Por Arna Elozović *Tradução do inglês por Francisco José dos Santos Braga
Este artigo explora cinco temas por meio de uma análise minuciosa de um único indivíduo, Manólis Andrónikos, conhecido como “Arqueólogo Nacional da Grécia”. Os cinco temas explorados são: o processo de criação de um estado territorial; o papel essencial das potências externas; construção de uma infraestrutura; combinação de uma monarquia com governo participativo; e, finalmente, superação do regionalismo para estimular a centralização. O artigo é uma exploração da identidade examinando como a descoberta de tumbas não saqueadas por Manólis Andrónikos na vila de Vergina transformou a identidade grega ao incorporar o Norte da Grécia, especificamente a Macedônia, na consciência nacional. Andrónikos concluiu que os artefatos arqueológicos em pelo menos uma tumba [por exemplo, ossos humanos em um lárnaque (caixa ou cofre) de ouro maciço], pertenciam a Filipe II, pai de Alexandre, o Grande, do século IV a.C. O propósito do ensaio não é provar ou refutar a validade da alegação; em vez disso, é examinar o impacto do trabalho arqueológico de Andrónikos e como ele, como pessoa, cientista e historiador, transformou a identidade grega moderna ao interpretar as evidências e, ao fazê-lo, vinculou o moderno estado-nação da Grécia ao seu antigo e glorioso passado.
A identidade nacional muda ao longo do tempo. A identidade nacional da Grécia é um desenvolvimento recente que ocorreu nos últimos dois séculos, em oposição aos últimos três a quatro milênios, que é a amplitude e o escopo completos da história “grega”. A arqueologia moderna influenciou a criação do estado-nação grego; muitas vezes essa identidade nacional, apoiada por descobertas arqueológicas, se estende ao reino do sonho e da imaginação, na medida em que conclusões são tiradas sobre um passado distante quando eventos ocorreram em um calendário diferente e as pessoas que participaram desses eventos estão há muito tempo mortas. Assim, um “passado histórico nacional” pode ser provado ou refutado pela descoberta de artefatos e tesouros, mas a prova está na interpretação. E a interpretação requer tanto ter-se a capacidade analítica para colocar as descobertas arqueológicas dentro de uma estrutura conhecida, quanto a imaginação para entender e identificar as grandes lacunas de conhecimento naquela estrutura. Independente de um sítio ou evento poder ou não ser ancorado a uma data específica, de acordo com as convenções do calendário moderno, o impacto desse passado “imaginado” — um passado que não pode ser revivido, mas apenas interpretado — não pode ser apagado depois de transmitido.
Essa reimaginação do passado é exatamente o que aconteceu com dois pequenos ‘povoados’ na Macedônia, Koutles e Barbes, em duas grandes ocasiões. A primeira foi em 1922, quando os povoados foram “elevados ao status de vila com o advento dos refugiados dos Pontos... Foi então que esse novo assentamento adquiriu o nome que tem hoje” ¹, Vergina. E então Vergina foi reimaginada por um arqueólogo grego, Manólis Andrónikos, cuja descoberta impressionante dos túmulos reais e seus conteúdos intocados por ladrões capturou não apenas a imaginação nacional grega, mas também a atenção dos países vizinhos da Grécia e de todo o mundo. Desde a descoberta inicial de Andrónikos em 1977, a escavação arqueológica e o subsequente monumento/museu em Vergina se tornaram um patrimônio mundial da UNESCO com cerca de 300.000 visitantes por ano. ² Mais importante: Vergina se tornou a pedra angular para uma incorporação política e étnica da Macedônia helenística na identidade nacional grega.
Com suas descobertas em Vergina, Andrónikos deu à Grécia o direito a uma reivindicação que excedia a jurisdição territorial da Grécia; por causa de suas descobertas em Vergina, a Grécia retratou a Macedônia como “grega” na língua e na cultura, pelo menos desde o século IV a.C. Contudo, a reivindicação não foi sem argumentos, dada a histórica disputa de poder na região pelas férteis planícies, rios e recursos. A Macedônia tem feito parte da Grécia desde o Tratado de Bucareste de 1913, mas neste caso a identidade vai além das fronteiras. O emblema mais notável e contestado da identidade nacional foi a estrela de dezesseis pontas ou sol descoberto na tampa de um lárnaque (caixa ou cofre) de ouro no Túmulo II de Vergina. O lárnaque, uma caixa feita de ouro pesando 7.790 gramas e medindo 0,409 x 0,341 x 0,017 metros, continha os ossos de uma pessoa falecida. Esses ossos foram queimados e coloridos de um azul escuro — especialmente o crânio — por terem sido lavados em vinho e/ou envoltos em pano roxo. ³ Esses são os ossos que Manólis Andrónikos afirmou pertencer a Filipe II, Rei da Macedônia, que governou de 359 a 336 a.C., o mesmo Filipe que uniu a Macedônia com a intenção de invadir a Ásia, mas nunca atingiu seu objetivo porque foi assassinado em 336 a.C. em um teatro público. ⁴ Isso deixou seu filho e herdeiro, Alexandre III, ampliar o território macedônico de modo a criar um império helenístico que chegava até à Índia; e por essa conquista, Alexandre ficou conhecido simplesmente como “O Grande”.
