segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

UM AMIGO DE KAFKA

Por ISAAC BASHEVIS SINGER *

Introdução, tradução do inglês e comentários por Francisco José dos Santos Braga 

Isaac Bashevis Singer, 1978. (Crédito: Louis Monier/Gamma-Rapho via Getty Images)
  
 
I. INTRODUÇÃO

 
Logo abaixo se lerá minha tradução do conto-título de abertura do livro A Friend of Kafka and Other Stories (1970) de Isaac Bashevis SINGER (Leoncin, Polônia, 1902 - Surfside, Flórida, 1991). Foi feita a partir de sua versão em inglês, idioma para o qual o próprio Singer traduzia muitos de seus contos, após escrevê-los em sua língua original: o iídiche ou yiddish. 
O leitor observará no contista polonês americano um narrador impecável, detalhista, que dota seus textos de uma verossimilhança ao alcance de poucos autores congêneres; no seu texto, o leitor se surpreenderá com o pitoresco de seus personagens, a frescura de seus temas, a sexualidade de suas passagens mais memoráveis; sua narrativa combina de forma magistral "o fino senso de humor, a ironia cortante, aquele olhar de esguelha para o mundo sério e tolo em que vivemos", drama, filosofia, amor, tragédia e emoção, tudo para diversão do leitor e, por último, mas não menos importante: o leitor constatará que Singer se fez merecedor de ser ganhador do Nobel de Literatura (1978) por tornar seus romances e contos escritos em iídiche bastante acessíveis ao grande público. Resta ainda mencionar uma curiosidade a respeito de Singer: ele é o autor de Yentl, personagem de um de seus contos, um sucesso na Broadway (com a peça de 1975 apresentando as aventuras de uma mulher judia que se traveste de homem para ingressar num colégio de rapazes e participar de sua formação religiosa através de ensinamentos do Talmud, um privilégio masculino) e depois no filme dirigido, roteirizado e dirigido por Barbra Streisand (1983). 
 
O conto relata as reminiscências de Jacques Kohn , um ex-ator do Teatro Iídiche de Varsóvia que se encontra desempregado como escritor, doente e derrotado , confiadas ao narrador que tem muito interesse de conhecer a relação entre Kafka e o ex-ator. Para o narrador, Kohn é um importante elo à arte e literatura europeias. Para o Sr. Kohn, o narrador é não apenas uma fonte de dinheiro, mas também audiência para suas aventuras da juventude. Kohn problematiza as passagens corriqueiras de sua atual vida como uma partida de xadrez em que o adversário é um "anjo duro", que joga disputando a vida do rival. Kohn admira o estilo do adversário, mas sabe que seu adversário vencerá finalmente, apesar de insistir em prolongar o jogo. O Destino ou Fado, como Kohn em certa altura chama seu adversário, também gosta de jogar: ele não quer matar Kohn rápido demais. O objetivo dele é "quebrar o barril, mas não deixar o vinho se esgotar". 
A certa altura já se encaminhando para o final do conto, Kohn se refere a um livro de certo Dr. Mitzkin, intitulado A Entropia da Razão. Para este, o caos, e não a ordem, é a lei da natureza. De fato, o termo entropia é tomado da termodinâmica, para a qual ela (a entropia) tende a aumentar à medida que a matéria e a energia no universo se degrada até um derradeiro estado de uniformidade inerte. 
A vida do Sr. Kohn é apenas uma ilustração da "entropia" que rege o mundo, entendendo aqui uma referência à ideia de que tudo no universo eventualmente se move da ordem para a desordem, e a entropia é a medição dessa transformação. O Destino tortura Kohn com impotência, pobreza, doença, desespero e frio, como também submeteu Jó a tais agruras. Apesar disso, o Sr. Kohn é um modelo de resistência contra os truques do Destino, seu adversário no jogo de xadrez da vida. Lutar contra o "anjo duro": esta é a força que impulsiona o Sr. Kohn a continuar vivendo. Por isso mesmo, o Sr. Kohn é o herói do conto, como afinal sugere o seu título "O Amigo de Kafka". 
Por outro lado, Singer teve o cuidado de ilustrar também o oposto do Sr. Kohn: Bamberg, "um cadáver que se recusa a descer à cova". Em determinado momento, o Sr. Kohn esclarece que esse Dr. Mitzkin previu que "o homem vai acabar sendo uma máquina de palavras: vai comer palavras, beber palavras, casar-se com palavras, envenenar-se com palavras." 
Afinal, independente de tudo o que o homem possa perder, irá reter sua palavra, a palavra que pode transformar "um monte de barro num ser vivo, o golem," e que pode "criar um mundo". 
No conto, Kafka morreu, mas sua obra permanece e até transmite importância a certa Madame Tschissik, o grande amor e objeto dos sonhos de Kafka, apagada ex-atriz de Praga. Conforme Singer, "todos os que, por uma razão ou outra, tiveram intimidade com um grande homem entram com ele no reino da imortalidade e, às vezes, calçados com as botas mais grosseiras".
 
