quarta-feira, 30 de maio de 2018

O GRANDE ERRO DA ALEMANHA COM O EURO


Por Wolfgang Münchau *

(em artigo no blog grego Ας μιλήσουμε επιτέλους, editado em 29/05/2018)
Traduzido por Francisco José dos Santos Braga

 



Muitos anos atrás, eu costumava participar de um seminário anual, em um ambiente agradável, em que os participantes discutiam a política e economia de dois países europeus. Normalmente havia dois grupos. Um falava sobre política externa, especialmente sobre relações transatlânticas. O outro discutia questões econômicas, e especialmente o euro. No final, os dois ouviam as conclusões de cada um, com um tédio educado. Hoje a União Europeia estaria em melhor situação se os envolvidos na política externa dentro e fora da sala tivessem tornado o euro seu próprio projeto.

O dólar, pelo contrário, tem sido parte integral da política externa dos EUA por muitos anos. Seu papel como âncora mundial permite que os EUA cortem o acesso de todo um país ao comércio e finanças internacionais, como no caso do Irã. Ou um grupo de indivíduos, como no caso da Rússia.

O euro não foi concebido como um instrumento geopolítico. Lembro-me do debate na Alemanha na década de 1990. O Bundesbank deliberadamente rejeitou a ideia de um forte papel internacional para o euro, temendo que talvez pudesse colidir com o objetivo da estabilidade de preços.

Também me lembro das discussões entre economistas internacionais sobre se o euro poderia desafiar o dólar como moeda de reserva mundial. A oportunidade estava ali. Estudos acadêmicos sérios foram escritos. O fato de que isso não aconteceu foi o resultado de uma escolha política consciente.

Aquela escolha é em parte responsável pela dificuldade da UE em encontrar hoje uma resposta a Donald Trump. O maior problema com a decisão do presidente dos EUA de se retirar do acordo nuclear com o Irã é o efeito extraterritorial. As empresas europeias que desafiam as sanções dos EUA seriam cortadas dos mercados financeiros e de produtos dos EUA. O mesmo aconteceria com os bancos que financiam aquelas companhias. Empresas multinacionais e bancos não podem pagar por isso. D. Trump pode se comportar assim porque, em última análise, os EUA detêm o controle sobre todos os fluxos financeiros em dólares, incluindo aqueles originados fora dos EUA.

A União Europeia não pode impor sanções a empresas norte-americanas que desafiam a política europeia. O euro não é tão crucial para elas quanto o dólar é para os Europeus. Após a introdução do euro em 1999, ele se tornou rapidamente a segunda moeda mais importante do mundo, mas ainda está bem atrás do dólar na maioria das medições.

Sua participação nas reservas cambiais estrangeiras ficou abaixo de 20% no final de 2016, contra 64% para o dólar, segundo o Banco Central Europeu. A diferença foi de magnitude correspondente nas categorias de dívida e empréstimos internacionais. O dólar supera o euro no volume de negócios com divisas estrangeiras de três para um. A única categoria em que o euro quase igualou à moeda norte-americana é a de uma moeda de pagamentos mundial. Na última década, a diferença diminuiu, mas aumentou novamente desde a crise financeira.

Em reação à decisão de D. Trump de cancelar o acordo com o Irã, a Comissão Europeia só conseguiu desenterrar o antigo status de "bloqueio", uma proibição de que as empresas europeias se submetam às sanções. O problema é que a UE não dispõe de instrumentos financeiros para proteger as companhias europeias. Como, por exemplo, compensaria um banco europeu que não possa mais negociar em dólares?

O fracasso em desenvolver o euro como um rival do dólar também torna a UE mais vulnerável às tarifas comerciais. Isso é principalmente devido ao superávit comercial. Este, por sua vez, é o resultado das decisões da eurozona para enfrentar a crise da dívida: obrigar os países em crise a ter saldos positivos em conta corrente. Uma consequência dessa política é uma reação populista ¹ do tipo que vemos hoje na Itália. O protecionismo dos EUA é outra.

Antes da crise financeira, a zona do euro tinha um pequeno superávit em conta corrente. No ano passado, atingiu 3,5% do PIB. Quanto maior o excedente, mais dependente é a zona do euro do resto do mundo.

Em vez de fungar junto com D. Trump, os Europeus talvez queiram meditar como se encontram em tal emaranhado. A UE seria mais resiliente hoje, se não tivesse administrado a crise da zona do euro como fez e se seus fundadores tivessem feito o euro mais poderoso desde o início.

Tecnicamente, para a zona do euro ainda é possível corrigir o problema, mas isso requer um grau de união política que vai além do que Emmanuel Makron, o presidente francês, propôs. Exige em seu núcleo um instrumento de dívida mutualizado, um Eurobond, como instrumento financeiro para sustentar um grande mercado de dívida soberana. Também requer um mandato mais amplo para o Banco Central Europeu.

