segunda-feira, 11 de agosto de 2014

AS DUAS PRIMEIRAS TEMPORADAS LÍRICAS NO TEATRO PROVISÓRIO EM SÃO PAULO


Por Francisco José dos Santos Braga



I.  INTRODUÇÃO


Para revisitar a primeira temporada lírica paulistana, recorri basicamente ao livro de Paulo de Oliveira Castro Cerquera, intitulado "Um Século de Ópera em São Paulo", livro que cobre o período ininterrupto que vai de 1874 a 1951 e que foi composto sem nenhuma ajuda dos poderes públicos. Para organizar esse seu livro, Cerquera buscou as seguintes fontes diretas de informação: Biblioteca Municipal de São Paulo, Arquivos da Faculdade de Direito de São Paulo e os jornais "Correio Paulistano" e "O Estado de São Paulo", onde localizou subsídios preciosos para a realização da sua obra. Contou ainda com a colaboração de vários colecionadores particulares que enriqueceram a seção de ilustrações do livro.

Apud [MATOS, 1954, 250], é explicado como Cerquera dividiu, no seu livro, a história do teatro lírico em São Paulo nas seguintes fases:
"uma primeira, de caráter experimental, com apenas 3 temporadas (duas no "Provisório" e uma no "S. José"), realizadas em 1874, 1875 e 1876. Uma segunda fase, de 1879 até 1889, com oito temporadas, tôdas no "S. José". Nessa fase teve lugar, exatamente em 1880, a primeira temporada de ópera francesa, na qual foram introduzidas em São Paulo duas das maiores jóias do teatro lírico francês, a Carmen de Bizet e Mignon de Ambroise Thomas. Uma terceira fase compreende a última década do século XIX (ainda no "S. José" e no "Politeama" após o incêndio do "S. José" ocorrido em 15 de fevereiro de 1898) e caracteriza-se sobretudo pela apresentação das óperas "veristas", tão do gôsto "fim de século", principalmente os trabalhos de Mascagni e Leoncavallo. Uma quarta fase, do início do século até a inauguração do Teatro Municipal, em 1911, caracterizada pela predominância das obras de Puccini, que chegara na Itália (e como reflexo também entre nós) a sobrepujar o próprio Verdi em popularidade. Finalmente em 1911 foi a capital paulistana dotada de um teatro à altura do desenvolvimento que estava tomando em São Paulo a arte lírica."
Foi quando ocorreu a inauguração do Teatro Municipal, obra de Ramos de Azevedo, que veio marcar uma nova era na vida artística de São Paulo. Apud [MATOS, 1954, 251], Cerquera dividiu em duas grandes fases a existência do "Municipal", distinguindo entre as temporadas líricas oficiais que vão até 1930, que representaram o seu apogeu. Tendo ocorrido um interregno de 3 anos, o reatamento das atividades líricas trouxe ao teatro, de 1933 até 1953, um público diverso dos anteriores, com novas gerações de diletantes que, embora continuasse entusiasta, ignorava contudo a importância que o "Municipal" tivera para a Pauliceia de outros tempos.

Para o prefaciador de "Um Século de Ópera em São Paulo", João Gomes Júnior, essas "páginas que revivem as maiores glórias artísticas da Paulicéia" possibilitam também evocar a grandeza das temporadas líricas em nossa terra, o que corresponde a 
"engrandecer ainda a figura magnânima do imperador D. Pedro II que, dispensando a sua augusta proteção ao jovem campineiro Antonio Carlos Gomes, cujo estro musical soube avaliar, concorreu para cobrir de admiração o nome do Brasil nos centros artísticos do estrangeiro." 
Além disso, o prefaciador considerou a importância do apoio cultural no florescimento da verdadeira arte cênica e musical, bem como no empreendimento da montagem cênica de óperas no País, enfatizando que: 
"o influxo benéfico da munificência imperial se fez ainda sentir nos primeiros decênios da república, contribuindo para o incremento do teatro lírico mediante a ampliação do repertório e a atuação dos mais célebres cantores do mundo." 
Na Introdução propriamente dita, o autor referiu que a sua saudável ânsia o induziu "à consulta de coleções de jornais, biografias, enciclopédias e também de raros programas descobertos a esmo". A respeito do título do seu trabalho, reconheceu que, embora os primeiros espetáculos líricos de cunho oficial tenham se instalado na Pauliceia em 1874, na realidade as suas pesquisas abrangeram um período de cem anos, dado que o público paulistano daquela época já se achava preparado para assistir a óperas integrais, após ter passado por um período de algumas peças teatrais que as antecederam e da audição dos trechos principais em concertos. O autor menciona ainda na Introdução do seu livro que 
"parecia difícil, em meados do século passado, reunir em São Paulo, orquestra, côro, bailarinos e cantores para, na encenação conveniente, fazer representar óperas completas. A inauguração do Teatro Provisório Paulistano na rua Boa Vista, a 23 de agosto de 1873, resolveu em parte o problema e ali teve lugar no ano seguinte a nossa primeira temporada lírica."
O resultado dessas ações foi que "as óperas nacionais, hauridas as fontes mais puras da inspiração musical, tiveram então o acolhimento merecido por parte do público brasileiro."

Por fim, na Introdução ao livro propriamente dito, o autor fez a observação de que "infelizmente o fechamento do Teatro Municipal interrompeu a sequência das temporadas e a narrativa dêste livro, que visa homenagear o quarto centenário da fundação da cidade de São Paulo" e que "foi seu intúito (...) preservar do olvido os pobres grandes cantores e dar abrigo às nossas desprezadas tradições gloriosas."

Das minhas leituras depreendi que as duas primeiras temporadas líricas oficiais tiveram início no acanhado Teatro Provisório (1874 e 1875), objeto deste artigo, estendendo-se em seguida ao Teatro São José as temporadas seguintes. ¹

Será rigorosamente observada a grafia da época em que as matérias foram escritas pelos seus autores.


II.  1ª  TEMPORADA LÍRICA NO TEATRO PROVISÓRIO EM SÃO PAULO


Já disse que [CERQUERA, 1954, 1] inferiu de suas pesquisas que, em plena época imperial, 
"a primeira temporada lírica realizada em São Paulo data de 1874. Um reduzido grupo de cantores, sob a direção de J. Ferri, incumbiu-se de iniciar os paulistanos na arte operística, interpretando no Teatro Provisório alguns trabalhos de Verdi, Bellini e Donizetti. (...) Devido ao repertório e ao idioma usado, a companhia lírica era considerada 'italiana', se bem que esta não fosse a nacionalidade de grande parte dos seus elementos componentes." 
O maestro Gabriel Giraudon, por exemplo, era francês, dirigindo o seguinte elenco: soprano Emilia Pezzoli, tenor Giuseppe Limberti e baixo Jorge Mirandola. Consta que a soprano Emilia Pezzoli passou da coloratura de "Lucia de Lammermoor" aos acentos pungentes de "Norma" e "Il Trovatore". Pezzoli ainda brilhou cantando os três primeiros atos do "Ernani" e árias avulsas. Por sua vez, o tenor Giuseppe Limberti, dias depois, foi ovacionado nos três primeiros atos de "Lucia" e no 2º ato de "Gemma di Vergy". O baixo Jorge Mirandola escolheu a "Norma" para o seu benefício.

O elenco completo de cantores que se apresentaram nesta temporada de 1874 foi: soprano Emilia Pezzoli, mezzo sopranos Marietta Polonio, Luisa Canepa; tenores Giuseppe Lamberti, François, Rego; barítonos León Barcena, Ferri, Prévost, Bonfanti; baixos Jorge Mirandola, Juan Canepa.

A abertura da temporada deu-se a 1º de novembro de 1874 com o "Attila" de Verdi (ópera que nunca mais seria apresentada em futuras temporadas líricas nos teatros paulistanos), tendo no papel-título o baixo Jorge Mirandola e atuando como Odabella o soprano Emilia Pezzoli . No dia 2 de dezembro, aniversário natalício do imperador Pedro II, subiu à cena "Lucrezia Borgia" de Donizetti, espetáculo de gala em homenagem ao monarca brasileiro. A companhia se despediu a 30 de dezembro, com "Il Trovatore". O repertório dessa 1ª Temporada Lírica, além dessas três óperas mencionadas, compôs-se das outras seguintes: Ernani, Lucia di Lammermoor, Norma e La Traviata.

Em resumo, o repertório dessa primeira temporada de 1874 incluiu 4 óperas de Verdi (Attila, Ernani, La Traviata e Il Trovatore), 2 de Donizetti (Lucia de Lammermoor e Lucrezia Borgia) e 1 de Bellini (Norma).

[CERQUERA, idem, idem] justificou o corte temporal (1874) que adotou no seu trabalho em razão de ter sido a primeira vez que um conjunto trouxe a público a ópera integral. Não que representações dramáticas não tivessem existido antes, "entremeadas de páginas musicais e dos concertos de canto, que mereciam as predileções do público em plena época imperial"; mas, em 1874, eis que surgia a ópera, naturalmente, "não imposta ao gosto e aos hábitos dos paulistanos", na sua forma característica de espetáculo completo, abrangendo o caráter lírico e o dramático.

[SILVA, 2008, 64] situa também em 1874 a primeira temporada lírica paulistana.