 
II. TRADUÇÃO DO CONTO "UM AMIGO DE KAFKA"
 
 
Eu tinha ouvido falar de Franz Kafka por seu amigo Jacques Kohn, ex-ator no teatro iídiche, anos antes de ler qualquer de suas obras. E eu disse "ex", porque, quando o conheci, ele já não estava mais em cena há anos. Era o início dos anos 30, e o Teatro Iídiche de Varsóvia havia perdido grande parte de sua audiência. O próprio Jacques Kohn era um homem doente e derrotado. Em que pese ainda se vestir como um dândi, suas roupas já apresentavam a aparência de muito surradas. Ele usava um monóculo sobre o olho esquerdo, uma gola alta antiquada (do tipo chamado, na época, de "father-murderer" ¹), sapatos de couro envernizado e um chapéu-coco. Tinha sido apelidado de "o lorde" pelos cínicos do Clube de Escritores de Iídiche de Varsóvia, que tanto ele quanto eu frequentávamos. Apesar de suas costas se curvarem cada vez mais, ele teimosamente se esforçava para andar com os ombros jogados para trás. O que restara de seu outrora cabelo louro ele penteava para formar uma ponte sobre sua cabeça careca. Seguindo a tradição teatral do passado, ele ocasionalmente tinha uma recaída de falar iídiche germânico, particularmente quando falava de sua relação com Kafka. Ultimamente, Jacques Kohn havia começado a escrever artigos para jornais, mas os editores eram unânimes em rejeitar seus manuscritos. Ele morava em um sótão na rua Leszno e estava sempre adoentado. Os sócios do clube aplicaram-lhe a seguinte frase mordaz: "Passa o dia numa tenda de oxigênio, de onde sai ao anoitecer como um Don Juan." 
 
Sempre nos encontrávamos no clube, no fim da tarde. A porta se abriu lentamente para admitir Jacques Kohn. Entrou com ares de grande celebridade europeia, digna de visitar o gueto. Ele ia olhar em volta, ia fazer uma careta de desgosto, indicando que os cheiros de alho, arenque e tabaco barato não eram do seu gosto. Com desdém ia lancar um olhar sobre as mesas cobertas de jornais rasgados, peças de xadrez quebradas e cinzeiros transbordando de bitucas de cigarro; em torno desses, os sócios do clube discutiam incessantemente literatura com suas vozes estridentes. Jacques Kohn ia balançar a cabeça, como se dissesse: "O que se pode esperar de tais idiotas?" Assim que eu o via entrar, ia colocar a mão no bolso e preparar entre os dedos o zloty que ele costumava me pedir emprestado. 
Naquele fim de tarde, Jacques parecia com um humor melhor do que de costume. Ele sorriu, mostrando seus dentes de porcelana, que não se ajustavam e se mexiam quando ele falava, e se aproximou lentamente de mim, como se estivesse no palco. Ele me ofereceu sua mão ossuda com dedos longos e disse: 
— Como vai o nascer da estrela hoje à noite? 
— Já em ação? 
— Estou falando sério. Sério. Percebo talento quando o vejo, mesmo que me falte. Em 1911, quando apresentávamos uma peça em Praga, ninguém tinha ouvido falar de Kafka. Bem, Kafka veio aos bastidores, e no momento em que o vi, entendi que estava na presença de um gênio. Eu podia cheirá-lo, como um gato cheira um rato. Foi assim que começou nossa grande amizade. 
 
Eu tinha ouvido essa história muitas vezes e com tantas variantes, mas sabia que teria que ouvi-la novamente. Ele se sentou à minha mesa, e Manya, a garçonete, nos serviu dois copos de chá com biscoitos. Jacques Kohn ergueu as sobrancelhas acima de seus olhos amarelados, cujos brancos eram tecidos por pequenas veias sangrentas. Sua expressão parecia dizer: "Isto é o que os bárbaros chamam de chá?" Pôs cinco torrões de açúcar no seu copo e mexeu, girando a colher de lata, de dentro para fora. Com o polegar e o indicador, cuja unha era extraordinariamente longa, ele partiu um pedacinho de biscoito e levou-o à boca, e disse "Nu, ja", que significava: "O passado não serve para encher barriga de ninguém". 

Era tudo encenação. O próprio Jacques Kohn veio de uma família hassídica, em uma das cidadezinhas da Polônia. Seu nome não era Jacques, mas Jankel ². No entanto, ele tinha vivido por muitos anos em Praga, Viena, Berlim, Paris. Nem sempre tinha sido ator no teatro iídiche, mas também tinha se apresentado tanto na França quanto na Alemanha. Tinha sido amigo de muitas celebridades. Tinha ajudado Chagall a encontrar um estúdio em Belleville. Tinha sido assíduo convidado na residência de Israel Zangwill. Tinha atuado numa produção de Reinhardt e tinha comido frios com Piscator. Tinha me mostrado cartas recebidas não apenas de Kafka, mas também de Jakob Wassermann, Stefan Zweig, Romain Rolland, Ilya Ehrenburg e Martin Buber. Todos o tratavam por seu primeiro nome. À medida que nossa amizade se estreitava, Jacques Kohn tinha me permitido ver fotos e cartas de atrizes famosas, com as quais ele teve casos. 

