sexta-feira, 19 de março de 2021

O DIALETO TSAKONIANO, AMEAÇADO DE EXTINÇÃO



Por Francisco José dos Santos Braga

 
“Nossa língua é o tsakoniano. Pede às pessoas que o falem contigo” - Cartaz bilíngue (tsakoniano/grego moderno) de Leonídio ou Tyrós (Kyronía no Peloponeso) - Crédito: https://en.wikipedia.org/wiki/File:Leonidio-Tsakonian-sign.jpg

 

Vamos começar o presente artigo com um texto mais simples, traduzido do espanhol por mim, para facilitar a compreensão, intitulado “El Tsakonio es el único linguaje griego actual que proviene del que hablaban los espartanos”, por Guillermo Carvajal. 

O dialeto tsakoniano é a única língua grega atual que vem do que os Espartanos falavam 

Embora oficialmente considerado um dialeto, o tsakoniano é uma variedade divergente do grego, muitas vezes classificada como uma língua separada, pois não é inteligível para os falantes do grego moderno padrão. 

Hoje é falado em uma pequena área montanhosa no interior da costa leste da península do Peloponeso, no Golfo de Argos, ao redor das cidades de Leonídio e Tyrós (embora anteriormente se estendesse muito mais ao sul), e é uma língua única entre as variedades do grego. A razão é que se acredita que ele não venha do antigo koine do ático e do jônico (de onde vêm as demais línguas gregas, incluindo o grego moderno), mas sim do dórico ou de uma variedade antiga e tardia do koiné influenciada pelo dórico que era falado anteriormente em uma área mais ampla do Peloponeso, incluída a Lacônia. Quer dizer, da língua que os Espartanos falavam. 

Em azul, a pequena zona de fala tsakoniana em um mapa de 1890 – Crédito: Foto in https://en.wikipedia.org/wiki/File:Pelopones_ethnic.JPG

Assim, ele é considerado o único descendente vivo da língua dórica (embora os especialistas ainda discutam se devem incluir aqui o dialeto maniota). Em qualquer caso, restam apenas algumas centenas de falantes do tsakoniano, considerando-se hoje que está ameaçada de extinção. ¹

O vocabulário tsakoniano é, de acordo com os especialistas, reconhecidamente dórico, embora ao longo dos anos tenha tomado vários empréstimos do grego moderno e inclusive do turco. Para representá-lo, o alfabeto grego padrão é tradicionalmente usado, ao qual são adicionados dígrafos e símbolos para representar aqueles sons que não existem no grego demótico. 

A região onde é falado é chamada de Tsakoniá, embora não seja uma entidade política dentro do Estado grego. Em sua Breve Gramática do Dialeto Tsakoniano publicada em 1951, o professor Thanásis Kostákis definia Tsakoniá como a área que vai da cidade de Santo André em Kinouría ao sul de Leonídio e Tyrós, e no interior de Kastánitsa e Sítaina, mas afirma que em tempos anteriores a  área de língua tsakoniana se estendia até o Cabo Malea, no leste da Lacônia. 

A principal cidade de Tsakoniá na época do Império Otomano era Prastós, que se beneficiou de um privilégio comercial especial concedido pelas autoridades de Constantinopla. Prastós foi queimado por Ibrahim Pashá durante a Guerra da Independência da Grécia e foi abandonado, seus residentes fugiram para a área ao redor de Leonídio e Tyrós e outros locais no Golfo Argólico (também conhecido como Golfo de Argos ou de Náfplio), a área onde hoje se encontram os falantes do tsakoniano. 

Já o termo “tsakoniano” aparece pela primeira vez nos escritos dos cronistas bizantinos, que derivam o etnônimo de uma corruptela de Lakonas (lacônico-lacedemônico, isto é, espartano), uma referência às raízes dóricas da língua tsakoniana e da conversão relativamente tardia do povo ao Cristianismo e à prática dos costumes helênicos tradicionais. 

