Por Francisco José dos Santos Braga
I. ANÁLISE DA SÁTIRA
Para bem analisar a primeira sátira do Livro I de Horácio, acho importante ver o conteúdo desse livro de 9 sátiras e sua estrutura lógica. Horácio o destinou a mostrar como pode alguém sair da insatisfação. As sátiras 1ª e 9ª expõem as paixões ao nível dos bens exteriores; as sátiras 2ª e 8ª falam dos supostos bens do corpo; as 3ª e 7ª, dos bens da alma. As sátiras 4ª, 5ª e 6ª defendem que, caso alguém queira chegar a uma vida feliz, tem que mudar a si mesmo, em seu interior, abrigando sua vida com o calor da amizade e o amor da solidão. (Cf. RAMBAUX, La composition d'ensemble du libre I des satires d'Horace: REL. 49 (1971), p. 179-204)
Esta primeira sátira do Livro I de Horácio visa essencialmente combater a avareza, que, para ele, é a fonte do descontentamento humano, constituindo aguda crítica social. O poeta de certa forma ridiculariza o sentimento de descontentamento, pelo qual a maioria de seus contemporâneos se tornaram infelizes, especialmente quando esse sentimento vinha unido com a mempsimoiria ou inveja da sorte alheia. Sofriam quando, em sua opinião, constatavam que alguém tinha obtido um melhor quinhão na vida.
A primeira sátira do Livro I de Horácio, composta de 121 versos, consta de três partes. A primeira parte dessa sátira, que compreende os vinte e dois versos iniciais, é a constatação deste fato: ninguém está contente com a própria sorte, tendo-a ou não escolhido voluntariamente. Todos vivem emulando os que se encontram em melhores condições (vv. 1-14). Esse descontentamento é de tal sorte que esses invejosos ainda persistiriam nas próprias situações, mesmo se Júpiter lhes desse o poder de trocá-las entre si, a seu bel-prazer (vv. 15-22).
Antes de passar à segunda parte (vv. 28-121), Horácio faz um pequeno intervalo, dizendo que poderia continuar no tom jocoso em que começou, mas que "deixará de lado a brincadeira" para investigar e estudar com seriedade a causa do descontentamento geral das pessoas (vv. 23-27).
Na segunda parte da sátira, ele apresenta a avareza como sendo a causa procurada; sua tese funda-se na análise da atitude dos homens de seu tempo (agricultores, militares e negociantes), que trabalham constante e arduamente para, segundo eles, ganharem o pão e o descanso para sua velhice. Mas esse é um falso motivo, um pretexto, diz Horácio: a formiga, uma vez terminado o trabalho de provisão para o inverno, descansa; eles, não. O que os move na realidade é a inveja dos que possuem mais bens (vv. 28-39).
E na linha estóica do "sequi naturam" (Seguir a natureza! ¹), vêm as admoestações contra os avarentos, às vezes em forma de diálogo (com um avarento): Que adianta amontoar ouro e prata para escondê-los debaixo da terra? Para que serve entulhar de trigo os celeiros e de pão os depósitos, se o corpo não pede mais que o suficiente, igual para ricos e pobres, escravos e livres?
Outras vezes, em forma de reflexão, a saber: a abundância muitas vezes representa perigo e é indício de qualidade inferior. É preciso renunciar ao vão prazer de se possuir muito, para se contentar com o necessário (vv. 40-60). Aos que estão convictos de que a pessoa vale na proporção de suas posses, a estes é melhor deixar que vivam neste estado miserável, contentes de assim viverem (vv. 61-64). O avarento é como Tântalo, que morreu torturado pela sede, estando dentro d'água: dorme sobre sacos de ouro e morre à míngua; vive em cuidados, com medo de tudo e de todos. Dinheiro não é para se amontoar, mas para com ele assegurar para si a própria alimentação, sóbria, e retamente gozar dos prazeres que a vida oferece (vv. 67-79). Não tem valor o argumento apresentado pelos avarentos quando dizem que sua fortuna lhes proporcionará assistência e conforto em caso de doença. Pelo contrário, seus parentes e amigos desejam que ele morra quanto antes, para se apossarem de suas riquezas. Têm assistência e afeto somente os que são generosos com seu próximo (vv. 80-91). É preciso desfrutar do que foi acumulado (vv. 92-100). A avareza deve ser evitada, sim, mas não de tal modo que se venha a cair no extremo oposto. Nem perdulário, nem sovina: há um meio termo (vv. 101-107).