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Na cronologia da trajetória da ópera "La Traviata" pelo mundo, consta a encenação no Teatro Provisório de São Paulo, em novembro de 1874, contracenando os seguintes cantores : soprano Emilia Pezzoli no papel de "Violetta", tenor Giuseppe Limberti como "Alfredo" e baixo León Barcena como "Germont".
Cf. in http://www.lavoceantica.it/Cronologia/S%20-%20T/Traviata.htm

Importante ressaltar que o mesmo link acima citado registra uma apresentação de 'La Traviata" no Teatro Pedro II do Rio de Janeiro em outubro de 1871, anterior, portanto, à de São Paulo (1874), contracenando, naqueles respectivos papéis já mencionados: Amelia Pasi, Emidio Ballerini e Cristiano Marziali.


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III.  2ª  TEMPORADA NO TEATRO PROVISÓRIO DE SÃO PAULO


De acordo com [CERQUERA, 1954, 2], a 2ª Temporada de ópera paulistana de 1875 começou mais cedo: 16 de maio, no mesmo Teatro Provisório. Entretanto, localizei a seguinte notícia intitulada "Companhia Lyrica Italiana" ² na edição de 16 de maio de 1875, p. 3, de A Província de São Paulo, pela qual se pode inferir que a temporada foi inaugurada no dia 15 de maio, verbis
"Companhia Lyrica Italiana  Está annunciada para hoje 2ª representação da opera Um baile de mascaras. Ao escrever estas linhas ainda não conhecemos o resultado da estréa de hontem. As condições da companhia são regulares, maximè attendendo a que acha-se ella muito melhorada do que foi ha mezes, com a acquisição de mais alguns artistas de merecimento. São elles, entre outros, a signora Cortese (sic), e os srs. Pasini e Pons. O ultimo nos é conhecido. Pasini tem boa fama. Cortese, graciosa creatura do bom Deus, entre grega e italiana, artista sem deixar de ser mulher, é muito para ouvir-se... e para vêr-se. Da orchestra é que não temos a contar grandes novidades. Se não houve augmento de professores, conta-se ao menos abundancia de maestros regentes, Julio Poppe e Giraudon."
[CERQUERA, 1954, idem] faz a seguinte curiosa observação para essa 2ª Temporada Lírica oficial: 
"A inclusão de novos elementos no elenco, como a soprano Augusta Cortesi, avivou o interêsse pelo repertório, acrescido de "Un Ballo in Maschera", Barbiere di Siviglia", "Romeo e Giulietta", "La Favorita" e "Nabucco". Além disso, viu-se o público pela primeira vez diante de um torneio de cantoras, dividindo-se em favor de Emilia Pezzoli ou de Augusta Cortesi e desenvolvendo o próprio senso crítico. O acanhado ambiente artístico favorecia o embate de opiniões que, estribadas ainda no inevitável método comparativo, levam os diletantes à análise superficial da interpretação."
O elenco completo de cantores que se apresentaram nesta temporada de 1874 foi constituído pelos sopranos Emilia Pezzoli, Augusta Cortesi; mezzo sopranos Adah St. Clair, Luisa Canepa; tenores Giuseppe Lamberti, François, Rego; barítonos León Barcena, Prévost; baixos Jorge Mirandola, Eduardo Pons, Juan Canepa, Pasini.

