Por Francisco José dos Santos Braga
I. INTRODUÇÃO
Em meio ao noticiário policial da política brasileira, algo auspicioso nos chega do velho continente. Refiro-me à notícia de que a Guerssen Records, da Espanha, está reeditando o vinil de Jorge Antunes – Música Eletrônica, título dado ao primeiro disco brasileiro de Música Eletrônica (atualmente, Eletroacústica). Em 1975, a Editora Mangione interessou-se pela novidade que constituía a nova música que lhe apresentava o compositor carioca, lançando o seu trabalho pioneiro em vinil. ¹ A Mangione decidiu investir na nova tendência musical, seguindo a intuição que lhe permitiu manter-se no mercado muito competitivo das gravadoras. Não é sem motivo que slogan atual da Mangione é "80 Anos de música brasileira", merecendo os aplausos deste autor.
Outra alegria me inunda o coração, ao perceber o nome do saudoso Claver Filho ² como crítico musical abalizado para comentar as peças eletroacústicas de Jorge Antunes que constam do vinil, – rico comentário que, além de aparecer na língua portuguesa, é traduzido para o inglês e o francês. Com a palavra, então, Claver Filho!
II. COMENTÁRIO AO VINIL "JORGE ANTUNES - MÚSICA ELETRÔNICA", por José Claver Filho
Este é o primeiro disco brasileiro de música eletrônica. As cinco peças aqui enfocadas são de Jorge Antunes que, em 1982, com a construção de vários aparelhos eletrônicos, fundou o Centro de Pesquisas Cromo-Musicais, no Rio de Janeiro, destacando-se como o precursor da música eletrônica no Brasil.
Jorge Antunes, nascido em 1942, realizou seus estudos na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e graduou-se Bacharel em Física pela mesma Universidade. Do primeiro período de suas experiências são as obras Valsa Sideral (1962) e Contrapunctus Contra Contrapunctus (1965): de simples construção, principalmente a primeira, onde o autor, com a repetição de células em ritmo desarticulado, anuncia técnica que só seria utilizada de maneira sistematizada mais tarde por uma corrente em que estaria incluído Terry Riley com sua música-hipnótica ³. Na segunda obra, Antunes ampliou a densidade contrapontística, com a utilização de maior número de vozes de mixagem. Na simples forma A-B-A elimina, de certo modo, as intenções contrapontísticas, sobre uma célula rítmica bem definida, que poderiam surgir no início.
Em 1968, um júri formado por Gustavo Becerra, Hector Tosar e Alberto Ginastera concedeu a Jorge Antunes uma bolsa de estudos para o Instituto Torcuato Di Tella de Buenos Aires, Argentina, para o biênio 1969-1970, quando foram compostas as três outras obras incluídas neste disco.
Cinta Cita (1969), como o título indica – "fita-encontro" – marca o encontro do compositor consigo mesmo, ou o fim de um período de experimentação com instrumentos precários – trabalho autodidata –, em que as obras misturam uma tendência descritiva da física e a utilização de processos composicionais da música eletrônica em suas partituras para orquestra. Assim, o compositor passa a coordenar elementos e a resolver problemas como o da gênese da própria obra. O material é catalogado tipologicamente em pontos, linhas e superfícies. Começa com a apresentação simultânea de todos os tipos-sonoros. As soluções encontradas são surpreendentes, principalmente para as superfícies, cujo desenvolvimento foge, às vezes, de ser ponto de atração, quase se transformando em um campo sobre o qual pontos e linhas bailam em ritmos não intencionais, chegando até à desintegração total.
Auto-Retrato Sobre Passaje Porteño (1969). Ainda em busca de uma definição estética e de um domínio do material técnico de seu campo de trabalho, Jorge Antunes serviu-se de um disco de gramofone – uma "chapa" – em que estava gravado um tango argentino com Francisco Canaro, encontrado pelo compositor em um "belchior" do subúrbio de Buenos Aires. Um defeito no velho disco forneceu o elemento rítmico básico para a construção de um samba que, misturado a uma fórmula rítmica do tango, além de produzir efeito surpreendente, diz da integração do compositor na paisagem portenha. A voz de Anunes é utilizada para a inflexão de um discurso cujas palavras, ou efeitos vocais, nada significam; as palavras-chaves que são percebidas apenas traduzem a preocupação do compositor diante do problema estético-técnico do momento. O final deste auto-retrato forma, com efeitos vocais, algo como a assinatura do autor: "JO-EU".
