terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Na Epifania os Gregos se saúdam dizendo: BOA ILUMINAÇÃO! Καλή φώτιση!


Por Francisco José dos Santos Braga



Fui agraciado com uma mensagem do professor de grego Aléxandros Orfanídis, diretamente de Atenas, que me externou votos de Boa Iluminação neste 6 de janeiro de 2015, ao mesmo tempo que observava,  dentro da melhor Ortodoxia grega, que nesta data os Gregos veneram e comemoram o batismo ¹  de Jesus Cristo. Chamam a esta festa Teofania, significando a manifestação/revelação de Deus, durante o Batismo de Jesus Cristo nas águas do rio Jordão, através de uma voz que foi ouvida: "Este é o meu Filho muito amado, em quem pus toda a minha complacência!" O abençoado professor ainda achava que é importante acrescentar  que a Teofania se refere também à revelação da Tríade Divina, já que na ocasião o Espírito Santo apareceu em forma de pomba.

Oficialmente, o Natal chega hoje a seu fim. Este dia adquire um significado especial para os Gregos. Neste dia se celebra uma cerimônia de bênção das águas e dos barcos que as singram. Todas as cidades costeiras ou banhadas por rio, organizam suas próprias cerimônias. A de Atenas se realiza no porto de Piréus, onde um sacerdote lança um grande crucifixo às águas do porto. Jovens valentes, que não temem o frio, competem entre si para recuperá-lo. Uma vez finalizada a cerimônia da cruz, os pescadores locais aproximam seus barcos do molhe, para serem benzidos pelo sacerdote.
Que é que tudo isso tem a ver com o Natal? Segundo as crenças ortodoxas, 6 de janeiro é o dia do batismo de Jesus. Daí a associação dessa data com a água.
Definitivamente esta é uma festa religiosa totalmente grega, celebrada para e por gregos ortodoxos, não para turistas. A Epifania também é chamada de festa das Luzes (gr. Fóta).

Inicialmente sugiro clicar no link abaixo para entrar no clima da festa da Teofania, conforme uma canção bizantina homenageando o batismo do Senhor, cantada por monges ortodoxos.

Link: https://youtu.be/cxXxtzF_KaE

A Canção ² das Luzes (bizantina)

Do deserto o Precursor veio para batizar o Senhor.
Erourém, erourém, érou, rérou, rerourém, salve Precursor!

O Precursor batizou no Jordão o Rei de todos.
Erourém, erourém, érou, rérou, rerourém, salve Precursor!

Terráqueos, saltai, desfrutai; classes dos anjos, diverti-vos!
Erourém, erourém, érou, rérou, rerourém, salve Precursor!

Recebe, Jordão, o teu Criador antes de conteres as águas!
Erourém, erourém, érou, rérou, rerourém, salve Precursor!

No Jordão é batizado por João o Senhor.
Erourém, erourém, érou, rérou, rerourém, salve Precursor!

Texto grego:

Bυζαντινά κάλαντα Φώτων

Από της ερήμου ο Πρόδρομος ήλθε του βαπτίσαι τον Κύριον.
Ερουρέμ, ερουρέμ, έρου,ρέρου, ρερουρέμ, χαίρε Πρόδρομε.


Βασιλέα πάντων εβάπτισε εις τον Ιορδάνην ο Πρόδρομος.
Ερουρέμ, ερουρέμ, έρου,ρέρου, ρερουρέμ, χαίρε Πρόδρομε.


Γηγενείς σκιρτάτε και χαίρεσθε, τάξεις των Αγγέλων ευφράινεσθε.
Ερουρέμ, ερουρέμ, έρου,ρέρου, ρερουρέμ, χαίρε Πρόδρομε.


Δέξου Ιορδάνη τον Κτίστην σου πριν αναχαιτίσεις τα ύδατα.
Ερουρέμ, ερουρέμ, έρου,ρέρου, ρερουρέμ, χαίρε Πρόδρομε.


Εις τον Ιορδάνην βαπτίζεται υπό Ιωάννου ο Κύριος.
Ερουρέμ, ερουρέμ, έρου,ρέρου, ρερουρέμ, χαίρε Πρόδρομε.

 
No Brasil,  em 6 de janeiro celebra-se o Dia dos Reis (Magos), diferentemente da Grécia. O povo brasileiro considera a Festa de Reis como o encerramento do ciclo natalino. É o dia de desmontar a árvore de Natal, o presépio e outras manifestações da religiosidade popular. Neste dia, as Folias de Reis, como as crianças na Grécia, levam suas preces cantadas às casas dos "foliões", porém sua função primária é precatória, ou seja, angariar fundos para a festa dos Santos Reis, em 6 de janeiro. Normalmente, essas folias fazem a sua aparição durante o período natalino.