Na edição do dia 18 de maio de 1875, França Júnior, na coluna Folhetim, da Província de São Paulo, após explicar o libreto, descreve a récita de "Un Ballo in Maschera" com esse mesmo título:
"Un Ballo in Maschera — Prescrevem as leis da boa etiqueta, em nome das conveniencias sociaes, que ninguem entre pela primeira vez em uma casa sem apresentação. Quem quererá apresentar-me à  Provincia de São Paulo? (...) 
A musica tornou-se uma mania tal n'este torrão dos Amadores Buenos, dos Feijós e dos Andradas, que muito breve teremos o dissabor de vel-o estourar como uma cigarra em calmosa manhã de estio. Canta-se em italiano e hespanhol, e d'aqui a alguns dias a musa garrida de Offenbach virá casar os couplets de suas cançonetas às melodias de Verdi e aos mimosos trechos de Gaztambide. Quem te viu e quem te vê, meu dilecto S. Paulo! Outr'ora cantavas ao luar, na doce lingua de teus avós, ao som do violão plangente. Se um ou outro piano acordava-te os echos adormecidos, era para fazer ouvir a — polka do Rosas — ou alguma singela schottisch. Carlos Gomes não havia sonhado ainda os louros do Guarany. Cantava-se no theatro, pelas ruas e nas republicas o seu famoso Hymno Academico, dedicado à mocidade — "branca nuvem de um roseo porvir", na bella phrase de Bittencourt Sampaio. Hoje já não se ouve mais a viola do caipira a soluçar tristes endeixas. Teus pianos tornaram-se  uma epidemia como a bexiga, e executam, no rigor do termo, musicas de Bellini, Flotow, Verdi, Meyerbeer, Halévy,  o vasto repertório emfim de todas as escolas. És uma verdadeira Pianopolis! (...) 
Quem te viu e quem te vê, S. Paulo! Eis a razão porque entro hoje pela primeira vez pela Provincia a dentro, a cantar. Venho fallar de musica. Trago debaixo do braço a partitura do Ballo in Maschera. Esqueçam-se os leitores por momentos da companhia de Zarzuelas, e conversemos acerca daquela que estreou-se sabbado (dia 15/5) no theatro Provisorio. De todas as operas de Verdi, um dos mais fecundos compositores da Italia depois de Donizetti, o Ballo in Maschera é a que mais falla ao coração. É uma musica inspirada desde a primeira nota até à ultima. A melodia corre suave e fresca e às vezes travessa, como as auras da patria que lhe deu o berço, e a instrumentação impõe-se pelo vigor do colorido. Condemnem embora os classicos os thesouros do maestro, Verdi jamais decahirá da popularidade que tem sabido conquistar em todo o mundo. Bem sei que suas composições não cheiram o conservatorio, como as de Beethoven, Weber, Mozart e as do moderno Wagner. Que importa? O coração não conhece compendios; e entre a musica que fala ao cerebro e a que nos arrebata a alma ha um abysmo tão fundo como entre os idylios de Lamartine e uma pagina de Humboldt. Prefiro Verdi com todos os seus erros e extravagancias aos classicos do seculo XVIII com as suas sonatas, madrigaespastoraes e oratorios a extravasarem sciencia. O Ballo in Maschera assignala uma epocha no estilo do seu author. Não se encontra alli uma cavatina com recitativo, andante e allegro, como em suas operas anteriores e em outras de Bellini, Donizetti, Mercadante, etc. Ha trechos isolados, pedaços soltos, que se destacam dos concertantes, como rasgos de eloquencia em um discurso habilmente elaborado. O romance em que se basêa a opera, resume uma pagina da historia da Suecia, mutilada pelas conveniencias   da scena e da musica. (...)
Eis o poema, para o qual escreveu Verdi tão inspirada música. O desempenho da opera foi o melhor que se podia desejar. O tenor, o baixo, os barytonos, e os dous sopranos já eram conhecidos do publico do Rio de Janeiro, onde alguns têm cantado por diversas vezes. Logo no primeiro acto os espectadores tiveram occasião de julgar do talento da srª Cortesi na ballata: 
"Volta la terrea fronte alle stelle." 
Sua voz fresca, embora pouco volumosa, é de um timbre argentino e suave, e presta-se maravilhosamente ao canto ligeiro. Incarnando-se no gracioso pagem, a artista foi saudada pelo publico intelligente que enchia a sala, e applaudida assaz no pequeno romance  Oscar lo sa  do ultimo acto. O tenor, o sr. Limberti, esteve em uma de suas bellas noites. Coadjuvou-o a srª Pezzoli, que em todo o terceiro acto e no duetto final do quinto bem mereceu as palmas que por vezes alcançou. Embora transportada e accomodada às cordas de sua voz, foi dita com sentimento a bella phrase: 
"Deh! mi reggi, m'aita, o Signor, / Miserere d'un povero cor." 
A srª St. Clair ainda não era conhecida dos capitalistas. Quando digo capitalistas  não pensem os leitores que me refiro aos homens de dinheiro, mas sim aos habitantes da capital; pois aquella artista já se fez ouvir em Campinas, onde foi bastante applaudida. A parte da cigana no Baile de Mascaras é insignificante, porém de difficil execução. A srª St. Clair cantou-a conscienciosamente. Andaram menos mal também o barytono, e o pequeno Pons, que embora n'uma pequena parte revelou não ser tão pequeno como parece. D'entre os trechos da opera o que mais caiu no gôto do publico foi o coro e a cena do final do terceiro acto: 
"E che baccano sul caso strano / E che commenti per la città." 
Brevemente verão os leitores este pedaço popularisado pelos pianos e pelo assobio do garoto, que são para a musica o que a gravura é para a pintura. Finalmente S. Paulo possui uma companhia lyrica bem regular. Terminando estas linhas escriptas ao correr da penna não devo passar em silencio dos nomes: Poppe e Giraudon. Recebam estes artistas o nosso parabem." 
Na mesma edição, na coluna Noticiário, p. 3, há uma matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana, que, no fundo, constitui uma fina réplica à interpelação de França Júnior, na coluna Folhetim, claramente destinada a dar as boas vindas da Província de São Paulo ao novo jornalista. 
"Companhia Lyrica Italiana — Em rigor, dado o titulo desta gazetilha, devia o noticiarista limitar-se a remetter os leitores ao Folhetim, aonde está com a palavra um cathedratico em taes assumptos, o distincto e conhecido sr. França Junior. Nada accrescentaremos ao juizo e exposição que formula sobre aquella — embriaguez de harmonias em 5 actos — o Baile de mascaras. 
Alem do mais, (digamol-o a puridade e sem offensa) bem poucos foram ao theatro admirar a esplendida composição de Verdi. Uns foram matar saudades da Pezzoli; outros, verificar se as ostras e os banhos salgados na barra de Santos transformaram o Limberti, tornando-o mais forte, mais gordo... e menos constipado; muitos outros foram ver a Cortesi (leia-se "ouvir"); alguns ainda foram verificar, se a companhia italiana vale um calcanhar das zarzuelas. Dispensado de desenvolver esse programma, graças ao Folhetim, limita-se o noticiarista a agradecer o sueto ao folhetinista, convidando o publico a ler o mestre. E de que apuros salva-nos o sr. França Junior! No momento, a não ser o feriado, seria dever do Noticiario satisfazer a curiosidade geral sobre a questão de saber quem ha de ser a diva, no Provisorio: — Cortesi ou Pezzoli?    Espinhoso assumpto!  
O difficil encargo da Páris, o Salomão da Grécia, o primeiro specimen do juiz de pas, condemnado a sentenciar preferencias entre Juno, esquiva castidade de côrsa, Minerva, a fria sisudez de couraça e capacete, e os seios perfumados e ardentes da meiga filha das ondas do Egêo. A proposito, e para findar: Para quarta-feira está annunciada a magnifica opera de Donizetti — Lucia de Lammermoor. E o que não é somenos: A signora Cortesi faz a parte de "Lucia"." 
Na edição do dia 22 de maio de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — Está annunciada para hoje a sempre festejada opera de Verdi — O Trovador. Canta a parte de Leonora a srª Pezzoli, já bem conhecida entre nós, n'este como em outros paises. A signora Adah St. Clair toma a si a parte da cigana. Esta ultima artista, contralto bem regular, vae ao certo dar a esta partitura vantajosas condições de exito. "
Na edição do dia 23 de maio de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — Annuncia-se para hoje a 2ª representação da Lucia de Donizetti, opera que ha poucos dias obteve o brilhantissimo exito que lhe trouxe, além de outras condições, o concurso da eximia cantora, signora Cortezi (sic), no papel da protagonista. Vamos ainda uma vez deliciar-nos com as melodias suavissimas da privilegiada artista, que na 1ª exhibição da partitura de Donizetti soube encamtar os mais exigentes dilettanti de nosso publico. É para crêr, além do mais, a que muitos senões da 1ª representação sejam agora removidos, o que dará maior realce aos dotes da artista que toma a si o mimoso papel de Lucia."
Na edição do dia 25 de maio de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Theatro Lyrico Italiano a seguinte nota: 
"Theatro Lyrico Italiano — Tivemos no ultimo sabbado O Trovador, cujo successo deixou muito a desejar, não obstante os esforços da signora Pezzoli e de mais artistas que interpretaram os principaes papeis, e apesar de bons momentos daquella, do sr. Limberti e da signora Adah. Se em uma terceira tentativa não conseguir melhor prova entre nós, é que está decididamente malfadada essa opera, e o melhor será concederem-lhe moratoria, meio unico de evitar desastrada fallencia. Não está ajustada aquella peça, ainda lhe falta muito e muito para ganhar a carreira regular que entre nós levam, desde os primeiros tempos da companhia n'esta cidade, a Norma e a Traviata, e mais recentemente o Baile de Mascaras e a Lucia.  — Esta ultima partitura obteve ante ontem segundo e felicissimo êxito. Se alguma cousita de menos houve em confronto com a primeira representação, como por exemplo alguns compassos de musica engolidos no 1º acto pelo sr. Barcena, em compensação a orchestra andou, d'esta feita, com muito mais juizo, pelo que justos louvores cabem ao sr. Giraudon e seus professores; o magnifico concertante do final do 2º acto, uma das mais explendidas inspirações da partitura, poude expandir-se em melhor luz; e a propria signora Cortesi excedeu-se a si mesma em muitos lances, notadamente no que respeita à accentuação dramatica do seu papel, no 2º acto. De tal arte, provou a eximia artista que plenamente podia satisfaser às exigencias de um nosso collega da imprensa, que observou-lhe indifferença ou ao menos rapidos descuidos na interpretação scenica do papel. Melhorou, e melhorou sem cair no vicio opposto, sem cahir na exageração e superabundancia de gestos avolumados, sempre improprios à indole de um papel de ingenua, como já houvemos ensejo de dizer. A signora Cortesi e sr. Pons (este na flauta) continuaram a fazer prodigios no 3º acto, ou antes no 2º quadro d'esta parte da opera, visto que o 1º quadro está omittido, ao que julgamos, pelas difficuldades do movimento de bastidores e mutações do scenario. Cortesi está difinitivamente constituida a fada milagreira do Provisorio. Seu canto e graciosa figura produzem o effeito da electricidade, dominando o audictorio, e provocando temporal desfeito... de applausos e flores. Foi o que occorreu ante ontem, no 2º e principalmente  no 3º acto de Lucia, em relação a esta artista. O sr. Limberti, n'esta peça, continuou a honrar o seu passado de artista. Agradou, e foi chamado a receber no proscenio manifestações do publico, apoz a grande aria do 4º acto, magnifico trecho que ha sido o Capitolio e tambem a Tarpéa de tantos e tantos tenores.  
— Agora a lição de musica ao mestre anonymo do Correio, visto que o noticiarista que escreve estas linhas não exime-se da condicção de discípulo em matéria de cantigas: 