Link: https://www.labrujulaverde.com/2019/09/el-tsakonio-es-el-unico-lenguaje-griego-actual-que-proviene-del-que-hablaban-los-espartanos  (no vídeo há uma entrevista com um falante de tsakoniano que, em dois momentos, ao falar a sua língua, tenta explicar-se melhor em grego, prática que é coibida pelo entrevistador)

Outro link interessante de informações gerais sobre o tsakoniano em português, cuja leitura recomendo, é o seguinte da BBC:

Link: https://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-55709316 

 

PRINCIPAIS AUTORIDADES NO DIALETO TSAKONIANO 

 
1) MICHAEL DEFFNER 
Filólogo, linguista, neo-helenista e arqueólogo alemão (Donauwörth, 1848 – Atenas, 1934). Estudou em Munique e depois em Leipzig. Escreveu sua dissertação na Universidade de Leipzig em 1871, intitulada Neograeca. Estabeleceu-se em Atenas em 1871 e recebeu cidadania grega. Foi nomeado professor de língua latina e alemão. Em seguida foi nomeado professor de Linguística Comparada e de Filologia Latina na Universidade de Atenas e vice-diretor da Biblioteca Nacional da Grécia. Seu trabalho científico é mencionado principalmente no estudo do dialeto tsakoniano, cuja antiguidade e origem provou. Publicou a "Gramática Tsakoniana" (Parte I, Berlim, 1881. Parte II permanece inédita), a “Flora de Tsakoniá” (Atenas, 1922), muitos artigos de conteúdo folclórico e linguístico sobre os Tsákones e o Tsakoniano e, finalmente, o "Dicionário de Dialeto Tsakoniano " (Atenas, 1923). O “Dicionário do Dialeto Trapezundiakó" que ele escreveu permanece inédito.
Para informações mais completas sobre Michael Deffner, recomendo a leitura das páginas 5 a 116 dos Mitteilungen des Historischen Vereins für Donauwörth und Umgebung (1997), todas referentes ao grande filólogo, neo-helenista e arqueólogo alemão. Ao longo dessas páginas, o interessado vai encontrar os seguintes artigos de notório interesse: 
Otto M. DEFFNER, Michael Deffner (1848-1934). Der Hellenist, der Graecophile, der Grieche, in: MittHVDonauwörth 1997, S. 5-11 
Ottmar SEUFFERT, Der Griechenlandforscher Dr. Michael Deffner im Spiegel seiner Briefe (1871-1891), in: MittHVDonauwörth 1997, S. 12-48 
Jutta STROSZECK, Der Sprachforscher Michael Deffner als Archäologie, in: MittHVDonauwörth 1997, S. 49-89 
Michael DEFFNER, Lebenslauf, in: MittHVDonauwörth 1997, S. 90-91 
Michael DEFFNER, Meine wissenschaftliche Laufbahn in Kürze (1881), in: MittHVDonauwörth 1997, S. 92-93 
Michael DEFFNER, Meine amtliche wissenschaftliche Tätigkeit während der 56 Jahre meines Lebens in Griechenland (1871-1927), in: MittHVDonauwörth 1997, S. 94-111 
Michael DEFFNER, Meine Verbannung nach Skyros und Kreta (1917-1919), in: MittHVDonauwörth 1997, S. 112-113 
Vereinsnachrichten, in: MittHVDonauwörth 1997, S. 114-116 

Link: http://wiki-de.genealogy.net/Historischer_Verein_f%C3%BCr_Donauw%C3%B6rth_und_Umgebung/Mitteilungen#Mitteilungen_1997

2) THANÁSIS KOSTÁKIS 
Folclorista, historiador, filólogo e lexicógrafo grego. Ele nasceu em Péra Mélana, Arcadía, em 1907. Em sua cidade natal era falado o tsakoniano. Lecionou em várias escolas secundárias e liceus em Atenas antes de ingressar na Academia de Atenas, onde contribuiu como autor do Dicionário Histórico da Academia. Ele lidou principalmente com o folclore de Tsakoniá e com o registro de dados para o dialeto tsakoniano. Ficou mundialmente conhecido por seu trabalho com o dialeto tsakoniano ameaçado ¹ de extinção, falado no leste do Peloponeso. Seu último trabalho científico é a publicação do terceiro volume do seu Dicionário do Dialeto Tsakoniano, pelo qual foi premiado pela Academia de Atenas. Faleceu em 2009. 
Kostákis participou de muitas conferências científicas sobre folclore, linguística e cultura, onde compartilhou sua experiência e os resultados de suas pesquisas sobre Tsakoniá e o dialeto tsakoniano. Ele é principalmente conhecido por seu trabalho na língua tsakoniana ameaçada de extinção, falada no leste do Peloponeso.  Além de seus trabalhos e estudos linguísticos, Kostákis publicou um volume sobre a arquitetura tradicional de Tsakoniá. 
Sua bibliografia é extensa, pelo que mereceu o título de "personalidade das letras e da cultura" pela Academia de Atenas: 
Breve gramática do dialeto tsakoniano, Instituto Francês da Grécia, Atenas 1951. 
Arquitetura tradicional de Tsakoniá, Academia de Atenas, Atenas 1961. 
O dialeto tsakoniano da Propôntida, Academia de Atenas, Atenas 1979. 
Vátika e Khavoutsí, as aldeias tsakonianas da Propôntida (1979) 
Amostras do dialeto tsakoniano, 80 p. (1980) 
Dicionário do dialeto tsakoniano (3º volume, 392 p.), Academia de Atenas, 1986. 
Ainda registrou dados históricos oriundos de Mistí da Capadócia. 
 