O conflito moderno entre a Grécia e a Ex-República Iugoslava da Macedônia (FYROM-Former Yugoslav Republic of Macedonia) acerca de um emblema (ou seja, a estrela de Vergina) pode parecer um pouco absurdo se ignorarmos o contexto histórico do argumento, tanto no passado distante quanto no mais recente. A estrela de dezesseis pontas é mais do que uma bandeira; é um símbolo. A Macedônia — a região e até mesmo o próprio nome — tem sido contestada como território e tem tido uma identidade étnica mista por um longo tempo. Mesmo no século IV a.C., Filipe II teve dificuldades em consolidar os territórios que compunham a Macedônia; ele teve que tomar medidas militares e fazer vários casamentos políticos; felizmente para ele, a poligamia não era um problema. Nos dias modernos, houve três períodos principais que tornaram a Grécia sensível a qualquer reivindicação de herança macedônica pela FYROM. Primeiro, após as Guerras dos Bálcãs de 1912-1913, a Macedônia se tornou parte da Grécia, mas após a desastrosa campanha da Grécia contra a Turquia em 1920-22 e como parte da subsequente troca populacional entre a Grécia e a Turquia, um total de 1.100.000 gregos da Ásia Menor (Turquia) foram reassentados na Macedônia, Trácia e outras partes da Grécia, enquanto aproximadamente 380.000 muçulmanos na Grécia foram enviados para viver na Turquia. Outros 100.000 refugiados gregos vieram para a Grécia a partir da Rússia revolucionária e da Bulgária. ⁵ Todos eles tinham memórias de longa data da revolta, mas primeiramente o fluxo de refugiados mudou a composição étnica da população da Macedônia para que a maioria fosse “grega”. ⁶ Em segundo lugar, a Macedônia sofreu sob uma ocupação brutal durante a Segunda Guerra Mundial pelos búlgaros. E terceiro, os comunistas gregos, fugindo do governo de direita durante a guerra civil em 1949, mudaram-se para o norte e clamaram por “autodeterminação para os macedônios eslavos” enquanto caminhavam. ⁷
Se a Grécia tem algumas razões históricas para ser exigente, os macedônios de língua eslava, um povo há muito pisoteado, têm a necessidade de ter uma conexão com um passado glorioso, seja ou não parte da própria herança étnica. Esse elo — com a glória da consolidação da Macedônia por Filipe II e a subsequente conquista e estabelecimento de um império por seu filho — é parte do passado “imaginado” que as pessoas modernas buscam encontrar para alcançar um lugar dentro da estrutura histórica em que todos nós vivemos. O argumento entre a Grécia e a FYROM tem sido significativo porque envolve mais do que território; é de identidade que se trata. A Grécia “reivindicou uma patente internacional para a estrela de Vergina em 1995; no mesmo ano, a Grécia se recusou a enviar representantes para comemorar o Holocausto em Auschwitz porque na cerimônia haveria uma delegação da FYROM com sua bandeira nacional, apresentando a mesma estrela”. ⁸
Tais ações são uma boa maneira de ser insultado no cenário internacional e a Grécia perdeu alguma credibilidade sobre sua reação à FYROM. No entanto, foi aí que Manólis Andrónikos entrou em cena, fornecendo provas do Helenismo da Macedônia. Seu sonho de encontrar uma tumba não saqueada, sua intuição nascida de uma longa experiência de escavação no local e o apoio financeiro do governo grego, uma vez que a descoberta foi feita colocaram-no na categoria de arqueólogo superstar, um status que poucos acadêmicos alcançarão. Tornar seu sonho realidade foi uma conquista de pelo menos vinte e cinco anos em construção. ⁹ Hamilákis, em seu livro The Nation and its Ruins, escreveu: “se a antiguidade da Grécia opera como uma religião nacional secular, então Andrónikos pode ser visto como um grande xamã dessa religião”. ¹⁰ Assim, um breve resumo dessa vida é necessário para definir o contexto do seu sonho e como ele ajudou a mudar a identidade do estado-nação grego.
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Nascido na atual Bursa, Turquia, em 1919, Andrónikos escapou da devastação da guerra (por exemplo, a destruição de Esmirna) com sua família e foi reassentado em Salônica (ou Thessaloníki) em 1922. Lá, ele viveu na cidade, à sombra de marcos, estudando humanidades na escola com um currículo completo de grego antigo e moderno, latim, arqueologia e estudos folclóricos. Ele foi para Vergina pela primeira vez em 1937, estudando e trabalhando sob a tutela de Konstantínos Romaios, professor de arqueologia, que já estava escavando no sítio de Vergina. ¹¹ Então veio a Segunda Guerra Mundial. Andrónikos usou uma nomeação para lecionar na Trácia para escapar da Grécia ocupada. Ele se juntou aos combatentes da resistência no Oriente Médio e, após o fim da guerra, retornou ao seu país. Ele fez exames para o Serviço Arqueológico Nacional e foi aprovado. Em 1947, ele se tornou curador da região que incluía Vergina. ¹² Ele escavou pela primeira vez a ‘Megáli Toúmba’ em 1952 ¹³, mas não teve sucesso em sua tentativa. Ele então obteve seu doutorado e estudou por dois anos em Oxford. Ele se tornou professor titular na Universidade Aristotélica de Thessaloníki em 1961, fazendo mais duas tentativas em 1961 e 1962 no local. As publicações de Andrónikos durante a ditadura militar entre 1967 e 1974 expressaram resistência sutil contra o governo. ¹⁴ Após o fim da ditadura em 1974, ele retornou a Vergina em 1976, desta vez com financiamento da Universidade de Thessaloníki.