Caro professor, a 2ª representação da Lucia foi-lhe resposta previa às suas observações: Em primeiro lugar, em quanto ao temporal na orchestra, pois que esta corrigio-se na segunda exibição da partitura, e quem corrige-se reconhece o mal; Em quanto ao ré bemól agudissimo, deve tambem tel-o ouvido na 2ª representação, e reconhecido que a vóz da artista, em certas evoluções do canto, póde chegar, e de facto chega a essas alturas, embora ao professor pareça isso perfeito impossivel. Uma cousa concede o noticiarista ao professor em gammão: Na nossa primeira noticia não foi precisa e clara a indicação do trecho em que opera-se a impugnada maravilha de vocalisação. Procure-a, não no 3º acto, aonde ha entretanto um agudissimo igualmente notavel no canto da artista, más sim no fim do 2º acto, no adagio, e ahi encontrará o terrível ré bemól, cuja noticia pareceu-lhe um canto hoffmanico. 
"Baile de mascaras Vae hoje à scena pela ultima vez esta opera lyrica, em que tomam parte as srªs Pezzoli, Cortesi e Saint-Clair. É regente da orchestra o sr. Poppe."
Na edição do dia 27 de maio de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada O Trovador a seguinte nota: 
"O Trovador — Comunica-nos a empreza que irá hoje no Provisório, não o "Baile de Mascaras", porém sim o "Trovador". (...) É uma das operas levadas mais regularmente entre nós. Mise en scène que, se não é melhor, podia ser peior; Divas a granel; E para cumulo de venturas aquella musica que sabemos, soberba musica, sempre muito para ouvir-se... mesmo de olhos fechados. 
Librettos — Recebemos um resumo em portuguez do libretto do Baile de mascaras, publicado pelo proprietário da typographia Allemã nesta cidade. Na mesma typographia já foram publicados os diversos librettos das operas cantadas pela companhia lyrica italiana."
Na edição do dia 29 de maio de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — Esta empreza leva hoje pela primeira vez entre nós a famosa opera buffa de Rossini — O Barbeiro de Sevilha, composição magistral quer pelo assumpto quer pela musica, velha partitura que até hoje continúa , sempre nova e explendida, a fazer o gyro do mundo civilisado, provando que nas bellas artes as obras primas são refractarias às imposições da velhice e da moda, por que guardam em si o segredo da eterna mocidade. O Barbeiro é talvez a peça que vae contar melhor carreira em nosso theatro, já pelo merito proprio, já por que melhor coaduna-se com o gosto geral do publico, e ainda por que na companhia actual é uma das que póde ser e está mais satisfactoriamente distribuida. Não contando os srs. Limberti e Mirandola, nossos conhecidos, o primeiro dos quais toma o papel de conde de Almaviva, e o segundo o de D. Basilio, temos para o famoso papel de Figaro o festejado barytono comico sr. Pons, para D. Bartolo o sr. Pasini, e para Rosina a signora Cortesi, artista que veste como uma luva aquella formosa creação de Beaumarchais, pois de si mesma já é a mais deliciosa Rosina que ha pisado terras de S. Paulo. 
Para que não estejamos a tagarellar em vão, e por que a opera o merece, daremos aqui o juizo de uma folha hespanhola, Las Provincias, de Valencia, a respeito da peça e da interpretação do papel de Rosina pela signora Cortesi: 
"Il Barbiere di Seviglia, esse precioso modelo de opera buffa, cuja graça e elegancia das melodias correm parelhas com o delicado, profundo e bem combinado da harmonia; esse sorprehendente spartito que tão extraordinarias reputações ha credo na arte do canto, e que gosa do privilegio de uma eterna juventude e louçania, foi a opera escolhida com muito acerto para o début da Cortesi, que nas noutes de sabbado e domingo obteve uma das ovações mais legitimas e enthusiasticas que registram os annaes de nosso aristocratico theatro. A signora Cortesi tem uma garganta privilegiada, emitte a voz com espontaneidade admiravel, e executa as mais difficeis passagens de agilidade com limpeza e singeleza de encantar. Seu estylo é correcto e elegante, sua voz clara e simpathica dobra-se com tal naturalidade às inflexões da melodia, que as frases musicaes brotam de sua privilegiada garganta com encanto sublime. Todas as notas das mais difficeis escalas, todas as que compõem os intervallos melodicos, por feliz que seja sua execução, quer procedam por graduações conjunctas ou disjunctas, sahem destacadas e marcadas, sem que por falta de alento ou vicio de emissão deixe-se de perceber tudo que está escripto, mesmo quando o canto joga com o registro mais fraco das cordas vocaes. A estas condições musicaes aggrega-se uma figura airosa e elegante e uma phisionomia por demais expressiva, que assignala perfeitamente a intenção do canto e exprime com singular vivacidade todos os effeitos da situação dramatica. Com taes faculdades a sympathica Rosina não podia deixar de encontrar na Cortesi uma fiel interprete. E assim foi: tanto na aria da sahida, como no precioso duo com o barytono, esteve a artista tão admiravel, que o publico em massa não so a interrompeu differentes vezes com seus enthusiasticos applausos, como fez repetir os dous trechos nas duas noites em que foi executada a opera." 
Foi ante-hontem pela segunda vez, o Trovador, e, benza-o Deus, melhor, bem melhor que da vez primeira. Em vários trechos obtiveram applausos as signoras Pezzoli, Adah, o sr. Limberti, e até o sr. Barcena. As honras da noute couberam entretanto à signora Pezzoli, que além das palmas teve tambem ramilhetes. Nesse andar, mais dia menos dia, obtem o Trovador as honras de uma ovação. Assim seja."
Na edição do dia 30 de maio de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — Repete-se hoje o Barbeiro de Sevilha, opera ao que parece destinada a fazer bonita carreira entre nós."
Na edição do dia 1º de junho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lêem-se nas matérias intituladas Companhia Lyrica Italiana, Espectaculo concerto e O dr. França Junior respectivamente as seguintes notas: 
"Companhia Lyrica Italiana — Cantou-se no sabbado e domingo ultimos o Barbeiro de Sevilha de Rossini, opera considerada classica, e que marca um dos periodos mais gloriosos do talento do maestro e da musica em França, influindo mais tarde tambem na Italia. O Barbeiro é em geral a pedra de toque das companhias líricas; era natural, pois, que enorme fosse a curiosidade do publico, sendo esta curiosidade augmentada pelas duas estréas dos srs. Pons e Pasini. O resultado da exhibição foi muito alem da expectativa geral. A srª. Cortesi é uma Rosina perfeita; compenetrou-se de todo o ponto de seu papel e dice-o com primor. Na sua grande aria — una voce poco fa — provou que uma voz póde fazer tudo, e até mesmo electrisar  uma platéa inteira, quando essa voz é dirigida por uma boa escola, quando conserva as sãs tradições da arte, o stylo puro, e se conforma com os ditames do bom gosto. Não sabemos se mais devemos admirar as novidades das variantes com que a srª. Cortesi bordou esta aria, se a correcção, a nitidez, a naturalidade, a propriedade com que ella as dice. Na lição de musica a artista mimoseou-nos com umas deliciosas variações de Rode — variações estas originariamente escriptas para o violino e que em 1832 foram pela primeira vez cantadas em um concerto do Conservatorio pela senhora Cinti-Damoreau. Foi a srª. Cortesi irreprehensivel neste magnifico trecho; o mesmo póde-se dizer do rondó da Cenerentola, com que ella coroou esta representação. O sr. Pons revelou-se Figaro di qualità, como ele mesmo o diz. Cantou com perfeita maestria, mostrando ser senhor da scena, e ter comprehendido as mil nuanças de seu papel. Houve um momento em que pelo espirito o sr. Pons elevou-se à altura de Frederik Lemaire. Lindoro trata de obter as boas graças do engenhoso Figaro, e este para vender-se caro exclama com voz lastimosa e velhaca:  e a crise? Ha um mundo de idéas nesta exclamação, é ella verdadeiro poema... de occasião e de espirito. O sr. Pasini é um Bartolo que satisfaz mui bem o ideal da opera de Rossini. Interpretou bem a sua parte, e secundou perfeitamente a srª. Cortesi e Pons. O sr. Limberti não estava no seu genero. Lindoro requer uma voz fresca, um tenorino ligeiro. Mas nem por isso houve-se elle de modo a comprometter a execução deste spartito. D. Basilio, o sr. Mirandola, bem andou no seu papel, e notadamente na chamada aria da calumnia, mostrando poder até certo ponto modificar o seu genero e adaptar sua voz à musica de mezzo caracter. Agora alguns reparos, para que se não diga que não somos impertinentes, como é preciso que seja a imprensa que se propõe sinceramente a animar os artistas: D. Basilio bem póde carregar menos os traços do papel, o qual para ser cômico e grotesco dispensa exagerações, maxime quando destoam estas da ronha de Tartuffo que constitue o caracter do personagem. Ao sympathico sr. Pons pediremos que cante um poucochito mais piano o seu duetto com Rosina. A prima donna que neste duo é a parte principal quasi desapparece, cantando Figaro, como canta, com a bravura com que fez-se ouvir. A orchestra, dirigida pela batuta Poppe, comportou-se geralmente bem."
"Espectaculo concerto — Para hoje annuncia-se, no Provisório, a exibição do menino Dangremont, violinista precoce e largamente encomiado como verdadeiro prodigio. A companhia lyrica italiana completará o espectaculo com alguns actos do Trovador.  Desde que S. Paulo deixou-se transformar em caixinha de musica, é obrigatoria a concurrencia publica ao teatro para honrar o incontestavel merito daquela maravilhosa creança."
"O dr. França Junior — Volta hoje para o Rio este nosso colega, distincto e conhecido jornalista e litteratto, o qual por motivos de saúde esteve n'esta capital alguns dias, e aonde encontrou a cada passo as reminiscencias de seu passado academico. Essas reminiscencias soube elle evocar das sombras em alguns notaveis folhetins publicados em jornaes d'esta cidade."
Na edição do dia 06 de junho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — É difficil, pelo menos perigoso, cumprir hoje o encargo de dar a critica da representação da Norma, cuja interpretação affectuou-se ante-hontem no Provisorio. Se não era grande a affluencia de espectadores, immenso era o enthusiasmo de que se achavam possuídos os dous partidos que já se desenham entre os dilettanti. Dous partidos, sim, pois hoje contamos cortesistas e pezzolistas a lutarem de applausos, ramilhetes e exclamações enthusiasticas. Para felicidade de todos, e também do bom criterio, forma-se entretanto entre os dous partidos o partido neutro, ou moderador como diria algum imperialista enragé e a opinião d'este é, até certo ponto, a do hespanhol que elevado à categoria de Páris por duas muchachitas lhes respondeu: "quanto mais olho para uma, me parece mais bella que a outra." Nós que ouvimos gregos e troianos em relação às duas prima-donnas, formamos tambem o nosso juizo e aqui o damos com inteira franqueza: 