Veremos aqui apenas trechos de “Amostras do Dialeto Tsakoniano” traduzidos por mim e que mais chamaram minha atenção. Logo nas primeiras páginas (p. 4), Kostákis apresenta a bibliografia consultada por tema pesquisado. Ela se compõe principalmente de autores franceses, conforme abaixo: 
Tema: Vátika ou idioma vatikiótico 
Bourguet, Émile: Estudo do Dialeto Laconiano, Paris, Champion 1927. 
Deville, G.: Estudo do Dialeto Tsakoniano, tese de doutorado. Paris 1866. 
Tema: Idioma de Kastánitsa; Prastós ou idioma de Prastós 
Pernot, H.: Introdução ao estudo do dialeto tsaconiano. Paris 1934. 
Tema: Khavoutsí ou idioma de Khavoutsí 
Khatzidákis, G. N.: Breve história da língua grega (1967). Sociedade para a difusão de livros úteis, nº 21, Atenas. 
Em seguida, na Introdução (p. 5-21) do livro “Amostras do Dialeto Tsakoniano”, destaco os excertos que me pareceram mais relevantes para este estudo do dialeto tsakoniano: 
Pág. 5-6: “É conhecido que já na época antiga, nossos antepassados separavam a sua língua exceto os dialetos menores e os idiomas linguísticos em 4 dialetos principais: Jônico, Eólico (junto com o Acaico), Dórico e Ático. O Ático baseia-se principalmente no Jônico e sua evolução, diríamos, está em tempos mais recentes, no apogeu de Atenas. O mais antigo desses dialetos era o Jônico e o mais novo, o Dórico, uma vez que, como sabemos da história, os Dórios são a última das raças gregas que desceram ao país grego, onde as encontramos nos tempos históricos. (...) Quanto aos textos escritos em dialeto Dórico, eles são em menor número do que os que foram escritos em Jônico. Uma evolução do antigo Dórico do Peloponeso é o dialeto Lacônico, e deste nova evolução formou os atuais dialetos Tsakonianos.” (...) 
Pág. 7: “Do século V a.C., a separação entre os dialetos gregos começou a desabar em benefício do Ático, que aos poucos transforma-se em língua comum (koiné) pan-helênica, graças à irradiação de Atenas, que, com seu apogeu espiritual, social e político, ofuscou todos os outros centros gregos, sem isso significar que em certas regiões da Grécia não se conservassem restos dos mais antigos dialetos. Do dialeto Ático, essa língua pan-helênica, durante o IV século a.C., proveio o koiné alexandrino ou helenístico, que, conforme o próprio nome indica, se difundiu e foi imposto durante os tempos helenísticos, principalmente de fins do IV século a.C. até a época de Constantino Magno, embora, simplificado, encontremos o dialeto Ático em escritores mais antigos, tais como Aristóteles e Xenofonte.” (...) 
Pág. 9-10: “Assim, então, simplificado o dialeto Ático, na forma já do koiné, que é o precursor do grego moderno (demótico), encontramo-lo nos papiros, na tradução do Antigo Testamento pelos Septuaginta, no Novo Testamento, etc. (...) A evolução do koiné prosseguiu com o passar do tempo, e as simplificações avançaram tanto que no século XI d.C. a palavra εἴδησις, por exemplo, já é ouvida com três ιs, já que é ausente a diferença entre ει, η e ι, como acontece também hoje. (...) Como, porém, quase toda regra possui também suas exceções, assim também do patamar dos dialetos arcaicos e a sua substituição pelo koiné helenístico, ficaram excluídas certas regiões, isto é, receberam menos a sua influência. Uma dessas regiões foi o Póntos ², onde foram preservados poucos elementos do dialeto jônico e principalmente a Tsakoniá, onde seu dialeto preserva muitíssimos elementos lacônicos, isto é, dóricos. E dizemos que preservou muitos elementos lacônicos, porque não podemos dizer que absolutamente não sofreu a influência do koiné. Isso seria impossível, uma vez que nunca tenha sido cortado o contato entre as pessoas que falavam essas duas línguas.” (...)  
 