Para exemplificar o costume grego de festejar a Epifania, o professor Orfanídis ainda juntou à mensagem um vídeo com o Canto das Luzes, canção folclórica entoada por crianças (geralmente meninos) e muito difundida por toda a Grécia. Para apreciação dos meus leitores, apresento a tradução portuguesa do texto grego dessa canção folclórica grega, conforme consta do vídeo in
http://youtu.be/9V1JG65GPbU:



Crianças gregas cantam na festa das Luzes ou Epifania (6 de janeiro), encerrando assim o tempo do Natal. Ouça também o canto das Luzes in



A canção das Luzes (do folclore grego)

Hoje as luzes e a iluminação, 
a grande alegria e a santificação 
Lá embaixo no rio Jordão 
está sentada a nossa Virgem Maria.

Ela segura um instrumento musical e uma vela 
e pede São João.

São João, mestre e batista,

Batiza-me também filho de Deus.
Quero subir ao céu
para rosas e incenso colher.

Bom dia, boa noite

Teu bom dia brilha com a Senhora. (refrão)
 


Após esse rico ensinamento do professor Orfanídis, resolvi instruir-me mais nos principais preceitos ortodoxos que estão por detrás dessa Festa das Luzes, quando localizei na Internet o seguinte texto explicativo para a festa da Epifania de 2015 da autoria do Papás Themistoklís Mourtzanós, disponibilizado em
http://themistoklismourtzanos.blogspot.gr/2015/01/blog-post_5.html.


A antiga e nova familiaridade da Epifania

Por Themistoclís Mourtzanós 


Nós em nossa vida temos necessidade de darmos o nosso coração a alguém ou àqueles que confiamos e amamos.  Esses são os que têm demonstrado o seu interesse por nós, têm compartilhado conosco não apenas os nossos sentimentos, mas também as alegrias e as tristezas, são aqueles que sentimos serem os nossos familiares, nossos parentes. Basicamente, porém, sentimos como nossos aqueles com os quais temos parentesco natural. Para com nossos pais e nossos filhos, sentimos eterna familiaridade, confiança, amor. Com todos os que nos conectaremos em nossa vida, dificilmente a familiaridade para com esses pode ser comparada com a familiaridade para com os nossos parentes naturais. Somente o amor pode criar novos vínculos, sem abolir, contudo, essencialmente os mais antigos.

O desejo e a vivência da familiaridade existem porque a gente foi criado à imagem e semelhança de Deus. A relação de amor que existe entre as Pessoas da Santa Trindade, a qual é descrita com a frase "Deus é amor" (I Jo. 4, 8), isto é, doa-se a nós. Certamente o amor das Pessoas da Santa Trindade é integral, inesgotável, perfeito e não brota da necessidade. É de fato entrelaçado com a liberdade, a qual nos foi doada pelo Deus Trino, igualmente dádiva preciosa. De nossa natureza, da nossa procedência divina, nós recebemos e fomos chamados para conduzir-nos em nossa vida vivendo este mistério do amor e da liberdade. Sejamos filhos de Deus e, simultaneamente, voltemo-nos para os outros a fim de experenciarmos a filialidade e a fraternidade como presentes abençoados do amor de Deus. Por isso, também o evangelista João nos ensina: "Vede  que grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus; e nós o somos. Por isso o mundo não nos conhece; porque não conheceu a Ele. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é, O veremos. E todo o que n'Ele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como Ele é puro." (I Jo. 3, 1-3). Vede com quanto amor nos amou o Pai! O Seu amor é tão grande, a ponto de sermos chamados filhos de Deus. Por isso, o mundo não nos compreende, porque não conhece Deus Pai. Agora somos filhos de Deus. O que estamos para nos tornar no futuro não foi ainda manifesto. Sabemos, porém, que, quando Cristo manifestar-se na Sua Segunda Parusia, tornar-nos-emos iguais a Ele, porque O veremos como realmente é. Quem, então, tiver essa esperança com confiança em Cristo, prepara-se. Purifica-se do pecado, tendo como modelo a pureza d'Ele.

