Por Francisco José dos Santos Braga
אפילו דקה
אפילו דקה
אפילו לרגע אי אפשר
עוד מעט מחאמא לא נרדמת בלעדיר
כן מוכרח ללכת
צר לי כבר מאוחר
הרכבת יוצאת
רכבת אחרונה הלילה
אחת עשרה בדיוק
יש לי בית אחד
ויש לי אמא
השתדלי הלילה לא לכעוס עלי
כי בן יחיד אני
אמא לא נרדמת בלעדי
TRANSLITERAÇÃO DO HEBRAICO PARA O PORTUGUÊS
Afílu daká
Afílu daká
Afílu le-réga i efshár
Od meát machár
Ken much-rách laléchet
Tzar li kvár meuchár
Ha-rakévet iotzét
Rakévet achroná ha-láila
Achát essrê bediúk
Iésh li báit echád
Vê-iésh li íma
Tishtadlí ha-láila ló likhós alái
Ki ben iachíd aní
Íma ló nirdêmet bil-adái
Afílu daká
Afílu le-réga i efshár
Od meát machár
Ken much-rách laléchet
Tzar li kvár meuchár
Ha-rakévet iotzét
Rakévet achroná ha-láila
Achát essrê bediúk
Iésh li báit echád
Vê-iésh li íma
Tishtadlí ha-láila ló likhós alái
Ki ben iachíd aní
Íma ló nirdêmet bil-adái
VERSÃO LITERAL DA LETRA HEBRAICA
Nem um minuto
Nem um minuto
Nem um momento é possível
Daqui a pouco (é) amanhã
Sim, tenho que ir
Desculpa, já (é) tarde
O trem já está partindo
O último trem desta noite
Às onze exatamente
Eu tenho uma casa
E tenho mamãe
Tenta não te zangares comigo esta noite
Porque sou filho único
Minha mãe não dorme sem mim.
Abaixo está o link para a página do Facebook do Museu Adoniran Bror Chail, que fica em Israel, no kibutz Bror Chail, onde vivem centenas de imigrantes do Brasil:
https://www.facebook.com/museuadoniran.brorchail
O museu fica no vagão de um trem de 1910, o primeiro que chegou a Israel, porém pintado de verde e amarelo, e está sempre organizado e atento às novidades sobre seu homenageado. O Trem das Onze é um dos clássicos sambas de João Rubinato, conhecido como Adoniran Barbosa, o pai do samba paulista.
Ele nasceu em Valinhos, a 6 de agosto de 1912, vindo a falecer em São Paulo, no dia 23 de novembro de 1982. Afílu Daká em hebraico significa “Nem Um Minuto”.
A versão em hebraico de Trem das Onze é de Tzur Bobrov.
Coral Sharsheret - WIZO/SP
Regência, arranjos, teclados e edição de vídeo: Sima Halpern
Assistente: Abigail Wimer
I. INTRODUÇÃO
Eu estava entre os fãs de Adoniran Barbosa, quando ele esteve no Teatro da EAESP-Fundação Getúlio Vargas para uma apresentação em 1975, acompanhado pelo grupo Demônios da Garoa. Foi uma apoteose! Ali presenciei o que era uma grande performance aclamada por todos os alunos da FGV, com aplausos, palmas, acenos de mãos como um merecido tributo a um velho artista, uma lenda do samba paulistano e da própria cidade de São Paulo.
Diante de Adoniran, constatávamos a presença de um ídolo, avesso à evolução dos tempos, em contraste com a superaceleração de nossas atividades acadêmicas. Como disse Osvaldinho da Cuíca: "O progresso fez com que se perdesse o estilo do Adoniran, o sotaque italiano, o andar mais lento do samba”.
II. TREM DAS ONZE
Da mais famosa música de Adoniran, "Trem das Onze", único samba "paulista" a ganhar concurso no Rio de Janeiro, há três versões estrangeiras: italiana, hebraica e espanhola.
Ernesto Paulelli, o homem que inspirou o "Samba do Arnesto" de Adoniran Barbosa, relata que "dependendo do humor, ele dizia que era passageiro ou não do tal trem, que aliás nunca saiu às 11 da Zona Norte..."
Celso de Campos Júnior, biógrafo de Adoniran, escreveu que o músico é uma espécie de “fio condutor” da vida paulistana. “Três de suas principais características eram a versatilidade, a curiosidade e a capacidade de transitar pelos mais diferentes cenários. Assim, ele estava sempre por perto das novidades, mostrando sua cara e tentando cavar seu espaço. Acrescente-se a isso uma boa cara de pau. O cinema era a coqueluche do momento? Lá estava Adoniran. As novelas da TV Tupi estouravam de audiência? Adoniran cobrava do amigo Carlos Zara, então diretor da emissora, um papel”, relata. “E, claro, não só isso: em sua obra musical, Adoniran viveu e cantou as mudanças da cidade – o samba do metrô, a canção para a Praça da Sé remodelada…”
Ao amigo Paulo Vanzolini, o qual indagou certa vez por que ele no samba escreveu "moro em Jaçanã", já que os habitantes do bairro dizem "moro no Jaçanã". Sorrindo, Adoniran brincou: "E eu sei lá onde fica essa porcaria?"