Andrónikos disse sobre sua escavação de 1976, antes de sua descoberta das Tumbas Reais: “Comecei a sonhar em ter a sorte de encontrar a primeira tumba macedônica não saqueada, um golpe de sorte que todo arqueólogo desejaria ter.” ¹⁵ Seu objetivo no trabalho em Vergina era “desde o início, a tumba para a qual o Grande Túmulo foi construído.” ¹⁶ O Grande Túmulo era um vasto monte de terra cobrindo as tumbas, que Andrónikos escavou. Hamilákis explicou que sonhar era uma parte real do processo de descoberta para Andrónikos, fosse o sonho dele ou os sonhos de seus colaboradores. Andrónikos mencionou em seus escritos sonhar com a escavação em duas ocasiões particulares (e marcantes). A primeira quando um capataz desenhou uma tumba com uma câmara principal e antecâmara, antes de sua descoberta, com base no que ele havia sonhado na noite anterior. Andrónikos disse que ele próprio não viu um sonho tão bonito na época, mas que “parecia que eu estava esperando para vê-lo à luz do dia”. ¹⁷ Ele subscreveu a crença de que as pessoas simples (por exemplo, os não-arqueólogos sem instrução) tinham uma melhor compreensão da verdade, quase como se estivessem se baseando em algum tipo de memória cultural genética herdada. Um segundo exemplo da importância que Andrónikos dava aos sonhos foi baseado em uma carta que ele recebeu de uma mulher americana descrevendo seu sonho da descoberta como o túmulo de Filipe II. ¹⁸ Andrónikos escreveu sobre esse sonho de mulher em uma publicação posterior, notando sua surpresa de que a carta dela foi enviada antes que ele fizesse seus anúncios oficiais e antes que ele encontrasse o segundo esqueleto, fato que a mulher não poderia ter ficado sabendo através de jornais. Hamilákis diz: “Andrónikos acreditava na habilidade de pessoas ‘simples’... de se comunicar com os mortos mais diretamente, e parecia-lhe que talvez sonhar fosse uma maneira pela qual essa verdade era revelada a elas.” ¹⁹
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Manólis Andrónikos (1919-1992) notabilizou-se pela descoberta do túmulo de Filipe II da Macedônia. |
As descrições de Andrónikos sobre a descoberta da tumba são extraordinárias de várias maneiras; ele publicou cedo e para um público amplo. A rapidez com que ele atrai o leitor e sua excitação demonstram quase uma sensação de inevitabilidade da descoberta. Ele tentou restringir a esperança de boa sorte que se esconde por trás de alguns dos aspectos mais técnicos de seu relatório, mas, como leitores, temos o benefício de saber o resultado com antecedência. Andrónikos decidiu que a “vasta área coberta pelo Cemitério dos Túmulos e a vasta riqueza que se acumulou ali por um longo período não eram mais um quebra-cabeça” ²⁰, com base em suas descobertas anteriores de estelas quebradas encontradas no Grande Túmulo e na conclusão do trabalho de N.G.L. Hammond sobre História da Macedônia de que Edessa e Aigai eram cidades separadas. Esses pontos-chave levaram Andrônico a continuar com a escavação: Vergina era Aigai, a antiga capital da Macedônia e, portanto, ele concluiu que o Túmulo cobria tumbas reais.