Sei, naturalmente, que não há apoio político para isso no norte da Europa. Mas espere até que D. Trump comece a impor taxas à BMW, Mercedes e outras companhias europeias. Os acontecimentos estão começando a perturbar.


*  Wolfgang Münchau é um matemático alemão que vive em Londres e é um dos colunistas mais influentes do "Financial Times", onde critica as políticas alemãs de austeridade que dominam a Europa.

Fonte: https://kostasxan.blogspot.com/2018/05/blog-post_239.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+blogspot/vhzE+(%CE%91%CF%82+%CE%BC%CE%B9%CE%BB%CE%AE%CF%83%CE%BF%CF%85%CE%BC%CE%B5+%CE%B5%CF%80%CE%B9%CF%84%CE%AD%CE%BB%CE%BF%CF%85%CF%82!)


NOTA  EXPLICATIVA por Francisco José dos Santos Braga


¹   A expressão grega "λαϊκιστική αντίδραση"  é correspondente à inglesa "populist backlash". Como a expressão é composta de dois termos distintos, começo por tentar defini-los. 
"Backlash" é uma reação contra recentes mudanças sociais. É inerentemente conservadora, e sempre reacionária. Algumas pessoas se juntam em "backlash" porque enfrentam mudança social, à qual sempre se opõem. Outras ficam ativadas quando sentem que a mudança social "foi longe demais", ou quando uma mudança social, antes tida como essencialmente inofensiva, de repente parece ameaçar o status e o equilíbrio da maioria. 
O termo "populista" implica um movimento vindo dos níveis "inferiores" da sociedade (pessoas pobres ou da classe operária), mais do que das elites. O populismo pode ser positivo ou negativo, mas no contexto político norte-americano o termo carrega uma conotação negativa, porque muito do populismo lá incluiu racismo explícito, anti-semitismo e outras espécies de culpabilização... 
Assim, "populist backlash" é um movimento contra uma mudança social ressentida, por pessoas que são de relativamente baixo status social, que sofrem reais ou percebidas perdas de status ou de privilégio e que descarregam suas frustrações em outros grupos de baixo status ou minoritários.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

A ALEMANHA GANHA PELA EXTORSÃO DA GRÉCIA


Por Vladimiro Giacché
(em artigo no jornal Junge Welt, edição de 03/05/2018)
Traduzido por Francisco José dos Santos Braga



Desde o início da crise, "as más notícias na Grécia eram boas notícias para a Alemanha. Toda referência negativa às evoluções econômicas em Atenas resultava analogamente em taxas de juros mais baixas para títulos do governo alemão. Ao contrário, as taxas de juros da Grécia e de outros países em crise sofriam aumento".

Isso foi escrito num artigo no jornal Junge Welt pelo economista alemão Vladimiro Giacché e membro do Instituto de Pesquisa Econômica Centro Europa Ricerche (CER) em Roma.

"O resultado foi tão favorável ao Tesouro alemão, a ponto de, mesmo no eventual caso de uma falência total da Grécia, o resultado líquido para a Alemanha seria positivo", acrescenta o economista alemão, derrubando a lenda de que os contribuintes alemães supostamente pagariam a crise no Sul da Europa.

Na Grécia, há pessoas que precisam procurar no lixo para poderem sobreviver. Quem critica a extorsão do País é considerado "populista" (Atenas, 24/06/2012) - Crédito pela foto: Pascal Rossignol/REUTERS

Críticos da ordem neoliberal na União Europeia são frequentemente chamados de ‘populistas’. Tomemos, por exemplo, a política de juro zero e o programa de compra de títulos do governo conhecido por Flexibilização Quantitativa (Quantitative Easing - QE) do Banco Central Europeu (BCE). Quantas vezes ouvimos dizer que isso é um presente para os do Sul e um roubo à custa do contribuinte alemão? Quantas vezes foi feita essa acusação ao presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, a fim de reafirmar a necessidade de aumentar o juro e rapidamente pôr fim à flexibilização quantitativa (QE)?

O poupador alemão

Bem, a realidade é outra. "No Instituto de Pesquisa Econômica Centro Europa Ricerche (CER) em Roma, realizamos uma investigação simples em janeiro. Dizia respeito ao cálculo da diferença entre as taxas de juros efetivamente pagas pelos Estados europeus pela sua dívida pública no período 2007-2017 e o montante total que teriam pago, caso as taxas de juros dos títulos nacionais tivessem permanecido constantes, ao nível de 2006 (França 3,9%, Alemanha 4,1%, Itália 4,4%), também nos anos seguintes. Resultado: a Alemanha foi a que mais economizou juros (280 bilhões de euros). Seguem a França (230 bilhões de euros) e a Itália (140 bilhões de euros). A poupança total para a zona do euro é considerável: 950 bilhões de euros. Mas, com mais de 70% deste montante (cerca de 690 bilhões de euros) se beneficiou o chamado núcleo da Europa, enquanto os países periféricos, os chamados PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), se beneficiaram com menos de 30% da poupança (cerca de 260 bilhões de euros)", destaca Giacché.

