sábado, 9 de maio de 2009

Contribuição de Adorno para a música contemporânea >>> Parte 1

Por Francisco José dos Santos Braga

I . HISTÓRICO DO PENSAMENTO ALEMÃO NO SÉCULO XIX

A Alemanha, no começo do século XIX, formava uma espécie de planeta à parte do restante das nações européias. Essa percepção advinha do fato de que a Alemanha era subdividida em mais de 300 pequenas e médias unidades políticas, ainda que ocupando geograficamente uma posição central no continente europeu e abrigando um imperador (do Sacro Império Romano-Germânico). Pensadores, poetas e demais homens de letras - os chamados Siebenhundert Weiser por Heine - achavam-se espalhados por toda a parte (Viena, Berlim, Königsberg, Bonn ou Düsseldorf), jamais ou raramente se encontravam para trocarem idéias, mantendo-se distantes entre si.

Nos séculos XVIII e XIX, muitos desses homens de letras alemães, entre eles Fichte, Hölderlin, Schlegel e Hegel, antes de se projetarem, viviam modestamente como preceptores dos filhos dos nobres ou dos burgueses bem sucedidos. Como náufragos sobrevivendo numa ilha perdida - cada um fixado num condado ou num principado - jamais eles se constituíram numa frente de intelectuais, como os franceses o fizeram.

Desprovidos das conquistas dos oceanos e dos feitos do moderno racionalismo - obra dos ingleses e dos franceses, seus vizinhos próximos - só restou aos alemães a teoria, isto é, terem que tomar de assalto o prodigioso e fantástico mundo das idéias, o que fizeram ao longo de boa parte do século XIX.

Norbert Elias, em Mozart: Sociologia de um Gênio, observou existir uma tensão permanente entre a intelectualidade de classe média e os nobres da Corte. Uma espécie de desprezo mútuo entre as Letras e a Etiqueta os separava. Talvez essa tenha sido a razão por que os pensadores alemães - como reação à indiferença com que eram tratados pela Nobreza - tenham desenvolvido uma prosa muito peculiar, quase que ininteligível para quem desconhecesse o assunto, colocando a filosofia alemã, por vezes, num patamar muito próximo ao esotérico.

A submissão de Kant, como súdito obediente à ordem real no incidente causado por seu ensaio Religion innerhalb der Grenzen der blossen Vernunft de certo modo pautou a relação dos intelectuais alemães com as autoridades. Bem poucos deles tinham a ousadia dos franceses de afrontar as instituições. Foi somente durante o erguimento das barricadas de 1848 - Época da Revolução dos Poetas - que os intelectuais alemães encontraram um clima favorável à aberta insubordinação, ainda que por pouco tempo, permitindo-lhes desaforarem o poder, como foi o caso de Heinrich Heine, Ferdinand Freiligrath, Richard Wagner, Max Stirner, David Strauss, Moses Hess, Karl Marx e Friedrich Engels. Exatamente em razão disso, muitos deles tiveram que levar a vida no exterior experimentando o pão salgado do exílio, em meio à brumosa camaradagem dos refugiados.

De certo modo foi a construção de um sólido e poderoso estado nacional alemão unificado - a construção do Segundo Reich, obra de Otto von Bismarck, erigido entre 1861 e 1871 - o que mais fez para projetar o pensamento e a cultura alemã no século XIX. O espantoso sucesso econômico do Império Germânico (1871-1918) inevitavelmente atraiu as atenções do mundo para os filósofos, cientistas e artistas alemães, fazendo com que os nomes de Kant, Hegel, Marx, Nietzsche, os doutores Humboldt, Koch e Einstein começassem a se universalizar, juntamente com as sinfonias de Beethoven, os Lieder de Schubert e as óperas de Wagner.

As óperas de Wagner, sobretudo Parsifal , que representam um apogeu nesse movimento mais geral do nacionalismo alemão, se inserem nesse contexto de montagem desse poderoso estado alemão, que no campo da Música se iniciou no ano de 1717 com a publicação desse monumento da música ocidental conhecido como os "Concertos de Brandenburg" de Johann Sebastian Bach.

