Por Francisco José dos Santos Braga
I. INTRODUÇÃO
Pesquisando periódicos antigos na Biblioteca Baptista Caetano de Almeida de São João del-Rei à procura da contribuição do C.A.C.-Centro Artístico e Cultural para a cultura e a identidade dessa cidade, deparei-me com outro achado, igualmente significativo, que considerei pouco conhecido ou praticamente ignorado por pelo menos duas gerações, recomendando a sua reprodução neste Blog do Braga por seu enorme significado social: as homenagens que foram prestadas ao Athletic-Club por ocasião do seu 50º aniversário no dia 27 de junho de 1959, resultando na publicação de interessantes artigos de diversos autores e da própria redação do jornal Diário do Comércio, que seguem abaixo e que foram objeto de uma edição especial do jornal naquele dia, o que ocupou parte de dezesseis páginas de matérias relativas ao passado de glórias do "Esquadrão de Aço".
Aqui todas essas matérias serão reproduzidas na íntegra, respeitando a grafia e a redação que lhes foram dadas, com exceção do Hino Oficial do clube athleticano que se amoldará ao que se encontra publicado no site do Clube, que, em minha opinião, é mais compreensível devido aos sinais de pontuação e acentuação que lhe foram acrescentados.
Dentro do possível e onde for necessário, enriquecerei o texto com algumas notas de minha autoria.
II. Matérias extraídas da edição do Diário do Comércio de 27 de junho de 1959
SALVE
1909
Jubileu de Ouro
do Athletic Club
Toda a cidade vibra, hoje, de entusiasmo e de orgulho, sem discriminações clubísticas, participando totalmente das festividades comemorativas do cinquentenário athleticano, data das mais caras e significativas para o povo sanjoanense.
Nas paginas esportivas, cada qual incentivando os integrantes das agremiações preferidas, estão presentes as naturais rivalidades, fatores de engrandecimento e de estímulo. Atualmente, apagam-se máguas antigas e olvidam-se paixões oriundas de pretéritas batalhas esportivas. As entidades se unem, então, para prestarem ao co-irmão mais velho e mais experimentado, que tão belas páginas já escreveu nos fastos esportivos de São João del-Rei, as mais sensibilizadoras homenagens. Desde os simpatizantes do quadros que integram a primeira divisão até os mais modestos clubes, mesmo os ainda não filiados à Liga Municipal de Desportos, não há, mercê de Deus, a mais ligeira nota dissonante — todos compartilham das jubilosas comemorações.
No seu passado de glórias, que se confunde com largo período da própria história de São João del-Rei, o ATHLETIC CLUB experimentou titânicas lutas para a sua sobrevivência. Nem sempre foram amenas e tranquilas as caminhadas do Athletic nos seus 50 anos de existência. Se algumas vezes, no passado, enfrentou momentos delicados, apontando, inexoràvelmente, vicissitudes denunciadoras de colapso total, erguia-se a decisão máscula de um pugilo de fervorosos athleticanos para afugentar o pessimismo e transpor as dificuldades. Formavam na vanguarda dos movimentos para soerguimento do Clube, nas quadras difíceis, os seus dedicados dirigentes, os que se honravam de vestir a camisa alvi-negra, os torcedores humildes, heróis anônimos da grandeza athleticana, enfim, todo o povo que forma a grande e unida família do "Esquadrão de Aço". Souberam, em todos os tempos, durante meio século, manter bem viva a chama do entusiasmo e não se deixaram entibiar diante das asperesas da jornada. Nossas homenagens aos bravos que conseguiram levar o Athletic aos píncaros da consagração.
Hoje os sanjoanenses nos orgulhamos de um Athletic remoçado e varonil, olhando o futuro com otimismo. Surgem, agora, em pleno transcurso das festas jubilares, a campanha para edificação da nova séde social, empreendimento nada utópico porque os athleticanos, apoiados pela inata vocação progressista do povo sanjoanense e imbuídos da mística contagiante dos triunfadores, saberão, sem esmorecimentos, equacionar e resolver todos os problemas, removendo os naturais óbices em cometimentos de tamanha envergadura e responsabilidade. E a nova séde social, monumento de apurado e moderno estilo arquitetônico, constituirá novo marco definidor do progresso de São João del-Rei.
