Por FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS BRAGA
Dedico este post a ANTÓNIO VALDEMAR, jornalista, investigador, sócio efetivo da Academia das Ciências e sócio correspondente português para a ABL-Academia Brasileira de Letras-cadeira nº 3, por sua dedicação diuturna, provas de amizade permanente e colaboração efetiva ao Blog de São João del-Rei.
Eça empreendeu uma viagem ao Oriente Próximo ¹, especificamente ao Egito, Palestina, Síria e Líbano, graças à sua peregrinação turística de 23 de outubro de 1869 a 3 de janeiro de 1870, a convite de seu amigo e futuro cunhado D. Luís de Castro Pamplona, conde de Resende, com o pretexto de assistir à inauguração do Canal de Suez marcada para o dia 17 de novembro. Foram eles dos poucos portugueses que tiveram oportunidade de comparecerem à abertura daquele canal artificial que ligaria o mar Mediterrâneo ao mar Vermelho e este ao Oceano Índico, um dos grandes exemplos de engenharia daquela época. Entre os dias 19 e 21 de janeiro de 1870, o autor publicou na coluna Folhetins do Diário de Notícias quatro crônicas de viagem, em forma de carta, com o título "De Port Said a Suez". Segundo escreveu o então jovem escritor de 23 anos, foram "dias confusos e cheios de factos". Os apontamentos dessa peregrinação não foram publicados nessas crônicas. Na correspondência de Eça, ele revelou a intenção de escrever um livro sobre essa viagem ao Oriente Médio, mas nunca o fez. Entretanto, foi essa experiência a de que se valeria, anos mais tarde, para inspirar as aventuras do personagem Teodorico, ao compor um dos seus melhores e mais originais romances, A Relíquia (1887).
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Ilustração dos primeiros navios a atravessar o canal do Suez, entre Kantara e El-Fedane. Digitalização a partir de uma gravura no Appleton's Journal of Popular Literature, Science, and Art, 1869. |
De posse dessas crônicas e de suas anotações manuscritas, mais tarde, dois de seus filhos organizariam duas obras póstumas queirozianas: O Egipto: Notas de Viagem — obra coligida no Diário de Notícias e publicada, a partir das crônicas jornalísticas, pelo filho de Eça, José Maria D’Eça, em 1926, e Folhas Soltas (1966), obra desenvolvida pela filha de Eça, Maria Eça de Queiroz de Castro, contendo apontamentos manuscritos durante o circuito palestiniano-hebraico. Na sua viagem, que tanto contribuiria para a sua formação, Eça embarca de Lisboa em navio com destino ao Cairo depois de paragens em Cádis, Gibraltar e Malta.
O jovem Eça, aos 23 anos de idade, realizou tudo isso numa fase histórica na qual o povo da Aliança ainda não aderira ao sionismo que Theodor Herzl ² lançaria como ideal do regresso dos judeus à sua terra de origem, a Eretz Israel, e que culminaria, em 1948, na fundação do Estado de Israel.
Preliminarmente, sobre a montagem dos livros póstumos pelos dois filhos, alguns vêem uma postura equivocada, portanto criticável, na forma como foram coligidos os apontamentos de Eça. Por exemplo, Rui Lopo, membro do Movimento Internacional Lusófono e da comissão organizadora do Congresso “Eça de Queiroz, nos 150 anos do Canal do Suez”, realizado no período de 15 a 18 de novembro de 2019, critica os textos póstumos (montados pelos filhos):
“Acho que eles fizeram o melhor que sabiam e podiam: o filho coligiu e montou “O Egipto – Notas de Viagem” em 1926 e a filha transcreveu a “Alta Síria” e a “Palestina” nas “Páginas Soltas” que edita nos anos 40. Grande mérito! O que eu estava mesmo a pensar era no Carlos Reis e sua equipa que ainda não fizeram a edição crítica a partir dos manuscritos. Quanto mais tempo teremos de esperar por eles? Isto é, o filho assume, no prefácio ao “Egypto”, que cortou repetições, frases soltas, apontamentos, omissões, hesitações... isto é, aquilo que chamamos hoje "material em bruto". Eu acho que hoje em dia, para autores como o Pessoa, o Eça ou outros gigantes, tudo isto deve ser conhecido. Até para percebermos e aprendermos com a sua laboriosa oficina. E a Net pode ajudar a divulgar estas edições críticas – feitas com escrúpulo filológico – que naturalmente se dirigem a um público especializado. Para o grande público essa edição já disponível é óptima. Percebo que em papel seja difícil e oneroso publicar este tipo de projectos. A própria (grande queiroziana) Beatriz Berrini tentou cotejar o que o filho fez com o que o Eça