Outras vezes, em forma de reflexão, a saber: a abundância muitas vezes representa perigo e é indício de qualidade inferior. É preciso renunciar ao vão prazer de se possuir muito, para se contentar com o necessário (vv. 40-60). Aos que estão convictos de que a pessoa vale na proporção de suas posses, a estes é melhor deixar que vivam neste estado miserável, contentes de assim viverem (vv. 61-64). O avarento é como Tântalo, que morreu torturado pela sede, estando dentro d'água: dorme sobre sacos de ouro e morre à míngua; vive em cuidados, com medo de tudo e de todos. Dinheiro não é para se amontoar, mas para com ele assegurar para si a própria alimentação, sóbria, e retamente gozar dos prazeres que a vida oferece (vv. 67-79). Não tem valor o argumento apresentado pelos avarentos quando dizem que sua fortuna lhes proporcionará assistência e conforto em caso de doença. Pelo contrário, seus parentes e amigos desejam que ele morra quanto antes, para se apossarem de suas riquezas. Têm assistência e afeto somente os que são generosos com seu próximo (vv. 80-91). É preciso desfrutar do que foi acumulado (vv. 92-100). A avareza deve ser evitada, sim, mas não de tal modo que se venha a cair no extremo oposto. Nem perdulário, nem sovina: há um meio termo (vv. 101-107).
Na terceira parte da sátira, Horácio defende ser um erro comparar a si mesmo apenas com os que possuem mais, alimentando assim a avareza: os que têm o suficiente deveriam pensar em quantos estão atrás, carentes do necessário. Há poucos que procedem deste modo; é por isso que estão sempre descontentes e não podem deixar esta vida como um conviva retira-se da mesa, uma vez saciado (vv. 108-119). Em breve apêndice, Horácio faz uma alusão zombeteira a certo Crispim, dizendo que estava encerrando a sátira, antes que alguém o acusasse de plagiá-lo.
II. TRADUÇÃO
A Mecenas
Ó
Mecenas ², como sucede que nenhum homem esteja contente com a condição
que a razão ³ escolheu ou a sorte lhe deu, e inveje aqueles que
perseguem profissões diferentes da sua? "Felizes os negociantes",
exclama o velho militar recurvo pelos anos, alquebrado pela guerra. Por
sua vez, exclama o negociante a bordo de seu navio ⁴, de quando em vez
agitado pelos ventos do sul ⁵: "Antes ser um soldado! Como assim? Ele
vai combater; mas, ao menos, no espaço de uma hora, chega a rápida morte
ou a alegre vitória." E o perito em direito e leis, que, já ao canto do
galo, tem sua antecâmara abarrotada de clientes: "Como gostaria de ser
um agricultor!" Este último, pela primeira vez na cidade, arrancado do
campo por força de uma citação no tribunal, grita: "Só são felizes os
que vivem na cidade."... e existem tantos outros exemplos que conseguem
cansar o loquaz Fábio ⁶.
Para
não te matar, ouça aonde quero chegar. Se um deus dissesse: "Pois eu
farei como vocês querem; você, soldado, será comerciante! E você,
advogado, será lavrador! Troquem, entre si mesmos, de papéis. Que
tal?" Sem dúvida, não quererão. Entretanto, a felicidade estava ao
alcance de suas mãos. Na verdade, há um motivo para Júpiter, com razão
irado com eles, inflar ambas as bochechas ⁷ e fazê-los saber que, daqui
em diante, não será mais tão propício, dando ouvidos a suas súplicas.
Além disso, não continuarei rindo, como quem diz gracejos: embora nada impeça alguém de rir, dizendo a verdade — à maneira dos professores meigos que dão doces às crianças para aprenderem — deixemos a brincadeira e falemos seriamente. Aquele que revolve a terra pesada com o rude arado, este mau taverneiro, este soldado, estes marinheiros que audazes percorrem os mares, dirão todos que suportam o trabalho com o intento de garantirem na sua velhice um retiro seguro, quando já terão ajuntado o ganha-pão, como a formiga (pois este é o exemplo que citam) que arrasta com a boca tudo o que pode e junta ao depósito que acumula, nem negligente nem ignorante do futuro. Mas essa mesma formiga, quando Aquário aflige o ano que entra, não sai mais de seu retiro. Ela tem a sabedoria de desfrutar do bem que ajuntou, ao passo que não detêm você nem os calores do verão, nem os rigores do inverno, o fogo, o mar, a espada; a você nada pode reter, enquanto houver outro mais rico. De que lhe serve este monte de prata e ouro que vai enterrar furtivamente na cova? Se você o diminuir, ele ficará reduzido a uma moeda de cobre. Mas se isso não for feito, que encanto tem um montão acumulado? Se seu pátio debulhar cem mil sacos de trigo, seu estômago tomará disso mais do que o meu? Se você, escravo entre outros postos à venda, carregar, com teu ombro cheio, uma sacola de pão, por acaso receberá mais do que alguém que nada levou? Ora, diga: importa ao que vive dentro dos limites da natureza, que ele lavre cem geiras de terra, ou mil?