II . NOTAS BIOGRÁFICAS SOBRE ADORNO

Theodor Wiesengrund Adorno nasceu em 11 de setembro de 1903 em Frankfurt am Main. A música fez-se presente e formativa, desde seus primeiros anos de vida. Seu pai judeu, Oskar Wiesengrund, um próspero comerciante atacadista de vinhos; sua mãe, Maria Calvelli Adorno, italiana, cantora profissional de renome, antes de casar-se; Agathe, tia materna solteira e companheira de lar, uma pianista talentosa. Ao som dos Lieder populares ou trechos de ópera interpretados por sua mãe e tia, Adorno passou sua infância feliz.

A filosofia logo se revela ao adolescente. Aos 15 anos, em companhia de um amigo da família, Siegfried Kracauer, de 29 anos, envolve-se com a leitura semanal da "Crítica da razão pura" de Kant. Com 16 anos estuda composição com Bernhard Sekles no conservatório de Hoch. Aos 18 anos ingressa na recém-fundada Universidade Johann Wolfgang Goethe. Como se vê, desenvolve seu dote intelectual em ambas as direções. Mais tarde dirá: "Estudei filosofia e música. Em vez de me decidir por uma, sempre tive a impressão de que perseguia a mesma coisa em ambas." (Adorno, 2002, p. 9)

Em 1922, com 19 anos, conhece Horkheimer em um seminário sobre Husserl e, no ano seguinte, Benjamin. Com ambos estabelecerá relações de grande amizade e de fecundas produções científicas.

Em 1924 defende sua tese de doutorado "A transcendência do objeto e do noemático na fenomenologia de Husserl", sob orientação de Hans Cornelius.

Em 1925 vai para Viena estudar música (piano e composição) com os dodecafonistas Eduard Steuermann e Alban Berg. Do seu grupo de conversações também participam Rudolf Kolisch e Anton Webern. Entre 1928 e 1929 foi editor da revista Anbruch em prol da música mais moderna radical. A influência da temporada na capital austríaca foi decisiva em sua formação musical: o rigor da composição e da expressão de seus ensaios devem muito a esse período. Visivelmente mais talentoso como comentarista de música que como compositor e não se sentindo reconhecido no círculo de Schönberg, regressa a Frankfurt no verão de 1925, decidido a fazer uma carreira universitária em filosofia, centrada na estética, sem abandonar seu projeto de tornar-se músico. Na sutil observação de Türcke, "Adorno, enquanto insider tanto da música quanto da filosofia contemporâneas, também fez o papel do outsider em ambas as disciplinas." (Türcke, 2000, p. 5)

Simultaneamente a essas atividades, de 1922 a 1933, Adorno acompanha como crítico musical a Konzertleben de Frankfurt. Aí escreveu uma centena de pequenos artigos, hoje reunidos sob o título "Críticas das óperas e concertos de Frankfurt". É desse período a gênese de conceitos fundamentais ao seu pensamento estético: material musical e consistência da obra singular, construção e expressão da obra de arte e, através de problemas colocados concretamente nas obras, construção de solução que tem lugar "na experiência concreta do 'conhecimento histórico' que as obras musicais expõem àqueles que aprendem a 'pensar com os ouvidos'." (Almeida, 2000, p. 190-203, apud Pucci)

Em 1928, Adorno tenta, sem sucesso, a habilitação à docência na Universidade de Frankfurt com a tese O conceito de insconsciente na teoria transcendental da mente , não aprovada por Cornelius, assessorado por Horkheimer, que, a bem da verdade, também não tinham aprovado a tese de Benjamin A origem do drama barroco alemão (Benjamin, 1984). Adorno ficou magoado sobretudo com Horkheimer que não teria dado apoio à sua tese por considerá-la não suficientemente marxista.

Numa segunda tentativa, agora em 1931, atinge seu objetivo com a tese Kierkegaard: a construção da estética, tendo na banca Paul Tillich como orientador e, mais uma vez, Horkheimer. Transformada em livro (Adorno, 1969), defende a idéia de que a consciência estética, pela sua aparência de reconciliação, é capaz de fornecer um conhecimento mais acurado das contradições irreconciliáveis do mundo real. Já nessa obra Adorno desenvolve um materialismo de inspiração teológica, adquirido nos contatos com Benjamin, judeu oito anos mais velho que ele, a cujos conceitos permanece fiel, decidido a difundi-los ao mundo científico universitário. A troca de correspondência entre os dois está publicada em Briefe de Walter Benjamin (ed. por Gerschom Scholem e Adorno, 1966). Segundo Buck-Morss, a partir de 1928, quase todos os escritos de Adorno trazem a marca da linguagem de Benjamin.