A confirmação oficial deste resultado veio em 23 de abril, quando o jornal Handelsblatt publicou o conteúdo de uma resposta escrita da secretária de finanças Bettina Hagedorn (SPD) a uma consulta do político Verde Sven-Christian Kindler, responsável pelas questões orçamentárias. Ainda por cima, o Wirtschaftszeitung publicou “novos dados do Banco Central da Alemanha”. De acordo com seus cálculos, o total acumulado de economias da união monetária aumentou cumulativamente entre 2008 e 2017 para cerca de 1,15 trilhão de euros, montante ainda superior ao calculado pelo Centro Europa Ricerche / CER (possivelmente devido aos diferentes períodos considerados). Mas isso não muda o fato principal: a Alemanha se beneficiou mais da flexibilização de juros, com uma economia acumulada de 294,1 bilhões de euros.

Más notícias são boas notícias

Por detrás desse número não está apenas a política monetária extremamente frouxa do BCE. A história começa mais cedo: com a crise grega. Em 10 de agosto de 2015, o Instituto para Pesquisas Econômicas Leibniz da cidade de Halle (IWH) tinha apontado num parecer de pesquisa que os programas de crédito de 2010 resultaram em um corte significativo nas taxas de juros para o orçamento público alemão. Entre outras coisas, isso aconteceu porque os investidores fugiram para títulos seguros, os chamados "voo para qualidade".

Os pesquisadores do IWH afirmaram: “Más notícias na Grécia eram boas notícias para a Alemanha.” Cada notícia negativa sobre a evolução econômica de Atenas resultou em taxas de juros mais baixas para os títulos do governo alemão, enquanto, ao contrário, eram aumentadas as taxas de juros dos títulos da Grécia e de outros países em crise. O resultado foi tão favorável para os cofres públicos alemães que, mesmo na eventualidade de uma falência total da Grécia, o resultado líquido para a Alemanha teria sido positivo.

O programa QE do BCE foi lançado em 2013 e foi concebido para salvar o euro. Quanto a isso, Marcel Fratzscher, presidente do Instituto Alemão para Pesquisa Econômica (DIW) de Berlim, está certo: "os governos federal, estadual e municipal - e, portanto, os contribuintes também - são os grandes ganhadores das baixas taxas de juros".

A Alemanha foi a mais favorecida, porque os títulos do governo da República Federal da Alemanha foram os mais comprados pelo BCE.

Infelizmente, a ideologia do "zero negro" operada pelo ex-Ministro da Fazenda Wolfgang Schäuble (CDU) - e agora aparentemente confirmada por seu sucessor, Olaf Scholz (SPD) - até agora impediu que esse montante considerável fosse aplicado em gastos sociais e investimento em infra-estrutura.

No entanto, isso é bastante consistente com a estratégia de longo prazo da classe dominante alemã, que insiste em um modelo de exportação baseado na deflação salarial. É o custo dessa política que a maioria dos contribuintes alemães deve, de fato, suportar.

Fonte (em grego): https://kostasxan.blogspot.com.br/2018/05/junge-welt-junge-welt.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+blogspot/vhzE+(Ας+μιλήσουμε+επιτέλους!)

Fonte (em alemão)
https://www.jungewelt.de/artikel/331848.zinsgewinn-dank-euro-krise.html?sstr=Griechenland


segunda-feira, 7 de maio de 2018

RESENHA CRÍTICA DE LIVRO SOBRE A HISTÓRIA DE ITUMIRIM-MG


Por Francisco José dos Santos Braga


Livro de Maria Terezinha de Resende - Crédito pelas fotos: Rute Pardini Braga

Neste pequeno trabalho, proponho-me a fazer uma resenha crítica de um livro que traz a história particular do Município de Itumirim, intitulado “De Rosário de Lavras, Vila Coruja e Estação Francisco Sales a Itumirim”, da professora e genealogista Maria Terezinha de Resende.

As 397 páginas do presente livro cobriram o período compreendido entre 1700 e 1950, mas não foram suficientes para cobrir toda a história particular do Município de Itumirim. Portanto, o livro em questão constitui a primeira parte da história do município de Itumirim, dos anos 1700 à década de 1950, demandando da autora nova disposição para completar suas pesquisas que serão mostradas num segundo volume, em gestação. Este seu primeiro livro de pesquisas genealógicas contou a colaboração do digitador e primeiro revisor Renato, da segunda revisora Rosemary Chalfoun e de prefácio de autoria da filha Patrícia Maria de Resende Nassur.
 
Observa-se na autora um grande pendor pela genealogia, ciência auxiliar da História, cujas descobertas são basicamente feitas em fontes primárias (documentos antigos, muitas vezes carcomidos pelo tempo, e pesquisas materializadas através de inventários, testamentos, livros de batismo, casamento e óbito, cadernos de anotações da família, etc.) e em fontes secundárias (trabalhos de pesquisa de outros pesquisadores).