Para mim, "emprestar" um zloty a Jacques Kohn significava entrar em contato com a Europa Ocidental. Até a maneira como ele empunhava sua bengala com cabo de prata me parecia exótica. Ele até fumava cigarros de forma diferente de como fazíamos em Varsóvia. Suas maneiras eram extremamente refinadas. Nas raras ocasiões em que me repreendeu por alguma coisa, conseguia evitar me magoar acrescentando um elogio elegante. O que mais admirava em Jacques Kohn era sua maneira de tratar as mulheres. Eu era muito tímido com as moças, — ficava corado, embaraçado na sua presença — mas Jacques Kohn tinha a segurança de um conde. Ele sempre tinha algo bom para dizer à mulher menos atraente. A todas lisonjeava, embora sempre com um toque de ironia bem-humorada, afetando a atitude indiferente do hedonista que já tem provado de tudo. 

A mim falou com toda a franqueza: 
— Meu jovem amigo, a verdade é que estou quase impotente. A impotência sempre começa com o aparecimento de um gosto excessivamente refinado — quando se está faminto, não precisa de marzipã e caviar. E já cheguei a um ponto em que não há mulher que eu considere realmente atraente. Qualquer deficiência não me passa despercebida. Isso é impotência. Vestidos e espartilhos são transparentes para mim. Não posso mais ser ludibriado por maquiagem e perfume. Tenho perdido meus próprios dentes, mas, quando uma mulher abre a boca, vejo suas obturações. Por falar nisso, esse era o problema de Kafka como escritor: via todas as falhas — as próprias e as dos outros. A maior parte da literatura é obra de plebeus e idiotas como Zola e D'Annunzio. No teatro, vi os mesmos defeitos que Kafka via na literatura, e isso nos uniu muito. Mas, bem estranhamente, quando lhe coube julgar o teatro, Kafka foi completamente cego. Ele elogiou nossas medíocres ​​peças em iídiche. Ele se apaixonou perdidamente por uma atriz figurante, Madame Tschissik. Quando penso que Kafka amou aquela criatura e fez dela o objeto de seus sonhos, sinto pena do ser humano e de suas ilusões. Bem, a imortalidade não é seletiva. Todos os que, por uma razão ou outra, tiveram intimidade com um grande homem entram com ele no reino da imortalidade e, às vezes, calçados com as botas mais grosseiras. A propósito, você não me perguntou, meu caro amigo, qual é a força que me impulsiona a continuar lutando? O que me dá a força para suportar a pobreza, doença e, pior de tudo, a desesperança? Boa pergunta, meu jovem amigo! É a mesma que formulei quando li o Livro de Jó pela primeira vez. Por que Job continuou a viver e sofrer? Para ter no fim mais filhas, mais asnos e mais camelos? Não. A verdade é que Jó continuou pelo próprio jogo. Todos nós jogamos xadrez com o Destino como adversário. Ele move uma peça; nós movemos outra. O destino tenta nos dar xeque-mate em três lances; nós tentamos impedi-lo. Sabemos que não podemos vencer, mas somos impelidos a dar-lhe um bom combate. Meu adversário neste jogo de xadrez é um anjo duro. Ele ataca Jacques Kohn com todos os truques em sua mala. Agora é inverno; faz frio mesmo com o fogão ligado, mas meu fogão está quebrado há meses e o senhorio se recusa a consertá-lo. Além disso, eu não tenho dinheiro para comprar carvão. É tão frio dentro do meu quarto quanto fora. Se você não tiver vivido em um sótão, você não sabe a força do vento. Minhas vidraças chacoalham mesmo no verão. Às vezes, um gato de rua sobe no telhado perto da minha janela e geme como uma mulher em trabalho de parto a noite toda. Fico debaixo das cobertas, tremendo de frio, enquanto o gato uiva, chamando por uma gata, embora ele possa simplesmente estar com fome. Poderia dar a ele um bocado de comida para acalmá-lo, ou afugentá-lo, mas, a fim de não me congelar, me embrulho com todos os trapos que possuo, mesmo com jornais velhos — o mais leve movimento e todo o trabalho se desfaz. Em todo caso, meu caro amigo, no caso de jogar xadrez, é melhor fazê-lo com um adversário digno do que com um trapalhão. Admiro meu adversário. Às vezes, estou encantado com sua ingenuidade. Ele está sentado lá, em um escritório do terceiro ou sétimo céu, naquele departamento da Providência que governa nosso planetazinho, e ele só tem uma missão: encurralar Jacques Kohn. Suas ordens são: 'Quebre o barril, mas não deixe o vinho se esgotar.' Ele tem feito exatamente isso. É um milagre como ele consegue me manter vivo. Eu tenho vergonha de lhe dizer quantos remédios eu tomo, quantos comprimidos eu engulo. Tenho um amigo farmacêutico, do contrário jamais teria condições de comprá-los. Antes de ir para a cama, engulo esses comprimidos, um de cada vez — a seco. Sim, porque, se eu tomar água, vou ter que urinar. Tenho um problema de próstata e, mesmo sem tomar água, tenho que me levantar várias vezes à noite. No escuro, as categorias de Kant deixam de se aplicar. O tempo deixa de ser tempo e o espaço deixa de ser espaço. Você segura algo na mão e, de repente, ele não está mais ali. Acender meu lampião a gás não é uma bobagem. Meus fósforos estão sempre sumindo. Meu sótão está cheio de demônios. De vez em quando, me dirijo a um deles: 'Ei, você, Vinagre, filho do Vinho, que tal parar com seus truques chatos?' Algum tempo atrás, no meio da noite, ouvi uma pancada na porta do meu sótão e o som da voz de mulher. Eu não saberia dizer se a mulher estava rindo ou chorando. Falei com meus botões: 'Quem será? Lilith? Namah? Ou Machlath, a filha de Ketev M'riri?' Em voz alta, gritei: 'Senhora, você está enganada.' Mas a mulher continuava a espancar. Então ouvi um gemido e alguém caindo. Não ousei abrir a porta. Comecei a procurar os fósforos, para descobrir finalmente que eu próprio os segurava. Por fim, pulei da cama, acendi o lampião a gás e vesti meu roupão e chinelos. Vislumbrei meu corpo refletido no espelho, e a visão me assustou. Meu rosto estava verde e com a barba por fazer. Finalmente, abri a porta e vi uma jovem, descalça, usando um casaco de pele de zibelina sobre sua camisola. Ela estava pálida e seus longos cabelos loiros estavam desgrenhados. Eu disse: 'Senhora, qual é o problema?' E ela respondeu: 'Alguém acaba de tentar matar-me. Peço-lhe que me deixe entrar; sairei assim que amanhecer.' Eu teria perguntado a ela quem havia tentado matá-la, mas não o fiz porque vi que ela estava meio congelada. O mais provável é que também tinha estado bêbada. Deixei-a entrar, notando que ela estava usando uma pulseira com enormes diamantes. Fui logo avisando: 'Minha casa não tem calefação...'