Historia de un Pueblo por Nacer (1970) possui três seções e uma conclusão à guisa de coda; cada seção é tratada em duas partes – passiva e agressiva. A primeira seção, surgindo quase imperceptivelmente, cria um clima de expectativa, permitindo que, através de sons punctuais persistentes, seja criado um campo cuja agressividade não chega a realizar-se plenamente; a segunda, um crescente campo de luta dominado pelo jogo rítmico, utiliza elementos e superposições diversas; a terceira seção trabalha blocos insistentes que são desenvolvidos dramaticamente para um final arrojado e repentino; a conclusão apela ainda para efeitos impressionantes de intervalos de quarta-justa, mas relaxa-se e dissolve-se em sinistro abandono.
Desde 1968 Jorge Antunes vem se destacando como nome representativo da música de vanguarda brasileira, participando dos mais importantes festivais nacionais e internacionais, recebendo numerosos prêmios e encomendas de obras. Trabalhou com Gottfried Michael Koenig na Universidade de Utrecht, Holanda, no domínio da Música Eletrônica e da Música para Computador; com Pierre Schaeffer, François Bayle e Guy Reibel no campo da Música Eletroacústica como estagiário do "Groupe de Recherches Musicales" da O.R.T.F. Atualmente é professor de Composição Musical e diretor do Laboratório de Música Eletrônica da Universidade de Brasília. Fundou, em 1973, o GeMUnB – Grupo de Experimentação Musical da Universidade de Brasília – com o qual tem apresentado diversas de suas obras e de outros autores vanguardistas.
Claver Filho
III. ENCARTE COM DEPOIMENTO DO COMPOSITOR JORGE ANTUNES (com minha tradução do inglês)
Estou extremamente feliz de trazer esta reedição do vinil ao olhar e aos ouvidos públicos dos que estão curiosos e atentos à audácia brasileira. A audácia da música doméstica, pelo povo que vai contra a corrente em nosso país, é considerável, mas infelizmente pouco conhecida. Este disco é um pequeno cofre com jóias históricas.
Entre 1961 e 1966, quando tinha 20 e poucos anos, batalhei no Rio de Janeiro com recursos escassos construindo minha própria aparelhagem. ⁴ Além de estudar violino e composição na Escola Nacional de Música, eu estava estudando física na FNFi da Universidade do Brasil e já tinha dominado bastantes mistérios dos circuitos eletrônicos para construir um modesto aparelho de uma espécie desconhecida e que não existia no Brasil. Assim eu comecei a fazer música eletrônica. E assim nosso país começou a ser incluído na pequena lista internacional de importantes centros culturais que estavam participando daquele momento histórico na revolução musical-estética do século XX.
Depois do meu exílio no exterior que começou em 1969, as fitas magnéticas com esses trabalhos ficaram na residência de meus pais, até que os recuperei em 1974. Entre 1974 e 1999, o material esteve em Brasília, quando eu lecionava na Universidade de Brasília. Avanços na tecnologia durante esse tempo tornaram obsoletas as velhas gravações em fita magnética analógica. As fitas originais, em rolos de plástico, tinham se danificado ao longo do tempo. A base ferromagnética das fitas ficaram seriamente danificadas, com perda parcial dos elementos secundários. Várias das obras ainda tinham emendas e remendos com fita adesiva que tinham ficado despregados.
Algumas obras estavam em condições ainda piores, devido ao incêndio que ocorreu em 1981 em minha residência: o apartamento pertencente à UnB, sediado na SQN 107, em Brasília. Os rolos de algumas das fitas tinham suas abas derretidas pelo calor do incêndio, que causou uma deformação parcial de seções das fitas magnéticas. No início de 1999, tendo sido modernizado meu laboratório e tendo eu sido nomeado musicólogo e técnico (de laboratório), decidi deslanchar meu velho projeto: o trabalho de recuperar, tratar e digitalizar este já histórico arquivo cultural.
Com cuidadosa e paciente rebobinagem, refazendo todas as emendas e remendos nas fitas magnéticas, retornei ao trabalho que adoro: artesanato com atenção meticulosa ao detalhe. Com programas especiais de computador removi ruídos do tipo "click" e corrigi flutuações na velocidade que causaram "wow". O resultado foi premiado pelo IPHAN de Brasília, na categoria de Preservação de Ativos Físicos e Culturais. Eu me sinto orgulhoso, agora, de oferecer ao público esses importantes documentos e obras.