Neste ensaio sobre a sua terra natal, observa-se na autora uma enorme garra de historiadora, uma auto-convocação para escrever sobre Itumirim um trabalho de maior vulto (que é sua intenção), pois talento não lhe falta para a empresa e já lhe é familiar o documentário sobre o assunto ¹.

Desde já, alguns capítulos merecem o nosso destaque. O capítulo 15 (páginas 110-136) intitulado “Mascates e Tropeiros” reconhece a contribuição desses grupos sociais como agente ativo introdutor de progresso e propagador de civilização, destacando principalmente a presença de Italianos e “Turcos” (Sírios e Libaneses) na comunidade itumirinense. Além disso, o capítulo 16 (páginas 137-156) sobre a imprensa em Itumirim, — noticiando mais amplamente sobre matérias constantes dos jornais “O Sabiá”, na década de 1920, e “A Rajada”, na década de 1930 —  é uma preciosa contribuição para um estudo completo da Imprensa em Minas, trabalho que um dia ainda terá de ser feito. Nas décadas seguintes, segundo a autora, eram lidos ainda “A Gazeta”, de Lavras, e “O Sul Mineiro”, de Varginha, que mantinham correspondentes em Itumirim. Desde o início do século, jornais de Lavras, dirigidos por partidos políticos rivais (Rolinhas X Gaviões) tinham adeptos em Francisco Sales e Rosário: inicialmente, “O Republicano” (jornal da situação) e a “Folha de Lavras” (jornal do Partido da Lavoura e Comércio); na década de 1920, a “Tribuna do Povo”, defensor do PRM, e “O Município”, jornal dos Gaviões. Por fim, o capítulo nº 29 intitulado “Anexo fotográfico”, — que mereceu destaque por parte da autora do livro, independente dos valiosos registros fotográficos espalhados ao longo dos 28 capítulos anteriores, — concentra uma coletânea rica de preciosas fotografias cedidas por pessoas amigas dela, com legendas explicativas de inegável valor histórico, trazendo maior consistência aos anteriores capítulos do livro, razão por que não poderia deixar de consignar aqui a importância das fotografias de época num trabalho informativo desse tipo, de inegável cunho histórico.

DO LIVRO


Na Introdução (p. 2), a autora inicialmente esclarece que a história da atual Itumirim se apresenta intrincada na história de sua célula-mãe, Lavras do Funil do Rio Grande, ao mesmo tempo que se disse incomodada com o histórico oficial de Itumirim (1730-1892), o qual citava duas datas (1730: construção da igreja Nossa Senhora do Rosário da Cachoeira do Rio Grande, e 1891: construção da capela de São José do Capivari, na Vila Coruja) e concluía com a afirmação de que houve uma grande apatia no período. Foi por discordar dessa informação que a autora escreveu seu primeiro livro sobre a história de Itumirim (que em tupi significa pequeno salto, ou cachoeira pequena), redigindo 397 páginas para cobrir a referida lacuna de 160 anos ².

De acordo com a autora, nas páginas 7 e ss. do seu livro, Fernão Dias Paes Leme, já experiente bandeirante por ter desbravado sertões paulistas, recebeu do Governador Geral, Afonso Furtado de Menezes, Visconde de Barbacena, na forma dos respectivos alvarás, a carta patente de 20/10/1672, concedendo-lhe todos os poderes e nomeando-o chefe da expedição projetada e governador das terras das esmeraldas, tendo partido de São Paulo com sua bandeira na manhã de 21/07/1674. Foi uma das maiores bandeiras até então conhecidas; tendo transposto serras e rios, a expedição se estabeleceu em Ibituruna, dando origem ao mais antigo lugar de Minas Gerais. Pelos idos de 1694, o escriba real Bento de Souza Pereira Coutinho escreveu ao Rei de Portugal a respeito do itinerário palmilhado pela bandeira do caçador das esmeraldas, tendo mencionado a colina da cachoeira afunilada do rio Grande, que serviu de pouso à bandeira de Fernão Dias: “a conquista da citada colina dos ferozes Cataguases marcou a primeira etapa da etimorada bandeira...”. Segundo a autora, talvez o feito mais significativo dessa bandeira tenha sido a luta travada com uma horda de índios Cataguases comandada pelo temível cacique Jaci, no sopé da dita colina, na época um verdadeiro promontório entre os campos da serra da Bocaina e as florestas do rio Grande. Os belicosos íncolas abandonaram suas ocas nas redondezas da citada colina, recuando para as brenhas do rio São Francisco, onde dois anos mais tarde, em outro sangrento entrevero, foram batidos definitivamente por outro sertanista paulista do século XVII, Lourenço Castanho, no lugar que recebeu o nome de Conquista, hoje Itaguara.