Na temporada seguinte, em 1977, Andrónikos provou que essas teorias estavam corretas. Ele estava cavando várias trincheiras sem sucesso quando “reabriu uma nova trincheira do sudoeste... e encontrou uma parede estranha construída de tijolos”. ²¹ Escavações posteriores levaram a ossos queimados, cinzas, recipientes para ritos em homenagem aos mortos, incluindo pratos de peixe e “saleiros” e, finalmente, a superfície superior de uma parede. Uma segunda parede foi descoberta e, em seguida, “blocos de calcário alongados... cobrindo uma tumba subterrânea retangular”. Assim que ele e sua equipe desenterraram o teto da tumba, ficaram emocionados ao ver que estava coberto com uma camada sólida de estuque. ²² O trabalho continuou em ritmo acelerado: eles descobriram três edifícios, dois deles tumbas, o outro um heróon, um santuário dedicado à adoração dos mortos, seja uma ou mais pessoas. ²³
O primeiro túmulo em que entraram havia sido saqueado, mas em três paredes havia um friso estreito e, mais surpreendentemente, acima do friso, uma pintura retratando o Rapto de Perséfone por Hades (correspondendo na mitologia romana ao Rapto de Prosérpina por Plutão). Eles então começaram a trabalhar na escavação do segundo túmulo, e novamente acima do friso havia uma pintura, esta que Andrónikos descreveu como se estendendo por 5,56 m e representando uma cena de caça com homens a pé e três homens montados em cavalos, cães e um leão. No entanto, devido à potencial perda de financiamento e à aproximação do inverno, a temporada de escavação estava chegando ao fim. Andrónikos e sua equipe tiveram sorte: o clima se manteve e eles conservaram um ritmo acelerado. Acima deste segundo túmulo, eles encontraram tijolos queimados, duas espadas de ferro dobradas e cavalos de ferro, sobre os quais Andrónikos escreveu: “lembra o funeral de Pátroclo, a quem Aquiles sacrificou ‘quatro cavalos de pescoço alto' e nos obrigou a considerar o falecido para quem o túmulo havia sido erguido como um mortal não comum”. ²⁴ Suas esperanças aumentaram porque o segundo túmulo tinha a aparência externa de ser de alguém muito importante.
Quando Andrónikos percebeu que o segundo túmulo não havia sido saqueado, ele disse: “Eu sabia que daquele momento em diante eu tinha que ter controle absoluto sobre todas as minhas ações e que não havia margem para erro ou descuido: nem eu tinha tempo de sobra, pois já estávamos em novembro.” ²⁵ É preciso considerar que Andrónikos passou mais de quarenta anos a serviço da “arqueologia nacional” e que ele tinha acabado de realizar o sonho de sua vida. Sua “exumação do túmulo” em 8 de novembro de 1977 mostra sua sensibilidade teatral, mas também sua compreensão do simbolismo dramático ²⁶, que é um alimento direto para essa imaginação nacional. Essa jornada ao submundo de uma tumba macedônica não foi abstrata para ele, mas o momento real em que ele foi capaz de se conectar ao passado — tornar-se parte do passado — pela descoberta de bens materiais. ²⁷ O fato de ele ter considerado de suma importância compartilhar a descoberta nos mostra por que Andrónikos era extraordinário: ele era um acadêmico que lutava com dois propósitos distintos: a necessidade de fazer um exame completo das evidências antes de tirar conclusões e a necessidade de compartilhar o passado não apenas com seus compatriotas, mas com o mundo todo.
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Grande Túmulo da família real macedônica em Aigai -Crédito: foto de Sarah Murray (via Wikimedia Commons) |
As descobertas do Túmulo II foram de tirar o fôlego, incluindo o lárnaque de ouro, os ossos no seu interior, vasos de prata, uma grande capa de bronze de um escudo, um escudo cerimonial, grevas (parte da armadura, feita de bronze, representando proteção das tíbias para o guerreiro), um candelabro, couraça de ferro com faixas de ouro, restos de espada, um capacete, uma coroa de folhas de carvalho feita de ouro e bolotas e estatuetas de marfim no formato de cinco cabeças esculpidas. E durante esse período de escavação em Vergina, a Grécia estava passando por outra transição política: era apenas a segunda eleição a ser realizada desde a queda da ditadura em 1974. ²⁸ Notícias de Vergina começaram a vazar. Andrónikos e seus colegas organizaram uma entrevista coletiva em 24 de novembro de 1977, algumas semanas após a descoberta inicial do Túmulo II intacto, embora tivessem acabado de entrar na antecâmara em 21 de novembro. Quando o fizeram, encontraram novamente um sarcófago, um lárnaque dourado, uma ânfora, três grevas e um feixe de pontas de flechas de bronze, para citar apenas alguns itens importantes. No lárnaque, encontraram os ossos de outra pessoa morta — real como o túmulo principal — mas desta vez uma mulher. Andrónikos retornou à Universidade em Salônica para fazer seus anúncios, mas sentiu que era seu “dever informar os membros mais antigos do governo, o Presidente da República e o Primeiro-Ministro”, dessas descobertas. ²⁹
Konstantínos Karamanlís, então presidente da Grécia, disse: “A Grécia pertence ao Ocidente”, enquanto seu rival político de longa data, Andréas Papandréou disse: “A Grécia pertence à Grécia”. ³⁰ Mas quando se tratou das descobertas de Vergina, a Grécia decidiu que a Grécia pertencia ao mundo. Andrónikos e sua equipe removeram os artefatos de Vergina quase imediatamente para protegê-los de saqueadores e os transferiram para o Museu de Salônica. Mais tarde, o governo grego apoiou tanto a escavação contínua em Vergina quanto as exposições internacionais dos artefatos e tesouros, que viajaram pelo mundo do início dos anos 1980 até os anos 1990. ³¹ A Grécia tinha um interesse pessoal em tal publicidade; ela precisava tornar a Macedônia “grega” e provar a natureza histórica dessa reivindicação, dados os reassentamentos em 1922, os conflitos de fronteira em curso e, em seguida, a turbulência nos Bálcãs na década de 1990. ³²
O Helenismo tem sido uma característica definidora da imagem e do papel da Grécia no mundo desde o início do país como um estado-nação e, portanto, valia a pena exportar as descobertas em Vergina globalmente. Ajudou o fato de os artefatos serem de ouro maciço, adicionando fascínio literal e figurativo às descobertas. Mas com a publicidade veio o desacordo, intenso e múltiplo. O debate sobre se Vergina era ou não a antiga capital da Macedônia e a quem os ossos realmente pertenciam normalmente teria sido restrito a artigos acadêmicos. No entanto, o debate se transformou ao longo do tempo em um argumento sobre identidade política e, ao fazê-lo, agora nos mostra o quão ativa é a arqueologia no imaginário nacional da Grécia e mais além.