As empolgantes comemorações do JUBILEU ÁUREO DO ATHLETIC não se limitam de São João del-Rei — outros rincões de Minas Gerais e do Brasil enviaram luzidias delegações de variados setores esportivos, distintos visitantes que possibilitaram maior brilhantismo às festividades programadas. Que sejam benvindos na hospitaleira terra sanjoanense são os nossos votos.
Ass.: C.Órgãos atuais da direção do Athletic-Club
CONSELHO DELIBERATIVO
Constituído dos seguintes membros:
Dr. Alvaro Vianna Filho - Presidente
Sr. Dario de Castro Monteiro - Vice-Presidente
Sr. Antônio Amaral Guimarães - Secretário
General Luiz de Faria - Sr. Onésimo Guimarães - Sr. Sebastião Martins Ferreira - Sr. Luiz Gonzaga da Silva - Sr. Sílvio de Assis - Sr. Alfredo Pereira de Carvalho - Sr. José Alcy Torga - Dr. Cid de Souza Rangel - Sr. Alvaro de Almeida Neto - Sr. Antônio Evangelista da Silva - Sr. Besamat de Souza - Sr. Júlio Mario Mourão - Sr. Moacir Guimarães - Sr. Pedro Farnese - Dr. Waldemar Ribeiro - Sr. Joaquim Gonçalves Filho - Sr. José Pereira de Carvalho
SUPLENTE: Sr. Enós Torga TeixeiraCOMISSÃO FISCAL
Consituída dos seguintes membros:
Sr. Jamil Calil Zarur - Sr. Geraldo Gomes Viana - Sr. Luiz Balbino de Souza
SUPLENTE: Sr. Ney Mendes Belo
DIRETORIA
Constituída dos seguintes membros:
Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima - Presidente
Sr. Júlio Teixeira - Vice-Presidente
Sr. José Hilário Viegas - 1º Secretário
Sr. Elias Nicolau - 2º Secretário
Ten. Antônio dos Santos - Tesoureiro
Sr. Murilo B. Romeiro - 2º Tesoureiro
Dr. Mário de Castro Monteiro - Diretor Social
Sr. Vicente de Paulo Torga Carvalho - Diretor de Futebol
Sr. Wilson Ourique de Oliveira - Diretor de Esporte Especializado
REPRESENTANTES JUNTO À L.M.D. e J.D.D.
Dr. Pedro de Souza - Cap. Astrogildo Assis - Sr. Décio Leite Guimarães - Sr. João Evangelista Resende Filho - Sr. Mário Moreira - Para encaminhar papéis
TÉCNICOS
Sr. Cristóvão Colombo Drummond Filho - De futebol
Sr. Wilson Ourique de Oliveira - De Basquete
Dr. Altamiro Braga - De Volei
Sr. Manoel Trindade - De Futebol Infantil
Sr. Aristides Gomes Louvera - De Futebol Juvenil
AUXILIARES
Sr. Antônio Veloso - Zelador de Séde
Sr. José Miguel - Zelador da Praça de Esporte
Sr. João B. Gomes - Zelador do Campo
Sr. Jésus Florentino da Silva - Cobrador
Programa das Festividades
SÁBADO - DIA 27
18,00 horas - Sessão Cívica na séde social
NA PRAÇA DE ESPORTES "ANTÔNIO OTTONI SOBRINHO"
19,00 horas - Apresentação das alunas da Escola de Educação Física em Ginástica Rítmica
A seguir: Vôlei feminino
Athletic X Esporte de Juiz de Fora
A seguir: Basquete masculino
Athletic X Bom Pastor de J. Fora
22,30 horas - Grande Baile nos salões da Prefeitura Municipal, abrilhantado pela Orquestra "Cassino de Sevilla"
DOMINGO - DIA 28
9,00 horas - Lançamento da Pedra Fundamental da nova séde social ¹, à Avenida Tiradentes, esquina da rua Alfredo Luiz Ratton.