Às páginas 12 e ss., a autora informa que, mais tarde, Francisco Bueno da Fonseca, natural de Santana do Parnaíba e neto do famigerado Amador Bueno de Ribeira, dito O Aclamado ³ (c. 1584-c. 1649), se distinguiu na Guerra dos Emboabas (1707-1709). Dominada a disputa, ele voltou à Parnaíba, onde foi morador por muitos anos. Consta ainda de sua biografia que, na Vila de São Paulo, foi cabeça de uma revolta pela expulsão do Desembargador Antônio da Cunha Souto Maior para pacificar e melhor administrar a região. Como consequência da Guerra dos Emboabas, que demonstrara a fragilidade do controle da Coroa Portuguesa sobre a região das recém-descobertas minas de ouro, foi criada em 3 de novembro de 1709 a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro. Estabelecidas as primeiras vilas na região das Minas (Vila Rica e Vila de Nossa Senhora de Sabará), chegou o momento de dividi-la em três Comarcas: Vila Rica (com sede em Vila Rica), Rio das Velhas (com sede em Sabará) e Rio das Mortes (com sede em São João del-Rei).

Às páginas 27 e ss., a autora, citando Ari Florenzano, informa que, mais ou menos em 1720, o citado Francisco Bueno da Fonseca formou uma bandeira, junto com seus filhos, um parente, seus escravos e outros sertanistas, e veio a se estabelecer à margem esquerda do rio Grande. (Esclarece na p. 37 que do outro lado desse rio, à sua margem direita, estavam o Rosário Velho e Ibituruna.) Estes primeiros habitantes eram paulistas da vila de Santana do Parnaíba, e poucos anos depois de sua chegada, fundariam o arraial dos Campos de Sant'Ana das Lavras do Funil, em 1729, e erigiriam a capela de Nossa Senhora da Conceição do Rosário da Cachoeira do Rio Grande, em 1730. (Esclarece na p. 38 que o epíteto “do Funil” no topônimo se deve ao desenho formado pela confluência dos rios Grande, Capivari e das Mortes, conforme mapa na p. 14, onde esclarece que é possível ver o Ribeirão do Rosário Velho à margem direita do rio Grande, bem defronte ao Rosário à margem esquerda do dito rio.) 

Mapa na p. 14 dos encontros dos rios Capivari, Grande e das Mortes. É possível ver o Ribeirão do Rosário Velho à margem direita do rio Grande, bem defronte ao Rosário da margem esquerda do mesmo rio.


Concluiu a autora, às páginas 28: “Rosário, que deu origem à região conhecida como Lavras do Funil, é o que hoje ainda existe à margem esquerda do rio Grande, cuja capela resistiu até os anos de 1960.” Reiterou a sua convicção na página 36: “É, pois, o Rosário, berço de nossa História, com a construção da igreja e casas. Lavras nasceu dentro dessa Sesmaria, de 1737, com a ampliação do território com a petição da Sesmaria, de 1753.” De fato, nesta região, a família de Francisco Bueno da Fonseca estava empenhada na busca do ouro e também na abertura de novos caminhos até às Minas dos Goiases. Nesta mesma região, em 1737, os exploradores receberiam do governador Martinho de Mendonça uma carta de sesmaria confirmando a ocupação da terra, que se despontava na agricultura e pecuária. A carta de Sesmaria de 1753, cuja petição é feita pelo Guarda-mor Diogo Bueno da Fonseca, não somente garante a posse dos sesmeiros da carta de 1737, mas também amplia o território coberto em direção ao Rio Grande abaixo e também de leste para oeste. Na página 34, a autora foi ainda mais específica: “Foi a Capela de Nossa Senhora do Rosário da Cachoeira do Rio Grande o marco da povoação do município de Lavras, Itumirim e toda a região que, no passado, compunha o grande território das Lavras do Funil.” O Capitão-mor Francisco Bueno da Fonseca cuidou da capela até sua morte em 12/04/1752 e aí foi sepultado. 

Às páginas 38, a autora transcreveu os registros de óbito dos pioneiros, por considerá-los documentos importantes. Assim, transcreve do livro de assentos de óbitos da igreja de Carrancas o registro de óbito do Capitão-mor Francisco Bueno da Fonseca. Da mesma forma, transcreveu o registro de óbito do filho do patriarca, o Guarda-mor Diogo Bueno da Fonseca, aos 12/12/1779, fornecido por Diogo de Vasconcelos, in História Antiga de Minas Gerais (2ª edição de 1904, p. 186), sepultado na mesma capela junto do pai. A autora observou ainda uma curiosidade: “No óbito de Francisco Bueno cita a capela do Rosário como filial da matriz de São João del-Rei e no óbito de Diogo Bueno cita o Rosário como sendo filial da Matriz de Santana de Lavras do Funil.” Infelizmente, as lápides dos túmulos, que em seu interior havia, foram utilizadas na construção da nova capela inaugurada em 07/10/1964.