"Mas dá prazer tirar de um montão." Enquanto você deixa tirar outro tanto do nosso pequeno monte, por que louva seus celeiros mais do que nossos cestos? É como se, tendo necessidade só de um vaso ou apenas de um copo d'água, dissesse: "Preferiria a mesma quantidade beber de um grande rio a beber desta fontezinha." Por isso, se o supérfluo agrada a alguns, acontece que o terrível Áufido ⁸ os carrega arrancados juntamente com a margem. Aquele que se limita ao necessário, não bebe sua água turvada pelo limo, nem perde sua vida nas ondas.
Mas boa parte dos homens, iludida pela cobiça, diz: "Nada é suficiente, porque você vale tanto quanto possui." O que fazer a este? Exorte-o a ser infeliz, até onde espontaneamente o faz. Conta-se que certo Ateniense sórdido e rico, que costumava desprezar as murmurações do povo da seguinte forma: "O povo me vaia, mas eu mesmo me aplaudo em casa no momento em que contemplo dinheiro no cofre." Tântalo sedento tenta sorver a água que lhe escapa dos lábios. Por que você ri? Se for mudado o nome, a fábula fala de você. Sobre sacos amontoados de todos os lados, você dorme com a boca escancarada; como se fossem sagrados, você se obriga a guardá-los ou, como quadros de pintura, a gostar deles. Você sabe para que serve o dinheiro e a que uso se presta? Com ele compram-se o pão, legumes, um sextário ⁹ de vinho ; além do que, recusados pela natureza humana, a dor se manifesta. Vigiar transido de medo, temer os maus ladrões tanto nas noites quanto nos dias, incêndios, escravos, com medo de que, fugindo, o depenem, isto é agradável? Desses bens eu gostaria de ser o mais pobre.
Mas se o corpo sofre, assaltado pelo frio, ou outro acidente o retém no leito, você tem junto de si quem lhe prepare remédios, que apresse o médico para vir curá-lo, e devolvê-lo aos filhos e aos parentes que o amam?
Nem sua esposa nem seu filho o querem salvo. Todos o odeiam: vizinhos, conhecidos, meninos e meninas. Você se admira se ninguém lhe demonstra amor, que você não merece, quando coloca a prata acima de todas as coisas? Por acaso, você, infeliz, quer reter os parentes, que a natureza lhe dá sem nenhum esforço, e manter os amigos? Isso é uma perda de tempo, como se alguém quisesse ensinar um burrico a correr no campo sob freios.
Enfim, que cesse a acumulação! Quanto mais bens você possui, tanto menos deve temer a penúria e começar a terminar o trabalho e, após ter alcançado o que muito você desejava, para que não lhe ocorra o mesmo que certo Umídio, cuja história não é longa. Era um homem rico, que media seu dinheiro, portanto maltratado, a ponto de não se vestir melhor do que um escravo. Teve medo, até o último dia de sua vida, de morrer de fome. Uma alforriada, a mais corajosa das filhas de Tíndaro ¹⁰, cortou-o em duas partes com uma machadinha.
Então, o que você me aconselha? Viver como Mévio ou como Nomentano? No seu íntimo você continua a unir coisas contraditórias com pensamentos adversos. Quando lhe proíbo ser avaro, não lhe ordeno ser um esbanjador, um vadio. Seja alguém entre Tánais e o sogro de Visélio ¹¹. Há um meio em todas as coisas, afinal elas possuem seus limites precisos, além e aquém dos quais não é possível achar-se o justo ¹².
Retorno ao ponto donde parti. Que ninguém, como o avaro, aprove sua própria condição; antes, louve os que seguem caminhos diversos. Que não se mirre de inveja porque a cabra do vizinho traz a teta mais cheia, nem se compare com a multidão dos mais pobres, nem se esforce para superar este e aquele. Assim, para o que se apressa, sempre acha diante de si alguém mais opulento; do mesmo modo, ao arrastar o casco os carros largados da barreira, o cocheiro persegue os cavalos que vencem os seus, desdenhando aquele que deixou para trás, indo entre os últimos. Donde se segue que raramente se encontra alguém que diga estar feliz de ter vivido e, contente com o exato tempo, cuja vida desapareça, como um convidado saciado ¹³.
Por ora basta; não acrescentarei mais palavra. Do contrário, você vai pensar que eu compilei os cofrezinhos com manuscritos do remelento Crispim ¹⁴.