O que estava sendo debatido não era apenas a evidência no subsolo (por exemplo, o desenvolvimento de arcos, quando o arco foi usado pela primeira vez na Grécia, provaria quando o túmulo foi construído: antes ou depois de Filipe II), mas a Grécia imaginária que nunca existiu verdadeiramente para uma pessoa moderna. Hamilákis fala do esforço anterior do Helenismo Grego do século XIX d.C.: “os sítios sagrados da imaginação europeia, muito adorados pelos viajantes ocidentais (que agora também se tornaram os locais sagrados da imaginação nacional helênica), tiveram que ser reconstruídos em sua forma idealizada, para se tornarem um passado que nunca existiu. Essas práticas, que resultaram em um passado material clássico higienizado, eram bastante convenientes para a nova indústria de commodities visuais, a fotografia.” ³³ É por isso que um túmulo não saqueado é tão extraordinário; os túmulos em Vergina estavam intactos e não tinham camadas de história bizantina e otomana sobre os artefatos. Esta é a história grega “pura” no sentido de um ideal cultural. Andrónikos tornou isso mais real para seus colegas e para o público em geral ao divulgar a riqueza material do passado no início de sua escavação e, ao fazê-lo, compartilhar com o mundo um pouco da “glória que era a Grécia”. O fato de o túmulo ter sido encontrado em uma zona contenciosa ao norte do país tornou tudo ainda mais significativo para o país em sua busca pela “herança helênica”.
Andrónikos acreditava que o túmulo em Vergina pertencia a Filipe por várias razões: ele datou o Túmulo II entre 350-310 a.C., e apenas três reis macedônicos eram conhecidos naquela época. Os ossos queimados e restos de sacrifício acima do túmulo e do heróon significavam que o túmulo era de alguém importante; a armadura e a riqueza do conteúdo indicavam que a pessoa era um homem real. O que Andrónikos chamou de “anomalias na construção”, ou seja, a pressa com que o túmulo foi rebocado e a presença da antecâmara construída mais tarde e contendo os ossos da mulher, poderia levar a uma suposição lógica de que a necessidade de Alexandre de retomar o controle da Macedônia após o assassinato de seu pai Filipe apressou a construção do Túmulo II, o que explica as diferentes taxas de construção na antecâmara para uma das esposas de Filipe. Além disso, um exame do crânio por cientistas forenses determinou que o falecido sofreu um ferimento no olho direito (Filipe ficou cego em batalha). ³⁴ Todos esses pontos não pretendem servir como um conjunto abrangente de razões pelas quais o túmulo deve ter sido construído para Filipe II, mas sim, a lista pretende mostrar a maneira como Andrónikos lidou com suas descobertas e caminhou na linha tênue entre a dedução baseada na evidência e a imaginação do que poderia ter sido, usando sua imaginação para inventar não o que estava diante dele, mas o que ele não poderia encontrar: razões para o primeiro túmulo saqueado (Túmulo I), motivações para a construção apressada do Túmulo II e qual poderia ser a identidade da mulher na antecâmara do Túmulo II e as razões por que as taxas de construção poderiam ter sido diferentes. ³⁵
A Grécia tinha uma necessidade histórica de estabelecer a herança grega em suas fronteiras do Norte e a reivindicação do país à região da Macedônia como território helênico de longa data expandiu a identidade nacional para incluir o argumento de que a Grécia estava em seu maior território sob Alexandre, o Grande. Assim, Andrónikos teve que ser preciso com as evidências em Vergina, mas ao mesmo tempo disseminar as notícias de suas descobertas o mais amplamente possível. Ainda assim, as suas conclusões não foram feitas fora de contexto. Ele abordou a necessidade de contexto quando, em uma publicação de 1987, descreveu como a descoberta de mais tumbas macedônicas mudou percepções de longa data sobre como datar a arquitetura na região. Ele disse: “a presença da abóbada na tumba de Filipe parece não representar um estágio experimental, mas carrega todos os sinais de um construtor experiente e sugere que essa solução já havia sido tentada muitos anos antes”.