escreveu e infelizmente desistiu, pela dificuldade da decifração caligráfica de textos que podem ter sido apontamentos no café, em cima de um camelo, e suas reescritas e reelaborações mais tarde da noite, no hotel Shepherd's. Uma futura edição crítica "ideal", num momento em que há muito tempo passou o prazo legal que oferece o Eça ao domínio público, devia conter: fotografias de todos os manuscritos; transcrição sistemática de tudo — apontamentos soltos, tópicos, textos compostos, textos fragmentários, repetições, passagens a limpo; proposta de edição dos filhos com devida vénia histórico-crítica; nova proposta de edição dando conta de toda a fortuna crítica destes textos, cotejando todas as variantes e confrontando com os outros textos de temática conexa.” (grifo nosso)
Enquanto essa autêntica edição crítica não é realizada, Lopo recomenda a edição, lançada pela Relógio d'Água com a supervisão de Maria Filomena Mónica, que é por enquanto talvez a melhor aproximação disponível. E beneficia ainda do fato de, ao contrário de livros posteriores publicados por aquela editora, não estar inquinada pelo dito «acordo ortográfico de 1990». ³
Comungando com a ressalva feita por Rui Lopo e endossando os argumentos sobre a necessidade de se efetuar uma “edição crítica” principalmente de O Egipto e Folhas Soltas, vou focalizar o conteúdo do livro "Folhas Soltas" nos moldes atuais e, mais especificamente, a seção dedicada à Palestina, por limitação de espaço de uma matéria típica de blog. Seja como for, os excertos selecionados estão acompanhados de muitas reticências (o livro está repleto delas), — não de três pontos que indica algo implícito com a interrupção da frase, mas de uma dezena deles que denota a omissão de um trecho inteiro, deixando claro que houve uma interrupção do pensamento do autor —, o que possivelmente indique que a filha de Eça tenha feito alguma espécie de censura ao que vinha a seguir ou que ela não tenha sido capaz de decifrar o conteúdo do texto omitido, sem fazer qualquer referência ao motivo da omissão. Teria sido apagado por ação do tempo ou de cupins? Não se sabe. O que o leitor percebe é que praticamente não há página do livro sem essas alongadas “reticências esquisitas”.
[LIMA, 1997] descreve a impressão de Eça ao por o pé no solo egípcio: "Esta jornada à terra do Egipto e à Palestina permanecerá sempre como a glória superior da minha carreira", que ele coloca na boca de Teodorico, n'A Relíquia. Segundo a autora, Eça tinha feito leituras preparatórias da sua viagem ao Oriente Médio. Jean Girodon ⁴ detectou em Maxime Du Camp, Nerval, Edmond About e Gautier, suas fontes mais importantes. Por isso, o Oriente terá por vezes, para ele, o aspecto de déjà vu.
Quando a realidade não corresponde ao mito, o tédio o invade diante da situação desapontante. Embora, quanto ao Egito, a atitude de desapontamento seja bem rara em Eça, foi assim que se sentiu — desapontado — ao por o pé em Alexandria e no porto de Jaffa e Jerusalém na Palestina, o que é uma característica dos seguidores do “Orientalismo” do século XIX ⁵.
Quando a realidade não corresponde ao mito, o tédio o invade diante da situação desapontante. Embora, quanto ao Egito, a atitude de desapontamento seja bem rara em Eça, foi assim que se sentiu — desapontado — ao por o pé em Alexandria e no porto de Jaffa e Jerusalém na Palestina, o que é uma característica dos seguidores do “Orientalismo” do século XIX ⁵.
Eça estava ainda impregnado de alguns estereótipos negativos sobre os judeus, como se pode constatar folheando o referido apanhado de notas de viagem intitulado Folhas Soltas (1966), no qual evoca, não a esplêndida cidade do longínquo passado judeu, mas a degradada e miserável cidade de então, tão suja e indigente como a viu o próprio Theodor Herzl, em 1898, autor d'O Estado Judeu (1896), onde propôs ao povo errante o fim da Diáspora e o regresso ao seu território inicial, restaurando o estado milenarmente perdido. Também ele lançou em Basileia, em 1897, o seu primeiro congresso sionista. Vejamos alguns trechos da má impressão que causaram em Eça as cidades de Jaffa e Jerusalém. Neste trabalho vou me cingir a apresentar trechos de Folhas Soltas, com explicações, quando necessárias.
Nas primeiras 20 páginas, a organizadora Maria D'Eça de Queiroz faz a Apresentação da obra, não na sua posição usual, mas estranhamente dentro da seção PALESTINA.