. E ela respondeu: 'Isso é melhor do que morrer na rua.' Era como estávamos ambos ali. Porém, o que eu ia fazer com aquela mulher? Eu só tenho uma cama. Não bebo, porque o médico proibiu, mas um amigo me deu uma garrafa de conhaque e ainda me restavam alguns biscoitos já endurecidos. Ofereci a ela um trago e um biscoito. O álcool pareceu reanimá-la um pouco. Eu lhe perguntei: 'Senhora, você mora neste edifício?' Disse: 'Não, moro no bulevar Ujazdowskie.' Eu imediatamente entendi que ela era uma aristocrata. Uma palavra depois de outra e descobri que se tratava de uma condessa viúva; seu amante morava no mesmo edifício que eu, um homem selvagem cujo bicho de estimação era um filhote de leão. Ele também era um membro da nobreza, embora devido à sua vida ruim tenha sido excluído dos círculos nobres. Ele cumpriu um ano de prisão na fortaleza por tentativa de homicídio. Este homem não podia visitar sua amante porque ela morava com a sogra e, consequentemente, era ela que o visitava. Naquela noite, num ataque de ciúmes, aquele homem a havia espancado e encostado a boca da pistola em sua têmpora. Para resumir, direi que a mulher conseguiu pegar o casaco e sair correndo da casa do amante. Ela bateu na porta de vários vizinhos, mas ninguém a deixou entrar, e assim ela chegou ao sótão. Eu disse a ela: 'Senhora, seu amante com certeza ainda está procurando por você... e se ele encontrar você? Deixei de ser o que chamam de cavaleiro andante, sabe?' Ela respondeu: 'Ele não ousará fazer escândalo, porque está em liberdade condicional. Terminei com ele para sempre. Por favor, não me deixe no meio da noite...' Eu perguntei a ela: 'E como você vai conseguir voltar para casa amanhã?' Ela respondeu: 'Não sei. Estou farta de viver, sim, mas não quero morrer nas mãos deste homem.' Disse a ela: 'Bem, eu não vou conseguir dormir de qualquer maneira, então, por favor, aceite minha cama e eu vou descansar em uma cadeira.' Ela recusou: 'Não, não posso aceitar, você não é mais jovem e não aparenta estar bem, vá para a cama e eu vou sentar na cadeira.' Discutimos longamente o assunto e finalmente decidimos ir para a cama juntos. Eu a tranquilizei: 'Não tenha medo, estou velho e não posso mais satisfazer uma mulher.' Ela estava convencida da veracidade de minhas palavras... Bem... aonde é que eu estava indo? Ah sim! Bem, o fato é que me encontrei na cama, na companhia de uma condessa cujo amante poderia arrombar a porta a qualquer momento. Nós nos cobrimos com meus dois únicos cobertores, e não me preocupei em formar o casulo usual em que durmo. Eu me sentia tão nervoso e inquieto que até me esqueci do frio. Além disso, eu estava constantemente ciente de que a mulher estava ali, ao meu lado. De seu corpo emanava um calor estranho diferente do que eu havia conhecido até então, ou talvez fosse tudo porque eu já havia perdido a memória daquelas coisas. Acaso meu adversário no constante jogo de xadrez estava armando uma nova armadilha para mim? Nos últimos anos, meu adversário jogou sem muito rancor. Sim, porque, como você bem sabe, meu caro amigo, também existe o que poderíamos chamar de xadrez humorístico. Disseram-me que Nimzowitsch às vezes pregava peças em seus adversários. E nos velhos tempos, Morphy tinha uma reputação de humorista de xadrez. Em mente, eu disse ao meu adversário: 'Boa jogada, jogada de mestre...'. E então percebi que sabia quem era o amante da condessa. Eu tinha passado por ele na escada mais de uma vez. Ele era um gigante com cara de assassino. Que final divertido... Jacques Kohn, depenado por um Otelo polonês! Eu me pus a rir e a condessa também. Eu a abracei e a abracei junto de mim. Ela não resistiu. De repente, aconteceu um milagre. Eu tinha vigor viril novamente! Certa ocasião, ao por-do-sol de uma quinta-feira, eu estava em frente ao matadouro de uma pequena cidade, e vi como um touro cobria uma vaca, antes que um e outra fossem sacrificados para a celebração da festa do Sábado. Nunca saberei a razão por que a condessa consentiu. Talvez ela o tenha feito para se vingar de seu amante. A condessa me beijou e sussurrou frases doces em meu ouvido. Então ouvimos passos lentos. Alguém bateu na porta do sótão. A mulher rolou da cama e caiu no chão. Eu queria recitar a oração pelos moribundos, mas tive vergonha de comparecer diante de Deus nessas circunstâncias. Bem, mais do que vergonha de comparecer diante de Deus, tive vergonha de comparecer diante do meu adversário zombeteiro no jogo de xadrez. Como eu iria dar a ele tanto prazer? Mesmo o melodrama tem seus limites. O animal do outro lado da porta continuou a bater, e fiquei maravilhado com o fato de a porta ainda não ter cedido às suas pancadas. Agora ele a estava chutando. A porta gemeu, mas continuou a resistir. Então o barulho parou. Otelo se foi. Na manhã seguinte, levei o bracelete da condessa a uma casa de penhores. Com o dinheiro obtido, comprei para minha heroína um vestido, lingerie e sapatos. O vestido não lhe servia e os sapatos também não lhe serviam, mas, afinal, tudo o que ela tinha a fazer era atravessar a calçada e pegar um táxi, a menos que seu amante a estivesse perseguindo na escada. Mas, curiosamente, o indivíduo desapareceu naquela noite e nunca mais foi visto. Antes de partir, a condessa me beijou de novo e insistiu para que eu a visitasse, mas, apesar de tudo, não sou tão tolo assim. O Talmud diz: "Milagres não acontecem todos os dias." Pois bem, e o curioso é que Kafka, apesar da juventude, viveu atormentado por essas mesmas inibições que são a tortura da minha velhice. Kafka ficou paralisado por essas inibições, tanto em assuntos literários quanto carnais. Ele ansiava por amar, mas fugia do amor. Escrevia uma frase e imediatamente a riscava. Otto Weininger também era assim, louco e brilhante. Eu o conheci em Viena. Ele não cessou de prodigalizar aforismos e paradoxos. Ele disse uma frase que nunca esquecerei: "Deus não criou percevejos". É preciso ter vivido em Viena para entender essas palavras. Quem criou os percevejos? 
 