III. BREVE NOTÍCIA SOBRE A VIDA E A OBRA DE HORÁCIO Além disso, não continuarei rindo, como quem diz gracejos: embora nada impeça alguém de rir, dizendo a verdade — à maneira dos professores meigos que dão doces às crianças para aprenderem — deixemos a brincadeira e falemos seriamente. Aquele que revolve a terra pesada com o rude arado, este mau taverneiro, este soldado, estes marinheiros que audazes percorrem os mares, dirão todos que suportam o trabalho com o intento de garantirem na sua velhice um retiro seguro, quando já terão ajuntado o ganha-pão, como a formiga (pois este é o exemplo que citam) que arrasta com a boca tudo o que pode e junta ao depósito que acumula, nem negligente nem ignorante do futuro. Mas essa mesma formiga, quando Aquário aflige o ano que entra, não sai mais de seu retiro. Ela tem a sabedoria de desfrutar do bem que ajuntou, ao passo que não detêm você nem os calores do verão, nem os rigores do inverno, o fogo, o mar, a espada; a você nada pode reter, enquanto houver outro mais rico. De que lhe serve este monte de prata e ouro que vai enterrar furtivamente na cova? Se você o diminuir, ele ficará reduzido a uma moeda de cobre. Mas se isso não for feito, que encanto tem um montão acumulado? Se seu pátio debulhar cem mil sacos de trigo, seu estômago tomará disso mais do que o meu? Se você, escravo entre outros postos à venda, carregar, com teu ombro cheio, uma sacola de pão, por acaso receberá mais do que alguém que nada levou? Ora, diga: importa ao que vive dentro dos limites da natureza, que ele lavre cem geiras de terra, ou mil?
"Mas dá prazer tirar de um montão." Enquanto você deixa tirar outro tanto do nosso pequeno monte, por que louva seus celeiros mais do que nossos cestos? É como se, tendo necessidade só de um vaso ou apenas de um copo d'água, dissesse: "Preferiria a mesma quantidade beber de um grande rio a beber desta fontezinha." Por isso, se o supérfluo agrada a alguns, acontece que o terrível Áufido ⁸ os carrega arrancados juntamente com a margem. Aquele que se limita ao necessário, não bebe sua água turvada pelo limo, nem perde sua vida nas ondas.
Mas boa parte dos homens, iludida pela cobiça, diz: "Nada é suficiente, porque você vale tanto quanto possui." O que fazer a este? Exorte-o a ser infeliz, até onde espontaneamente o faz. Conta-se que certo Ateniense sórdido e rico, que costumava desprezar as murmurações do povo da seguinte forma: "O povo me vaia, mas eu mesmo me aplaudo em casa no momento em que contemplo dinheiro no cofre." Tântalo sedento tenta sorver a água que lhe escapa dos lábios. Por que você ri? Se for mudado o nome, a fábula fala de você. Sobre sacos amontoados de todos os lados, você dorme com a boca escancarada; como se fossem sagrados, você se obriga a guardá-los ou, como quadros de pintura, a gostar deles. Você sabe para que serve o dinheiro e a que uso se presta? Com ele compram-se o pão, legumes, um sextário ⁹ de vinho ; além do que, recusados pela natureza humana, a dor se manifesta. Vigiar transido de medo, temer os maus ladrões tanto nas noites quanto nos dias, incêndios, escravos, com medo de que, fugindo, o depenem, isto é agradável? Desses bens eu gostaria de ser o mais pobre.
Mas se o corpo sofre, assaltado pelo frio, ou outro acidente o retém no leito, você tem junto de si quem lhe prepare remédios, que apresse o médico para vir curá-lo, e devolvê-lo aos filhos e aos parentes que o amam?
Nem sua esposa nem seu filho o querem salvo. Todos o odeiam: vizinhos, conhecidos, meninos e meninas. Você se admira se ninguém lhe demonstra amor, que você não merece, quando coloca a prata acima de todas as coisas? Por acaso, você, infeliz, quer reter os parentes, que a natureza lhe dá sem nenhum esforço, e manter os amigos? Isso é uma perda de tempo, como se alguém quisesse ensinar um burrico a correr no campo sob freios.
Enfim, que cesse a acumulação! Quanto mais bens você possui, tanto menos deve temer a penúria e começar a terminar o trabalho e, após ter alcançado o que muito você desejava, para que não lhe ocorra o mesmo que certo Umídio, cuja história não é longa. Era um homem rico, que media seu dinheiro, portanto maltratado, a ponto de não se vestir melhor do que um escravo. Teve medo, até o último dia de sua vida, de morrer de fome. Uma alforriada, a mais corajosa das filhas de Tíndaro ¹⁰, cortou-o em duas partes com uma machadinha.
Então, o que você me aconselha? Viver como Mévio ou como Nomentano? No seu íntimo você continua a unir coisas contraditórias com pensamentos adversos. Quando lhe proíbo ser avaro, não lhe ordeno ser um esbanjador, um vadio. Seja alguém entre Tánais e o sogro de Visélio ¹¹. Há um meio em todas as coisas, afinal elas possuem seus limites precisos, além e aquém dos quais não é possível achar-se o justo ¹².
Retorno ao ponto donde parti. Que ninguém, como o avaro, aprove sua própria condição; antes, louve os que seguem caminhos diversos. Que não se mirre de inveja porque a cabra do vizinho traz a teta mais cheia, nem se compare com a multidão dos mais pobres, nem se esforce para superar este e aquele. Assim, para o que se apressa, sempre acha diante de si alguém mais opulento; do mesmo modo, ao arrastar o casco os carros largados da barreira, o cocheiro persegue os cavalos que vencem os seus, desdenhando aquele que deixou para trás, indo entre os últimos. Donde se segue que raramente se encontra alguém que diga estar feliz de ter vivido e, contente com o exato tempo, cuja vida desapareça, como um convidado saciado ¹³.
