segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Ócio Merecido

Por Francisco José dos Santos Braga *

Conforme a própria denominação deste blog indica, este é um locus que pretende suscitar alguns questionamentos no campo das artes - especialmente no da música - bem como das letras, da filosofia, da história e da genealogia.

No que se refere à música, concretizei um velho sonho: obtive meu grau de bacharel em Música na área de Composição pela Universidade de Brasília. 222 créditos cursados nos últimos cinco anos não são pouca coisa. Aqui entre nós, acho que há muito exagero numa graduação em Música, a começar pelo desperdício de recursos públicos despendidos em certas disciplinas de relevância discutível, não obstante constarem do currículo como obrigatórias ou optativas. Certo professor português em visita ao Departamento de Música da UnB informou-me que a União Européia baixou uma norma de que o curso de graduação em Música não pode durar mais de 3 anos.

Bem, no segundo semestre de 2008 consegui apresentar o seguinte saldo de realização artística:

1. um meu arranjo para octeto de sopros da peça Prelude to a Kiss, de Duke Ellington, teve boa aceitação, sendo apresentado no Auditório do Departamento de Música e no salão do Bay Park em Brasília em 04/12, sob a regência competente de Mariana Borges;

2. com apoio da Livraria Musimed, o fagotista Fábio Benites e eu estreamos, em 06/12, nosso recital para fagote e piano, em sua sala de concerto, com o seguinte repertório: Concerto em lá menor de Vivaldi, Sonata em mi menor de Benedetto Marcello e Valsa Seresta de Hilda Reis. Na ocasião, foi ouvida minha peça eletroacústica microtonal para piano e soprano virtuais intitulada Lírica Espacial (que foi escolhida para fazer parte de um kit comemorativo em homenagem aos 50 anos de música eletroacústica no Brasil, composto de 5 CDs e de um valioso encarte descritivo dos compositores e suas peças com 223 páginas, em três línguas, a ser lançado pela Petrobrás brevemente).


Depois de um semestre pleno de estresse devido a vários fatores (especialmente, pela enorme atividade e criação artísticas e também pelo mau desempenho da economia brasileira atrelada à economia mundial), vi-me obrigado a fazer uma trégua de fim de ano e retirar-me para o Campo das Vertentes, mais exatamente a cidade de São João del-Rei e vizinhança para ali desfrutar, liberado de boa parte de meus compromissos e dispondo de mais tempo para um relativo otium cum dignitate (et cum litteris, se me for dado acrescentar).

Desfrutando da companhia do Presidente da Academia de Letras de São João del-Rei, Dr. Wainer Ávila e sua esposa Regina e do meu sobrinho Ricardo Campos e sua namorada Cris, ambos webdesigners, fomos minha esposa Rute Pardini que é cantora lírica e eu ao encontro de Dr. Oscar Araripe, célebre literato e pintor, e de sua esposa Cida. A recepção se deu na Fundação Oscar Araripe, em Tiradentes-MG, cujo Presidente imediatamente nos convidou a integrar o quadro de Curadores da Fundação.

Debatemos longo tempo sobre a conveniência de instituir-se uma organização coletiva de entidades culturais, constituída pela Academia de Letras de São João del-Rei, Fundação Oscar Araripe e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, visando à consecução dos amplos objetivos artísticos comuns e a um reflorescimento cultural das comunidades envolvidas. Constatada uma grande afinidade entre as entidades presentes ao encontro, sugeri que se contactasse o Presidente do ICVRP de Valença para informá-lo de nossas gestões e solicitar o seu apoio para o Projeto. Também ofereci a minha participação artística, bem como de minha esposa, em quaisquer eventos musicais destinados ao atingimento das referidas metas coletivas.

Além disso, em companhia do Dr. Wainer entreguei cópia de meu arranjo para a peça de Duke Ellington ao regente da Banda do Regimento Tiradentes, Sr. Vicente, ao regente da são-joanense Orquestra Ribeiro Bastos, Rodrigo Sampaio e ao regente e Presidente da Lira Ceciliana de Prados, Sr. Adhemar de Campos Neto.

Estou curioso de ver o resultado dessas ações em prol da Arte.

* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ e Fundação Oscar Araripe em Tiradentes-MG. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Franz,

Muito bom o paralelo entre Focault
e blogs. Não um blog qq , mas, um
que nos faz pensar e refletir o
nosso Eu.
Ótimo artigo!
Bjs,
Rafael

Unknown disse...

Caro amigo Braga,
Vc é sem dúvida um grande artista, mas a tua maior virtude é a essa simplicidade que nos faz sentir melhores em sua companhia.
Abraço
Ribas