TRIBUTO AO CEL. AFFONSO HELIODORO DOS SANTOS

Por Francisco José dos Santos Braga 

 

Painel em permanente exposição no vão superior do forro da entrada do 38º Batalhão da PM-MG em São João del-Rei

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em boa hora, o Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei decidiu, em parceria com a Polícia Militar de Minas Gerais, homenagear um mineiro de Diamantina e colaborador fiel do presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira, uma figura conhecida de todos os brasilienses: Coronel da reserva da Polícia Militar de Minas Gerais, Affonso Heliodoro dos Santos, sub-chefe da Casa Civil de JK, ex-presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal e acadêmico imortal da Academia de Letras de Brasília (Cadeira nº VIII). 

 

A forma encontrada para a homenagem ao Cel Affonso Heliodoro dos Santos foi a contratação de um painel em permanente exposição no vão superior do forro da entrada do 38º Batalhão da PM-MG, em cujo centro figura o são-joanense Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, tendo, a seu lado direito, o diamantinense Juscelino Kubitschek de Oliveira e o inconfidente pradense Vitoriano Veloso e, a seu lado esquerdo, o cordisburguense João Guimarães Rosa e o diamantinense Affonso Heliodoro dos Santos, todos mineiros integrantes de quadros de pessoal da Polícia Militar. 

 

Tive a honra de, na qualidade de Secretário Especial de Relações Institucionais do IHG-SJDR, solicitar a inclusão do nome de Affonso Heliodoro dos Santos entre os homenageados no painel, conforme consta do e-mail do presidente do IHG-SJDR a respeito de reunião no 38º BPM-MG Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, da qual participei como membro representante do IHG-SJDR. Felizmente, tive o cuidado de manter, nos meus arquivos, um registro histórico que se consituiu o comunicado muito oportuno a todos os confrades do IHG-SJDR feito pelo nosso presidente, que teve excelente receptividade e aprovação unânime por parte dos membros efetivos. Assim, através de e-mail de 23/8/2021, assunto: Convite de Parceria, o presidente do IHG-SJDR comunicou aos confrades as tratativas para uma parceria entre o 38º BPM-MG e o IHG são-joanense, a saber: 

 

Prezados confrades, boa noite. 

Venho trazer ao seu conhecimento uma parceria que nos está sendo proposta pelo 38º BPM-MG. 

O confrade Francisco Braga, que já é interlocutor com o Batalhão para a vinda a SJDR da Orquestra Sinfônica da PM para apresentar, dia 03/12/2021, às 20 horas, no Teatro Municipal de SJDR, a ópera "O Sertão" de autoria do artista francês Fernand Jouteux, foi convidado para uma reunião com um grupo de militares envolvidos com a produção de um painel sobre personalidades significativas para a PM-MG de SJDR que, após contatos com a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Cultura, buscam apoio institucional para a produção, pelo artista Diego Mendonça, do referido painel. Chamado a participar da conversa, por telefone, (eu) disse que em princípio não via empecilhos nesta parceria, mas que iria conversar com vocês e pedir a sua concordância. Assim faço, pois o Francisco Braga, ao explanar nossos interesses, como constar o Alferes Tiradentes, solicitou a inclusão do rosto do Cel. Affonso Heliodoro, que foi ajudante de ordens e chefe do gabinete militar do governo JK em Brasília e posteriormente foi Presidente do IHG-DF, com o que concordamos. 

Submeto esta questão à sua apreciação e espero enviar ofício ao Ten. Cel. Luiz Eduardo Coelho, na sexta-feira próxima, prazo em que aguardarei suas manifestações. 

Recebam meu abraço fraterno. 