Nota: "Música Eletrônica" foi o primeiro LP de música eletroacústica feito no Brasil, e foi originalmente lançado por Editora Mangione em 1975, na coletânea Jóias Musicais. Número de catálogo: Mangione LP 15003. Naquela época, o Brasil estava ainda vivendo uma ditadura militar forte, repressiva e cruel. Por isso, quando a Mangione me convidou para fazer essa gravação, senti a necessidade de praticar auto-censura.
O título original da obra "Historia De Un Pueblo (BRLXX3)" foi "Historia de un Pueblo por Nacer ou Carta Abierta a Vassili Vassilikos y a todos los Pesimistas".
No áudio original desta obra, usei uma citação do hino da Internacional Comunista. Para evitar problemas, cortei essa passagem para inclusão no LP original.
A abreviação "BRLXX3" no título do álbum original é um código secreto que significa "Versão Brasil em 1973".
O mesmo acontece na obra "Auto-retrato sobre Passaje Porteño". Usei no original uma colagem repetitiva com efeitos de eco da minha voz, gritando a palavra "general" em português e espanhol. Foi uma crítica aos regimes militares que prevaleceram no Brasil e na Argentina. No LP original, cortei a parte onde uso essas palavras.
Você poderá ouvir as versões de ambas as faixas nesta reedição, inclusive a original, não editada.
Jorge Antunes
IV. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Mangione LP-15003, Rio de Janeiro, 1975.
² José Claver Filho foi eminente etnomusicólogo e crítico musical brasileiro, tendo acumulado notáveis experiências no campo musical durante a sua vida, cabendo destacar aqui sua atividade de locutor da Rádio MEC; membro do "Coral de Brasília", sob a regência do maestro Reginaldo Carvalho (1962); autor de "Valdemar Henrique: o canto da Amazônia", publicado pela Funarte (1978); e jornalista responsável pelo tablóide "Arquivo Musical" que circulou pelo menos no ano de 1991 na EMB-Escola de Música de Brasília.
O grande musicólogo brasileiro confidenciou-me que estava redigindo uma História da Música Brasileira, um pouco antes de morrer. Certamente deixou inconcluso esse seu último e grandioso trabalho que muito enriqueceria a bibliografia musical nacional a exemplo do que ocorreu com o ensaio tão bem elaborado e laureado, "Valdemar Henrique: o canto da Amazônia". Acredito que a sua família tem muito a contribuir com a cultura brasileira, se disponibilizasse a alguma editora os manuscritos, mesmo incompletos. Seria para nós musicistas um resgate valioso.
³ [ANTUNES (org.), 2002, 64] informa que
Claver Filho
III. ENCARTE COM DEPOIMENTO DO COMPOSITOR JORGE ANTUNES (com minha tradução do inglês)
Estou extremamente feliz de trazer esta reedição do vinil ao olhar e aos ouvidos públicos dos que estão curiosos e atentos à audácia brasileira. A audácia da música doméstica, pelo povo que vai contra a corrente em nosso país, é considerável, mas infelizmente pouco conhecida. Este disco é um pequeno cofre com jóias históricas.
Entre 1961 e 1966, quando tinha 20 e poucos anos, batalhei no Rio de Janeiro com recursos escassos construindo minha própria aparelhagem. ⁴ Além de estudar violino e composição na Escola Nacional de Música, eu estava estudando física na FNFi da Universidade do Brasil e já tinha dominado bastantes mistérios dos circuitos eletrônicos para construir um modesto aparelho de uma espécie desconhecida e que não existia no Brasil. Assim eu comecei a fazer música eletrônica. E assim nosso país começou a ser incluído na pequena lista internacional de importantes centros culturais que estavam participando daquele momento histórico na revolução musical-estética do século XX.
Depois do meu exílio no exterior que começou em 1969, as fitas magnéticas com esses trabalhos ficaram na residência de meus pais, até que os recuperei em 1974. Entre 1974 e 1999, o material esteve em Brasília, quando eu lecionava na Universidade de Brasília. Avanços na tecnologia durante esse tempo tornaram obsoletas as velhas gravações em fita magnética analógica. As fitas originais, em rolos de plástico, tinham se danificado ao longo do tempo. A base ferromagnética das fitas ficaram seriamente danificadas, com perda parcial dos elementos secundários. Várias das obras ainda tinham emendas e remendos com fita adesiva que tinham ficado despregados.