Olha, aí vem Bamberg! Veja como ele anda, vacilante, com aquelas perninhas tão curtas, como um cadáver que se recusa a descer à cova... Por que aquele homem estaria perambulando a noite toda? Por que insiste em ir a cabarés quando eles não podem mais diverti-lo? Os médicos desistiram dele anos atrás, quando ainda estávamos em Berlim. Mas isso não o impediu de ficar sentado no Romanisches Café até as quatro da manhã, conversando com as prostitutas. Certa vez, Granat, o ator, anunciou que ia dar uma festa — uma verdadeira orgia ³— em sua casa e, entre outros convidados, convidou Bamberg. Granat confiou a todos os homens que viessem com uma senhora, seja a própria, seja uma amiga. Mas Bamberg não tinha esposa nem amante, então contratou uma prostituta para acompanhá-lo. Ele também teve que comprar um vestido de festa para ela. Os convidados eram exclusivamente escritores, professores, filósofos e os clássicos que sempre perseguem os intelectuais. Todos tiveram a mesma ideia de Bamberg e vieram com prostitutas. Eu também fui. Fui na companhia de uma atriz de Praga, velha amiga minha. Você conhece Granat, meu querido e jovem amigo? Não? Bem, ele é um selvagem. Ele bebe conhaque como se fosse água e é capaz de simplesmente comer uma omelete de dez ovos. Assim que os convidados chegaram, Granat se despiu e começou a dançar como um louco com as prostitutas, só para impressionar os convidados intelectuais. A princípio, eles estavam sentados, assistindo ao espetáculo. Depois de um tempo, eles começaram a falar sobre sexualidade. Nietzsche disse isso ou disse aquilo... Quem não presenciou, dificilmente imaginará quão ridículos podem ser esses gênios. E de repente Bamberg sentiu-se mal. Ele ficou verde como grama e começou a suar. Ele me disse: "Jacques, acabou para mim... um bom lugar para morrer!" Ele teve um ataque renal ou hepático. Eu o tirei de lá e o levei para um hospital. 
— A propósito, meu querido e jovem amigo, posso pegar um zloty? 
— Não um, mas dois. 
— Quê!? Será que você roubou o Polski Bank? 
— Eu vendi um conto literário. 
— Parabéns! Jantemos juntos. Eu convido você. 
 