Por ora basta; não acrescentarei mais palavra. Do contrário, você vai pensar que eu compilei os cofrezinhos com manuscritos do remelento Crispim ¹⁴.
As principais autoridades para os fatos da vida de Horácio são as referências em suas próprias obras, bem como um curto ensaio de Suetônio, constante do livro "De Viris Illustribus" (Vidas de Homens Famosos).
Quinto Horácio Flaco nasceu a 8 de dezembro de 65 a.C. em Venúsia (hoje Venosa), na Apúlia (hoje Puglia), sul da Itália. Era de origem humilde (não fazendo parte da gens romana), já que filho de um liberto escravo público de Venúsia. Não deixou transparecer qualquer ressentimento em sua obra em virtude de sua origem e baixa condição social. Em companhia de seu pai, foi para Roma, onde adquiriu o sentido do ridículo e da crítica moral, sob a orientação do professor, gramático e filósofo Lucius Orbilius Pupillus (que passou à posteridade como "plagosus Orbilius") e, em seguida, para Atenas, desta vez sozinho, quando tinha 20 anos de idade. Sua chegada a Atenas (45 a.C.) se deu um ano antes da morte de César. Em 44 a.C., a guerra civil estourou em Roma e M. Brutus se refugiou em Atenas, tendo levado Horácio a participar dos planos de uma guerra civil concedendo-lhe o cargo de "tribunus militum". No ano de 42 a.C., esses dois conheceram a derrota na batalha de Phillippi (Filipos) em 42 a.C.. A participação de Horácio nesses acontecimentos custou-lhe caro, pois, embora beneficiado pela anistia concedida pelo Segundo Triunvirato aos soldados de Brutus e Cassius, de volta a Roma, viu-se despojado da casa e dos bens de seu pai, tendo conseguido comprar o posto de "scriba quaestorius", segundo seu biógrafo Suetônio. Depois do trabalho, usava suas horas livres para dedicar-se a seus escritos e encontrou na "pobreza a coragem de fazer versos". Seus primeiros versos foram escritos em grego e é considerado o maior poeta latino em cultura grega.
Sua produção poética apresenta uma unidade fundamental que reflete a concepção de arte e da vida do autor e pode assim ser admirada através dos seguintes estilos que Horácio dominou integralmente:
1. Epístolas
Como métrica usava o hexâmetro dactílico. Nelas fala sobre circunstâncias de sua vida.
O primeiro livro de epístolas foi publicado em 20 a.C.
O segundo livro das Epístolas é formado por três ensaios literários, merecendo destaque o terceiro conhecido por "Epistola ad Pisones" (ou mais comumente como Arte Poética, publicada independente das outras epístolas), cujo conteúdo é literário. Parece ter sido sua última obra, podendo ter sido composta entre os anos 11 e 8 a.C.
2. Epodos ou jambos: somente um livro com 17 poemetos líricos em dísticos jâmbicos sobre assuntos de Roma, escritos entre 41 e 30 a.C., portanto na mocidade. Os epodos são uma espécie de composição muito parecida com as sátiras. Neles imitou, tanto na métrica quanto no estilo satírico, Arquíloco, preparando-se para mais tarde ser um rival de Alceu.
Embora Horácio não tenha reconhecido abertamente que Catulo tenha sido seu precursor neste tipo de composição poética (Epist. I, 19, 23-25), hoje se considera que seu predecessor possuía "uma intensidade e um toque de imaginação" não superado pelo gênio de Horácio.
Seus Epodos foram publicados em 30 a.C.
3. Sátiras ("sermones"): dois livros escritos em hexâmetros: o primeiro publicado em 35 a.C. constando de 10 sátiras, e o segundo, em 30 a.C., composto de 8 sátiras.
É provável que as sátiras de Horácio, como outros poemas, tenham sido escritas para leitura e circulação privada, e não propriamente para publicação, conforme esse termo é entendido hoje.
A forma de composição que Horácio denomina "sermones" é a que hoje chamamos de sátiras, para distingui-la dos voos mais altos da poesia que ele experimenta na sua lírica. Mas o termo "saturae", conforme foi alternadamente utilizado por Horácio, prevaleceu ao longo do tempo até hoje. Seu real significado é "miscelânea" e foi primeiro usado por Ênio (239-169 a.C.) para descrever uma coletânea de verso com metros misturados, bem como com temas mistos. Também usou essa denominação, antes dele, Marco Terêncio Varrão (117-27 a.C.) na sua obra "Saturae Menippeae" (150 livros), que tomou a palavra "saturae" da gastronomia: um prato macedônico de diferentes iguarias.