A signora Cortesi, tomando a parte de Adalgisa, trouxe à opera de Bellini nova e brilhantissima phase, concorrendo mesmo para que melhor andassem a Norma e Pollião. O torneio de emulação entre Adalgisa e Norma foi principalmente notorio e de maximo proveito à execução geral da peça. A signora Pezzoli dice mui bem a Norma, na medida de seus recursos vocaes, embora tivesse de ceder alguns ramos de seus louros à Diva antagonista, no que respeita à facilidade e recursos da vocalisação. A signora Cortesi póde-se dizer que criou uma Adalgisa apropriada às peculiares condições em que achava-se em um papel de contralto, apenas accidentalmente modificado no sentido de aproximar-se às cordas de seu canto. E n'isso ainda uma vez mostrou o que póde fazer à arte, quando ha della plena consciencia e boa escola. É difficil, e nem será de boa delicadeza extremar confrontos entre as duas artistas. Basta dizer (e o fazemos no absoluto proposito de cortezia) que cada uma tem seu genero, cada uma dispõe de um registro vocal differente , e mesmo cada uma filia-se à escola de canto diversa. A signora Pezzoli inspira-se mais no libretto; a signora Cortesi inspira-se melhor na musica. D'ahi propriedades especiaes a cada uma. Aquella seria uma excellente Elisabethe d'Inglaterra; esta se compenetraria melhor do papel de Iphigenia de Racine. A primeira parece mais accommodada à musica de Verdi; a segunda excellentemente se identificará com Bellini e Donizetti. Quanto às duas artistas, ficamos aqui, talvez já tendo dito de mais, no espinhoso encargo de ser franco sem desagradar a ninguem. Quanto à execução (sem calemburgo) da opera pelos demais artistas, pode-se affirmar que foi regular. O sr. Limberti teve bons momentos, o sr. Mirandola andou geralmente bem e dice com justos applausos sua aria do ultimo acto. O trio entre Norma, Adalgisa e Pollião esteve a ir à garra e a orchestra não foi extranha a este contratempo. Esperemos por uma segunda representação, na qual sem duvida desapparecerão alguns senões que notamos nesta. Ao sr. Giraudon que está na regência, visto o sr. Poppe estar na rabeca, compete attentar para a boa execução por parte de seus artistas, incluindo até a rabeca Poppe. Não é sem fundamento que isto levamos dito; por mais de uma vez vimos os cantores se incommodarem com os movimentos da orchestra."
Na edição do dia 08 de junho de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lêem-se nas matérias intituladas Companhia Lyrica Italiana e Espectaculo Concerto respectivamente as seguintes notas: 
"Companhia Lyrica Italiana — Tivemos no ultimo sabbado o Barbeiro de Sevilha, e no domingo a Norma. O Barbeiro continuou muito applaudido. Na scena da lição corria como certo que a signora Cortesi substituiria as variações de Rode, trecho cantado nas duas primeiras exibições da partitura, por um novo e não menos famoso trecho de musica  L' éclat de rire (a gargalhada), preciosa canção franceza de muita nomeada; porem não houve substituição, e uma vez mais teve o publico as bellissimas variações conhecidas. Muita gente vae pensar que a signora Cortesi reflectio melhor, e guarda L' éclat de rire para ultima despedida dos dilettanti. A Norma, no domingo, foi um temporal de applausos e flores. Os dous partidos, cortesistas e pezzolistas, subiram ao setimo céo do enthusiasmo, de modo que a respeito da execussão da partitura só uma cousa é possivel dizer com segurança e sem perigo de quebra da neutralidade que convém aos prudentes, a saber: Pezzolistas applaudiram freneticamente e cobriram de flores a sua diva; Cortesistas idem, a sua. Até houve bis de ramilhetes. Tudo vae a mil maravilhas, emquanto não houver excessos. Haja plena liberdade e sincera tolerancia religiosa. Applauda cada qual sua divindade, mas com inteiro respeito à religião alheia. É até isso o que pede a delicadeza, sempre devida a mulheres, esses meigos feixes de espinhos que dominam o mundo e trazem na fronte a aureola de rainhas, seja em um throno, seja no lar, seja nas taboas de um patibulo, ou no proscenio, o qual é throno e patibulo ao mesmo tempo." 
"Espectaculo Concerto — Dá hoje o menino Dangremont segundo concerto. O programma refere o que deve tocar o festejado e travesso Paganini em miniatura. Será completado o expectaculo com os três primeiros actos da Lucia de Lammermoor, a mimosa creação de Donizetti tão bellamente interpretada pela signora Cortesi. Consta-nos que os artistas da companhia lyrica vão offerecer ao pequeno violinista uma medalha de ouro, em reconhecimento do seu mérito e da sua precoce e prodigiosa vocação musical."
Na edição do dia 10 de junho de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, nas matérias intituladas Companhia Lyrica Italiana e A Favorita, e na coluna Secção Livre, na matéria intitulada Teatro Provisório (Espectaculo de 8 de Junho), todas de A Província de São Paulo, lêem-se respectivamente as seguintes notas: 
"Companhia Lyrica Italiana — Deu-se ante-hontem o 2º concerto do menino Dangremont, sendo completado o espectaculo com os 3 primeiros actos da Lucia, pela companhia italiana. Applaudidos com enthusiasmo e cobertos de flores, o menino violinista, nos dous trechos que tocou, e a signora Cortesi no papel de Lucia. Esta, em scena aberta, e de parte da companhia larica, mimoseou o pequeno artista com uma linda medalha de ouro, justo apreço daquella explendida embora embrionaria vocação artistica. Para hoje annuncia a empreza lyrica a applaudida e mimosa opera de Verdi — A Traviata, tomando o papel de Violeta a signora Pezzoli."   
"A Favorita — A typographia Allemã, desta capital, acaba de publicar o libretto da opera Favorita, com a traducção em verso portuguez ao lado do original italiano. Agradecemos ao editor o exemplar com que nos mimoseou."
"Teatro Provisório (Espectaculo de 8 de Junho) — Como estava annunciado deu-se terça-feira no Provisorio a representação de tres actos da Lucia de Lammermoor, tocando nos intervallos o notabilissimo menino Dangremont. Poderiamos resumir os acontecimentos da noite do seguinte modo: Primeiro acto — (no palco) musica fortissima, mais ou menos desafinada até a scena IV — então delicadezas, gorgeios acompanhados por Alisa com abundantes rr francezes — (na platéia) no principio do acto — dictos espirituosos, sorrisos, applausos destacados, isolados, com intervallos rhytmicos. Scena IV — salva cortesista de palmas, depois silencio, novos e enthusiasticos applausos. Até o fim do acto o enthusiasmometro varia, dando uma média de semi-rubro. Segundo acto — A platéa não morre de amores pelo comportamento de Lord Ashton; Lucia com um sorriso e meia duzia de volatas transforma a malquerença publica em benevolencia, expressa por nova batteria de palmas salpicadas de bravos. Raymundo approveita da occasião e apezar dos seus attentados musicaes é incluido nos triumphos à Diva destinados. Em seguida houve um côro de risada, caro executado pela platéa e parte dos artistas; a orchestra sizuda como um inglez acompanhou o enxerto feito à musica de Donizetti com a propria musica do maestro. Logo depois, no  sextuor, Edgardo esquecendo-se das tradicções delicadas de família enfurece-se como um Iroquez, ou algum filho selvagem do Far, far west. A bellissima concepção musical de Donizetti assim mesmo foi justamente applaudida. No terceiro acto — Só ouviu-se a deliciosa expressão da loucura de Lucia, e admirou-se o esmero com que a prima-donna dice este magnifico trecho, e a propriedade de sua mimica. Nos intervallos: O menino Dangremont a maravilhar com o seu violino, mui principalmente na variação final do Pirata, e no Souvenir de Haydn destacando perfeitamente a parte cantante das notas de acompanhamento. Como de justiça o pequeno violino foi muito e muito applaudido. A companhia Lyrica  fazendo-se representar pela srª. Cortesi mimoseou o artistazinho com uma medalha de ouro. Houve nesta occasião um cortesista, 18ª dynamisação que comparou a prima-donna a Consuelo, e o menino-prodigio a Haydn. Deu fim a esta noite uma avalanche de bouquets colossaes que passaram das mãos do regente da orchestra para as dos dois laureados artistas do publico — Cortesi e Dangremont. 
Melomano."
Na edição do dia 12 de junho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lêem-se nas matérias intituladas Companhia Lyrica Italiana e Ernani respectivamente as seguintes notas: 
"Companhia Lyrica Italiana — Cantou-se ante-hontem no Provisorio a Traviata, opera por mais de uma vez ouvida entre nós. A signora Pezzoli dice mui regularmente o papel de Violetta, sendo em geral ouvida com muito agrado nos trechos que não excedem as cordas medias de sua vôs. Se nos desculpa um reparo, notaremos que não nos parece de todo exempto de correcção o traçado geral de seu papel na parte dramatica. Maximè no ultimo acto, ha visivel excesso nos transportes scenicos. O typo de Maria Duplessis, o ideal da dama das camelias, é sempre mais mimoso que heroi-tragico, mesmo ao morrer. Em compensação, é de notar que a signora Pezzoli cantou em geral com menos aspereza, com mais cuidado e muita vez com esmerado sentimento algumas das bellas phrases musicaes do popular maestro. Teve a artista justa recompensa de seus exforços na estrepitosa e florida ovação que lhe fizeram seus admiradores, sendo mais de uma vez chamada ao proscenio e victoriada debaixo de uma verdadeira saraivada de bouquets. Abstemo-nos de avançar qualquer juízo com relação ao sr. Limberti, que apesar de tudo teve alguns momentos felizes, em attenção ao seu estado enfermo. Com prazer notamos que o sr. Barcena mostrou ter-se applicado conscienciosamente à interpretação de seu papel. Cantou elle com bastante justeza e sentimento artístico o pequeno papel de Germont Georgio, nomeadamente o duetto  com Violetta, e o outro com Alfredo. Se o sr. Barcena pudesse ser elevado à cathegoria de Diva, dar-lhe-iamos a palma da noite, e o dizemos com sinceridade e franqueza. Sem receio de sermos contestados affirmamos que a exhibição desta partitura não occupa um dos ultimos logares entre as demais ouvidas até aqui." 
"Ernani — Está annunciada para hoje a representação desta opera de Verdi; opera que na opinião de muitos constitue uma das mais fulgentes pedras da corôa de glorias do laureado maestro italiano. A signora Pezzoli desempenhará o papel de Elvira. Ernani, o sr. Limberti."
Na edição do dia 15 de junho de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — Cantou-se no sabbado o Ernani e no domingo a Traviata. — O Ernani andou assim a modos de ensaio geral, e se não lhe ajustam o rumo arrisca-se a correr nas aguas do Trovador— A Traviata, sim, andou de melhor a melhor. Principalmente o segundo acto foi cantado com muito sentimento e justeza pela srª Pezzoli, e srs. Barcena e Limberti. Sentimos ainda não poder dizer a mesma cousa do trabalho daquella artista no ultimo acto. Andou um tanto melhor que na primeira noute, é certo; houve mais mimo, mais abatimento proprio de uma poitrinaire, porém tudo isso ainda incompleto, pedindo ainda mais correcção artistica. Observamol-o, porque a signora Pezzoli está visivelmente em veia de esmeros e aproveitados exforços, depois que a emulação bateu-lhe à porta. Para amanhã annuncia-se um espectaculo em beneficio da signora Cortesi. Deve ser uma noute plena."
Na edição do dia 16 de junho de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — Está anunciado para hoje um atrahente espectaculo. É a festa da distincta e festejada prima-donna, signora Cortesi. Teremos a sempre applaudida Lucia de Lammermoor, uma scena de Ruy Blas, e um Bolero especialmente composto para ser n'esta noute cantado pela beneficiada."
Na edição do dia 18 de junho de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — Correo brilhantemente o espectaculo em beneficio da signora Cortesi. A primorosa interpetração da Lucia, principalmente no 3º acto, foi para a eximia artista uma explendida ovação, sendo por trez ou quatro vezes chamada ao proscenio e coberta de flores e applausos enthusiasticos. Alem de lindissimas e abundantes bouquets, recebeu a beneficiada diversos mimos de valor. A composição expressamente escripta pelo sr. Giraudon para esta noute foi cantada pela beneficiada com maestria, sendo applaudida, e bem assim o maestro compositor. Pareceo-nos um tanto longa e monótona, pelo menos. Fechou o espectaculo, obtendo as honras de bis o mimoso duetto de "Ruy Blas" cantado pela beneficiada e pelo sr. Barcena. Aquelle specimen da bellissima partitura de Marchetti deixou no animo de muita gente o vivo dezejo de vel-a em scena por inteiro. — Para sabbado está annunciada a famosa composição de Bellini — Romeo e Julietta."