Algumas obras estavam em condições ainda piores, devido ao incêndio que ocorreu em 1981 em minha residência: o apartamento pertencente à UnB, sediado na SQN 107, em Brasília. Os rolos de algumas das fitas tinham suas abas derretidas pelo calor do incêndio, que causou uma deformação parcial de seções das fitas magnéticas. No início de 1999, tendo sido modernizado meu laboratório e tendo eu sido nomeado musicólogo e técnico (de laboratório), decidi deslanchar meu velho projeto: o trabalho de recuperar, tratar e digitalizar este já histórico arquivo cultural.
Com cuidadosa e paciente rebobinagem, refazendo todas as emendas e remendos nas fitas magnéticas, retornei ao trabalho que adoro: artesanato com atenção meticulosa ao detalhe. Com programas especiais de computador removi ruídos do tipo "click" e corrigi flutuações na velocidade que causaram "wow". O resultado foi premiado pelo IPHAN de Brasília, na categoria de Preservação de Ativos Físicos e Culturais. Eu me sinto orgulhoso, agora, de oferecer ao público esses importantes documentos e obras.
Nota: "Música Eletrônica" foi o primeiro LP de música eletroacústica feito no Brasil, e foi originalmente lançado por Editora Mangione em 1975, na coletânea Jóias Musicais. Número de catálogo: Mangione LP 15003. Naquela época, o Brasil estava ainda vivendo uma ditadura militar forte, repressiva e cruel. Por isso, quando a Mangione me convidou para fazer essa gravação, senti a necessidade de praticar auto-censura.
O título original da obra "Historia De Un Pueblo (BRLXX3)" foi "Historia de un Pueblo por Nacer ou Carta Abierta a Vassili Vassilikos y a todos los Pesimistas".
No áudio original desta obra, usei uma citação do hino da Internacional Comunista. Para evitar problemas, cortei essa passagem para inclusão no LP original.
A abreviação "BRLXX3" no título do álbum original é um código secreto que significa "Versão Brasil em 1973".
O mesmo acontece na obra "Auto-retrato sobre Passaje Porteño". Usei no original uma colagem repetitiva com efeitos de eco da minha voz, gritando a palavra "general" em português e espanhol. Foi uma crítica aos regimes militares que prevaleceram no Brasil e na Argentina. No LP original, cortei a parte onde uso essas palavras.
Você poderá ouvir as versões de ambas as faixas nesta reedição, inclusive a original, não editada.
Jorge Antunes
IV. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Mangione LP-15003, Rio de Janeiro, 1975.
² José Claver Filho foi eminente etnomusicólogo e crítico musical brasileiro, tendo acumulado notáveis experiências no campo musical durante a sua vida, cabendo destacar aqui sua atividade de locutor da Rádio MEC; membro do "Coral de Brasília", sob a regência do maestro Reginaldo Carvalho (1962); autor de "Valdemar Henrique: o canto da Amazônia", publicado pela Funarte (1978); e jornalista responsável pelo tablóide "Arquivo Musical" que circulou pelo menos no ano de 1991 na EMB-Escola de Música de Brasília.
O grande musicólogo brasileiro confidenciou-me que estava redigindo uma História da Música Brasileira, um pouco antes de morrer. Certamente deixou inconcluso esse seu último e grandioso trabalho que muito enriqueceria a bibliografia musical nacional a exemplo do que ocorreu com o ensaio tão bem elaborado e laureado, "Valdemar Henrique: o canto da Amazônia". Acredito que a sua família tem muito a contribuir com a cultura brasileira, se disponibilizasse a alguma editora os manuscritos, mesmo incompletos. Seria para nós musicistas um resgate valioso.
³ [ANTUNES (org.), 2002, 64] informa que
"(...) a composição (Valsa Sideral) utiliza uma célula repetitiva, em forma de pedal, produzida por uma fita fechada com a montagem de três sons de alturas diferentes. O resultado musical desse procedimento artesanal levou o musicólogo Claver Filho a sugerir que 'o minimalismo nasceu no Brasil'. (...)"
"(...) Valsa Sideral, considerada a primeira peça eletrônica brasileira, foi feita utilizando-se desse aparelho juntamente com material pré-gravado e repetido – o loop – termo que Antunes não conhecia. Para designar essa técnica de se fechar um pedaço de fita, colando-se suas extremidades para repetição perpétua do som, Jorge Antunes propôs e usou a expressão "fita fechada", que não teve muita aceitação. Até então, Antunes possuía algum equipamento montado na sala de estar da casa de seus pais. Esse pequeno estúdio foi batizado por Antunes com o nome de Estúdio Antunes de Pesquisas Cromo-Musicais. (...)"