A plenitude da glória divina vivenciaremos quando da Segunda Parusia de Nosso Senhor. Mas, em festividades como a Epifania, vemos, segundo o modo limitado dos nossos sentimentos, tanto somáticos quanto psíquicos, a forma dessa glória. Conscientizamo-nos de que Deus é trino. Cristo se deixa batizar no Jordão, tendo recebido a natureza humana. A despeito de ser Deus-homem, não recusa nada das coisas humanas, com exceção do pecado. O Espírito Santo, em forma de pomba, vem para Ele. E se ouve a voz de Deus Pai a dizer tanto ao Precursor, quanto aos presentes, mas também para toda a humanidade: "Este é o meu Filho amado, no qual pus toda a minha complacência." (Mt. 3, 17) Este é o meu Filho amado. Ele é o meu eleito, Ele me dá satisfação.

Com essa manifestação se revela o Mistério do Amor e da Liberdade do Deus trino. A liberdade se revela na existência das três Pessoas com atributos comuns e diversos, os quais se unem e ocorrem conjuntamente. O Pai tem Filho. Há entre eles a relação da Paternidade e da Filialidade. O Espírito Santo é outra pessoa em relação com o Pai e o Filho. Renova e ilumina a criação, satisfazendo a Vontade do Pai e mostrando o Filho à gente. O Filho se torna homem, a fim de dar-nos o amor de Deus na sua plenitude, que é o resgate da existência humana da corrupção e da morte. E as três Pessoas se revelam ao mundo, mostrando a unidade, que brota da liberdade e do amor entre Elas. E simultaneamente, na nova humanidade, no novo universo participa toda a criação. Por isso também, o Filho entra no rio Jordão. Toca-o o último e principal dos profetas, um homem, João, o Precursor, em cuja pessoa se manifesta a bênção que recebe toda a humanidade, a fim de poder tocar o Deus Salvador.  Para santificar-se por meio da comunhão com Ele, porque nós, no mistério da Eucaristia, não tocamos simplesmente Cristo, mas tornamo-nos familiares d'Ele, uma vez que Ele habita dentro da nossa existência. E simultaneamente, queremos receber o amor d'Ele como doação máxima. E as águas, o céu, tudo ilumina tomando parte na alegria da nova alvorada.

Não há mais segredos entre Deus e a gente. Para Deus somos todos Seus filhos. E simultaneamente somos convidados a correspondermo-nos a esse movimento da familiaridade que Deus nos oferece. Vencendo a corrupção e a morte. Como se refere usualmente São João Crisóstomo, o rio Jordão brota de duas fontes, a Iór e a Dan, donde o nome "Jordan" e desemboca no Mar Negro. Esse rio é um tipo do gênero humano mortal, o qual, como o Jordão, possui duas fontes de que procede: Adão e Eva, que com a escolha deles de usar a sua liberdade, recusando o amor a Deus e seguindo o caminho da autodeificação, acabaram na morte, no abismo do Hades, na mortalidade. Cristo entra nesse Jordão a fim de inverter a rota para a necrose, a rota para o Mar Negro. Por isso também o Jordão "fluiu para trás". Assim também  o gênero humano, se for batizado na água no Espírito Santo e for introduzido na Igreja, retornando livremente ao amor e à comunhão com Deus, inverte a rota para a morte. Dirige-se à ressurreição e à nova vida que Cristo dá.

Se acreditarmos no Deus Trino, inicia-se para nós uma familiaridade, antiga e nova. A antiga tem a ver com a aceitação, no nosso interior, de que somos filhos de Deus, como fomos criados desde o começo. A nova tem a ver com a vitória contra a morte, na qual tudo toma parte, na Luz da Igreja no tempo presente e na Luz da comunhão eterna com a Pessoa do Cristo, O Qual veremos como precisamente é na Segunda Parusia. A antiga familiaridade tem a ver com o amor para com aqueles aos quais nos ligamos pela natureza ou porque escolhemos amá-los. A nova familiaridade tem a ver com a abertura do nosso coração e da nossa vida para com todas as pessoas, inimigas e amigas. É isso que o mundo nunca pôde e talvez não poderá nunca entender, porque permanece na situação do antigo Jordão. Caminha sem Deus na sua vida.  É possível que nós também não queiramos confiar, familiarizar-nos, amar todas as pessoas,  permanecendo prisioneiros do antigo homem. Mas toda a vida da Igreja, que parte do santo batismo e termina na participação no mistério da Divina Eucaristia, é um escopo contínuo de vivermos o mistério do amor e da liberdade, que nos foi doado.

Esses sejam a nossa bênção e o nosso objetivo na grande festa da Epifania do Senhor.