Na edição do dia 19 de junho de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — Está annunciada para hoje a opera de Bellini  Romêo e Julietta. Toma o papel de Romeo a srª. Pezzoli, e o de Julietta a srª. Cortesi."
Na edição do dia 20 de junho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lêem-se nas matérias intituladas Romeo e Julieta e Libretto respectivamente as seguintes notas: 
"Romeo e Julieta — Dá-se hoje a 2ª exibição d'esta interessante partitura." 
"Libretto — A typographia Allemã publicou o da opera Romeo e Julieta. Agradecemos o exemplar que nos foi remettido."
Na edição do dia 22 de junho de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lêem-se nas matérias intituladas Companhia Lyrica Italiana Norma respectivamente as seguintes notas: 
"Companhia Lyrica Italiana — Tivemos no sabbado e domingo o Romeo e Julietta, de Bellini. A primeira exhibição, a de sabbado, a fallar com franqueza, foi verdadeira hecatombe, no scenario e na orchestra, apezar de ser esta levada a dous regentes. A opera foi imprudentemente levada à scena sem os necessários ensaios, degringolando de principio a fim por uma serie tão continuada de infelicidades, a auctorizar a persuasão de que até àquela noute ficára entre os bastidores o satanaz, protector dos artistas em phosphorecencias e bruxarias, srs. Fay & Keller. Uma das provas da presença satanica entre os bastidores, naquella noute, foi o risco de grave desastre occorrido com a signora Cortesi. Ao receber aquella artista um bouquet, apoz a sua bella aria do 1º acto, o duende, transformado em linguas de fogo, desprendeo-se de um bico de gaz, e, na desasada cortesia com que beijou-lhe a fimbria do vestido, ia-lhe infligindo a terrivel pena da fogueira, com que nos antigos tempos era praxe castigar  feiticeiras
Para felicidade de Bellini, e do publico, a segunda representação da opera no domingo salvou a situação. Já não foi mal ajustado ensaio, e a exhibição correo como é possivel exigir-se em um teatro de provincia. O sr. Limberti, intolerável na primeira noute, teve bons momentos, embora ainda continúe a ser um Thebaldo mal traçado e mal ensaiado. A signora Pezzoli dá um Romêo forçado, Romêo em falta de melhor. Nada podemos exigir em quanto à conveniencia de ser o papel cantado por um contralto absoluto; estamos entretanto no direito de desejar desta artista mais expressão, mais alma, mais emoção dramatica. Póde e deve ser menos fria. O Romêo historico é sempre um vulcão, quer nos mimos do amor, quer nos rancores e na valentia cavalheresca de nobre Montecchio, quer nos tristíssimos transes que lhe traz a supposta morte da sua Julietta. Ao certo ainda havemos de ouvil-a (a signora Pezzoli) muito melhorada. Com sinceridade o esperamos. A signora Cortesi, até certo ponto victima do desastre geral na primeira noute, no domingo esteve na altura de seus dotes artisticos. E foi pena. Uma pequenita descahida vem muita vez a proposito, para que o publico se não aborreça com a monotonia  do constantemente correcto  e do laus perenne. Veja, não lhe aconteça o que sucedeu ao celebre atheniense condenado ao ostracismo pelo povo, sob a simples razão de estar este cansado de ouvil-o chamar constantemente — o justo. Foi magnifica a signora Cortesi na sua bella aria de sortita, no duo com Romêo, no 1º acto, aonde foi enxertado um trecho de Maria Padilla, não sabemos se para ornamento ou para evitar difficuldades, e ainda no mimoso canto da scena do perdão, penultima do 2º acto. Não lhe faltaram os seus brilhantes recursos de vocalisação, e nem lhe faltaram os applausos devidos. Capellio, o sr. Mirandola, foi nas duas noites applaudido na aria (outro enxerto) com que encerra o 2º acto. O sr. Pasini não contou desastre no seu papelito microscopico. Sem tempo para analysar scenarios, córos e vestuarios, não nos furtaremos a uma observação, com vista ao sr. Limberti. Parece-nos perfeitamente improprio de seu papel aquela vestimenta completa de guerreiro na éra dos Quixotes em plena paliçada. Afivellou-se com todos os ff e rr; armadura, perneiras, guantes, capacete, viseira, etc., etc. Só lhe faltava o escudo, a lança... — e os moinhos. " 
"Norma — Está annunciada para hoje esta festejada opera, em beneficio do sr. Ferri, gerente da empresa Lyrica." 
Na edição do dia 24 de junho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — Cantou-se antehontem a Norma em beneficio do sr. Ferri. O espetáculo esteve desanimado em rasão da pequena concurrencia que houve. Para hoje está annunciada a terceira recita da opera Romeo e Julieta." 
Na edição do dia 26 de junho de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana  Deu-se ante-hontem pela 3ª vez o Romeu e Julieta. Ontem o Barbeiro de Sevilha. Para hoje annuncia-se belíssima opera de Verdi, o Baile de Mascaras."
Na edição do dia 27 de junho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota:  
"Companhia Lyrica Italiana — O Barbeiro correu anteontem mui satisfatoriamente. A signora Cortesi foi muito applaudida nos trechos mais notáveis de seu papel. Na scena da lição cantou a mimosa composição L'éclat de rire, com muita expressão e delicadeza. No final da peça, após o magnifico e sempre aplaudido rondó da Cenerentola, foi chamada ao proscénio e calorosamente victoriada. O sr. Mirandola foi igualmente muito applaudido na conhecida "aria da calumnia". O sr. Pons continuou a merecer os costumados applausos no "Figaro". 
Ontem não houve espectaculo. 
Para hoje está anunciado o Baile de Mascaras."
Na edição do dia 1º de julho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Theatro Provisorio a seguinte nota: 
"Teatro Provisorio — Ha hoje espectaculo em beneficio do sr. Mauricio Junior, considerado violinista de Campinas. Tocará o beneficiado duas fantasias de Allard, e tomará parte em um trio do Guarany para rebeca, flauta e piano. A companhia italiana preencherá o espectaculo com os três primeiros actos do Ernani
Esta companhia annuncia para sabbado próximo a bella partitura de Donizetti, A Favorita."
Na edição do dia 02 de julho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Theatro Provisorio a seguinte nota: 
"Theatro Provisorio — A Companhia Italiana levou ante-hontem a Traviata, em beneficio da signora Pezzoli. Os partidários desta artista, e ao que nos dizem, tambem algumas senhoras organisaram em favor della ruidosa ovação. Banda de musica à porta do teatro, chamadas repetidos ao proscénio, calorosas palmas, flôres, e diversos mimos de valor caracterisaram a manifestação. Depois do espectaculo foi ella conduzida à sua residencia por seus admiradores com banda de musica à frente, havendo em sua casa numerosos e enthusiasticos discursos e poesias. Ao certo a signora Pezzoli jamais obteve ovação semelhante em dias de sua vida."
Na edição do dia 03 de julho de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana a seguinte nota: 
"Companhia Lyrica Italiana — Vae hoje à scena, pela 1ª vez, no Provisorio, a Favorita, uma das mais notáveis partituras do imortal Donizetti. A parte da protagonista é desempenhada pela signora Cortesi, no que vae uma recommendação de mais em favor da bôa execução da partitura."
Na edição do dia 04 de julho de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Theatro Provisorio a seguinte nota: 
"Theatro Provisorio — Para hoje está annunciada a segunda representação da bella opera A Favorita. Pode ter esta peça, pelo seu merecimento, carreira semelhante às da Lucia, Baile de mascaras e outras."
Na edição do dia 06 de julho de 1875, p. 2, na coluna Secção Livre, de A Província de São Paulo, lê-se a seguinte nota: 
"Cheia de reconhecimento e mui agradecida, venho à imprensa dar um publico testimunho de minha gratidão, pelo generoso acolhimento com que hei sido honrada pelos frequentadores do theatro em geral e muito especialmente pelo illustrado corpo academico. Sem desconhecer que mais devo ao espirito generoso da mocidade que a meu merito proprio as manifestações de que fui alvo, seja permittido à artista e à extrangeira guardal-as entre as mais vivas e gratas lembranças d'estas amenas plagas da America.
S. Paulo, 5 de Julho de 1875. 
AUGUSTA CORTESI"
E na edição daquele mesmo dia da Província de São Paulo, na coluna Noticiário, lê-se na matéria intitulada Theatro Provisorio
"Theatro Provisorio — No sabbado e domingo últimos a companhia italiana deu-nos a Favorita, soberba partitura e uma das mais explendidas glorias do maestro Donizetti. A peça está montada nas melhores condições em que é possivel às forças da companhia e à capacidade do theatro, sendo para lastimar, entre outras cousas, a falta de coros de damas, razão porque logo na 3ª scena do 1º acto foi mister supprimir o famoso coro das donzellas, um dos mais notaveis mimos da inspirada partitura. 
O sr. Barcena soube fazer valer o bellissimo spartito que lhe cabe na peça, sendo muito applaudido. No canto andou geralmente bem, faltando-lhe apenas mais um pouco de movimento dramatico, emoção e energia nas cenas fortissimas que joga com Leonor, o frei Balthazar e Fernando nos 2º e 3º actos. 
Os srs. Mirandola e Limberti tiveram bons trechos, principalmente o primeiro, que é sempre seguro e consciencioso artista. 
A signora Cortesi preencheu mui satisfatoriamente a bella parte de Leonor, principalmente no que respeita à execução musical, aonde, como sempre, soube aproveitar sua vocalisação facil, brilhantissima e cultivada com esmero. Foi admiravel no duetto do 2º acto com d. Affonso, na grande aria do 3º, e na scena final do ultimo acto com Fernando. Os applausos que habitualmente colhe esta artista, subiram de ponto n'estas duas noutes ultimas, principalmente na segunda, na qual tomou proporções de uma das mais explendidas ovações de que ha memoria entre nós. Foi a ovação dirigida pela maioria do corpo acadêmico, em razão e como desaffronta de inqualificável grosseria de que foi victima aquela artista na primeira exhibição da Favorita, grosseria felizmente individual e por isso sem significação. Os applausos, maxime ante ontem, chegaram ao delirio. A artista cantou constantemente ao troar de um coro retumbante de palmas e bravos, sendo em cada acto o proscenio tapetado de flôres. Chamada à scena inummeras vezes, recebeu, além de muitos bouquets e varios mimos, duas lindas corôas, sendo uma oferecida em scena pelo menino Dangremont em nome dos academicos. Uma banda de musica, postada nas galerias do theatro, tocava nos intervalos e nas ocasiões em que a interessante artista vinha ao proscenio, allumiado por fogos de bengala e em plena chuva de flôres, receber as ferventes manifestações de apreço que lhe tributavam. Nos intervalos da peça pronunciaram enthusiasticos e brilhantes discursos análogos à festa dos academicos srs. Antonio Figueira, Luiz Fróes e Baptista Pereira, e uma poesia o estudante de preparatorios sr. Ferreira Ramos. Depois do espetáculo foi a artista acompanhada até o Hotel do Globo, aonde reside, por grande numero de pessoas com musica, archotes e calorosas aclamações, estrugindo os ares innumeros foguetes. No Hotel prolongaram-se as ovações, havendo brindes, discursos e poesias. Raro veremos entre nós manifestação tão explendida, expontanea, e sobretudo generosa, pois tinha por fito capital o desagravo de uma affronta injusta e grosseiramente atirada a uma artista que à fragilidade do sexo reune a aureola do talento."
Na edição do dia 08 de julho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Theatro Provisorio a seguinte nota:  