SOBRE LAVRAS  ⁴
 
Em 1813, o arraial de Sant’Ana das Lavras do Funil fora elevado à categoria de freguesia, quando do desmembramento de Carrancas. Já na época do Império, a freguesia obteve sua emancipação política e administrativa passando à condição de vila, em 1831, e à categoria de cidade, em 1868, quando houve alteração na toponímia municipal de "Lavras do Funil" para "Lavras".

O final do Século XIX e início do Século XX foi um momento de rápido desenvolvimento em Lavras, a começar pelas novas ligações fluviais e ferroviárias criadas. Em 18 de dezembro de 1880 foi inaugurada a navegação fluvial de 208 km entre os portos de Ribeirão Vermelho (município de Lavras) e de Capetinga (município de Piumhi), feita pelo barco a vapor "Dr. Jorge". Em 14 de abril de 1888 a EFOM inaugurava a primeira estação em Ribeirão Vermelho, e em 1.º de abril de 1895 inaugurava a estação na cidade de Lavras.

Na organização territorial de Lavras, no período de 1908, Rosário (a partir de 1924: Itumirim) aparece como um dos nove distritos do Município de Lavras. Os outros distritos eram: São João Nepomuceno, Perdões, Ribeirão Vermelho, Conceição do Rio Grande (atual Ijaci), Ingahy, Santo Antônio da Ponte Nova (atual Itutinga), Carrancas e Luminárias. Respectivamente em 1911 e 1912 os distritos de São João Nepomuceno e de Perdões se tornaram cidades, desmembrando-se do Município de Lavras. A partir de 1º de janeiro de 1944, emancipou-se também o Município de Itumirim, trazendo para sua composição territorial os distritos de Luminárias, Ingahy e Itutinga, que antes pertenciam também ao Município de Lavras. Nos anos abaixo discriminados desmembram-se do Município de Itumirim, sendo elevados à categoria de municípios: a partir de 1949, Luminárias; a partir de 1954, Itutinga e a partir de 1963, Ingaí. No caso deste último, a lei estadual que o desmembrou (nº 2764, de 30/12/62), anexou o distrito de Macuco de Minas ao município de Itumirim.

SOBRE ITUMIRIM


Sobre o atual Município de Itumirim a autora escreve inúmeras páginas, especialmente a respeito das diferentes denominações dessa localidade. O próprio título do livro “De Rosário de Lavras, Vila Coruja e Estação Francisco Sales a Itumirim” dá uma ideia da riqueza de denominações para a localidade que hoje conhecemos por Itumirim. Às páginas 40 e ss., a autora trata do primeiro topônimo, registrando que o distrito de Rosário de Lavras teve sua denominação ligada à Capela de Nossa Senhora do Rosário da Cachoeira do Rio Grande, cuja construção data de 1730 pelo Capitão-mor Francisco Bueno da Fonseca e outros sitiantes. Fotos da antiga capela são mostradas nas páginas 33 e 34. Pesquisando os inventários dos anos de 1800 arquivados no CEMEC (Centro de Memória Cultural do Sul de Minas), ela descreve como conseguiu identificar várias fazendas e sítios localizados nessa região, às páginas 53 e ss. Sua pesquisa se centrou na fazenda Recreio, onde residiu Diogo Bueno da Fonseca, filho do citado Francisco Bueno da Fonseca e capitão-mor que fazia a guarda da travessia do rio Capivari, evitando a passagem de aventureiros que quisessem alcançar o Rio Grande e, consequentemente, o Rio das Mortes em busca do caminho do ouro. E é da referida fazenda que surgiu a história (ou lenda) do romântico casal contada de geração a geração e que marca o povoado denominado “Coruja”, o segundo topônimo pesquisado pela autora. (Os dois primeiros e o último parágrafo do famoso “causo” abaixo reproduzidos, em itálico, foram retirados de certo conto não referenciado pela autora nas páginas 54 e 55, sendo que encontramos o miolo da narrativa no blog No Rastro da Memória (Santa Rita do Sapucaí) de Nídia Telles, que, também sem qualquer referência a autor, livro, etc., passamos a transcrever na íntegra com a impressão de que ambas tiveram acesso à mesma fonte, com leves variantes:)
“Situado à margem do rio Capivari, lugar histórico, por ter sido desde a época dos bandeirantes uma passagem para as minas de ouro, que at raíam e fascinavam as populações do litoral. Essa localidade, hoje Itumirim, se constitui pela energia dos seus habitantes e pela sua posição geográfica e topográfica, um ponto de largas perspectivas de engrandecimento.
A origem da história de Itumirim é conhecida somente após o drama amoroso de uma das netas do valente bandeirante Amador Bueno da Fonseca com um comerciante de nome Goulart Brum.
Na atual fazenda do Sr. Augusto Pinto residiu um dos filhos do intrépido bandeirante. Como naqueles dias o socorro e a agressão se faziam mutuamente, tinha este povoador de Minas a missão de garantir a passagem do Rio Capivari, vedando-a, a quem que fosse quando ouvisse um estampido de arma de fogo em determinado lugar, conforme a combinação que tinha com seus parentes residentes nas margens do Rio Grande.
Tronco de numerosa família mineira, Goulart Brum que negociava com gêneros da Campanha para o norte se enamorou de uma das filhas do bandeirante Bueno. Este amor nas selvas teve contra si a vontade do velho pai de sua enamorada. Os jovens enamorados não se desiludiram e dominaram dificuldades incríveis criadas pelas asseclas da fazenda.
Fugiu a mimosa mineira descendo despida por uma das janelas, por sua família lhe ter apreendido a roupa como meio de evitar a fuga. Brum que a esperava com roupas, cavalo para a viagem e homens corajosos para a luta talvez inevitável, partiu com a noiva ao trotar acelerado dos cavalos para se casarem em Campanha. Descobertos e perseguidos quando soou o estampido, avisando a guarda da ponte, já os fugitivos estavam a grande distância.
Pode-se acentuar de passagem que passado poucos dias, apesar dos avisos, das ordens e ameaças do seu sogro, Brum penetrava com sua esposa nos currais da fazenda demonstrando tal bravura que a oposição da família se transformou em aliança indissolúvel.
Desse incidente em diante foi aperfeiçoada a guarda da ponte, por ser uma passagem forçada do Sul de Minas para as minas de ouro de São João del-Rei e construídas as primeiras casas que serviam de alojamento a policiadores e que hoje já não mais existem.”  