Korfú, 6 de janeiro de 2015



 NOTA EXPLICATIVA



¹  Para os cristãos ortodoxos, o sacramento do batismo também é conhecido por sacramento da iluminação. Segundo a crença ortodoxa, a criança batizada passa das trevas do pecado para a luz da graça. Por isso, faz-se uso de um simbolismo: o sacerdote manda acender as velas que os presentes ao batismo da criança seguram na mão e proclama: "Bendito seja Deus que ilumina e santifica todo homem que vem a este mundo." Cf. https://ortodoxogrego.wordpress.com/tag/batizado/



²  Esta canção natalina ( gr. κάλαντα ) é classificada como tradicional (tanto na letra quanto na música) e pan-helênica quanto ao período. Não nos esqueçamos de que a festa da Teofania encerra as as festividades natalinas na Grécia, tanto que a referida palavra grega ― κάλαντα ― é traduzida para outras línguas com a seguinte acepção: ingl. Christmas carol, fr. chant de Noël, esp. canción de Navidad, it. canto di Natale, etc. A letra do vídeo no YouTube difere um pouco da versão mais tradicional apresentada acima em português e que, em grego, assim se apresenta:


Τα κάλαντα των Φώτων
 
Σήμερα τα φώτα κι ο φωτισμός
η χαρά μεγάλη κι ο αγιασμός
Κάτω στον Ιορδάνη τον ποταμό
κάθετ' η κυρά μας, η Παναγιά.

'Οργανo βαστάει, κερί κρατεί
και τον Αϊ-Γιάννη παρακαλεί.
'Αϊ-Γιάννη αφέντη και βαπτιστή
βάπτισε κι εμένα Θεού παιδί,
Ν' ανεβώ στον ουρανό
να μαζέψω ρόδα και λίβανο.


Καλην μέρα, κάλην σπερά
Κάλη σου μέρα φεγγεί με την κυρά.  (bis)

22 comentários:

Gilberto Mendonça Teles (poeta e crítico literário goiano) disse...

Obrigado, meu caro Francisco Braga. Καλή φώτιση!

Ulisses Passarelli disse...

Ótima postagem! A Epifania é em suma a festa dos povos cristãos reconhecendo que Cristo é a luz e o caminho para todos. Aqui no Brasil nossas queridas folias de Reis com seus cantares folclóricos sempre batem nessa tecla. Parabéns, Francisco!

Dr. Lúcio Flávio Baioneta (escritor, conferencista e proprietário de Análise Comercial Ltda. em Belo-Horizonte) disse...

Prezado amigo FJSBraga ,
Parabéns pela excelente publicação sobre o Dia de Reis. Aprendi bastante. Confrontei com as notícias ontem veiculadas no JN. Fico com seus esclarecimentos.
Abs Lucio Flavio

John Parsons (proprietário do Solar da Ponte, em Tira-dentes, MG) disse...

E a Folias dos Reyes? Uma das mais bonitas festas populares de Natal que celebra a viagem dos Reis Magos, festa em perigo de extinção.
Os doze dias de Natal começam quando a estrela apareceu no céu, e terminam com a chegada dos Reis trazendo presentes.
Ainda muitas familias em Espanha dão os presentes no dia dos Reyes.

Curiosamente há uma coleção de canções chamadas "Melodias" de Bizancium - "a serem cantadas ou recitadas após ou ao invez do sermão" que parecem muito às palavras usadas aqui em Minas nas Folias dos Reyes.

Feliz ano! John Parsons

Eustáquio Bini (professor universitário e Membro da Academia Formiguense de Letras) disse...

Prezado amigo e confrade:

Além de todas as referências q/ vc fez em seu site, o dia 6 de janeiro é tb o dia em q/ os Reis Magos chegaram a Belém.

Um grande abraço,
Eustáquio Bini

Benjamin Batista (músico, escritor e Presidente da Academia de Cultura da Bahia) disse...

Bela mensagem. Obrigado.
BB

Paulo Motta disse...

Obrigado, amigo, pela sempre ilustrada mensagem sobre a epifania tão oportuna quanto desconhecida. VALEU!

Paulo Motta disse...

Obrigado, amigo, pela sempre ilustrada mensagem sobre a epifania tão oportuna quanto desconhecida. VALEU!

Profª Elza de Moraes Fernandes Costa (terapeuta holística, pianista e gerente do Portal Concertino) disse...