NA PRAÇA DE ESPORTES "ANTÔNIO OTTONI SOBRINHO" 9,30 horas - Preliminar de vôlei feminino infantil
A seguir: Basquete masculino
Athletic X Círculo Militar
NO ESTÁDIO "JOAQUIM PORTUGAL"
13,00 horas - Partida de futebol
15,00 horas - Partida de futebol
NA PRAÇA DE ESPORTES "ANTÔNIO OTTONI SOBRINHO"
19,00 horas - Vôlei masculino
Athletic X Tremedal de B. Horizonte
A seguir: Vôlei feminino
Athletic X Atlanta de B. Horizonte
23,00 horas - Baile nos salões da Prefeitura Municipal, abrilhantado pela Orquestra "Cassino de Sevilla"
SEGUNDA-FEIRA - 29
8,00 horas - Concentração para o desfile dos atletas, em frente à séde social
9,00 horas - Desfile abrilhantado pela Banda do Regimento Tiradentes
NA PRAÇA DE ESPORTES "ANTÔNIO OTTONI SOBRINHO"
9,30 horas - Juramento dos atletas e hasteamento das Bandeiras
10,00 horas - Preliminar de basquete infantil
A seguir: Vôlei masculino
Athletic X Círculo Militar
NO ESTÁDIO "JOAQUIM PORTUGAL"
13,00 horas - Partida de futebol
15,00 horas - Partida de futebol
NA PRAÇA DE ESPORTES "ANTÔNIO OTTONI SOBRINHO"
19,00 HORAS - Vôlei feminino
Minas X Olímpico de B. Horizonte
A seguir: Basquete masculino
Athletic X Barbacena
20,00 horas - Coquetel oferecido aos atletas do Athletic-Club
VÔLEI FEMININO - Da esquerda para a direita: Edir, Marta, Alda, Lizete, Wilma, Vanda e Maria.
Um pouco da história do Athletic
Ao ensêjo de tão grata efeméride — qual seja a passagem do cinquentenário de sua fundação, é justo que os sanjoanenses conheçam, ainda que resumidamente, um pouco da magnífica história do Athletic-Club, — hoje um autêntico padrão de glórias do esporte da terra de Tiradentes.
Muitos dos que ainda estão vivos, hão de lembrar-se de que, no longínquo 27 de junho de 1909, Omar Teles, então residente à Rua Moreira Cezar, 99 — hoje Rua Artur Bernardes — convocou os "foot-ballers" da sociedade sanjoanense com o objetivo de se fundar uma associação desportiva, ou, mais pròpriamente, um clube de futebol. Instalada a reunião, aquêles que seriam os primeiros atleticanos, elegeram para dirigi-la, o snr. Omar Teles que, por sua vez, convidou para secretariar os trabalhos, o snr. Amadeu de Barros. Na "ordem do dia", o presidente da reunião pediu ao seu Secretário que procedesse à leitura de uma exposição de motivos, ou relatório, de autoria do próprio Omar Teles. Discutido o aludido relatório, a assembléia deliberou pela fundação de um clube de futebol que se denominaria Atlético Futebol Clube, cuja primeira diretoria ficou assim constituída:
Presidente - Omar TelesVice-Presidente - Mário Mourão
1º Secretário - José Lúcio
2º Secretário - Amadeu de Barros
Tesoureiro - Abydo Yunes
1º Capitão (Técnico) - José Rios
2º Capitão (Técnico) - José de Oliveira Lima
Procurador - Guilherme Resende
Nascia, assim, o Atlético Futebol Clube, titular do famoso "Esquadrão de Aço", que tantas vitórias conquistou para o esporte sanjoanense.