Na página seguinte há um esboço de mapa da Palestina desenhado por Eça, o qual é reproduzido abaixo:
Esboço de mapa da Palestina desenhado por Eça |
A impressão que o desembarque em Jaffa causa em Eça não foi das melhores, conforme registra a p. 22:
“(...) Quando os árabes que nos trouxeram às costas, do barco às pedras molhadas do cais, nos pousaram pesadamente no chão, a cidade apareceu-nos na sua triste realidade.
As casas parecem edificadas com restos de velhos castelos.
Esta aparência é constante.
As paredes têm o aspecto de muralhas altas abertas de pequenas janelas...... — fragmentos de ameias cercam as casas......
“(...) Quando os árabes que nos trouxeram às costas, do barco às pedras molhadas do cais, nos pousaram pesadamente no chão, a cidade apareceu-nos na sua triste realidade.
As casas parecem edificadas com restos de velhos castelos.
Esta aparência é constante.
As paredes têm o aspecto de muralhas altas abertas de pequenas janelas...... — fragmentos de ameias cercam as casas......
As ruas são escadarias estreitas, escorregadias, húmidas, em declives poderosos e violentos.
Passa-se infinitas vezes sob arcos por meio de largas portas ogivais que cerram as duas orlas do casario. Há um cheiro infecto, um silêncio e uma solidão tristes. O que vale é a luz, a doce luz que tudo aclara, pinta, alegra. (...)”
Passa-se infinitas vezes sob arcos por meio de largas portas ogivais que cerram as duas orlas do casario. Há um cheiro infecto, um silêncio e uma solidão tristes. O que vale é a luz, a doce luz que tudo aclara, pinta, alegra. (...)”
Eis como Eça descreve Jerusalém nos seus apontamentos manuscritos de 1869 reproduzidos nas pp. 33-37:
“(...) As ruas são estreitas, lajeadas de pedras, cheias de lama, escorregadias, inclinadas, sujas, miseráveis.
É a miséria da população, o desleixo oriental, as contradições violentas do clima. Daí a melancolia de Jerusalém. (...)
Tudo o que se vende ali está numa promiscuidade miserável. Essas ruas são as mais povoadas, ordinariamente. Nas grandes ruas abertas, há um silêncio, uma solidão de cidade saqueada. (...)
O bairro judeu é o mais miserável. Nada tão imundo, tão devastado, tão cheio de negrura. Parece incrível que homens com sensações e princípios possam voluntariamente viver naquela imundície.
É todavia o bairro mais curioso, mais vivo, mais cheio de multidão. Mas só nalgumas ruas principais onde se encontra a verdadeira confusão das raças. É primeiramente o Judeu. São belas pela energia e pureza das linhas aquelas fisionomias. Pálidos, direitos, de traços duramente aquilinos, expressão sombria, concentrada, grandes barbas. Aquelas figuras altas, caminham devagar, curvadas, com ódio nos seus agudos olhos negros. (...)
Avareza, ódio, astúcia, fanatismo, orgulho, as figuras têm alguns destes poderosos e ativos elementos da vida moral.
Depois dos Judeus, a raça mais espalhada é a dos Árabes. Com o seu turbante branco ou verde, quando são da família do profeta, a sua fisionomia viva, aberta, poética, com os belos, os profundos, os luminosos olhos sírios.
São os padres Arménios com as suas túnicas pretas e o capuz negro, na sombra do qual aparece todo o vigor das suas enérgicas cabeças do Jerusalém sacerdotal.
Os Beduínos passam a cavalo com as compridas lanças, os albornozes brancos listrados de preto, os “keffiehs”...... pendentes sobre as costas, elegantes, queimados, enrugados, chupados pelo sol.
Vão os padres gregos, sérios, com os barretes quadrados, largas cabeças, grandes barbas, traçando majestosamente a enorme aba da sua túnica negra.
São, enfim, os Coptas vestidos à oriental, todos de negro.
As mulheres são ainda umas escravas sujas, doentes, esmagadas pelo trabalho, fatigadas do casamento, têm ainda a beleza do traço e o profundo olhar que deviam ter as antigas companheiras de Ester. (...) ”
Acho que são suficientes esses trechos extraídos da seção “Palestina” do livro Folhas Soltas, embora dela constem ainda no seu índice: o Santo Sepulcro, a Mesquita de Omar, a Mesquita de El-Aksa, depois o Getsêmani, o vale do Cédron, a piscina de Siloé, os conventos abissínio e armênio, as cidades próximas de Betânia e Belém, e, através do deserto de Judá, o Mar Morto, em seguida Jericó, a cidade mais antiga do mundo ainda habitada, e a colina de Galgala, "onde Josué acampou" e que agora "é assim o lugar de danças". E a filha de Eça comenta com tristeza: "Agora, ali, dança-se — e o jovem peregrino, mais uma vez, com surda amargura, nota a indiferença como é tratado o solo sagrado, esquecida a antiquíssima tradição".