Lucílio utilizou a palavra para denotar uma série de imagens da vida e de costumes em verso (geralmente hexâmetro), num estilo que hoje chamamos satírico, mirando a loucura e perversidade dos homens. Lamentavelmente, suas obras, exceto para alguns fragmentos, desapareceram. Esse modelo de Lucílio foi exatamente seguido por Horácio ¹⁵.
As sátiras de Horácio são inigualadas em qualquer literatura, por seu humor genial e divertida representação dos vícios e desatinos da humanidade. Elas sempre estiveram entre as mais apreciadas e as mais citadas da literatura antiga, pela aguda observação da natureza humana e da vida social e pela felicidade de expressão que abunda em cada página de Horácio. Diferente de outros satiristas, ele não ataca os vícios da humanidade, mas expõe os aspectos risíveis de seus vícios, incluindo-se a si mesmo constantemente entre os objetos de sua sátira, lembrando Thackeray neste particular.
Outro fato digno de nota é que a obra de Horácio, após sua morte, passou a ser usada como livro-texto nas escolas. Esse uso de sua poesia trouxe algumas importantes consequências. Primeiro assegurou a sua preservação até o presente, ao passo que muitos autores ficaram absolutamente desconhecidos. Segundo, impediu que copistas de época posterior fizessem qualquer séria interpolação. Por fim, levou a uma organização de suas obras em manuscritos, muito antes das posteriores edições impressas, o que trouxe evidentes resultados educacionais.
4. Poemas líricos: Odes ("carmina"). Há 4 livros de odes: os três primeiros livros publicados em 23 a.C. e o quarto e último livro de odes foi publicado em 15 a.C.. Sua poesia lírica compõe-se de poemetos de ocasião, poesias moralizadoras, odes cívicas servindo a reforma moral feita por Otaviano Augusto e assuntos históricos, mitológicos e religiosos. As odes constituem uma unidade diferente, com poesias curtas, aprimoradas, líricas por excelência.
Os três primeiros livros de odes foram publicados em 23 a.C. O quarto e último livro de odes foi publicado em 15 a.C.
Os metros da poesia de Horácio são todos emprestados dos poetas gregos, particularmente de Arquíloco de Paros, Safo e Alceu. Apesar disso, obteve originalidade, pois, frequentemente modificou as regras da versificação grega, tendo criado inclusive muitas variedades de formas métricas.
Como poeta lírico, tentou seguir Píndaro, mas não conseguiu introduzir as formas métricas do lírico grego nem seu aparato musical. Não obstante, imitou-o pelo menos no emprego do desenvolvimento mitológico.
O escritor romano Petrônio, escrevendo menos de um século após a morte de Horácio, observou uma "curiosa felicitas" (estudada espontaneidade) das Odes horacianas (Petrônio. Satyricon 118.5), como se sua mente estivesse "inundada por um imenso rio de literatura".
5. Carmen Saeculare (Carme Secular). Foi escrito para a cerimônia da celebração dos Jogos Seculares no ano 17 a.C., a pedido do Imperador Augusto. Tais festas consistiam de sacrifícios e jogos para aplacar os deuses e afastar pestes e pragas.
O momento foi propício, porque Augusto voltara de uma expedição ao Oriente com um retorno triunfal em 19 a.C., quando a confiança no Império Romano foi restabelecida.
Augusto sempre pretendeu estar sob a proteção de Apolo (Sol). O culto de Diana se associava naturalmente ao de Apolo (Febo), e as duas divindades (deuses da luz) formavam, em conjunto com sua mãe Latona, como que uma nova tríade em face da Tríade Capitolina (Júpiter, Minerva e Juno). Por essa razão, Apolo e Diana (Sol e Lua) são as divindades mais invocadas dentro do Carme Secular. Acreditava-se que o Sol e a Lua, como doaores da luz, da saúde e da fertilidade dos campos, eram divindades poderosíssimas para afastar a peste e outros males (cf. Od. I, 21).
De 18 estrofes que compõem o poema, 6 são endereçadas diretamente a Apolo e a Diana.
É importante ressaltar que, de acordo com o oráculo sibilino, enquanto todos os ritos referentes aos Jogos Seculares foram devidamente cumpridos, o Império Romano ficou salvaguardado e continuou a ter sob seu domínio todo o mundo conhecido; mas, assim que Diocleciano abdicou do poder e os Jogos Seculares foram negligenciados, o Império caiu pouco a pouco e foi invadido pelos bárbaros.
Em oposição a essa crença, Santo Agostinho, no livro III de De Civitate Dei, falando desses desastres que sucederam aos Romanos, defende, com fatos históricos, que eles não só nunca tiveram ajuda dos deuses e oráculos em que acreditavam, como também cita a inutilidade de tais sacrifícios e jogos para aplacar os deuses.
Horácio morreu a 27 de novembro do ano 8 a.C.