Na semana imediata à sua fundação, realizou-se, com grande entusiasmo, o primeiro treino do famoso "onze", no Campo da Várzea do Marçal. Compareceu um grande número de atletas, destacando-se, entre êles, os seguintes: Herbert de Vasconcelos: um bom zagueiro, muito calmo em seu posto e, apezar de um pouco fora de forma, se revelou como elemento promissor e de grande futuro; José Rios, médio direito, ex-atleta do Palmeiras F. C. da 2ª Divisão do Rio de Janeiro; José de Oliveira Lima, um perfeito zagueiro, que muito contribuiu para o refôrço da defesa do time.
Projetaram-se, ainda, naquêle histórico treino, os seguintes atletas: Omar, Amadeu, Paulo, Abydo, Ivan e Euclides. E, assim, tambem nasceu, naquêle primeiro treino, o 1º Quadro do Athletic-Club, que ficou com a seguinte constituição:
IvanHerbert - Rios
Clause - Omar - Horta
Guilherme - Resende - Oliveira - Lima e Elpídio
Alguns anos mais tarde, em 1913, o esporte sanjoanense atravessava uma fase difícil: discórdias, incompreensões, hostilidades gratuitas, enfim, dificuldades de tôda ordem. Era presidente do Atlético Futebol Clube, Paulo de Castro Moreira, que, convocando a família atleticana, agradeceu a todos quantos haviam pugnado para que o Clube conseguisse sobreviver em meio àquela tormenta e promoveu a sua reorganização. Foram seus auxiliares nêsse trabalho hercúleo, de devotado atleticano, os senhores Antenor Alves da Silva, Renato Cunha e Isnard Barreto. Nêsse ano, a 10 de agosto, passou o Atlético Futebol Clube a denominar-se "Athletic-Club".
Nessa mesma época, em decorrência de uma desinteligência surgida dentro do Clube, por ocasião de um jôgo entre filhos de italianos e brasileiros, o saudoso Mário Mourão, fundador do Athletic-Club se desligou da família atleticana e fundou o "Internacional", cujo campo de futebol foi por êle mesmo construido no imóvel de sua propriedade, denominado "Olaria", onde mantinha Mário Mourão próspera indústria de artigos de cerâmica em geral.
Contando, sempre, com o apôio dos esportistas sanjoanenses e com a incondicional dedicação de grandes atleticanos, poude o Athletic-Club se projetar na vida desportiva nacional, ampliando, dia a dia, seu patrimônio e seu galardão de glórias, inclusive, por ter sido o pioneiro da introdução do futebol em S. João del-Rei. Adquiriu sua diretoria o seu atual "Estádio Joaquim Portugal", cujo terreno comprou a D. Maria da Glória Marques, conforme registrou o jornal "Ação Católica"— então dirigido pelo saudoso Monsenhor Gustavo. Mais tarde, ampliou e melhorou as instalações do estádio, construiu arquibancadas, assentou refletores em suas praças de esportes, construiu sua séde, à Av. Tiradentes, e por último, inaugurou atual "Praça de Esportes Antônio Ottoni Sobrinho", na antiga "Chácara do Segrêdo", onde os atleticanos praticam todos os esportes especializados.
Focalizar personalidades que ampararam e apoiaram o Athletic-Club, colaborando para que êle viesse a ser, hoje, cinquenta anos depois, êsse colosso social e desportivo que se nos apresenta, seria tarefa dificil e delicada, pois que poder-se-ia pecar-se por omissão. Manda, entretanto, a verdade, que, por dever de gratidão, o Athletic-Club se confesse eternamente reconhecido a todos quantos colaboraram para sua grandesa e respeitabilidade no cenário desportivo nacional — diretores, atletas, auxiliares de administração e quadro social. Seu grandioso quadro de "Sócios Beneméritos" é o melhor testemunho da gratidão do Alvi-Negro, para com todos quantos colaboraram em seu prol até hoje.