É importante observar-se que esses locais sagrados os dois amigos conheceram a cavalo, e "sempre a cavalo até chegarem a Jaffa onde deviam embarcar para a velha Síria".
II. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ O Oriente Próximo, ou Próximo Oriente, compreende a região da Ásia próxima ao mar Mediterrâneo, a oeste do rio Eufrates, incluindo: Síria, Líbano, Israel, Palestina e Iraque. Nos contextos políticos e jornalísticos modernos, esta região é normalmente considerada como compreendida no Médio Oriente ou Oriente Médio.
² Theodor Herzl visita a Palestina em outubro de 1898, encontrando-se com Guilherme II perto de Jaffa e, depois, em Jerusalém, procurando convencer o imperador alemão a criar um protetorado alemão judaico na Palestina, em território otomano, ideia com a qual o Kaiser simpatizava.
Der Judenstaat (O Estado Judeu) é um livro escrito em alemão pelo jornalista judeu austro- húngaro Theodor Herzl, e publicado em fevereiro de 1896 em Leipzig e Viena. Esse livro é considerado o ponto de partida do movimento sionista mundial, pelo qual pregava que o problema do antissemitismo só seria resolvido quando os judeus dispersos pelo mundo pudessem se reunir e se estabelecer num Estado nacional independente. O jornalista Herzl havia coberto julgamento do caso de Dreyfus para o jornal austro-húngaro e também foi testemunha das manifestações em Paris após o julgamento em que muitos entoaram pelas ruas palavras de ordem de "Morte aos Judeus"; isto convenceu-o da possibilidade de as manifestações anti-judaicas atravessarem as fronteiras e repercutirem até a Polônia ou Alemanha, países que reconheciam sua influência.
No seu livro defendeu que a melhor maneira de construir um estado judeu era formar um Congresso Sionista composto apenas por judeus. Das suas ideias à prática, não demorou muito para que ele formasse o “Sionismo Político”. Em 29 de agosto de 1897, o primeiro Congresso Sionista desde a diáspora foi realizado em Basileia. Durante o congresso foi criada a Organização Sionista Mundial, e Herzl foi eleito presidente.
O que Herzl escreveria, em 1898, no seu diário, sobre a miséria e sujidade da degradada cidade quase nada difere do retrato que Eça deixou no seu diário de bordo:
No seu livro defendeu que a melhor maneira de construir um estado judeu era formar um Congresso Sionista composto apenas por judeus. Das suas ideias à prática, não demorou muito para que ele formasse o “Sionismo Político”. Em 29 de agosto de 1897, o primeiro Congresso Sionista desde a diáspora foi realizado em Basileia. Durante o congresso foi criada a Organização Sionista Mundial, e Herzl foi eleito presidente.
O que Herzl escreveria, em 1898, no seu diário, sobre a miséria e sujidade da degradada cidade quase nada difere do retrato que Eça deixou no seu diário de bordo:
“Quando eu me lembrar de ti nos dias a virem, ó Jerusalém, não será com prazer. O escuro sedimento de dois milénios cheios de intolerância desumana e sujidade infesta as avenidas com o desagradável mau cheiro dos seus casebres.(...) Se alguma vez obtivermos Jerusalém e se na altura eu ainda for capaz de fazer alguma coisa por isso, a primeira coisa que faria seria limpá-la. Eu limparia tudo o que não se possa qualificar de sagrado, construiria casa para os trabalhadores fora da cidade, eliminando os casebres, arrasando-os, queimando todas as ruínas não-sagradas e transferindo para outro local os seus bazares. Então, retendo embora o velho estilo arquitectónico na medida do possível, erigiria uma cidade confortável, arejada com esgotos próprios em redor dos locais sacros.(...) Estou convencido de que uma magnífica Nova Jerusalém podia ser criada fora das velhas muralhas da cidade. A velha Jerusalém ficaria Lourdes e Meca e Yerushalayim. Uma cidade muito bela e elegante seria então uma possibilidade real.”
Quem conhece a atual cidade de Jerusalém, sobretudo depois da sua israelização integral em 1967, sabe que esta fervorosa profecia do fundador do sionismo se havia de realizar, tornando-se, de fato, a cidade de Salomão: uma urbe airosa, belíssima e de uma extrema limpeza.
