
LEME, Marcelo: Uma versão heróica e frágil de Edgar Allan Poe / Link: https://www.cineplayers.com/criticas/corvo-o  👈
 
NATTA, Marie-Christine:  «21. Le traducteur et le poète», Baudelaire. sous la direction de Natta Marie-Christine. Perrin, 2019, pp. 327-337. 

STEIN, Marta Isadora. Transposição do gótico e do fantástico em traduções brasileiras do conto “The Masque of the Red Death”, de Edgar Allan Poe, 2019, 55 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Licenciatura em Letras - Português/Inglês, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Pato Branco.

WIKIPEDIA: Edgar Poe in Popular Culture / Link: https://en.wikipedia.org/wiki/Edgar_Allan_Poe_in_popular_culture  👈

_____________Edgar Allan Poe and Music / Link: https://en.wikipedia.org/wiki/Edgar_Allan_Poe_and_music  👈

_____________Edgar Allan Poe in television and film / Link: https://en.wikipedia.org/wiki/Edgar_Allan_Poe_in_television_and_film  👈

_______________The Raven (2012 film)  / Link: https://en.wikipedia.org/wiki/The_Raven_(2012_film)  👈

13 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
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Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Prezad@,
Tenho o prazer de dar continuidade ao meu trabalho anterior que consistiu em abordar "OS ÚLTIMOS DIAS DE EDGAR ALLAN POE", ocasião em que se pretendeu expor de uma forma científica aquele período da vida do grande escritor norte-americano.
Agora lhe estou enviando este trabalho mais recente, na sequência do anterior, que possui outra característica, pois analisa uma obra cinematográfica de ficção, constituindo uma proposta de reconstituição dos últimos dias de Edgar Allan Poe neste mundo.
Tendo em vista que "é difícil imaginar que haverá uma resposta completamente satisfatória sobre o que o matou", a proposta do filme O Corvo de 2012 deve ser considerada uma das possíveis ocorrências num universo de possibilidades.

Link: https://bragamusician.blogspot.com/2022/01/o-corvo-2012-thriller-sobre-os-dias.html

Cordial abraço,
Francisco Braga

Antônio Oliveira (cronista, autor do livro "Sou cronista e não sabia..." e de vários e-books) disse...

Parabéns pelo alto nível de suas pesquisas. Antônio

Adenor Simões (Ator são-joanense e diretor de espetáculos públicos, ex-vereador e candidato a Deputado Federal em Minas Gerais pelo PSB nas eleições de 2018) disse...

Muito bom, meu amigo. Abraços

Anderson Braga Horta (poeta, escritor, ex-presidente da ANE-Associação Nacional de Escritores e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal) disse...

Excelente, Francisco.
Abs. Anderson

Frei Joel Postma o.f.m. (compositor sacro, autor de 5 hinários, cantatas, missas e peças avulsas) disse...

Olá, Francisco e Rute.! Obrigado pelo seu artigo mui completo sobre um escritor cujas obras literárias eu não conhecia.
Desejo-lhes para este ainda novo ano, muita "Paz e muito Bem". Grande abraço. f. Joel.Desejo-lhes para este ainda novo ano, muita "Paz e muito Bem". Grande abraço. f. Joel.

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...
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Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga.
Impressionante a sua resenha sobre o escritor e o foco nesse interessante filme de 2012, entre outros relacionados a E.A. Poe. A referência à "Máscara da Morte Rubra", neste contexto trágico de Pandemia no qual vivemos, é dolorosamente oportuna.
Parabéns pela publicação. Muito grato pela oportunidade da leitura.
Cupertino

Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, desembargador, ex-presidente do TRE/MG, escritor e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

CONTOS ATERRORIZANTES DE POE!
LI HÁ ANOS.

Mario Pellegrini Cupello, Arquiteto, Pres. do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto - Valença RJ disse...

Caro amigo Braga
Agradecemos pela gentileza do envio deste seu excelente e robusto trabalho sobre "OS ÚLTIMOS DIAS DE EDGAR ALLAN POE".
Parabéns!
Abraços, meus e de Beth.
Mario.

Raquel Naveira (membro da Academia Matogrossense de Letras e, como poetisa publicou, entre outras obras, Jardim Fechado, antologia poética em comemoração aos seus 30 anos dedicados à poesia) disse...

Que imenso e sensacional material sobre Poe, caro Francisco Braga!
Ficou a vontade de assistir ao filme.
O poema "O Corvo" com as anotações sobre a sua gênese acompanharam minha vida de poeta.
Interessante como ele influenciou Baudelaire e tantos outros escritores.
Teve uma vida intensa, sofrida, extenuante, terminada em morte precoce.
Há mesmo muito mistério no sobrenatural.
Abraço grande,
Raquel Naveira

Pe. Sílvio Firmo do Nascimento (professor, escritor e editor da Revista Saberes Interdisciplinares da UNIPTAN e membro da Academia de Letras de SJDR) disse...

Caro Francisco Braga
Graça e paz!
Gratidão pela remessa do link acima.
Abraço cordial
Pe. Sílvio

Unknown disse...

Fantástica mais esta abordagem sobre a produção literária de Allan Poe, carregada do " gótico", que tanto me fascina. A meu ver, a escolha do narrador em primeira pessoa mostra a forte intenção do autor de colocar-se como "testemunha ocular" dos fatos- mesmo que não o seja- para torná-los absolutamente reais e palpáveis na sua absurda ficção. Maria Auxiliadora Muffato