Paulo Roberto de Sousa Lima 

 

Como se vê, foi desta forma democrática e cortês, após a aprovação colegiada e assegurado o apoio cultural para o desenvolvimento do projeto intitulado "Painel Artístico de Personalidades Significativas para Minas, Vertentes e São João del-Rei", que foi contratado o artista são-joanense e autor do painel, Diego Mendonça, discípulo de João Garboggini Quaglia (✰ Salvador, 20/12/1928-✞ São João del-Rei, 18/08/2014), que é na atualidade considerado expoente das artes plásticas brasileiras, atuante no mercado brasileiro e no exterior, tendo levado, com orgulho para sua terra natal, sua arte a diversos centros artísticos nacionais e estrangeiros, com exposições no Consulado do Brasil em New York, bem como em High Point, em Miami, no Carrousel du Louvre em Paris, na sede da ONU, etc.. Segundo o crítico de arte Carlos Perktold, "Diego é bom de desenho, bem orientado e faz de seu ofício sua paixão pessoal, mostrando que seu presente é bom e seu futuro é brilhante". 

 

Em suma, é com grande orgulho que o grandioso painel assinado por Diego Mendonça hoje decora o hall da entrada do 38º Batalhão da Polícia Militar em São João del-Rei, de forma permanente.

 

Ao final, todos nos sentimos privilegiados por termos participado deste empenho coletivo para preservar a memória dos cinco ilustres membros históricos da Polícia Militar, cada um deles a seu modo, contribuindo para o engrandecimento da Corporação Militar de Minas Gerais.

 

Início da montagem do painel

O painel e seu autor atuante Diego Mendonça

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Painel colocado e trabalho concluído

 

Um presente do 38º BPM-MG e do IHG-SJDR a São João del-Rei

 

 

II. BIOBIBLIOGRAFIA DE AFFONSO HELIODORO DOS SANTOS

 

Passo a reproduzir aqui texto sobre a vida e obra de Affonso Heliodoro dos Santos que se encontra no Livro 30 Anos Academia de Letras de Brasília, de José Carlos Gentili, da página 42 a 45: 

 

Affonso Heliodoro dos Santos, segundo ocupante da Cadeira VIII, eleito na sucessão de Eliézer Bezerra. Tomou posse em 23 de abril de 2008. O discurso de saudação foi proferido pelo acadêmico José Carlos Gentili.

Bacharel em direito pela antiga Faculdade Nacional do Rio de Janeiro, coronel da reserva da Polícia Militar de Minas Gerais, jornalista, amigo do Presidente Juscelino Kubitschek, seu conterrâneo de Diamantina, e ex-aluno de sua mãe, a mestra Júlia Kubitschek. Com JK, foi Chefe do Gabinete Militar no Governo de Minas Gerais e Subchefe do Gabinete Civil na Presidência da República. Dirigiu o SVMEG (Serviço de Verificação das Metas Econômicas do Governo) e o SIE (Serviço de Interesses Estaduais). Participou ativamente das campanhas eleitorais de Juscelino para a Presidência da República e para o Senado Federal. Coordenou o Movimento JK-65, em sua fase inicial. Autor da ideia de transformar o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, em Museu da República, sugestão aceita imediatamente por Juscelino, que designou o Embaixador Aluízio Napoleão para tomar as providências iniciais de organização. Affonso Heliodoro esteve em Paris, morando com o Presidente JK em seus primeiros tempos de exílio. Hoje, atua principalmente na área da cultura, como Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. Dirigiu, como seu principal executivo, o Memorial JK durante seus primeiros dezesseis anos de existência. É membro de várias Academias de Letras e de Institutos Históricos e Geográficos como sócio efetivo ou correspondente. Possui diversas condecorações nacionais e estrangeiras. 

Tem publicado livros sobre temas históricos, biográficos, contos, crônicas e poesia. 

É Cidadão Honorário de Brasília. 

 

 

Obras publicadas: 

JK. De Diamantina ao Memorial. Brasília: OFF SET Editora Gráfica e Jornalística; 

JK. Exemplo e Desafio. 2ª ed. Brasília: Ed. Thesaurus, 1991; 

Rua da Glória - Histórias de um menino. Brasília: Ed. Thesaurus, 1993; 

O Memorial JK. Um Monumento e Centro de Cultura. Brasília: Verano Editora & Comunicação Ltda, 1996; 

Um Copo de Cerveja. Brasília: Verano Editora, 2001; 

Luas de Minha Caminhada. Brasília: Verano Editora, 2001; 

O Dragão da Lua e a Ninfa Sirinx. Brasília: Thesaurus, 2008. 