Zeloso, que sempre foi, pelo bom nome do esporte sanjoanense, o Athletic-Club não titubeou, inclusive, em recorrer à Justiça, para que se lhe reconhecesse o direito de incluir, no seu quadro de amadores, o atleta Naduir Gomes, cuja condição de jôgo fôra cassada pela Liga Municipal de Desportos de São João del-Rei, às vésperas de um jôgo de grande responsabilidade perante o Social Futebol Clube, A disputa judicial foi aguerrida e percorreu todas as instâncias do Poder Judiciário onde o Athletic-Club, no mais Alto Tribunal de Justiça do Brasil, obteve, afinal, o reconhecimento de seus direitos e pretensões.
O processo dessa disputa original — talvez a única na história desportiva do Brasil, — estará exposto, em original, durante as solenidades do cinquentenário do Esquadrão de Aço, na sua séde social. Trata-se do Mandado de Segurança nº 3.246, da comarca de São João del-Rei, impetrado contra a Liga Municipal de Desportos. O Athletic-Club obteve a Segurança aqui, perdeu-a no Tribunal de Justiça de Minas Gerais e recuperou-a, por votação unânime no Supremo Tribunal Federal. Funcionaram como defensores do Athletic-Club, os advogados Álvaro Vianna Filho e João Milton Henrique, êste último de Belo Horizonte e, da Liga Municipal de Desportos, José Luiz Baccarini e Osvaldo Guimarães Tolentino.
Num preito de justa homenagem a seus abnegados e grandes presidentes, o Athletic-Club passa a relacionar, cronològicamente, as datas de suas administrações — todas marcadas por traços indeléveis de inexcedível devotamento aos mais belos ideais da familia athleticana. Eis os nomes daquêles que, até agora, contribuiram decididamente para os cinquenta anos de lutas e glórias do esporte sanjoanense, sob o pálio vitorioso da bandeira Alvi-Negra: ²
1º — Sr. Omar Telles .................................1909/19142º — Sr. Paulo Castro Teixeira.......................1914/1915
3º — Sr. Alcestes de Freitas Coutinho............1915/1917
4º — Dr. Joaquim Martins Ferreira.................1917
5º — Sr. Vicente Guerra..................................1917
6º — Sr. Luís Augusto de Lima e Cisne..........1917/1919
7º — Dr. Antônio Vieira de Castro..................1919/1920
8º — Sr. Vicente Guerra..................................1920/1922
9º — Sr. José Antônio de Carvalho.................1922/1923
10º— Sr. José de Assis Sobrinho.....................1923/1924
11º— Sr. Joaquim Portugal..............................1924/1926
12º— Dr. Eloy dos Reis e Silva.......................1926/1927
13º— Sr. Alberto C. de A. Magalhães.............1927/1930
14º— Sr. José Antônio de Carvalho.................1930/1931
15º— Sr. Antônio Ottoni de C. Sob..................1931/1934
16º— Sr. Dario de Castro Monteiro..................1934/1935
17º— Dr. Euclides Garcia de Lima...................1935/1937
18º— Dr. Benevides de Carvalho......................1937/1938
19º— Sr. Antônio Ottoni de C. Sob...................1938/1941
20º— Dr. Euclides Garcia de Lima....................1941/1944
21º— Sr. Antônio Ottoni de C. Sob...................1944/1948
22º— Dr. Euclides Garcia de Lima.............................1948
23º— Dr. Alvaro Vianna Filho...........................1948/1949
24º— Dr. Euclides Garcia de Lima....................1949/1955
25º— Dr. Pedro de Souza................................1955/1957
26º— Dr. Francisco Diomedes G. de Lima..........1957/
Continuando sua luta gloriosa, para frente e para o alto, visando a elevar cada vez mais o bom nome de suas respeitáveis tradições, de que tanto se orgulham os sanjoanenses, o cinquentenário do Athletic-Club vem encontrar sua operosa diretoria atual inteiramente dedicada à construção de sua nova e suntuosa séde social, para o que já adquiriu magnífico terreno, à Av. Tiradentes, esquina com a Rua Alfredo Luís Ratton, onde, brevemente, edificará suas novas e confortáveis instalações, com aquêle deslumbrante gôsto que tanto caracteriza todas as grandes iniciativas da família atleticana.