⁴Jean Girodon era então "leitor" da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, nomeado pelo Governo Francês para ser agente dinâmico do ensino e da difusão da língua e da cultura francesas, responsável pela cadeira de Filologia Românica e figura nuclear da vida do Instituto de Estudos Franceses (criado por Eugénio de Castro na década de 30). Como se vê, "leitor", nesta acepção, não tem nada a ver com o sentido daquele que lê. Em Portugal, o termo é usado para designar o professor de Língua e Cultura de seu país numa universidade estrangeira.
⁵ No livro “Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente” de 1978, um clássico dos estudos culturais, Edward W. Said mostra que o
"Oriente" não é um nome geográfico entre outros, mas uma invenção
cultural e política do "Ocidente" que reúne as várias civilizações a
leste da Europa sob o mesmo signo do exotismo e da inferioridade.
Recorrendo a fontes e textos diversos — descrições de viagens, tratados
filológicos, poemas e peças, teses e gramáticas —, Said mostra os
vínculos estreitos que uniram a construção dos impérios e a acumulação
de um fantástico e problemático acervo de saberes e certezas europeias.
III. AGRADECIMENTO
O
gerente do Blog agradece à sua amada esposa Rute Pardini Braga pela
formatação do registro fotográfico utilizado neste trabalho.
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GHIGNATTI, Rosana Carvalho da Silva: Eça de Queirós e a percepção da paisagem no Médio Oriente, tese apresentada ao Programa de Pós-graduação stricto sensu em Literatura e Cultura da UFBA, como requisito para obtenção do título de Doutora em Literatura e Cultura, Salvador, 2023, 162 p.
LIMA, Isabel Pires. Os orientes de Eça de Queirós, in Cátedra Padre António Vieira de Estudos Portugueses. Revista Semear, nº 1. Rio de Janeiro: PUC-RJ, 1997, p. 81-95
MEDINA, João: Eça e os Judeus (1), post no Blog Malomil de 04/05/2016
QUEIROZ, Eça de. Folhas soltas. Palestina, Alta Síria, Sir Galahad, Os Santos, Porto, Lello & Irmão Editores, 1966, 204 p.
SANTOS, Octávio dos. «O Egipto», criticamente?, post do Blog Eça de Queiroz, 150 anos...
5 comentários:
Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
Prezad@,
As narrativas de viagem ao Oriente Médio em 1869, objeto deste artigo, foram escritas mas não publicadas pelo autor EÇA DE QUEIROZ (1845-1900), cabendo a seus filhos a tarefa de compilar as anotações do pai em duas obras póstumas queirozianas: O EGIPTO: Notas de Viagem (1926) e FOLHAS SOLTAS (1966) desenvolvidas respectivamente pelo filho José Maria D'Eça e pela filha Maria Eça de Queiroz de Castro. Neste trabalho é analisada a primeira seção do segundo livro, intitulada PALESTINA. Tenho a satisfação de escrever esse artigo, em homenagem ao grande escritor português num momento de júbilo nacional quando seus restos mortais descansam agora no Panteão Nacional, desde 8 de janeiro de 2025 .
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2025/02/palestina-apontamentos-manuscritos-de.html
Cordial abraço,
Francisco Braga
Pedro Rogério Moreira (jornalista e sócio da Gracián Telecom, cronista e memorialista brasileiro) disse...
Obrigado, mestre Braga.
Heitor Garcia de Carvalho (graduado em Pedagogia pela Faculdade Dom Bosco (1968), mestre em Educação UFMG (1982), Ph.D em Educational Technology - Concordia University (1987 Montreal, Canada); MBA Gestão Tecnologia da Informação, Fundação Getúlio Vargas (2004); pós-doutorado em Políticas de Ensino Superior na Faculdade de Psicologia e Ciências da Informação na Universidade do Porto, Portugal (2008); professor associado do CEFET-MG) disse...
Precioso!!!
Raquel Naveira (membro da Academia Matogrossense de Letras e, como poetisa publicou, entre outras obras, Jardim Fechado, antologia poética em comemoração aos seus 30 anos dedicados à poesia) disse...
Que interessante e atualíssimo artigo, caro Professor Francisco Braga!
Emocionante recordar as passagens de Eça de Queiroz e de Theodor Herzl por Jerusalém e Palestina.
Fica a esperança de que haverá paz em Israel e que a região de Gaza será reconstruída.
Abraço fraterno,
Raquel Naveira
Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...
Caro professor Braga
Apresentação, esclarecimentos e observações que ampliam as interessantes observações de viagem do jovem Eça de Queiroz, a sugerir reflexões sobre o destino ulterior daquele país.
Cumprimentos,
Cupertino
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