Além dos livros acima, o acadêmico Affonso Heliodoro publicou artigos e crônicas em jornais do Rio de Janeiro, de Lisboa e de Brasília. 

 

"Affonso Heliodoro dos Santos: Um Notável 

Por José Carlos Gentili 

 

Fidelidade é um dom do Espírito.

 

Nascido na Rua da Glória, lá em Diamantina-MG, em 16 de abril de 1916, num Domingo de Ramos, é um eterno menino, arguto, inquieto, aconchegante no falar, dialético, eterno aprendiz da Universidade da Vida, detentor da sabedoria no trato com o próximo — um mineiro na mais pura acepção da palavra. 

Após ter aprendido as primeiras letras com a professora primária Dona Júlia Kubitschek, em Diamantina-MG, mãe do Presidente JK, Affonso se bacharela na antiga Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro. 

Hoje, convivemos na Capital da Esperança com esta lenda viva da história brasileira, um mito em Brasília, que mostra aos brasilienses a epopeia desta saga fantasmagórica que foi a construção da nova capital do País. 

Alongado seria enumerar os títulos concedidos, condecorações e comendas outorgadas, cargos e funções desempenhadas no curso de sua vida funcional ao lado do inesquecível Presidente Kubitschek de Oliveira, a quem serviu por toda a vida, como coronel da Polícia Militar de Minas Gerais, na chefia da Casa Militar daquele Estado, como Subchefe da Casa Civil da Presidência da República, detentor de vastíssimo currículo de serviços prestados à Nação. 

Escritor, cronista, poeta, articulista, pintor, autor de obras como JK-De Diamantina ao Memorial, JK. Exemplo e Desafio. Rua da Glória. Histórias de um menino, O Memorial JK. Um monumento e centro de cultura, Luas de minha caminhada, Um copo de cerveja.

Literato, detentor de um estilo cativante, é membro da Academia de Letras de Brasília, narrando como historiador e protagonista o meio século de suas vivências no Planalto Central. 

Sem dúvida, um ícone da memória e tradição candanga, ora presidindo o Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. 

Constitui-se Affonso Heliodoro no mais empolgante exemplo público de fidelidade fraternal neste País! 

É fato notório, inconteste a sua fidelidade ao Primeiro Mandatário do Brasil, o Presidente JK. Dedicou toda a sua vida, como fiel escudeiro, ao amigo Juscelino Kubitschek, antes e depois de sua morte, venerando a figura mítica do maior dirigente que a Nação já teve um ser predestinado, invulgar, um visionário. 

Fidelidade, qualidade de quem é fiel, coerência, já nos ensinava Carlos Torres Pastorino, trazido por Darci Ribeiro, exegeta, professor de grego e latim, na Escola de Sabedoria, nos primórdios da construção da Capital. 

É de JK, descrito numa correspondência de Paris, em 18/07/1964, o testemunho memorável acerca da fidelidade: 

 

'Meu caro Afonso. 

Todas as manhãs, ao despertar, penso que ainda vou encontrar-lo no meu quarto e no meu banheiro para os primeiros comentários do dia. 

Hábito velho que trouxemos de Minas, levamos para o Rio, transportamos para Brasília e novamente nos acompanhou para o Rio ficou de tal modo entregado na minha lembrança que dele não me posso esquecer. 

Não quero fazer poesia em torno do exílio. 

Não sou Gonzaga e a minha lira se partiu no fragor das lutas que travamos. 

O econômico predominou e passamos a olhar as coisas e o Brasil sob o prisma de nossos deveres. Mas não posso deixar de confessar que viver fora do País, sem saber quando será possível o regresso, é o castigo mais cruel imposto a um homem que só pensava no Brasil, só estudava Brasil, só viajava pelo Brasil e em torno de si reunira uma equipe só para adorar o Brasil. 

