quarta-feira, 27 de junho de 2018

A "SOLUÇÃO FINAL" EUROPEIA PARA OS IMIGRANTES AMEAÇA A GRÉCIA


Por Mákis Andronópoulos

(post do Blog SLpress.GR, editado em 26/06/2018)
Texto traduzido do grego e comentado por Francisco José dos Santos Braga 


 

Dramaticamente perigoso para a Europa e, especialmente, para a Grécia é o projeto alemão de construir campos de concentração para os imigrantes na Albânia, Macedônia ¹, Kosovo e, eventualmente, também na Sérvia. O objetivo de Merkel é resolver seu próprio problema político, que surgiu de suas próprias aspirações aventurescas que viraram bumerangues. Atenas não deve de modo algum aceitar tais soluções, que transformarão os Bálcãs ocidentais em uma zona islâmica sem controle.

Não é apenas insuficiente, mas também hipócrita e perigoso o pretexto para tornar a Albânia um local de registro e identificação de refugiados em massa, através da criação de grandes centros de acolhida porque, supostamente, a Albânia tem experiência na gestão de crises de refugiados, como no período 1998-1999 acolheu em território cerca de um milhão de kosovares e dispõe, desde 2015, de acampamentos para refugiados que ficaram inativos.

Há um argumento ainda mais cínico: que na Albânia não são válidos a Convenção de Dublin e o Tratado de Schengen, uma vez que ela não é membro da União Europeia. A periculosidade e o caráter oportunista do plano germano-austríaco, que para muitos lembra a "solução final" ², residem no seguinte:
✓ Estes acampamentos serão convertidos em um sítio de instalação permanente. Isso significa violência, prostituição, contrabando de drogas e armas, cultivo do jihadismo, etc.
✓ Em tal clima de enclausuramento de massas famintas e desesperadas, chefes guerreiros, emires financiadores e a Turquia iriam criar exércitos de fanáticos para o estabelecimento de um Estado Islâmico dentro da Europa que incluirá a Albânia, o Kosovo, as regiões albanesas da Macedônia e Bósnia. Centros jihadistas já estão operando na Bósnia.
✓ A instalação permanente de centenas de milhares de “desperados” será um obstáculo determinante à perspectiva europeia para esses países.
✓ O fato de os países que são sondados estarem na antecâmara das negociações de adesão, faz que se tornem automaticamente vulneráveis a extorsões.
✓ O plano imediato é no verão transferirem da Alemanha para a Albânia 200.000, pelo menos, indesejáveis, de modo que o chefe da União Social-Cristã (CSU) e ministro do Interior, Horst Seehofer, evite uma predominância da Alternativa para a Alemanha ³ (AfD) nas iminentes eleições locais na Baviera.

Esta solução é salutar para o governo Merkel e é apoiada pelo Presidente do Conselho Europeu Donald Franciszek Tusk e o chanceler austríaco Sebastian Kurz. Angela Merkel, na "minicúpula" do último domingo (16) em Bruxelas, trouxe de volta a questão dos acordos bilaterais e trilaterais, correspondentes aos que mantém com a Turquia e com a Líbia, embora não descarte soluções europeias, "onde for possível".

Embora seja difícil serem bloqueadas soluções deste tipo, já que normalmente se trate de acordos bilaterais, a iminente Reunião de Cúpula, caso se acomode com soluções deste tipo, mais uma vez enfiando a cabeça na areia, será suicídio. Soluções unilaterais abrirão a caixa de Pandora. Atenas deve por de lado suas sensibilidades e pensar no interesse do país.



NOTAS EXPLICATIVAS



¹ A Macedônia (também denominada Σκόπια, em grego) costuma ser expressa com as iniciais de Ex-República Iugoslava da Macedônia (ΠΓΔΜ, em grego), FYROM em inglês (Former Yougoslav Republic of Macedonia).

² Refere-se à solução final da questão judaica (em alemão, Endlösung der Judenfrage), plano nazista de remover a população judia de todos os territórios ocupados pela Alemanha, durante a II Guerra Mundial e transportá-la para o Leste. A expressão aparece em uma carta do general das SS, Reinhard Heydrich, ao diplomata Martin Franz Julius Luther, do Ministério do Exterior alemão. Na carta, Heydrich solicita a participação do Ministério na implementação da “solução final para a questão judaica”, ou seja, remover os judeus dos territórios ocupados pela Alemanha, conforme fora decidido pelas lideranças nazistas. Anexa à carta estava a ata da Conferência de Wannsee, na qual fora definido que Heyrich seria o principal responsável pelo cumprimento daquela decisão.

³ Alternativa para a Alemanha (Alternative für Deutschland, sigla AfD) é um partido político alemão populista de direita, fundado em fevereiro de 2013.


7 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Prezad@,
Apresento-lhe um texto grego traduzido por mim, alertando para uma catástrofe que se avizinha, se forem aprovados campos de concentração nos Balcãs ocidentais (Albânia, Macedônia, Kosovo e Sérvia), um projeto germano-austríaco para o continente europeu, considerado uma ameaça à segurança nacional grega.

O autor convoca Atenas a reagir à altura a esse plano diabólico.

http://bragamusician.blogspot.com/2018/06/a-solucao-final-europeia-para-os.html

Cordial abraço,
Francisco Braga

Diamantino Bártolo (professor universitário Venade-Caminha-Portugal, gerente de blog que leva o seu nome http://diamantinobartolo.blogspot.com.br/) disse...

Estimado amigo

Muito obrigado.

Melhores cumprimentos.

Diamantino Bártolo

Frei Joel Postma o.f.m. (compositor sacro, autor dos hinários litúrgicos e fundador dos Corais Trovadores da Mantiqueira e Trovadores do Planalto) disse...

Francisco,
Li o projeto germano-austríaco a respeito de um problema europeu imenso, dificílimo a ser resolvido! Qual seria uma solução melhor? A América Latina poderia fazer algo para se achar uma solução? Quantos refugiados virão ainda da Venezuela, outro problema difícil de se resolver!
De onde virá uma luz para se resolverem tantos problemas? Seu artigo tocou num problema mundial! Valeu!!
Meus votos de "Paz e Bem!" para você e Rute!
F.Joel.

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga.
Chamar de "solução final" às propostas da chanceler parece algo descabido. O fato é que os ingredientes dessa crise, que combina elementos de contradição sistêmica com o desastre humanitário do "Terceiro Mundo" ligado à Europa, tem deixado os dirigentes sem alternativas e os prognósticos dos analistas são sempre sombrios.
O mesmo se passa com os E.U.A. e, nesse caso, estamos diretamente imbricados, como ficou evidente no caso vergonhoso dos emigrantes brasileiros ilegais.
Já o terrorismo latino-americano tem se limitado ao narcotráfico, até agora.
Muito grato. Cumprimentos.
Cupertino

Anizabel Nunes Rodrigues de Lucas (flautista, professora de música e regente) disse...

Vamos colocar nas mãos de quem tem mais poder: DEUS. Oremos com muita fé para que proteja todos esses imigrantes tão indesejados e tão maltratados por este mundo afora.

Prof. Arnaldo de Souza Ribeiro disse...

Prezado Acadêmico Francisco Braga,
Boa noite.
Obrigado por nos propiciar leitura de texto tão importante.
Fraternal abraço.
Arnaldo

Dr. Paulo Milagre (corretor de imóveis, escritor e ex-presidente da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Receba meu cordial abraço.