⁴ [ANTUNES (org.), 2002, 78] traz a seguinte memória sobre a formação de Jorge Antunes:
"(...) Mas foi em 24 de setembro de 1961, num dos concertos da Série Juventude organizada por Eleazar de Carvalho no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que Antunes vislumbrou a possibilidade de aliar sua curiosidade e habilidade eletrônica à composição musical. Sob a apresentação de Henri Pousseur, foram apresentadas naquela noite uma série de peças para piano, percussão e sons eletrônicos, com David Tudor como pianista. Entre as obras estavam os hoje já clássicos Kontakte, de Karlheinz Stockhausen, e Scambi, do próprio Pousseur.
Antunes teve sua curiosidade aguçada por esse concerto tão diferente e resolveu começar a estudar. Para tanto usou o mesmo método tão usado pelos jovens brasileiros ávidos por aprender algum novo gênero musical: de orelhada. Voltou para casa e, com um gravador de rolo e um piano, fez suas primeiras experiências com a nova técnica de composição. (...)"
⁵ Cf. LEITE, Vânia Dantas: "Musicians and movements that initiated electroacoustics in Brazil". In: VII Simpósio brasileiro de computação musical, 2000, Curitiba. Anais. XX Congresso Nacional da SBC-Sociedade Brasileira de Computação.
V. BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, Jorge: Uma Poética Musical Brasileira e Revolucionária, Brasília: SISTRUM Edições Musicais, 2002, 366 p.
8 comentários:
Meu presente texto comemora a reedição do vinil "Jorge Antunes - Música Eletrônica", título dado ao primeiro disco brasileiro da mais autêntica música eletroacústica. Há 41 anos atrás, em 1975, a Editora Mangione do Rio de Janeiro interessou-se pela novidade que constituía a nova música e convidou o Maestro brasileiro para fazer essa gravação antológica. A reedição em 2016 é uma iniciativa da Guerssen Records, da Espanha.
Além dos aspectos meramente históricos do feito (que o próprio autor relembra em seu depoimento em inglês traduzido por mim para a língua portuguesa), há ainda a descrição de suas tentativas de salvar o material original utilizado naquela gravação contra o efeito devastador do tempo e após um incêndio em seu apartamento em 1981, e o resultado da façanha foi reconhecido pelo IPHAN de Brasília com um merecido prêmio na categoria de Preservação de Ativos Físicos e Culturais concedido ao Maestro.
Além desse depoimento do Maestro, está sendo mantido pela Guerssen Records o comentário do crítico musical e etnomusicólogo JOSÉ CLAVER FILHO (nas línguas portuguesa, inglesa e francesa) sobre as peças constantes do instigante vinil.
Por tudo isso, é louvável e digna de ser comemorada a iniciativa da Guerssen Records, ao reeditar em 2016 o vinil "Jorge Antunes - Música Eletrônica", um marco da música eletroacústica em nosso País.
Por fim, acrescento aos dois textos algumas notas explicativas da minha lavra.
Muito bem, obrigado pelo envio. Mauricio
Grazie x tutte le mail che mi mandi cosi vi rivedo....mi mancate...un abbraccio a te e rute
Katia
Um texto que vale ser lido. Cumprimento-o, Braga, pela feitura do texto. Fernando Teixeira
Tenho recebido regularmente teus textos, fonte de grande conhecimento. Muito agradecido.
Abraço cordial,
UP
Caro confrade; muito obrigado!
Venho endossar proposta judiciosa de Henrique Autran Dourado, que se manifesta favorável a que nosso país preste as devidas homenagens ao maestro JORGE ANTUNES, que no ano que vem completa 75 anos de vida, 38 dos quais dedicados ao magistério superior, como professor de Contraponto, Composição e Acústica Musical na UnB.
Certo provérbio latino é bastante otimista, quando lembra:
"Utilius tarde quam nunquam" (que, em português, significa "antes tarde do que nunca").
Já o verso célebre de Tomás Antônio Gonzaga é um tanto pessimista:
"As glórias, que vêm tarde, já vêm frias..."? (Marília de Dirceu)
Fui um dos seus discípulos na área da composição, de 2002 a 2008, e posso testemunhar a seriedade e a generosidade com que nos repassava os seus conhecimentos. Por outro lado, tendo ele estudado ainda jovem Física e Música, fez uso desses conhecimentos na música eletroacústica, da qual é precursor no Brasil e amplamente reconhecido no exterior.
Francisco José dos Santos Braga,
São João del-Rei, Minas Gerais
(REVISTA CONCERTO, Agosto 2016, seção "Cartas", p. 4)
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