 2 
 
Enquanto jantávamos, Bamberg veio até nossa mesa. Ele era um homem baixo, com a palidez de um tísico, curvado e de pernas arqueadas. Usava sapatos de couro envernizado, e polainas. Em seu crânio pontiagudo ainda havia alguns cabelos grisalhos. Um olho era maior que o outro, e o olho maior era vermelho, arregalado e como se estivesse apavorado com a visão de si mesmo. Ele apoiou as mãozinhas ossudas sobre a mesa e, inclinando-se para a frente, disse com a voz estridente: 
— Jacques, ontem li aquele livro que você me emprestou, O Castelo de Kafka. Interessante, muito interessante, mas aonde ele quer chegar? É muito prolixo por se tratar de um sonho. As alegorias devem ser curtas. 
Jacques Kohn engoliu rapidamente a comida que mastigava e disse: 
— Sente-se. Um mestre não tem que seguir as regras. 
— Existem algumas regras que mesmo um mestre deve seguir. Nenhum romance deveria ser mais longo do que Guerra e Paz. Mesmo Guerra e Paz é muito longo. Se a Bíblia tivesse dezoito volumes, já teria caído no esquecimento há muito tempo. 
— O Talmud tem trinta e seis volumes e os judeus não o esqueceram. 
—Os judeus recordam demais. Esta é nossa desgraça. Há dois mil anos fomos expulsos da Terra Santa e agora estamos tentando voltar a ocupá-la. Loucura, não? Se nossa literatura refletisse essa insanidade, seria bom. Mas nossa literatura é incrivelmente sensata. Bem, chega disso. 
 
Bamberg se endireitou e franziu o cenho com o esforço. Com seus passos pequenos, arrastando os pés, ele se afastou de nossa mesa. Ele foi até o gramofone e colocou um disco de dança. Era sabido no clube dos escritores que Bamberg não escrevia uma palavra há muitos anos. Na velhice, aprendia a dançar, influenciado pela filosofia de seu amigo Dr. Mitzkin, autor de A Entropia da Razão. Nessa obra, o Dr. Mitzkin tentou mostrar que a inteligência humana está falida e que a verdadeira sabedoria só pode ser alcançada através da paixão. 
 
Jacques Kohn balançou a cabeça tristemente: 
— Um Hamlet insignificante. Kafka temia se tornar um Bamberg, e essa foi a razão que o levou a autodestruir-se. 
Perguntei-lhe: 
— A condessa ligou alguma vez para você? 
Jacques Kohn tirou o monóculo do bolso, colocou-o no olho e disse: 
— E daí, se ela tivesse ligado? Na minha vida, tudo se transforma em palavras. Tudo palavras, palavras... Na verdade, esta é a filosofia do Dr. Mitzkin: o homem vai acabar sendo uma máquina de palavras. Ele vai comer palavras, beber palavras, casar-se com palavras, envenenar-se com palavras. Pensando bem, o Dr. Mitzkin também assistiu à orgia de Granat. Ele não só chegou a praticar o que pregava, mas também foi capaz de escrever A Entropia da Paixão. Bem, sim, a condessa me liga de vez em quando. Ela também é uma intelectual, embora sem intelecto. Na verdade, embora as mulheres façam o possível para realçar os encantos de seus corpos, elas sabem tão pouco sobre o significado da sexualidade quanto sobre o intelecto. "Por exemplo, vejamos a Sra. Tschissik. O que aquela mulher tinha, exceto seu corpo? Agora, experimente perguntar a ela o que é realmente um corpo. Atualmente, ela é feia. Ela ainda tinha algo quando foi atriz, nos tempos de Praga. Eu era o ator principal. Ela era uma atriz com apenas um pingo de talento. Fomos a Praga com a ideia de ganhar algum dinheiro, e lá encontramos um gênio, um homo sapiens no mais elevado grau de autotortura. Kafka queria ser judeu, mas não sabia como. Ele queria viver, mas também não sabia como." 
 