Sua participação na Revista do Instituto de Pesquisa Social dá-se em 1932 com um tema musical: a situação social da música, em que delineia as linhas básicas de uma estética materialista da música como modelo para a prática filosófica. Depois dessa estréia surgirão muitos outros artigos analíticos sobre música ou temática estética.

Ensina filosofia em Frankfurt até 1933, quando teve sua venia legendi cassada pelos nazistas. Obrigado a deixar a Alemanha em 1934, segue para um exílio "temporário" na Inglaterra, na esperança de que o Nazismo constituísse um fenômeno passageiro. Arriscou-se em diversas viagens a Berlim para visitar a sua noiva, Gretel Karplus, com quem se casou em 1937. Adorno ficou reduzido à condição de um "estudante honorário" no Merton College, em Oxford, quando aproveitou seu tempo para retomar os estudos sobre Husserl e produzir o primeiro manuscrito de um livro que seria publicado em 1956: Metacrítica da Epistemologia. (cf. Jay, 1988, p. 31-32)

Enquanto isso, Horkheimer, tendo sido um dos primeiros intelectuais judeus a deixar a Alemanha, levou o Instituto de Pesquisa Social inicialmente para Genebra e, em 1934, para New York, vinculando-se à Universidade de Columbia.

Em fevereiro de 1938 Adorno aceita o convite de Horkheimer para mudar-se para New York e trabalhar no The Princeton Radio Research Project, dividindo seu tempo ao envolver-se noutro projeto (Music Study) para investigar a radiodifusão nos Estados Unidos, em companhia de outros pesquisadores sob a direção de Paul Lazarsfeld, com financiamento da Rockefeller Foundation.

Durante a vigência do "Radio Project", de 1938 a 1941, Adorno produziu pelo menos sete textos críticos sobre a música no rádio. Tais estudos versam sobre a música clássica, semi-clássica (entretenimento elevado) e música popular, do ponto de vista de uma teoria social e crítica da música no rádio e, na opinião de Carone, valem pelo que são: os melhores exemplos ou modelos de crítica da indústria cultural relativos ao período do apogeu do rádio e da hegemonia da música popular norte-americana no mundo. (Carone, 2002, p. 5)

Em 1941, a Rockefller Foundation julgou o esforço de levar a teoria crítica para o terreno da comunicação um fracasso, não renovando o contrato do Radio Project por mais um biênio, como os organizadores do Music Study esperavam.

Em 1940, o Instituto de Pesquisa Social é transferido para Los Angeles, ao qual Adorno vem juntar-se após concluir seu trabalho no Radio Project. Nos próximos três anos, ele e Horkheimer se dedicam quase que exclusivamente à elaboração de um dos mais significativos livros do século XX: Dialética do Esclarecimento.

Nesta obra examinam o infausto percurso da ratio iluminista, que prometia tirar o homem da tutela do trono e do altar e dar a ele condições de "falar com sua própria boca", e, no entanto, fascinada pelo vertiginoso progresso da dimensão instrumental dessa mesma ratio, conduziu o homem a uma nova tutelagem, tornando-o escravo das tecnologias que ele mesmo criou.

Além de outros escritos publicados no período californiano, como Filosofia da nova música (1945), Composing for the films em parceria com Hans Eisler (1947), Adorno compôs, de 1944 a 1947, um livro de crônicas filosófico-estéticas, a que deu o título de Minima Moralia, a mais nietzschiana de todas as suas obras na observação de Jay (1988, p. 41) e a mais elaborada realização estilística de Adorno segundo outros comentadores. Composta de aforismos éticos, densos e instigantes, Minima moralia aborda, de forma irônica e bela, desde as ambigüidades dos refugiados em terras estrangeiras até as conseqüências trágicas, para o indivíduo, de um mundo cada vez mais administrado, sob a capa de uma democracia de massas. Apesar de pessimista nessa obra, jamais abandona por completo a esperança de que a mudança radical ainda fosse possível.