(Transcrito do album comemorativo do Athletic)Hino - O Nosso Clube
Por ocasião da primeira viagem do Athletic-Club à vizinha cidade de Lavras, onde foi bater-se com o Lavras Sport Club, considerado como o "Leão do Oeste", num cantinho do carro de 1ª classe, estava um dos mais animados athleticanos que pelejava para compor uns versinhos (pés quebrados) para serem cantados, quando da nossa chegada.
Ao apearmos na cidade de Lavras tôda a embaixada já sabia não só a letra como também a música dos versinhos, que foram intitulados o 1º Hino Athleticano e que para aqui transportamos:
I
O nosso Clube, em todo o Oeste
É temido campeão,
Athletic é o seu nome
E o seu berço é São João.
O rapaz de escól, a gente chic
Fazem parte do Athletic.
II
"Team" forte e valoroso,
Na conquista da vitória
Somos nós do alvi-negro
Pavilhão cheio de glória.
E além de vitória e aclamações
Conquistamos corações.
III
Preta e Branca são as côres
Da Bandeira valorosa
Sôlta ao vento — Athletic,
Sua flâmula vitoriosa.
E o vento baixinho vai dizendo:
O Athletic é batuta vai vencendo.
(Foi um sucesso alcançado pelo autor e por todos os componentes da embaixada que brilhou com as vozes maviosas executando o Hino athleticano composto na viagem. É o seu autor o nosso Zé do Padre.)
Ass: Athleticano ³
Honra ao mérito
Honra ao mérito
Para solenizar o cinquentenário athleticano, a Diretoria do aristocrático Clube da Avenida Tiradentes editou primoroso álbum comemorativo, referto de úteis informações sôbre a vida do ATHLETIC nos seus gloriosos 50 anos de gigantescas lutas, nas quais, galhardamente, sempre exaltou o renome esportivo de S. João del Rei, terra que se ufana de possuir uma entidade de tão nobre estirpe. Trata-se de um trabalho que muito recomenda a atual Diretoria do Athletic Club. Nas suas páginas, valorizadas por selecionados clichês, o leitor encontrará valioso calendário esportivo, no qual foram relacionadas centenas de partidas disputadas pelo "Esquadrão de Aço". A compilação das referidas datas exigiu o corajoso esforço do Capitão Astrogildo de Assis, fervoroso Athleticano, o nosso confrade de imprensa. Lançando mão de variadas fontes de informação, tôdas fidedignas, reuniu farto documentário das jornadas athleticanas futebolísticas. O Cap. Astrogildo realizou, durante mais de um ano, meritórias pesquisas em velhas coleções de jornais sanjoanenses, desempoeirou antigos livros de átas e rebuscou, perseverantemente, súmulas e documentos oficiais de várias entidades mentoras do esporte de S. João del Rei. Nossos parabens ao Capitão Astrogildo de Assis, abalizado conhecedor da história Athleticana.
Reminiscências...
Ass.: J. F. O.
ANTIGO QUADRO DO ATHLETIC
EQUIPE TITULAR DE FUTEBOL
Athletic, primus inter pares
Fábio Guimarães
Realeza na sociedade das massas
E na peleja das massas no esporte,
Tu tens nas letras do nome que realças
Alma e Corpo, lábaro do teu porte.
Por Júpiter, erguido para o alto,
Proscênio da glória, foste gerado;
Estás lá nas alturas como arauto,
Entoando um hino nunca exaltado.
Dia com dia, persistência e coragem,
Do nada, tua meta hodierna avulta,
Para a cidade, nobre homenagem.