Uma vez eu disse a Kafka: "Franz, você é jovem. Faça o que todos nós fazemos." Havia um bordel em Praga que eu conhecia bem, e o convenci a ir comigo até aquele lugar. Kafka ainda era virgem. Prefiro não falar da moça de quem ele estava noivo. Ele afundou até o pescoço na lama burguesa. Os judeus de seu círculo tinham um ideal — tornarem-se gentios, e não gentios tchecos, mas gentios alemães. Em suma, convenci-o a experimentar essa aventura. Levei-o para um beco escuro, no antigo gueto, onde ficava o bordel. Subimos os degraus íngremes. Abri a porta. Parecia um cenário: as prostitutas, os cafetões, os fregueses e a cafetina. Eu nunca vou me esquecer daquele momento. Kafka começou a tremer e puxou minha manga. Depois ele fez meia volta e desceu as escadas tão rápido que tive medo de que quebrasse uma perna. Ao chegar à rua, parou e vomitou como um colegial. Na volta, passamos por uma velha sinagoga e Kafka começou a falar sobre o golem. Kafka acreditava no golem e até estava convencido de que era provável que o futuro nos reservasse outro golem. Tinha que haver palavras mágicas capazes de transformar um monte de barro em um ser vivo. Deus, de acordo com a Cabala, não criou o mundo pronunciando palavras sagradas? No princípio era o Logos. Sim, tudo é um grande jogo de xadrez. Em toda a minha vida tenho temido a morte, mas agora que estou com um pé na cova, parei de temê-la. Não há dúvida de que meu adversário quer fazer um jogo lento. Ele vai continuar a pegar todas as minhas peças, uma a uma. Primeiro, ele me tirou o encanto como ator, depois me transformou em um suposto escritor. Assim que ele fez este último, ele me deu essa cãibra de escritor. Sua próxima jogada foi privar-me da minha potência. Mas sei que o xeque-mate ainda está longe, e isso me dá força. Se está frio no meu quarto, pois bem, que faça frio. Se hoje não tenho nem para jantar — não vou morrer por falta dele. Ele me sabota e eu o saboto. Há algum tempo, estava voltando tarde da noite para casa. Estava terrivelmente frio e, de repente, me dei conta de que havia perdido minha chave. Acordei o porteiro, mas ele não tinha nenhuma chave sobressalente. O porteiro fedia a vodca e o cachorro dele mordeu meu pé. Em outros tempos eu teria me desesperado, mas desta vez disse ao meu adversário: 'Se você quer que eu pegue pneumonia, para mim está tudo bem.' Saí de casa e decidi ir para a estação de Viena. O vento quase me levou. Fui a pé porque, àquela hora da noite, teria de esperar três quartos de hora para pegar o bonde naquela hora da noite. Ao passar pela associação de atores, vi luz em uma janela. Decidi entrar. Talvez eu pudesse passar a noite ali. Enquanto eu subia os degraus, meu sapato tropeçou em algo que produziu um som metálico. Inclinei-me e apanhei uma chave. Era a minha chave! A chance de encontrar uma chave na escadaria escura era de uma em um bilhão, mas parece que meu adversário temia que eu entregasse minha alma antes que ele estivesse pronto. Fatalismo? Chame-o de fatalismo, se quiser." 
 
Jacques Kohn levantou-se, desculpando-se, para fazer um telefonema. Fiquei sentado, observando Bamberg que, com as pernas bambas, dançava com uma senhora do mundo literário. Os olhos de Bamberg estavam fechados e sua cabeça repousava no peito da senhora, como se fosse um travesseiro. Dava a impressão de dançar e dormir ao mesmo tempo. Jacques Kohn demorou muito para voltar, muito mais do que para fazer uma ligação. Quando ele voltou, seu monóculo estava brilhando. 
Eu disse: 
— Você não advinha quem está na outra sala... Madame Tschissik! O grande amor de Kafka! 
— É verdade? 
— Verdade. Acho que já lhe falei dela... Vamos lá, quero que você a conheça. 
— Não! 
— Por que? Uma mulher amada por Kafka merece ser conhecida! 
— Não me interessa. 
— Você é um homem tímido, esta é a razão da sua atitude. Também Kafka era tímido, tímido como um aprendiz de yeshivá. Por outro lado, nunca fui tímido, e talvez seja a razão por que nunca consegui nada. 
— Meu querido e jovem amigo, preciso de mais vinte Groschen, dez para o porteiro deste prédio e dez para o porteiro do meu. Sem dinheiro não posso voltar para casa. 
Tirei algumas moedas do bolso e dei-as a ele. 
— Isso importa para mim? Certamente parece que eu roubei um banco hoje. Quarenta e seis Groschen! Assim, como de costume! Enfim, se existe Deus, não tenho dúvidas de que Ele o recompensará. E se Deus não existe, quem é esse que está jogando todas essas partidas de xadrez com Jacques Kohn? 
 