IV. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Conforme Sêneca, De vita beata, VIII, 1: "Natura enim duce utendum est: hanc ratio observat, hanc consulit. Idem est ergo beate vivere et secundum naturam." (Minha trad.: É a natureza que se deve ter por guia; é ela que a razão observa e consulta. Portanto, é a mesma coisa viver feliz ou seguir a natureza."
² C. Cilnius Mæcenas, descendente dos antigos reis da Etrúria, foi o
célebre patrono da literatura na época de Augusto, protetor das artes e
dos artistas. Seu amor pelo bem-estar e prazer o conteve daqueles
ambiciosos avanços aos quais sua íntima familiaridade com o imperador —
era conselheiro de Otaviano Augusto — poderia tê-lo encorajado. Por
isso, nunca aspirou a qualquer dignidade maior do que a de cavalheiro,
uma categoria na qual tinha nascido; e seu nome é agora é bem mais
conhecido como "o" patrono de Virgílio e Horácio, do que como o favorito
de Augusto. Em 32 a.C., Mecenas presenteou Horácio com uma "villa"
situada na Sabina, perto de Tibur (hoje Tivoli), no vale de Digentia
(hoje Licenza). Essa propriedade, com sua casa de campo, longe da
tumultuosa vida em Roma, foi para Horácio fonte de inspiração para a
feitura de muitos de seus belos poemas. Passou a considerar-se um
autêntico "rato do campo" ("mus rusticus") em contraposição ao que tinha
sido até então: rato da cidade ("mus urbanus"), assunto que lhe deu
inspiração a Sátira VI do livro II.
Ao dedicar essa
sátira a Mecenas, Horácio desejava mostrar que seu poderoso amigo estava
livre do vício tão severamente censurado.
Alguns
consideraram que duas circunstâncias dentro dessa sátira constituem as
primeiras tentativas de Horácio de igualar ou mesmo superar Lucílio,
outro grande poeta satírico: a característica desconexa das transições
(tais como vv. 13, 23, 108) e a terminação (v. 120 e ss.), que caem bem
em qualquer composição desse estilo.
³ Os três
primeiros versos constituem o prólogo da sátira. Além de se dirigir a
Mecenas, a quem dedica a sua obra, Horácio escolhe um tom coloquial
evidenciado pela forma interrogativa com que a abre a composição. Mas
observe que essa questão não é dirigida a Mecenas, como se o autor
esperasse uma resposta deste. Este é um método de expressão comum a
todas as línguas, em que a gente indaga com outro acerca de alguma
verdade.
⁴ As ocupações dos homens são relacionadas a
duas classes de motivação: as que são selecionadas após madura
deliberação, e aquelas nas quais se pode engajar casualmente. Alguns
julgam que essa distinção alude às opiniões das duas grandes seitas de
antigos filósofos, os Estóicos e os Epicuristas, haja vista que a
primeira acreditava que tudo era o resultado da razão, enquanto a outra
defendia que a sorte era origem de tudo. Horácio, habilmente admitindo
ambas as causas, igualmente satisfaz aos filósofos estóicos e
epicuristas.
⁵ Ventos comuns nos Mares Adriático e Siciliano.
⁶ Este Fábio (Porph. Fabius Maximus) foi cavaleiro romano narbonense e escreveu vários livros tratando dos
princípios da Filosofia Estóica. Do mesmo modo, era seguidor do partido
de Pompeu. Horácio, que era epicurista, deve ter debatido muito com ele,
nele encontrando uma profusão de palavras em vez de sólidos argumentos.
⁷ Como as máscaras de uma grande Paixão. Na realidade, o rosto todo está desfigurado e inchado num transe de ira.
⁸ Aufidus (hoje Ofanto): rio da Apúlia (sul da Itália), à margem do qual
se situava Venúsia, terra natal de Horácio. Aníbal derrotou os romanos,
em 216 a. C. na batalha de Canas, às margens desse rio.
⁹ Um sextário equivale a 540 ml.
¹⁰ Clitemnestra, filha de Tíndaro, matou seu marido Agamenón, quando de seu retorno de Tróia.
¹¹ Tánais era um eunuco liberto de Mecenas ou de Manúcio Planco, e o sogro de Visélio sofria de grande hérnia, simbolizando tanto a falta quanto o excesso de escroto.
¹² Rectum est, quod cum virtute et officio fit. O justo é o que é feito com virtude e obrigação moral. (Cic. Scriptor ad Herenn. 3,2,3)
¹² Rectum est, quod cum virtute et officio fit. O justo é o que é feito com virtude e obrigação moral. (Cic. Scriptor ad Herenn. 3,2,3)
¹³ Com essa expressão, "conviva satur" (convidado saciado), o poeta faz alusão a "satura" (sátira), dizendo-se em seguida estar também satisfeito com a 1ª Sátira ("jam satis est").