A antiga capela de São José do Capivari, construída em 1891, é considerada marco de nascimento da Vila Coruja, utilizada especialmente como parada de tropeiros, no pequeno povoado à margem esquerda do rio Capivari, denominado “Coruja”.

Enquanto isso, a vila Coruja, na outra margem do rio Capivari, ia se desenvolvendo com os benefícios de progresso que a Estrada de Ferro Oeste de Minas estava trazendo para a região com a inauguração da Estação Francisco Sales em 1897, em homenagem ao Presidente do Estado à época.

Foi considerada natural a mudança da sede do distrito de Rosário para a Vila Coruja, abordada nas páginas 78, porque, para a autora, “Coruja tinha a seu favor a estação (ferroviária) Francisco Sales, construída em 1897, o que facilitava o entrosamento entre o distrito sede, Lavras, e o distrito de Rosário. Este fator influenciou a mudança de sede deste distrito para a vila Coruja.”  Aí, a autora estabelece a data precisa em que o distrito passa a ser conhecido pelo topônimo Francisco Sales: 7 de agosto de 1918, ocasião em que, com o surto do progresso, “a sede distrital é transferida para Coruja e o distrito passa a denominar-se Francisco Sales.” Às páginas 79 a autora adverte o leitor para o fato de que “há datas diferentes, assim como oscila a denominação da sede do distrito, ora Coruja, ora Francisco Sales. (...) Fatores políticos influenciavam nas alterações dos nomes. Quando mudava o poder administrativo, oscilava também o nome do lugar. E foi por motivos políticos que se resolveu em definitivo, por lei (Lei Estadual nº 843, promulgada em 7 de setembro de 1923), alterar o nome Coruja para Itumirim e a estação, em 1930, passou a ser oficialmente Estação de Itumirim. Até esta data de 1924, o lugar era conhecido pelos dois nomes: Coruja e Francisco Sales, além de ser conhecido também como São José do Capivari, em razão da capela aí existente.” Segundo a autora, foi a Lei estadual nº 860, de 09/09/1924 que alterou o nome de Coruja para Itumirim, permanecendo este, até 1943, distrito de Lavras. 

No capítulo 25, às páginas 300 e ss., pode-se ler que apenas com o Decreto-lei estadual nº 1058, de 31/12/1943, o distrito de Itumirim é emancipado, elevado à categoria de município, mas permanecendo subordinado ao termo e à comarca de Lavras no quinquênio vigente 1944-48 e no quinquênio seguinte 1949-53. 

A foto 119 na página 303, no capítulo 25 do livro documenta a emancipação político-administrativa de Itumirim, festejada em 1º de janeiro de 1944. 

No mesmo capítulo 25.3, nas páginas 313-4, a autora fornece a informação de que “há, na Câmara Municipal de Itumirim, um arquivo bem organizado e conservado, onde é possível pesquisar livros de atas, leis e decretos do Município desde a sua criação”, comentando o que julgou importante nos 33 decretos-leis nos primeiros quatro anos de interventores indicados pelo governador (1944-47). 

No mesmo capítulo 25.4, nas páginas 316 e ss., são mencionadas as denominações de ruas e logradouros de Itumirim por decreto-lei nº 13, de 17/06/1945, retratando o núcleo do povoado na década de 1940, bem como a interpretação da autora para as referidas denominações. 

No mesmo capítulo 25.5, nas páginas 322-34, a autora trata da primeira eleição para prefeito e vereadores de Itumirim (1948-1950). 