Por essas e outras, Adoniran ficou conhecido por sua gaiatice.
Finalmente, cabe uma observação curiosa.
Onomatopeia é uma palavra que tenta reproduzir ou imitar sons e ruídos naturais, quer sejam de objetos, de pessoas ou de animais. É o caso na música "Trem das Onze" de Adoniran Barbosa, na qual os cantores se comunicam com palavras exóticas, às vezes contextualizadas, outras vezes, fora do contexto.
No caso do Coral israelense Sharsheret, para finalizar a canção, usa palavras que lembram laila (noite, em português) e apito do trem (tuturururu) da seguinte forma:
La,la,la,ia,la,la,
Tu,tu,ru,ru,ru
Tu,tu,ru,ru,ru
Tu,tu,ru,ru,ru
Outros preferem, em vez de tuturururu:
La,la,la,ia,la,ia
Quaiscaligundum
Quaiscaligundum
Quaiscaligundum
Ou se preferem, os Demônios da Garoa costumavam cantar:
Bam,zam,zam,zam,zam,zam
Pascalingudum
Pascalingudum
Pascalingudum
Ainda outra versão muito utilizada é a seguinte:
Faz,faz,faz,faz,faz,faz
Faz carim dumdum,
Faz carim dumdum,
Faz carim dumdum.
14 comentários:
Prezad@,
Recentemente, um amigo brasileiro, residente no kibutz de Bror Chail, em Israel, enviou-me notícias de sua vida comunitária e da homenagem que os israelenses prestam ao músico ADONIRAN BARBOSA, anexando um vídeo do Coral Sharsheret cantando seu samba mais famoso, "TREM DAS ONZE", em tradução hebraica ("Afílu daká") e depois na língua portuguesa.
O Museu Adoniran Bror Chail é mantido no kibutz Bror Chail, em Israel. Fica no vagão de um trem de 1910, pintado de verde e amarelo.
Fiquei maravilhado com o carinho que tratam as nossas tradições e decidi compartilhar com meus leitores minha alegria.
https://bragamusician.blogspot.com/2023/01/em-israel-adoniran-barbosa-e-nome-de.html
Cordial abraço,
Francisco Braga
Parabéns, mestre Braga!
"Trem das Onze" é uma das minhas músicas preferidas. Bela e merecida homenagem ao Adoniran Barbosa. Parabéns, ao nosso mestre Dr. Braga pelo impecável texto.
Merania Oliveira
Excelente!
Bacana!
Merecida homenagem. Adoniran, uma vez mais eternizado. É preciso divulgar mesmo. Eu gostaria de ver a cara de alegria ou de surpresa que ele faria diante da homenagem. www.poetageraldoreis.blogspot.com
Olá, Braga. Que legal!
Trem de Adoniran.
Onze a zero para ele.
Moro em Jaçanã
e em Israel,
não posso ficar,
ficar calado.
Muito obrigado.
Napoleão Valadares
Obrigado! É simplesmente genial. Adoniran está imortalizado. Mais uma vez.
Adoniran significa não só uma grande divulgação mas também uma grande honra para o Brasil. Parabéns mais uma vez por uma importante publicação.
Bom Dia, Francisco e Rute. Na semana passada o nosso confrade Frei Chico, faleceu, após uma parada cardíaca. Ele veio da Holanda para o Brasil, alguns anos depois de mim. Ele tem sido um grande estudioso da cultura popular brasileira. Ele foi enterrado em Araçuaí, onde ele começou sua caminhada franciscana no Brasil e onde o prefeito prescreveu três dias de luto! Colaboradores dele estão escrevendo um tipo de bíblia da religiosidade popular. Grande confrade!! Com meus votos de "Paz e Bem", do irmão, fr. joel.
Francisco, que coisa admirável. Não sabia da existência de tal vagão. Obrigado. Um abraço. João Bosco
Realmente impressionante!
De fato: música de verdade fala a linguagem universal. A nossa popular brasileira, de boa qualidade, tem sabor especial nos modos estrangeiros. Que delícia! Maria Auxiliadora Muffato
Caro professor Braga!
Simplesmente inusitada e honrosa para a música popular brasileira e para nós todos a existência desse Museu!
Seria interessante o porquê de sua existência e de quem teria partido a iniciativa.
Obrigado pela publicação e tradução dessa adaptação curiosa do " Trem das Onze".
Cumprimentos,
Cupertino
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