* Traduzido do iídiche para o inglês pelo autor e Elizabeth Shub


III. NOTAS EXPLICATIVAS


¹  Também conhecido como "father-killer". Diz-se que esta gola alta e dura eventualmente matava quem a usava. Observe que as escolhas do vestuário do Sr. Kohn também revela bastante sobre o seu caráter.

²   Yankel (ou Yankele) é uma forma familiar iídiche do nome Yakov (Jacob), no grau diminutivo. Jacques é a forma francesa de Jacob.
 
³  Por coincidência ou não, o autor Robert GRANAT retrata uma suruba entre uma cadela no cio e um grupo de cães pretendentes a fazer sexo grupal. In GRANAT, Robert: The Gift of Lack: Short Stories and Other Writings, Lincoln (NE): iUniverse, 2000, 220 p. (conto chamado "Dog", p. 106-125)
Obs.:  Recomenda-se buscar "Granat's orgy" no Safari.


IV. BIBLIOGRAFIA
 
eNotes Editorial for a Friend of Kafka: Summary
 
_______________________________: Themes and Meanings
 
_______________________________: Analysis: Style and Technique
 
SINGER, Isaac Bashevis: A Friend of Kafka and Other Stories, New York: Farrar, Straus & Giroux, 1970, 311 pp. 
 
TRIBUNA DO NORTE: A escrita inusitada de um judeu errante, edição de 24/02/2010.

7 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Prezad@,
Apresento ao leitor do Blog do Braga a minha tradução do conto-título de abertura do livro de Isaac Bashevis SINGER, intitulado A Friend of Kafka and Other Stories (1970), bem como Introdução e Comentários de minha autoria.
Isaac Bashevis Singer foi um autor polonês americano de ascendência judaica, conhecido por seus contos. Ele foi uma das principais figuras do movimento literário iídiche, pelo que foi ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1978.
No conto-título, o autor apresenta um retrato sutil de Jacques Kohn, um ex-ator idoso do Teatro Iídiche de Varsóvia e jornalista desempregado que ostenta um monóculo, se comporta como se ainda fosse um Don Juan e relembra suas aventuras juvenis com Kafka ao curioso narrador calouro.

CONTO: UM AMIGO DE KAFKA
https://bragamusician.blogspot.com/2023/02/um-amigo-de-kafka.html 👈

Cordial abraço,
Francisco Braga

Geraldo Reis (poeta, membro da Academia Marianense de Letras e gerente do Blog O Ser Sensível) disse...

Maravilha, pelo conteúdo, já posso garantir que a sua contribuição na divulgação da cultura em geral é um dos pontos altos de divulgação da arte e da cultura atualmente por por essa via nas Minas Gerais. Cumprimentos sinceros e o abraço poéticos de seu admirador e seguidor,
Geraldo Reis

Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, desembargador, ex-presidente do TRE/MG, escritor e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Muito bom!

João Alvécio Sossai (escritor, autor de "Um homem chamado Ângelo e outras histórias, ex-salesiano da Faculdade Dom Bosco e ex-professor da UFES (1986-1996)) disse...

Obrigado, Francisco.
Estou lendo por partes, para melhor apreciar a obra.

Abraço.

João Carlos Ramos (poeta, escritor, membro e ex-presidente da Academia Divinopolitana de Letras e sócio correspondente da Academia de Letras de São João del-Rei e da Academia Lavrense de Letras) disse...

Agradeço imensamente a gentileza do ilustre amigo Braga! A amizade produz efeito curativo e resolve, automaticamente, nossos problemas insolúveis. Automaticamente somos invadidos pelo autruísmo, onde mora Deus. Deus o abençoe, amigo Braga!

Danilo Gomes (escritor, jornalista e cronista, membro das Academias Mineira de Letras e Brasiliense de Letras) disse...

Mestre Braga, gostei muito de UM AMIGO DE KAFKA e compartilhei com quem sabe apreciar um tesouro como esse. Abraço do Danilo.

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga.

Denso e impressionante conto! Parece que o autor usa Kafka como uma espécie de "ponte" para a construção de decadentes personagens que nos colocam frente aos dilemas da própria vida. Magnífico escritor!
Grato pela tradução e publicação .
Cumprimentos,
Cupertino