 
 
PROVÍNCIA DE KYNOURÍA
 
Vejamos agora o que a Wikipédia no idioma grego tem a nos dizer sobre Kynouría, uma localidade onde o tsakoniano era originalmente falado. De acordo com a minha tradução, eis o que foi encontrado:

“Kynouría deriva seu nome do antigo colono da área, Kynouros, filho de Perseu e líder dos Argivos que primitivamente a colonizaram. É uma área histórica e província da prefeitura de Arcadía. Inclui a parte costeira da prefeitura e a parte montanhosa localizada nas encostas do norte do Monte Párnon ou Malevós (cordilheira que está situada entre duas províncias: Lacônia e Arcadía. De seu cume é possível enxergar o sudeste da Arcadía, a Kynouría do Sul e o norte e centro da Lacônia até o Monte Taigeto, além de parte da prefeitura da Argólida.)

Além de Astrós e Leonídio, os assentamentos montanhosos de São Pedro e Prastós eram as sedes mais antigas da província. Uma parte sul da província de Kynouría inclui as aldeias dos Tsákones, um grupo populacional que se instalou no Peloponeso oriental, falante do dialeto tsakoniano.
 
O dialeto tsakoniano 

Em uma área do sul de Kynouría, conhecida como Tsakoniá, o dialeto tsakoniano é falado. O dialeto tsakoniano veio do dialeto dórico que prevaleceu na área na antiguidade devido ao estabelecimento de Dórios em Kynouría. O dialeto tsakoniano é encontrado em Kynouría do Sul (Leonídio, Tyrós, Sapounakaíïka, Péra Mélana, Pramateftís, Vaskína, Livadíou, Sampatikí) e em Kynouría do Norte: (Prastós, Sítaina, Kastánitsa e Santo André).

 

A antiga Kynouría

 

Nos tempos antigos, Kynouría era o país dos Kynourianos, um povo provavelmente de origem jônica. Após a descida dos dórios em Kynouría, ali se estabeleceram. O estado de Kynouría logo se tornou o alvo de seus poderosos vizinhos, os Espartanos de Árgos e os Tegeates da Arcádia. Foi principalmente o pomo da discórdia entre os Espartanos e os Argivos, por se situar entre os dois estados. Apesar da intensa pressão de seus vizinhos, Kynouría deve ter permanecido independente até a época do Tirano Feídonas, quando ficou sob o governo de Argos. Argos estava então no auge. Depois de Feídonas, no entanto, Argos começou gradualmente a declinar, enquanto Esparta ganhava força. O destino de Kynouría parece ter sido finalmente decidido em 546 a.C., na batalha de Thyréa  ou na batalha dos seiscentos escolhidos, quando Esparta prevaleceu sobre Argos e ganhou o controle de Kynouría. Esta permaneceu espartana até 338 a.C. Neste ano, Filipe II cedeu o norte de Kynouría aos Argivos, enquanto a região sul de Prasiá e Tyrós, que era a fronteira natural da antiga Esparta, permaneceu em Esparta. As cidades mais importantes da antiga Kynouría estavam na Kynouría do Norte, Thyréa e Anthíni, e, na  Kynouria do Sul, Prasiés, Tyrós, Políchni, Glypía e Mário.”

 

Link: https://el.wikipedia.org/wiki/ Κυνουρία#Η_Τσακωνική_Διάλεκτος

 

Além disso, do livro de Filipe Bekyros e Eléni Tsangoúri, intitulado A Dança Tsakoniana (1995), extraímos dois trechos (de interesse da Arqueologia e da Musicologia): 



A ORIGEM

 

O culto de Apolo na antiga Kynouría era de suma importância, pois também seria um elemento de identidade nacional para os seus habitantes. Apolo aparece com dois apelidos principais como Apolo Tyríta e Apolo Maleáta (mas também como Pythaieus e Lithíssius).