Boa tarde, Braga!
Que artigo lindo! Transpira religiosidade, sabedoria, amor, fraternidade...Sentimentos que o ser humano esqueceu em um passado longínquo.
Parabéns pelo artigo.
Um abraço,
Elza

Rute Pardini (soprano lírico) disse...

Muito lindo, meu amor.
Ao assistir aos vídeos, me lembrei de uma festa em que estávamos na ilha de Santorini. Amei.
Beijos,
sua amada RUTE

Prof. Umberto Freitas (professor de música EMB-Escola de Música de Brasília) disse...

Caríssimo Braga,
Sempre inspirados e interessantes suas mensagens e posts. Retribuo os votos de Luz. Um grande abraço.
Umberto

Pe. Wolfgang Gruen, SDB (professor de Cultura Religiosa e Língua e Literatura Inglesa na FDB-Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras) disse...

Primeiramente, devo agradecer as excelentes pesquisas que me tem enviado, e que sempre leio com interesse, especialmente quando abordam temas ligados a S. João del-Rei e à Grécia Antiga, sua língua, literatura e cultura. Estudei um pouco de romaico quando de meu curso de Teologia (1950-1953): entre os pedreiros que trabalhavam na construção de um novo prédio, havia dois gregos analfabetos – em grego e em português (de grego só sabiam o alfabeto e escrever o próprio nome). Como eles moravam na área da construção, todas as noites eu ia lá para alfabetizá-los, em romaico e em português; e eles me ensinavam um pouco de romaico: meia hora cada. Claro que saí perdendo, pois eu dedicava mais tempo a eles; mas valeu para eu ter ao menos uma ideia das mudanças. Depois, consegui um livrinho de conversação (romaico-italiano).
Um forte abraço do amigo
Gruen

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

O Dia de Reis, segundo a tradição cristã, seria aquele em que Jesus Cristo recém-nascido recebera a visita de "alguns magos do oriente"(Mateus 2:1) que, segundo o hagiológio, foram três (Reis) Magos, e que ocorrera no dia 6 de janeiro. A noite do dia 5 de janeiro e madrugada do dia 6 é conhecida como "Noite de Reis".

A data marca, para os católicos, o dia para a veneração aos Reis Magos, que a tradição surgida no século VIII converteu nos santos Melchior, Gaspar e Baltazar. Nesta data, ainda , encerram-se para os católicos os festejos natalinos - sendo também o dia em que são desarmados os presépios e, por conseguinte, são retirados todos os enfeites natlinos.
No Brasil, as conhecidas Folias de Reis visitam as residências cantando músicas relativas ao evento.

Na Espanha, neste dia as crianças recebem os presentes de Natal, porque, de acordo com a tradição cristã, os Reis Magos é que trazem as prendas (e não Papai Noel). Lá é estimulada a tradição de se deixarem sapatos na janela com capim antes de dormir, para que os camelos dos Reis Magos possam se alimentar e retornar viagem. Em troca, os Reis Magos deixariam doces que as crianças encontram no lugar do capim, ao acordarem.
Também é tradição, neste dia, comer o Bolo de Reis. Na maioria das cidades espanholas, existe um desfile com carros alegóricos iluminados e a presença dos três reis magos, que, quando passam, distribuem balas e chocolates para as crianças.

Na Grécia, os Gregos também têm suas tradições, como se verá clicando no link abaixo. Na Epifania (hoje) os Gregos se saúdam dizendo: Boa Iluminação!

Tarcízio Dinoá Medeiros (genealogista, presidente da Academia de Letras de Brasília e escritor) disse...

Muito obrigado por me haver enviado esta belíssima matéria e os respectivos links.
Aprendi mais uma: a celebração do batismo de Cristo no dia 6 de janeiro. Eu desconhecia.
Depois que me aposentei, fui para o Caribe, precisamente para a República Dominicana, em um projeto do BID (modernização da administração tributária), passei lá três anos (abril de 95 a abril de 98), com minha mulher e um neto, naquele tempo com oito anos de idade (foi ótimo para ele, pois matriculei-o numa escola bilingue - aprendeu espanhol e inglês).
Lá, povo de cultura espanhola, também se distribuem os presentes no Dia de Reis.
Um forte abraço.
Tarcízio

Prof. José Lourenço Parreira (capitão do Exército, professor de música, violinista, maestro e escritor, além de diretor do "Evangelho Quotidiano") disse...

Caríssimo amigo BRAGA, saudá-lo com "Boa Iluminação" seria redundância, pois iluminado você já é, há muito tempo.