³⁶ As conclusões sobre a cronologia do desenvolvimento da arquitetura macedônica mudaram agora que temos um quadro mais completo de evidências; foi somente após a descoberta de mais tumbas macedôniacs com arcos abobadados que os estudiosos começaram a aceitar a noção de que a Macedônia estava usando o arco antes da conquista do Oriente por Alexandre, o Grande.
É por isso que Andrónikos — o arqueólogo nacional da Grécia — ainda tem estatura, autoridade e presença, embora já tenha morrido. Ele tentou fundir erudição genuína e um exame das evidências com o impacto emocional de tais descobertas e, ao fazê-lo, criou um novo espaço reservado na imaginação nacional: ele trouxe a Grécia do Norte para a consciência nacional. O livro de Hamilákis, The Nation and its Ruins, frisa esse aspecto adicional eloquentemente, o de que nosso exame do passado por meio da arqueologia, bem como o debate acadêmico subsequente, não chega ao “imediaticidade” do passado. A compreensão e o exame do passado requerem imaginação e, ainda ao mesmo tempo, devem ser uma experiência tangível, empírica e baseada em evidência. Nas próprias palavras de Andrónikos, “o arqueólogo vê e toca o conteúdo da história; isso significa que ele percebe de uma maneira sensorial a verdade metafísica do tempo histórico”. Se Andrónikos percebeu ou não uma verdade metafísica do tempo, não é possível assegurar porque verdades metafísicas estão além da evidência. Ele, no mínimo, forneceu uma nova narrativa nacional grega baseada no que encontrou enterrado na terra em Vergina e globalizou aquela história. Manólis Andrónikos alcançou o que escreveu em 1988, quatro anos antes de sua própria morte:
“Se... em algum momento, pudéssemos nos livrar dessas obrigações acadêmicas e abordar de forma humana, eu diria poeticamente, alguns monumentos do passado, em vez de enquadrá-los dentro dos esquemas frios de nossa construção conceitual, os veríamos ou os leríamos como imagens e vozes de um ser humano que nos vê e fala conosco das profundezas do tempo, talvez pudéssemos ganhar muito mais e, assim, ajudar as pessoas de hoje, a nós mesmos, para que não nos sentíssemos solitários e perdidos no caos dos séculos e no fluxo ininterrupto de inúmeros seres humanos.” ³⁷
Link: https://www.academia.edu/6169454/Manolis_Andronikos_Greece_s_National_Archaeologist
* Dra. Arna Elezović é historiadora, escritora e professora assistente visitante na Western Washington University para o Departamento de História e o Programa de Honras. Seu Ph.D. é da University of Washington (UW), onde ela deu seminários introdutórios e intermediários de escrita para o Programa de Escrita Interdisciplinar da UW (2018-2021) e um curso de história comparativa sobre a redescoberta do antigo mundo mediterrâneo (verões de 2017, 2019, 2021). Sua pesquisa se concentrou em como o passado antigo foi construído para a Europa Ocidental por relatos de viagem etnográficos e jornalismo no século XIX. Ela está atualmente explorando a criação de narrativas, identidades e tempo usando textos históricos.
II. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Manólis Andrónikos, Vergina: The Royal Tombs and the Ancient City (Ekdotike Athenon S.A.: Athens, 1984), 17. Veja também, Yánnis Hamilákis, The Nation and its Ruins: Antiquity, Archaeology, e National Imagination in Greece (Oxford University Press: New York, 2007), 163, nota #35. Hamilákis diz que — segundo uma lenda local — Vergina recebeu o nome de uma rainha que se recusou a se submeter ao Império Otomano e então se jogou no rio. Hamilákis também explica que, quando os imigrantes da Anatólia chegaram à região em 1922, a família de Andrónikos entre eles, os topônimos desses vilarejos foram apagados pelo bispo local, provando assim a opinião posterior de Hamilákis de que renomear é "reivindicar" ou tornar uma região sua. Hamilákis cita Andrónikos, que mais tarde rejeitaria os vilarejos, dizendo: "A vila não tinha história".
² Hamilákis, The Nation and its Ruins, 155. Hamilákis escreveu sobre sua própria visita ao museu, abrigo de todas as descobertas de Andrónikos, que agora existe em Vergina: “O vigia, muito orgulhoso de estar lá, diz que cerca de 300.000 pessoas visitam o local todos os anos (na verdade, de acordo com os dados do Ministério da Cultura, o número é muito menor do que isso.)”
³ Andrónikos, Vergina: Royal Tombs and the Ancient City, 168-170.
⁴ Ian Worthington, Philip II of Macedonia (Yale University Press: New Haven and London, 2008), 181. Worthington escreve que o assassinato de Filipe II ocorreu na celebração do casamento entre a filha de Filipe, Cleópatra (por sua esposa Olímpia), e o tio de Cleópatra, Alexandre de Épiro. No dia seguinte ao casamento, jogos atléticos estavam programados, mas foram precedidos por uma procissão ao nascer do sol, na qual estátuas de doze deuses olímpicos seguidas por uma estátua de Filipe foram carregadas de uma entrada lateral do teatro. Este situação é significativa porque Andrónikos escavou não apenas um teatro em Vergina, mas também um heróon, um santuário dedicado à adoração dos mortos, seja uma ou mais pessoas. Andrónikos concluiu que o heróon era provavelmente para o rei Filipe (com base na compilação de evidências adicionais resumidas neste artigo).