"Theatro Provisorio — Deu-se ante-hontem o Romeo e Julieta, correndo a peça ao som de constante trovoada de applausos, na competencia em que andaram os partidarios das signoras Cortesi e Pezzoli em victoriar a respectiva diva. 
Consta-nos que segue hoje para Sorocaba a companhia, aonde vale dar alguns espectaculos, pretendendo estar de volta a esta capital por estes 8 dias."

Na edição do dia 18 de julho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Theatros a seguinte nota:  
"Theatros — No Provisorio a companhia italiana leva hoje a afamada opera de Donizetti, Lucrecia Borgia, cabendo à signora Pezzoli o papel de Lucrecia."

Na edição do dia 20 de julho de 1875, p. 3, na coluna Noticiário, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Theatros a seguinte nota:  

"Theatros — No ultimo sabbado tivemos no "Provisorio" a Favorita e no S. José duas pequenas zarzuelas." 

Na edição do dia 4 de agosto de 1875, p. 2, na coluna Secção Livre, de A Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Despedida a seguinte notícia: 
"Despedida— A. Cortesi e Jorge Mirandola, artistas da Companhia Lyrica Italiana, despedem-se do illustrado publico de S. Paulo, rendendo-lhes os mais vivos agradecimentos pelo bom acolhimento que lhes ha dispensado durante sua estada n'esta capital.
S. Paulo, 3 de Agosto de 1875. 
A. CORTESI 
JORGE MIRANDOLA"
E na edição daquele mesmo dia da Província de São Paulo, na coluna Noticiário, lê-se na matéria intitulada Companhia Lyrica Italiana
"Companhia Lyrica Italiana — Anuncia-se para hoje o ultimo espectaculo da Companhia entre nós, facto que não póde passar desapercebido aos que d'esta feita constituiram-se amadores d'este bellissimo genero de espectaculos. Cantar-se-ha o Barbeiro de Sevilha, a imorredoura composição de Rossini. Na cena da lição, a graciosa Rosina que n'esta peça tantas vezes temos admirado (a signora Cortesi) cantará uma composição do insigne professor Julio Poppe, dedicada a essa artista. A signora Pezzoli cantará em um dos entreactos uma romanza do maestro Robau(...). É um espectaculo a que o publico de S. Paulo não póde faltar."
Na edição do dia 8 de agosto de 1875, p. 2, na coluna Noticiário, da Província de São Paulo, lê-se na matéria intitulada Companhia lyrica italiana a seguinte notícia: 
"Companhia lyrica italiana — Deu esta companhia seu ultimo espectaculo a 4 do corrente, levando o Barbeiro de Sevilha. A concurrencia foi boa, e menos má a exhibição da partitura, sendo applaudidos em varios pontos da peça os srs. Pons, Mirandola e Pasini, e a signora Cortesi. A esta com especialidade couberam as honras da noute no papel de Rosina, um dos mais notaveis do seu repertorio. Na scena da lecção cantou uma polka a graciosa Rosina, escrita pelo distinto professor e regente da orchestra sr. Julio Poppe, intitulada Polka Cortesi, e dedicada àquella artista. É composição de merecimento, motivo por que foi mui bem recebida, sendo o autor chamado à scena e ahi largamente applaudido.
Pela circumstancia de ser  o ultimo espectaculo em que cantava entre nós essa festejada artista, fizeram-lhe seus admiradores entusiasticas manifestações. Além de constantes palmas e obras, foram-lhe ofertados muitos bouquets e vários mimos de valor, alguns no dia seguinte ao espectaculo. Um riquissimo album para retratos; uma linda corôa de flôres artificiais offerecida por algumas senhoras; um rico annel de brilhantes e uma caixa para joias, também offertas de senhoras; um medalhão de ouro e uma penna de ouro. Depois do espectaculo ainda foi acompanhada aquela artista até o hotel do Globo com musica, foguetes e calorosas acclamações.
A companhia em geral e particularmente a signora Cortesi devem estar satisfeitíssimas com o affectuoso acolhimento que obtiveram entre nós, embora circumstancias diversas e de occasião não dessem aos espectaculos enchentes constantes e sufficientes à prosperidade economica da empreza.
A companhia retira-se, mas fica-nos o direito de não sermos d'ora avante esquecidos pelos cantores e emprezas lyricas que aparecem no Rio. O que tivemos até aqui abriu ensejo ao gosto e consciencioso apreço deste genero delicadissimo de espectaculos, a continuação alargará mais e mais o numero dos apreciadores, e assim é fóra de duvida que a crescente população desta capital em pouco tempo estará preparada a sustentar em apropriadas estações o teatro lyrico, desenvolvendo de tal arte esse elemento artistico, cujo influxo civilisador ninguém desconhece ou contesta."
Na mesma edição da Província de São Paulo, a coluna Secção Avulsa trouxe uma Glosa Lyrica, de autor não identificado, de cunho encomiástico, com o subtítulo
Os chinelos da Cortesi 
Vão ser postos em leilão.