Você, meu caro Afonso, não pode perder a experiência que adquiriu. 

Notável. 

Autodidata, aprendeu consigo mesmo coisas que me deixava surpreso. É preciso ainda aproveitar para o Brasil a sua experiência. 

Não sei quando irei encontrá-lo. 

Creia, por que os três mosqueteiros, ou, por outra, os três coronéis e mais o quarto mosqueteiro que é o João Luís, são peças que compõem a própria estrutura do meu sentimento. 

Abraços, 

Juscelino' 

 

Affonso relembra Simão Cirineu, aquele que auxilia o próximo em suas dificuldades, carregando a cruz aos Gólgotas do cotidiano humano. 

Eis o homem! 

Um notável!" 

 

Finalmente, como sou membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHG-DF), sócio correspondente desde 22/08/2012, em 17/04/2016 dirigi meu carro até Brasília para participar da comemoração dos 100 anos de vida do então presidente do IHG-DF, o aniversariante Affonso Heliodoro dos Santos, ocasião em que ele recebeu inúmeras homenagens por seus bons serviços prestados a Brasília e à Nação brasileira. Comemoração de inexcedível beleza, foi uma festa animada ao som de uma banda de Diamantina.

Na Bibliografia abaixo, foi incluída uma entrevista de Affonso Heliodoro dentro do Projeto Memória Acadêmica idealizado pelo presidente José Carlos Gentili e desenvolvido pela Academia de Letras de Brasília, onde temos o privilégio de conferir as memórias de Affonso Heliodoro, que foi subchefe do Gabinete Civil da Presidência durante o governo Juscelino Kubitschek de Oliveira, ambos naturais de Diamantina-MG. A impecável entrevista foi feita por José Carlos Gentili.

 

 

III. BIBLIOGRAFIA

 

 

BRAGA, Francisco José dos Santos: Concerto da Orquestra Sinfônica da Polícia Militar em comemoração aos 308 anos de São João del-Rei, postado no Blog do Braga em 04/12/2021
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2021/12/concerto-da-orquestra-sinfonica-da.html 👈

_______________________________: Prelude to a kiss (1938) por Duke Ellington-Arranjo de Francisco José dos Santos Braga para octeto de sopros), postado no Blog do Braga em 18/12/2021
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2021/12/prelude-to-kiss-1938-por-duke-ellington.html  👈
 

GENTILI, José Carlos: Livro 30 Anos Academia de Letras de Brasília,  2012, 200 p.
Link: https://www.calameo.com/books/005269239f27239b8eeda  👈

MAISARTGALERIA: Diego Mendonça-Pintura
Link: https://maisartgaleria.com.br/artistas/diego-mendonca/  👈

MURAL DO OESTE/CORREIO BRASILIENSE: O adeus a um dos últimos pioneiros: a despedida de Affonso Heliodoro, 22/10/2018, fruto do trabalho dos jornalistas Jairo Macêdo e Pedro Grigori
Link: https://muraldooeste.com/o-adeus-a-um-dos-ultimos-pioneiros-a-despedida-de-affonso-heliodoro/  👈

Projeto Memória Acadêmica — Entrevista com Affonso Heliodoro dos Santos-Parte 05
Link: https://www.youtube.com/watch?v=VqZQiagc99s  👈

 
QUAGLIA: 50 anos de arte, a poética do silêncio, Rio de Janeiro: Paper Mill, 2002 (texto de Mário Margutti e fotos de João Cordeiro)

 

Gerente do Blog do Braga e Affonso Heliodoro durante a comemoração dos seus 100 anos (1916-2016) na sede do IHG-DF

 

Na companhia do historiador Adirson Vasconcelos durante a comemoração do centenário Affonso Heliodoro

Na companhia de sua amada esposa Rute Pardini Braga prestigiando a festa centenária

Na companhia do escritor Anderson Braga Horta,  ambos presentes à comemoração