⁵ Richard Clogg, Concise History of Greece (Cambridge University Press: Cambridge UK, 1992), 99.
⁶ Clogg, Concise History of Greece, 103: “Os gregos que eram minoria na Macedônia Grega logo após as guerras dos Balcãs agora se tornaram uma clara maioria.”
⁷ Clogg, Concise History of Greece, 208. Clogg também observa sobre os comunistas gregos (chamados de Exército Democrático), 139: “Em 1949, cerca de 40% da base do Exército Democrático era composta por macedônios eslavos, um fato que levou o partido comunista a defender mais uma vez o direito de autodeterminação dos macedônios.”
⁸ Hamilákis, The Nation and its Ruins, 161, nota #30. Hamilákis cita Brown 1994 sobre a política de identidade em relação a este símbolo nacional.
⁹ Hamilákis, The Nation and its Ruins, 135. Hamilákis diz que a primeira tentativa de Andrónikos de descobrir o ‘Segredo da Megali Toumba’ foi crucial para implantar a ideia de que o local tinha tumbas reais. Hamilákis fornece as próprias palavras de Andrónikos: “Eu estava sonhando com isso desde o momento em que fiz o primeiro teste em 1952.”
¹⁰ Hamilákis, The Nation and its Ruins, 162.
¹¹ Ibid., 134.
¹² Ibid.
¹³ Ibid., 135.
¹⁴ Ibid., 137, nota #4.
¹⁵ Andrónikos, Vergina: Royal Tombs and the Ancient City, 56.
¹⁶ Ibid., 63.
¹⁷ Hamilákis, The Nation and its Ruins, 139.
¹⁸ Ibid., 140. A mulher escreveu, em sua carta a Andrônico: “Quando acordei de manhã, peguei o jornal local e lá li um pequeno telegrama de Atenas, que dizia: ‘No norte da Grécia, foi encontrada uma tumba que provavelmente é a do rei da Macedônia, Filipe.’ Entre meu sonho e o telegrama, havia duas diferenças. No telegrama, dizia provavelmente, enquanto no meu sonho, o homem estava categoricamente certo... P.S. Embora não faça parte do meu sonho, tenho a sensação de que no complexo da mesma tumba, há um segundo esqueleto menor de um bebê ou de uma mulher. Esta é minha intuição, não parte do meu sonho.”
¹⁹ Hamilákis, The Nation and its Ruins, 141.
²⁰ Andrónikos, Vergina: Royal Tombs and the Ancient City, 62.
²¹ Ibid., 64.
²² Ibid., 65.
²³ Ibid.
²⁴ Ibid., 69.
²⁵ Ibid.
²⁶ Andrónikos, Vergina: Royal Tombs and the Ancient City, 69. Andrónikos observou que planejava abrir o túmulo em 8 de novembro, que era o dia em que a Igreja Ortodoxa celebra a festa dos Arcanjos Miguel e Gabriel, senhores do Submundo. Hamilákis (The Nation and its Ruins, 142) disse sobre a escolha da data de Andrónikos: “A encenação da abertura para coincidir com essa data fala da tentativa deliberada de vincular a descoberta ao calendário e às crenças cristãs: a jornada de Andrónikos ao submundo fundiu as narrativas nacionais e religiosas; o passado clássico fornece histórias abundantes da descida ao mundo dos mortos... a mais famosa talvez... Odisseu.” E sobre a natureza pública da abertura do túmulo, Hamilákis (The Nation and its Ruins, 150): “A abertura foi planejada para 8 de novembro; uma série de dignitários foi convidada.”
²⁷ Andrónikos, Vergina: Royal Tombs and the Ancient City, 70. Andrónikos disse sobre sua própria descoberta: “Os longos anos gastos estudando costumes funerários, longe de entorpecer suas sensibilidades, tinham-nas aguçado a tal ponto que ele viveu o momento emocionante, nunca mais recapturado, quando lhe foi concedido viajar de volta através dos milênios e chegar perto da verdade viva do passado, como uma experiência direta.” Esta citação resume bem a fusão do cientista com o aspecto emocional do trabalho arqueológico.
²⁸ Andrónikos, Vergina: Royal Tombs and the Ancient City, 75. Também Hamilákis, The Nation and its Ruins, 152.
²⁹ Andrónikos, Vergina: Royal Tombs and the Ancient City, 79.
³⁰ Clogg, Concise History of Greece, 176.
³¹ Hamilákis, The Nation and its Ruins, 145 e nota #12 na mesma página. O aluno supõe que as exposições itinerantes com os artefatos de Vergina foram organizadas por Andrónikos e seus colegas no Museu de Thessaloníki, onde os achados de Vergina foram abrigados, mas com o apoio do governo grego. As exposições cobriram um período de dez anos: “A busca por Alexandre” no início dos anos 1980, “Macedônia: dos tempos micênicos à morte de Alexandre, o Grande” no final dos anos 1980 e “Civilização grega, Macedônia e o reino de Alexandre, o Grande” no início dos anos 1990. Hamilákis diz, 146: “O sucesso da última exposição foi anunciado na imprensa grega com o título, ‘Alexandre, o Grande, Conquistador do Canadá também.’”