De julho de 1943 a janeiro de 1947, simultaneamente Adorno colabora com Thomas Mann na composição do Doutor Fausto, obra que traça a biografia de um músico. Adorno contribuiu particularmente para os capítulos referentes às questões da arte e da música.

De 1946 a 1949, Adorno integrou-se a um grupo de psicólogos sociais e clínicos formados pela Universidade de Berkeley para estudar a psicologia profunda, a dinâmica inconsciente de indivíduos propensos a discriminar grupos étnicos, políticos e religiosos. O fruto dessa exaustiva e coletiva pesquisa é o livro A personalidade autoritária (Adorno et al., 1950), tornando-se verdadeiro modelo de psicologia empírica. Nesse estudo, Adorno descreve um tipo de personalidade autoritária - o manipulador - que, ainda que apresente uma configuração sadomasoquista, tem marcantes características narcisistas, transformando os indivíduos, inclusive a si mesmo, em coisas, e utilizando-os para conseguir o planejado objeto de prazer. Ilustra, dessa forma, a relação entre características narcisistas e sadomasoquistas de personalidade e a ideologia da racionalidade tecnológica.

Retorna à Alemanha em 1950 e é nomeado, junto com Horkheimer, professor catedrático do Departamento de Filosofia da Universidade Johann Wolfgang Goethe, ocasião em que consagram o seu tempo à docência e à reorganização do Instituto de Pesquisa Social em Frankfurt.

Na nova fase alemã algumas obras de Adorno merecem destaque: Introdução à sociologia da música (1962), Dialética Negativa (1966) e Notas de Literatura em quatro volumes (de 1958 a 1974).

Notas de Literatura foi considerada pelo crítico da cultura Jameson a obra-prima de Adorno; abrangendo um total de 30 ensaios, é visível a presença de Benjamin em quase todos eles. O termo "notas" indica a relação da literatura com a música, como composição e, sobretudo, no sentido de tentar exprimir o inexprimível; também sugere anotações, referência ao caráter fragmentário e experimental dos textos.

Em 1966, surge um de seus principais escritos, Dialética Negativa. O livro apresenta uma imanente ambigüidade, não apenas em seu título, mas também na forma como foi construído. "Uma das intenções básicas (do livro) é justamente extrair desenvolvimentos de seu título paradoxal", diz o autor (Adorno, 1975, p. 7). Apesar de o texto se apresentar como essencialmente reflexivo, a dialética adorniana busca, por meio do pensar negativo, "incorporar os impulsos corporais esquecidos nas figuras mais elevadas da abstração conceitual", acolhendo "as moções pulsionais que constituem a razão de ser de todo pensamento" (Chiarello, 2002, p. 7). Conserva formalmente as características dos trabalhos logicamente estruturados; porém, na verdade, seus capítulos são formados por uma infinidade de pequenos fragmentos.

Há uma preocupação de fundo do autor em resgatar os elementos retóricos e sensuais da linguagem, bem como sua capacidade expressiva. A integração do elemento expressivo ao discurso racional da filosofia interliga-se, em Adorno, a uma renovação da própria concepção de dialética: "Dialética, cujo sentido literal é organon do pensamento, seria a tentativa de salvar de maneira crítica o momento retórico: aproximar a coisa e a expressão entre si até indiferenciá-las" (Adorno, 1975, p. 66). A filosofia em Adorno é conduzida tensamente pelos próprios impulsos do pensamento em sua sedução incontrolável de possuir o objeto. E os pensamentos in fieri criam sua própria dinâmica, seu ambiente, que estimulam curiosidades, associações, "vagabundagens por mundos inteligíveis", no duro esforço por expressar aquilo que ainda não se fez luz.