De frouxel de seda e ouro,
Por muito que alguem se enfése,
Constituem um tesouro
Os chinelos da Cortesi;
Uns os beijam de contrictos
Vendo-os, outros, tão bonitos
Põe-nos junto ao coração:
Mas que chegue quem quizer
Que elles são de quem mais dér,
Vão ser postos em leilão. (...)


IV.  NOTAS  DO  AUTOR



¹  Segundo [SILVA, 2008, 60/61/42], o Teatro Provisório foi inaugurado em 23 de agosto de 1873 e funcionou até 1899, com outros nomes: Teatro Ginásio Dramático (1879-1883), Teatro das Variedades Paulistanas (1883-1886), Teatro do Congresso Ginástico Português (1886-1891), Teatro Minerva (1891-1895) e Teatro Apolo (1895-1899). O Teatro Provisório ficava localizado na atual Rua Boa Vista.

O Teatro São José foi aberto ao público em 4/9/1864 e funcionou até 1898; ao longo de sua existência passou por inúmeras reformas, durante as quais ficava fechado. Ficava localizado na atual Praça João Mendes, bem nos fundos da catedral da Sé. Embora fuja ao escopo deste artigo, convém lembrar que, conforme SILVA, "em 11 de março de 1876, quando o teatro (São José) se achava totalmente construído, coube à Companhia Lírica Italiana reinaugurá-lo, levando à cena a ópera Lucia de Lammermoor, de Gaetano Donizetti, em três atos, baseada no romance A noiva de Lammermoor, de Walter Scott, com a soprano Augusta Cortese, o barítono G. Spalzzi e o tenor Luigi Lelmi, sob a direção de José Mirandola.
O Teatro Politeama, inaugurado em 1892, sucedeu o Teatro São José, após a ocorrência de seu incêndio ocorrido em 15 de fevereiro de 1898, e ficava localizado na atual Avenida São João.

²  Segundo [SILVA, 2008, 51], "o gosto musical na cidade de São Paulo foi se formando a partir da apresentação das companhias europeias, que temiam a vinda a São Paulo por causa das péssimas condições das orquestras e dos coros locais sem falar das condições dos dois teatros próprios para receber uma companhia lírica: o São José e o Provisório. Ignorando essas adversidades, a Sociedade Lírica Italiana apresentou apenas uma nova criação, Maria di Rohan, de Gaetano Donizetti (1797-1848); as demais já eram de conhecimento do público paulistano, nas temporadas ocorridas em 1875 e 1876: Norma, tragédia de Vincenzo Bellini (1801-1835); Lucia di Lammermoor, de Donizetti; Il Barbiere de Siviglia, de Gioacchino Rossini (1792-1868); La Traviata e Un Ballo in Maschera, ambas de Giuseppe Verdi (1813-1901)."

Quanto a esta última ópera, com libreto de Somma e com elenco inteiramente italiano, foi encenada no Rio de Janeiro, em 1862, decorridos apenas três anos de sua estreia em Roma. Un Ballo in Maschera foi inspirada no assassinato do soberano liberal sueco, Gustavo III, que foi morto com um tiro nas costas durante um baile de máscaras, em Estocolmo, em fins do século XVIII.




V.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




CERQUERA, P.O.C. : Um Século de Ópera em São Paulo, São Paulo: Emprêsa Gráfica Editôra Guia Fiscal, Rua da Glória nº 653, 1954, 328 p. e mais 98 p. s/n, com fotografias, totalizando 180 ilustrações.


MATOS, O.N.: "CERQUERA (Paulo de Oliveira Castro) - Um século de ópera em São Paulo, São Paulo, 1954, 328 págs. e mais 98 s/núm., com fotografias." Rev. História da USP, v. 9, nº 19, p. 250-2, 1954, disponível também in http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/viewFile/68135/70691. Acesso em 5 de setembro de 2015.


A PROVÍNCIA DE SÃO PAULO: Anno I, nº 105, edição de 16/05/1875; nº 106, ed. de 18/05; nº 110, ed. de 22/05; nº 111, ed. de 23/05; nº 112, ed. de 25/05; nº 114, ed. de 27/05;  nº 115, ed. de 29/5; nº 116, ed. de 30/5; nº 117, ed. de 01/6; nº 122, ed. de 06/6; nº 123, ed. de 08/6; nº 125,  ed. de 10/6; nº 127, ed. de 12/6; nº 129, ed. de 15/6;  nº 130, ed. de 16/6; nº 132, ed. de 18/6; nº 133, ed. de 19/6; nº 134, ed. de 20/6; nº 137, ed. de 24/6; nº 138, ed. de 26/6; nº 139, ed. de 27/6; nº 140, ed. de 01/7;  nº 141, ed. de 02/7; nº 142, ed. de 03/7;  nº 143, ed. de 04/7; nº 144, ed. de 06/7; nº 146, ed. de 08/7; nº 153, ed. de 18/7; nº 167, ed. de 04/8; nº 168, ed. de 08/8.

SILVA, E.S.: A Dramaturgia Portuguesa nos Palcos paulistanos: 1864 a 1898, tese apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, para a obtenção do título de Doutor, São Paulo, 2008, 304 p. Acesso à monografia na Internet em 29/08/2015. Cf. in https://www.google.com.br/?gfe_rd=cr&ei=CU7iVeTAA4Sk8we00JfQCw&gws_rd=ssl#q=Edson+Santos+Silva:+A+dramaturgia+portuguesa+nos+palcos+paulistanos:+1864+a+1898

10 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...


Minha presente pesquisa sobre as 2 primeiras Temporadas Líricas paulistanas utilizou um livro renomado e o acervo do Estadão (então A Província de São Paulo, Anno I, maio a agosto de 1875) para a sua realização.
É com muita honra que trago essa minha contribuição ao público diletante de óperas, com o fim de "preservar do olvido os pobres grandes cantores e dar abrigo às nossas desprezadas tradições gloriosas."

Cordial abraço de Francisco Braga

Eric Tirado Viegas (escritor, tradutor e membro da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Caro fraterno Francisco Braga,
brilhante artigo para nós que gostamos de ópera. Peço-lhe um favor, como ilustre tradutor e conhecedor de línguas. Fiz a tradução dos Sonetos da Portuguesa. Gostaria que lesse e dê sua opinião. Anexo o poema em inglês e minha tradução em versos brancos.
com apreço
Éric

Prof. Fernando Teixeira (professor universitário, escritor e Secretário Geral da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Nossa arte e cultura necessitam ser revisitadas. Na realidade, a história é acicate para realizações concretas no presente. Abraço do Fernando Teixeira

Eduardo Oliveira (ex-salesiano, professor, facilitador e gestor cultural) disse...

Amigo Francisco,

Que trabalho fantástico!
Parabéns!

Com Dom Bosco sempre,

edu

Prof. José Luiz Celeste (professor universitário, ex-professor da EAESP-Fundação Getúlio Vargas, ensaísta, tradutor e pesquisador) disse...

Interessante essa de "pobres grandes cantores" e "desprezadas tradições gloriosas". É o contraditório de "ricos parvos cantores" e "aneladas tradições pífias".

É o contraditório de "ricos parvos cantores" e "aneladas tradições pífias". É a estética do medíocre que rende milhões, fama, louros e a cama. Já não é de hoje. À mãe de Schumann causava horror que o filho fosse músico. "Veja o que foi de Mozart, Bach e outros...." Aí Schumann formou-se em Direito. Mas não largou a música. E ficou doido. Psicose maníaco-depressiva.

Hoje, parece, a grande música não entusiasma a tantos. Venceu o medíocre. E vamo-que-vamo.

Agora, pergunto: Existe estética do medíocre, do parvo? Eis o assunto de uma tese em Filosofia. Acho q existe. Mas seria essa Estética o contraditório da outra? Acho q não, apenas uma estética menor, em minúscula.
Celeste

Luiz Fernando de Oliveira disse...

Agradeço o envio e parabenizo-o pelo trabalho. Forte abraço!

Augusto Coura disse...

Parabéns por sua rica pesquisa.

Profª Elza de Moraes Fernandes Costa (terapeuta holística, pianista e gerente do Portal Concertino) disse...

Prezado Braga,
Gostei muito deste artigo, também. É interessante fazermos uma viagem ao passado com toda a sua história, ortografia, maneira de perceber as coisas e de enxergá-las.
Você se interessa em publicá-lo no Concertino?
Parabéns e um abraço,
Elza

Profª Elza de Moraes Fernandes Costa (terapeuta holística, pianista e gerente do Portal Concertino) disse...

Prezado Braga,
E aqui, temos mais um dos seus primorosos artigos que acabei de publicar no Portal Concertino na categoria Textos:
http://www.concertino.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=8685

Parabéns pelo seu trabalho e dedicação.
Muito obrigada pela preciosa colaboração de sempre.
Um abraço,
Elza

Regina Beatriz Silva Simões (psicóloga são-joanense, psicanalista, mestre em Psicologia, autora dos livros "A mulher de 40 - sua sexualidade, seus afetos" e "Final de Análise") disse...

Parabéns, Francisco! Sempre brilhando.

Atenciosamente,

Regina Beatriz