Além disso, na época da descoberta de Andrónikos em 1977, o governo não apenas financiou a escavação contínua em Vergina, mas, embora as leis da Grécia impedissem a remoção de antiguidades do país, o então primeiro-ministro Karamanlís fez lobby pessoalmente para que essas leis fossem alteradas a fim de permitir que os artefatos saíssem do país.
³² Comentário da autora: Pequenos países dos Bálcãs tinham (ou ainda têm) a tendência de se apegar à sua identidade nacional de uma forma que países maiores não têm, o que talvez se deva não apenas ao seu tamanho e à sua falta de independência, mas também ao legado do domínio do Império Otomano nos Bálcãs. Além disso, a maioria dos países dos Bálcãs serviu como encruzilhada literal de guerra, vendo todas as grandes invasões na Europa ao longo da história registrada.
³³ Hamilákis, The Nation and its Ruins, 96.
³⁴ A.J.N.W. Prag, “Reconstructing King Philip II: The ‘Nice’ Version”, American Journal of Archaeology vol. 94, nº 2 (April 1990): 239.
³⁵ N.G.L. Hammond, “The Royal Tombs at Vergina: Evolution and Identities”, The Annual of the British School at Athens vol. 86 (1991): 77-79. Hammond propôs a teoria de que a mulher pode ter sido uma das esposas de Filipe. Como os ossos encontrados na Tumba II eram de uma mulher de uma certa faixa etária, havia apenas três opções de esposas: Cleópatra, Meda, que era filha de um rei geta, ou, finalmente, a filha de um rei cita. Neste artigo de 1991, Hammond reverteu sua opinião anterior de 1978 porque a Tumba III ainda não havia sido encontrada e, na época, a Tumba II parecia ser única.
³⁶ Manólis Andrónikos, “Some Reflections on the Macedonian Tombs”, The Annual of the British School at Athens vol. 82 (1987): 12. Este artigo mostra que as conclusões tiradas sobre o desenvolvimento da arquitetura na Macedônia tiveram que ser revisadas com base nas evidências em Vergina e outros locais de tumbas durante a década de 1980. Após a descoberta inicial de Andrónikos da Tumba II em 1978, muitos estudiosos, tais como E.N. Borza e Phyllis Williams Lehmann (citado abaixo), acreditaram que a tumba em Vergina não poderia ser de Filipe porque a abóbada não foi usada na construção de tumbas na Macedônia até depois de Alexandre, o Grande, ter sido exposto à arquitetura abobadada na Ásia.
E.N. Borza, “The Royal Macedonian Tombs and the Paraphernalia of Alexander the Great”, Phoenix vol. 41, nº 2 (verão de 1987): 108 e 119. Borza usou o argumento da “abóbada de berço” em seu artigo para tentar provar que a tumba pertencia de fato a Filipe III Arrhidaeus e sua esposa. A hipótese de Borza era de que aqueles artefatos bélicos (ou seja, a espada e o capacete encontrados na Tumba II) pertenciam a Alexandre, o Grande, porque Arrhidaeus não era um lutador. Esta explicação, embora plausível, parece um pouco conveniente demais.
Phyllis Williams Lehmann, “The So-Called Tomb of Philip II: A Different Interpretation”, American Journal of Archaeology vol. 84, nº 4 (outubro de 1980): 528-529. Lehmann também usou o argumento da construção da abóbada de berço para datar a tumba depois de Filipe II, mas descobertas arqueológicas no final da década de 1980 refutaram o argumento dela.
³⁷ Hamilákis, The Nation and its Ruins, 147
III. BIBLIOGRAFIA
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2 comentários:
Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
Prezad@,
Tenho o prazer de informar que traduzi para o português um artigo de Dra. ARNA ELEZOVIC em inglês. O artigo discute o impacto das descobertas arqueológicas de MANÓLIS ANDRÓNIKOS sobre a identidade nacional da Grécia, particularmente em relação aos túmulos reais em Vergina. Ele destaca como a interpretação de achados arqueológicos desempenhou um papel crucial na formação da identidade grega moderna e da narrativa da Macedônia helenística como parte integrante da Grécia. A análise ressalta a intersecção da arqueologia, imaginação nacional e interpretação histórica, sugerindo que as narrativas construídas do passado continuam a influenciar as percepções contemporâneas da identidade nacional.
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2025/01/manolis-andronikos-arqueologo-nacional.html
Cordial abraço,
Francisco Braga
João Carlos Ramos (poeta, escritor, membro e ex-presidente da Academia Divinopolitana de Letras e sócio correspondente da Academia de Letras de São João del-Rei e da Academia Lavrense de Letras) disse...
Parabéns, Braga!
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