Türcke identifica no transcurso da Dialética Negativa um programado procedimento musical: a composição apresenta-se sob a forma de um tema com inúmeras variações, que, por seus ritornellos e contrapontos, revelam cada vez mais o tema; cada variação aponta para as outras, fazendo com que o conjunto de todas forme uma estrutura de explicação mútua (Türcke, 2000, p. 7). Na Dialética Negativa a filosofia crítica faz-se música: música dissonante. O percurso realizado até aqui evidencia que a relação entre música e filosofia na vida e nos escritos de Adorno não se realiza como mera aproximação externa, nem por meio de "pseudomorfoses". De um lado, o toque artístico dado pela música não invade o pensamento como algo alienígena; antes imprime ressonância à sua própria vivacidade. Possibilitar, por intermédio das notas, espaço às associações e aos saltos de um pensamento concreto é mantê-lo vivo, em conexão direta com o objeto, sempre aspirando mais. E não o objeto submisso que se enquadra, ordenadamente, em gavetas conceituais elaboradas ad hoc. Por outro lado, são proibidas as "pseudomorfoses" sob pena de destruição recíproca! A filosofia tem que continuar filosofia, mesmo sendo partilhada pela música; e a música continuar música, mesmo tendo suas notas penetradas por conceitos áridos. Não há uma relação de dependência entre ambas e sim de aperfeiçoamento, exposição e densidade. Adorno pacientemente gestou um estilo retórico-ensaístico que dá à filosofia uma dimensão sui generis. Há um esforço incomensurável de o pensamento dizer o indizível, apontando insistentemente para além de si mesmo. Escrever ensaisticamente é perseguir as exigências internas da obra no querer se expressar totalmente a si mesma, mesmo tendo ciência de nunca conseguir realizar essa sua intenção ousada.

Em 1970 foi publicada, em edição póstuma e inacabada, Teoria Estética. Adorno tinha falecido subitamente a 6 de agosto de 1969, em Visp, Suíça, onde passava suas férias. Talvez os difíceis conflitos com os estudantes nos anos 68/69, quando então dirigia o Instituto de Pesquisa Social, tenham precipitado o seu fim. A organização da obra para publicação foi feita por sua esposa Gretel e por Rolf Tiedemann. O livro apresenta-se desdobrado em 175 aforismos. Nele Adorno defende o poder crítico da arte modernista e evidencia o momento negativo intrínseco que a obra de arte exerce em sua relação tensa com a sociedade. Sua existência já é um protesto veemente contra o sistema opressivo que a ordem impõe. A experiência acumulada de Adorno como compositor e pianista, de seus ensaios sobre música e literatura, de seus conhecimentos filosóficos e sociológicos fazem da Teoria Estética a síntese amadurecida de suas reflexões teóricas. Fundamenta-se em clássicos da arte e da filosofia. Seus autores mais citados são, entre os compositores: Bach, Mozart, Beethoven, Wagner e Schönberg; entre os literatos: Goethe, Baudelaire, Valery, Brecht e Beckett; entre os teóricos: Kant, Hegel, Nietzsche e Benjamin. Há uma relação de dependência recíproca entre arte e filosofia na Teoria Estética, à semelhança do que já existia na Dialética Negativa. "A arte necessita da filosofia, que a interpreta, para dizer o que ela não consegue dizer, conquanto só através da arte pode ser dito ao não ser dito" (Adorno, 1992, p. 89; cf. Pucci et al., 2003, p. 94-108). É a "expressão do inexprimível" que irmana música e filosofia (Duarte, 1997, p. 85-109). Ou ainda: "Considerar a filosofia com os olhos do artista e a arte, sobretudo a música, com os olhos do filósofo" (Türcke, 2000, p. 5).

(Continua na 2ª Parte da série)


* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ e Fundação Oscar Araripe em Tiradentes-MG. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...

4 comentários:

José Antônio de Ávila disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Antônio de Ávila disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Antônio de Ávila disse...

Parabéns pelo artigo, caro amigo Francisco Braga!

Seus escritos nos dão a oportunidade de saber mais sobre a vida e obra do formidável Theodor Wiesengrund ADORNO.

Já bem disse Schoenberg que "a música não deve enfeitar, mas sim ser verdadeira", e Adorno parece que seguiu fielmente esta linha de pensamento!

Que você e a Rute continuem fazendo música boa, verdadeira e sem enfeites desnecessários, sem “vestir” melodias simples com hamonias complicadas (e vice-versa).

Em relação a vocês, posso afirmar sou leigo em música, mas admiro-lhes muito pela formação musical e aprecio as veredas musicais pelas quais vocês transitam com desenvoltura.

Continuem, sempre... Abraços!

13 de Maio de 2009 16:40

Anônimo disse...

Excelente o artigo sobre o pensa-
mento alemão do séc.xix em con-
junto com a música e a filosofia
de Adorno.
Parabéns,

Rafael Braga