De um histórico sobre o Município de Itumirim, nas páginas 328-331, datado de 11/11/1949, extraímos as seguintes informações sobre a indústria de pecuária e laticínios, base da economia do Município: Manteiga (4 fábricas e 1 fabriqueta) e Queijo (7 fábricas de queijo prato e 3 de queiro mineiro). Possui, ainda o Município 1 fábrica de calçados, 2 fábricas de aguardente, 4 fábricas de polvilho, 1 cerâmica, 1 indústria de cal e 6 produtores de fumo. 

O capítulo 28, nas páginas 360 e ss, trata da Comarca de Itumirim. A Lei estadual nº 1039, de 12/12/1953, que aprovou a nova divisão do Estado para vigorar no quinquênio 1954-58, criou a comarca de Itumirim, tendo, em sua jurisdição, o município de Itutinga que, nessa mesma data, se emancipava. Por motivos econômicos do Estado, a Comarca de Itumirim foi extinta em 1967, voltando a pertencer à Comarca de Lavras, mas tendo suas atividades prorrogadas até 1970 para finalizar os processos já em andamento. A 4 de janeiro de 1988, a Lei nº 9548 cria novamente a Comarca de Itumirim que só veio a ser reinstalada a 10 de setembro de 1994. 

Finalmente, a autora inclui, nesse último capítulo 28, sua contribuição voluntária, em 2007, com base em “observações feitas do ponto de vista histórico na releitura dos processos cíveis do período de 1955 a 1970 que se encontram arquivados no Fórum de Itumirim”, excluídos os processos criminais que não estavam lá arquivados. Essa sua contribuição atendia pedido da MM. Juíza da Comarca, Dra. Fernanda Icassatti Corazza, para satisfazer um ofício do IPHAN, que solicitava fosse enviado para fins de arquivo o que pudesse ser analisado sob o ponto de vista histórico. As anotações que fez e que transcreveu na íntegra nas páginas 361-71 não serviram propriamente para o arquivo do IPHAN, mas, sem dúvida, a sua pesquisa serviu muito para a história do Município e da Comarca.



NOTAS  EXPLICATIVAS



¹  O escritor russo Liev Tolstói (1828-1910), autor de “Guerra e Paz” e “Anna Karênina” foi muito feliz ao cunhar a seguinte frase não só de grande efeito, mas que também encerra uma grande verdade: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. O verbo pintar neste caso específico admite uma conotação mais ampla, podendo significar também contar, narrar ou, até mesmo, cantar.
Alguns historiadores conseguem seguir a recomendação de Tolstói à risca. Posso citar aqui, pelo menos, outros três que conseguiram brilhantemente “cantar” a sua aldeia, anotando, cronologicamente, os fatos principais da história do seu município, dando de cada um deles notícia fiel, com base em documentos, cuidando, contudo, de elaborar um resumo histórico do município, isto é, uma condensação de episódios marcantes da história do município que é muito ampla. Por ser muito ampla, o historiador corre o risco de se perder em muitas particularidades da vida do município, que podem acabar por desviá-lo do reto caminho historiográfico. Na minha opinião, são verdadeiros modelos de aplicação desses conceitos, começando pela minha aldeia, Dr. Augusto das Chagas Viegas, inNotícia de São João del-Rei”, ou pela aldeia dele, na menos conhecida “Notícia Histórica do Município de São Tiago”; Dario Cardoso Vale, inMemória Histórica de Prados”; e Dr. Altair José Savassi, inBarbacena - 200 Anos”, os quais conseguiram dar “pinceladas” seguras e produziram autênticas obras de arte literária ao falarem da história particular de sua terra natal.

²   De fato, consultando sobre a cidade de Itumirim na Wikipedia, o leitor consegue muito poucas informações.

³  “Amador Bueno de Ribeira, capitão-mór e ouvidor da capitania de S. Vicente, cargo que ocupou em 1627, foi aclamado rei em S. Paulo em 1641 pelo poderoso partido formado de influentes e ricos castelhanos...” (trecho da Genealogia Paulistana, de Luiz Gonzaga da Silva Leme, vol. I, pp. 418-460, título Buenos da Ribeira).

  Servi-me da longa matéria na Wikipedia para registrar resumidamente o que aqui está estampado sobre o município de Lavras.

  Segundo Silva Leme, um dos filhos de Amador Bueno de Ribeira se chamava Amador Bueno (o Moço), que se casou em 1638 em S. Paulo com Margarida de Mendonça e faleceu em 1683 em S. Paulo. Este deixou um filho chamado Bartholomeu Bueno de Mendonça que em 1682 estava no sertão, foi inventariado em Taubaté em 1702 no estado de viúvo de Domingas Ribeiro da Silva e teve um filho chamado Amador Bueno.
 
A moça protagonista do “causo” seria neta de um Amador Bueno da Fonseca, mas de qual deles?