¹⁴ Plócio Crispim, estóico e mau poeta. Segundo Porfírio, era conhecido como Aretálogo.
¹⁵ Importante ressaltar que a sátira foi o único ramo da literatura romana que não foi formada sobre um modelo grego (satira quidem tota nostra est, Quintiliano, X, i, 93), embora nas mãos de Lucílio, seu inventor, essa composição usasse o metro grego, o hexâmetro, bem como o mais nativo metro trocaico, para sua expressão.
ABBÉ BATTEUX, Ch. (trad.): Poésies d'Horace (2 tomos), Paris: Desaint & Saillant, 1763, 314 e 405 p.
CABAÑERO, José Guillén: La sátira latina (vol. 20 de Akal clásica), Ediciones Akal S.A., Madri, 616 p.
FRANCIS, Rev. Mr. Philip: A poetical translation of the works of Horace (vol. II), 3ª edição, Londres: editado para A. Millar, 1749, 485 p.
GOWERS, Emily: Horace: Satires (Book I), New York: Cambridge University Press, 2012, 370 p.
JANIN, Jules (trad.): Les Satires d'Horace, Paris: Librairie Hachette, 1860, 376 p. Obs.: A sátira 1 do Livro I foi disponibilizado pela Wikisource in http://fr.wikisource.org/wiki/Satire_I-1_(Horace,_Janin)
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LAMOTHE, G. (trad.): Horace: Satires et Épitres, Paris: Librairie Hatier, 94 p.
MOSCA, Giovanni (trad.): Le Satire d'Orazio, Milão: Rizzoli Editore, 1973, 217 p.
PETRÔNIO: Satiricon, São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1981, 207 p.
RAMBAUX, C.: La composition d'ensemble du livre I des satires d'Horace. Revue des Études Latines 49 (1971), p. 179-204.
ROQUE, Maria Luiza: Horácio: O Carme Secular e os Jogos Seculares em Roma, Brasília: Thesaurus Editora de Brasília Ltda., 196 p.
SOMMER, E. (trad.): Q. Horatius Flacccus (texte latin publié avec des arguments et des notes en français et précédé d'un précis sur les mètres employés para Horace), Paris: Librairie Hachette, 1894, 420 p.
UAH SOCIETY FOR ANCIENT LANGUAGES. Acesso ao site abaixo, no mês de agosto de 2015: http://www.uah.edu/student_life/organizations/SAL/texts/latin/classical/horace/sermones.html
9 comentários:
QUE BELO TRABALHO, AMIGO!
QUÃO PROFUNDO CONHECIMENTO DA ALMA HUMANA.
PARABÉNS E GRATO,
ROGÉRIO
Caro primo, haja fôlego para acompanhar essa cabeça pensante e pesquisadora... Parabéns, mais uma vez.
Grande abraço do Antônio
Parabéns ao amigo, cultor da cultura (desculpe o jogo de palavras).
Como tenho andado com excesso de atividades, peço vênia a mim mesmo para deliciar-me com suas traduções após alguns dias, e ter a satisfação de comentar as tiradas de humor e sabedoria emergentes dos versos de Horácio.
Mais uma vez: Bravo!
Abraço,
Adriano Benayon
Francisco,
bela tradução e estudo que você nos deu com profundidade.
eric
É sempre bom voltar aos clássicos. Eles nos enlevam e ensinam. Parabéns pelo trabalho. Saudações do confrade para o amigo e esposa. Fernando Teixeira
Caro amigo,
Receba os meus parabéns mais sinceros por esse trabalho inspirado na antiguidade romana! Como se não bastasse meu interesse pela filologia clássica, de modo geral, Horácio é um daqueles poetas que mais leio e releio no meu dia a dia...
Tenha um ótimo fim de semana,
Oleg Almeida, Brasília/DF, Brasil
(https://sites.google.com/site/olegalmeida).
Bela tradução. Belo texto. Obrigado pelo envio. Abraços.
Envio-lhe minha tradução da 1ª Sátira de Horácio (Livro I), com meus comentários e breve notícia sobre sua vida e obra.
O tema desta primeira sátira do Livro I de Horácio visa essencialmente combater a avareza, que, para ele, é a fonte do descontentamento humano, constituindo aguda crítica social.
As sátiras de Horácio são inigualadas em qualquer literatura, por seu humor genial e divertida representação dos vícios e desatinos da humanidade. Elas sempre estiveram entre as mais apreciadas e as mais citadas da literatura antiga, pela aguda observação da natureza humana e da vida social e pela felicidade de expressão que abunda em cada página de Horácio.
Diferente de outros satiristas, ele não ataca os vícios da humanidade, mas expõe os aspectos risíveis de seus vícios, incluindo-se a si mesmo constantemente entre os objetos de sua sátira.
Link: http://bragamusician.blogspot.com.br/2015/09/1-satira-livro-i-de-horacio-com-breve.html
Com meu abraço cordial,
Francisco Braga
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