Assim, você, iluminado pela Luz do Senhor Jesus, vem, ao longo dos anos, deixando um rastro de luz com seus escritos e com seu viver, na querida São João e alhures.

Agradeço-lhe pela linda mensagem!

Rute Pardini (cantora lírica) disse...

Meu querido amor,
Como está rico o seu artigo sobre a Epifania (Dia de Reis).
Li cada palavra escrita com tanta dedicação ao seu estudo.
Parabéns! Me emociono sempre com sua sensibilidade em pesquisar fundo cada tópico.
Mas esse essa seu estudo sobre o batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo, O MENINO, que recebe a visita dos reis, é simplesmente lindo.
Me senti lá na Grécia junto daquelas crianças cantando e festejando com elas.
Fecho os olhos e vejo perfeitamente as crianças de Mykonos cantando junto à praia naquele tempo frio e rebelde, e elas ali, todas muito bem vestidas, lindas. Tudo muito bem preparado. Foi uma experiência ímpar a que vivenciamos naquela manhã fria, açoitada pelos ventos.
Nunca esquecerei daquela viagem a lugares tão mágicos e dos momentos tão marcantes que você sempre me proporciona, mostrando-me como o mundo é diverso e que precisamos nos abrir para a vida diante de nossos olhos.
Te amo e admiro, meu amado.

José Carlos Hernández Prieto (tradutor juramentado, tesoureiro e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Muito obrigado, Braga. Ainda tenho na lembrança um Santo Natal na Espanha, quando, muito criança, vi o desfile dos Reis Magos nessa noite mágica de 5 para 6 de janeiro. Na época, eles iam no lombo de camelos mesmo! Eu só desmonto meus presépios no dia 7 de janeiro, já que o dia 6 é justamente o dia dos reis e eles merecem ficar durante todo esse dia e noite!

Prof. Fernando Teixeira (professor universitário, escritor e membro da Academia Divinopolitana de Letras, onde é Secretário Geral) disse...

Muito agradecido pelo envio da notícia. É pena que o monstro do cosmopolitismo vai minando tantas tradições entre nós. As Folias de Reis já não possuem o brilho de outros tempos. Abraço do Fernando Teixeira

Elza do Val Gomes (regente do Coral Júlia Pardini e editora-chefe do Jornal ARRUIA) disse...

Francisco.
Agradeço-lhe pelas mensagens que me envia sempre e que aprecio muito. Também lhe desejo e à sua esposa um 2017 com saude, Paz e realizações com muita música e harmonia. Vou aproveitar seu texto sobre o Dia de Reis para o próximo Arruia que sairá em principio de Fevereiro já que em janeiro não tivemos condições de fechar o jornal em fins de dezembro e em janeiro estamos de férias. O Coral Julia Pardini fez sua estreia num dia de Reis - 6 de Janeiro de 1960, portanto há 57 anos - e lá se vai o tempo passando cada vez mais rápido. Naquele dia histórico que aconteceu em Uberaba, fizemos um programa na rádio, (não havia ainda a Televisão) e o Diretor do jornal da Cidade nos saudou com esta frase :

Há quasi 2.000 anos os Reis Magos visitaram o Menino Jesus e lhe ofereceram ouro, incenso e mirra e hoje,em Uberaba, o Coral Júlia Pardini, de Belo Horizonte, veio nos trazer a bela MÚSICA!

Isto ficou em minha memória como um presságio do que seria a minha missão. O Julia Pardini sobreviveu a muitos obstáculos e existe até hoje, graças a Deus e também a Gaspar, Baltazar e Melchior que até hoje me inspiram. Grata também por sua constante participação no jornal do CJP. Receba meu abraço extensivo à Rute que encanta a tanta gente com sua bonita voz.
Elza do Val Gomes

Memorial de Corguinhos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Memorial de Corguinhos disse...

Caro Confrade!

Que bela postagem. São textos como este que traz ainda mais afeto entre nós da Academia Divinopolitana de Letras. Li-o religiosamente e parabenizo pelos momentos de fé e alegria que me proporcionou.

Seu sempre amigo!

Marco Antônio Pinto
Cadeira 12 - Patrono: Castro Alves - Antecessora: Rosa Freitas Sousa

Maria José Teixeira de Moraes (ministra franciscana) disse...

Sr. Braga,

Vivendo e aprendendo. Hoje aprendi algo novo sobre os Reis Magos e como
se comemora na Espanha e na Grécia. Obrigada pela aula.
Abraço.
Maria José