No santuário de Apolo Tyríta, no topo do Profeta Elias Melánon, foram descobertos um altar quadrado e um muro de contenção do 4º século a.C., por exemplo. A maioria das ofertas votivas, no entanto, pertence aos anos arcaicos. Sobre uma estátua de bronze de um touro está a inscrição ΑΠΕΛΟΝ ΚΛΕ; em uma fivela de bronze em forma de leão, ΑΠΟΛΟΝΟΣ ΕΜΙ; na borda de uma garrafa de bronze, ΑΠΕΛΟΝ ΤΥΡΙΤ[ΑΣ]. Em um vaso (taça lacônica) estava gravada a inscrição [ΕΥΓ]ΕΙΤΟΝΙΔΑΣ ΑΝΕΘΕΚΕ ΤΟΙ ΑΠΟΛΟΝΙ ΠΑΡ ΔΟΡΙΕΟΣ ΔΟΡΟΝ.

Provavelmente do mesmo santuário vem uma estátua masculina de bronze com a inscrição APELON TYRITAΣ. A figura é representada na posição agachada, como quando as ovelhas são ordenhadas, com uma caixa de couro pendurada entre os joelhos, com o auxílio de tiras que formam alças e um disco com inscrição gravada na superfície: ΜΕΛΑΣ Μ΄ΕΝΙΚΕ ΠΥΘΑΙΕΙ...

 

O culto no santuário de Tyríta começou no século VIII a.C. e foi mais intenso no VII, VI e V a.C com um vislumbre do século IV. Tyritas era provavelmente uma antiga divindade local que ajudava a produzir leite e queijo, mas com o tempo se identificou com Apolo, mantendo o antigo nome como um adjetivo. Seu santuário experimentou a maior prosperidade de todos os santuários da região no período arcaico, talvez devido à sua localização central em Kynouría.

O santuário de Apolo Maleáta estava localizado no D.BD. extremidade de Kosmás, onde hoje se encontra o Profeta Elias. Entre os muitos achados, destaca-se a estatueta de bronze de um guerreiro com a inscrição ΧΑΡΙΛΟΣ ΑΝΕΘΕΚΕ ΤΟΙ ΜΑΛΕΑΤΑΙ. (...) ”

Linkhttp://tsakoniandance.bekyros.gr/tsakon_002.htm

 
 
A DANÇA TSAKONIANA
 

A dança tsakoniana, como um conjunto indiviso, melodia, ritmo e dança, é, talvez, a única amostra de música da Grécia antiga que chegou aos nossos dias. E veio porque é uma dança sagrada, uma dança de culto. É bem sabido que os costumes cultuais são os únicos que perduram com o tempo. Na Grécia, apesar do ataque que receberam da nova fé, vários costumes cultuais sobreviveram. Aqueles que a nova fé não conseguiu eliminar incorporou em seu próprio culto ou tolera calado...”

 

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Encontrei igualmente no YouTube alguns vídeos que, sem dúvida, despertarão o interesse do leitor pela dança praticada na região em que o Tsakoniano é falado. Sugiro pelo menos que assista aos seguintes vídeos selecionados para uma só canção tradicional em tsakoniano:


1) Grupo de dança de Leonídio

Link: https://th-th.facebook.com/groups/110224242346401/

 

Letra:  

Σου ‘πα μάνα, μάνα μου πάντρεψέ με (δις)

Σου ‘πα μάνα πάντρεψέ με, σπιτονοικοκύρεψέ με (δις)

 

Εις τα ξένα μάνα μου μη με δώσεις (δις)

εις τα ξένα μη με δώσεις, γιατί θα το μετανιώσεις (δις)

 

Εις τα ξένα μάνα μου θ’ αρρωστήσω (δις)

εις τα ξένα θ’ αρρωστήσω και μανούλα θα ζητήσω (δις)

 

Θα ζητήσεις κόρη μου την κουνιάδα (δις)

θα ζητήσεις την κουνιάδα και την πρώτη συννυφάδα (δις)

 

Η κουνιάδα, μάνα μου δεν αδειάζει (δις)

η κουνιάδα δεν αδειάζει, συννυφάδα λογαριάζει (δις)

 

Η κουνιάδα, μάνα μου τα προικιά της (δις)

η κουνιάδα τα προικιά της, συννυφάδα τα παιδιά της (δις)

 

2) Linkhttps://www.youtube.com/watch?v=nnHe2murMd8

 

3) Link: https://www.youtube.com/watch?v=9e-VT4IkZ2Y (ΓΙΩΡΓΟΣ ΒΕΛΙΣΣΑΡΗΣ)

 

4) Link: https://www.youtube.com/watch?v=0JbS9CdLs6o

 

5) Link: https://www.youtube.com/watch?v=IFakDGY4mpI

 

Grupo de Dança Tsakoniana

 

 

NOTAS EXPLICATIVAS 


¹  Uma língua ameaçada é uma língua que está caindo fora de uso, geralmente porque tem poucos falantes sobreviventes. Se ela perder todos os seus falantes nativos, irá tornar-se uma língua extinta. A UNESCO, que distingue quatro níveis de risco para línguas ameaçadas, com base na sua transferência entre gerações, considera o tsakoniano uma língua criticamente ameaçada, isto é, quando "as mais novas gerações que a falam são avós e mais velhos, e ainda assim pouco frequentemente ou parcialmente". 

²  Póntos ou Pontus (em latim): nos trabalhos homéricos, esta palavra é usada para qualquer mar, porém mais tarde começou a referir-se especificamente ao Mar Negro, e eventualmente a uma região situada na sua costa sudeste. É nesta última acepção que o topônimo é usado aqui.

7 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Os últimos falantes de uma das línguas vivas mais antigas do mundo ainda se estabelecem no sudeste do Peloponeso. São considerados os últimos remanescentes dos Espartanos.
Os falantes do grego não os entendem, enquanto eles entendem o grego porque sabem as duas línguas.
O tsakoniano é baseado na língua dórica falada pelos antigos espartanos, e é o único dialeto remanescente do ramo dórico ocidental das línguas helênicas. Já o idioma grego descende dos dialetos jônicos e áticos do ramo oriental.
O presente artigo vai examinar os esforços de pesquisadores e desses últimos falantes do dialeto tsakoniano para preservá-lo da ameaça de extinção. De fato, atualmente vários falantes da língua estão pensando em atualizá-la e republicá-la online. Os municípios de Kynouría do Sul e do Norte e a Associação dos Arquivos Tsakonianos apóiam moralmente a iniciativa, mas falta financiamento para colocar o projeto em prática.

https://bragamusician.blogspot.com/2021/03/o-dialeto-tsakoniano-ameacado-de.html

Cordial abraço,
Francisco Braga

José Carlos Gentili (porto-alegrense, pioneiro de Brasília, advogado, jornalista, empresário, historiador, romancista, conferencista e poeta, além de autor de belos poemas, ensaios e textos de ficção. Foi presidente da Academia de Letras de Brasília por 8 anos.) ) disse...

Caro Francisco Braga.
Mandei esta matéria para a Academia Brasileira de Filologia.
Enviei para Tarcízio, também.
Excelente texto, que encaminhei para Portugal.
Meu abraço e admiração
José Carlos Gentili

Geraldo Ananias Pinheiro (cearense de Geraldo Ananias Pinheiro (escritor, autor de 6 livros, com destaque para seu último livro "Difícil Regresso") disse...

Grato, amigo. Um abraço cordial. Bom dia.

Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, desembargador, ex-presidente do TRE/MG, escritor e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

A ETERNA CULTURA GREGA.
ABS

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga,
Causa espanto os dados apontando que metade dos idiomas no mundo estejam em risco de extinção. O fenômeno não se restringe a regiões de populações nativas pressionadas pela chamada "globalização" e pela hegemonia de certos idiomas envolventes, afetando inclusive áreas consolidadas na Europa, como é o caso desse idioma Tsakoniano, tão precioso como seu artigo bem demonstra.
Só no Brasil estima-se em quase duzentas as línguas entre vulneráveis, severa e definitivamente ameaçadas.
Grato,
Cupertino

Dr. Mário Pellegrini Cupello (escritor, pesquisador, presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, e sócio correspondente do IHG e Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Caro amigo Braga

Agradecemos pela gentileza do envio.

Abraços, Mario e Beth.

Musse João Hallak (pianista e compositor são-joanense) disse...

Muito obrigado pela matéria
Interessantíssima.
ABS, mestre.