Se teu trajeto de corpo maduro
Ao povo apraz e à cidade exulta,
Avante! Teu futuro está em futuro!
Os Zeladores de séde do Athletic Club
O 1º zelador foi o sr. Teodorico, quando então a séde era no sobrado da rua do Comércio e também no Banco Almeida Magalhães.
O 2º foi o sr. Antonio Mazzoni que substituiu o 1º e que já era seu auxiliar.
Por fim, destaca-se a figura do popular Tatu, Antonio Monteiro de Barros, que serviu no periodo de 26 anos.
A eles, o nosso reconhecimento.
Manuseando o interessante opúsculo que o Athletic vem de dar à publicidade, em comemoração ao seu cinquentenário de fundação, deparamos com uma relação enorme de jogos realizados pelo veterano "Esquadrão de Aço", com os respectivos resultados, cidade e campo onde se deram os referidos jogos.
Dentre êles, julgamos oportuno destacar, aqui, a grande pugna interestadual que foi Athletic X São Cristovão, embate que se verificou no dia 21 de julho de 1940.
Foi, realmente, uma das grandes vitórias que o Athletic já obteve, nos seus 50 anos de gloriosa existência, quando derrotou o forte plantel do São Cristovão, constituído de profissionais do Rio de Janeiro, pela contagem de 2 tentos a 1.
Essa partida, que jamais foi e será esquecida pelos athleticanos, demonstra claramente que, àquela época, o Athletic era possuidor de uma das mais poderosas equipes do Estado de Minas, contando em seu conjunto com elementos de categoria como Nonoca, Lustroso, Geraldino, Pedrinho, Dunga, etc.
Êsse feito, de que o Athletic pode e deve se orgulhar, mais se valorizou quando podemos verificar que o quadro de Figueira de Melo era compôsto de verdadeiros azes do futebol brasileiro, inclusive, como é o caso de Afonsinho e Roberto, serem integrantes da Seleção Nacional.
Para que se possa rememorar com mais precisão essa vitória que não foi só do Athletic, mas também do esporte sanjoanense, damos abaixo a constituição dos quadros.
Athletic: Zozóca, Bide e Nonoca; Meirinho, Lustroso e Aníbal; Guito, Carazza, Geraldino (Paulo), Pedrinho e Dunga.
São Cristóvão: Madalena, Hernández (Augusto) e Mundinho; Oscarino, Dôdô (Arquimedes) e Afonsinho; Roberto, Nestor, Joãozinho, Nena (Joaquim) e Matias.
Geraldino e Dunga fizeram os pontos do Athletic, e Roberto, o do São Cristovão.Ass.: J. F. O.
ANTIGO QUADRO DO ATHLETIC
Em pé, da esquerda para a direita: Francisquinho, Totonho, Quito, Geraldino, Walter, Pedrinho e Vital. Agachados: Bide, Mário Eugênio, Nonoca, Waldemar, Cuca e Bartolo. Dêsses, cinco participaram do "match" Athletic X São Cristóvão.
EQUIPE TITULAR DE FUTEBOL
Da esquerda para a direita. Em pé: Zé Campos, Alírio, Januzzi, Batista, Rubens e Zito. De cócoras: Magela, Batistinha, Dinho, Wilson e Valério.
Athletic, primus inter pares
Fábio Guimarães
Realeza na sociedade das massas
E na peleja das massas no esporte,
Tu tens nas letras do nome que realças
Alma e Corpo, lábaro do teu porte.
Por Júpiter, erguido para o alto,
Proscênio da glória, foste gerado;
Estás lá nas alturas como arauto,
Entoando um hino nunca exaltado.
Dia com dia, persistência e coragem,
Do nada, tua meta hodierna avulta,
Para a cidade, nobre homenagem.
Se teu trajeto de corpo maduro
Ao povo apraz e à cidade exulta,
Avante! Teu futuro está em futuro!
Os Zeladores de séde do Athletic Club
O 1º zelador foi o sr. Teodorico, quando então a séde era no sobrado da rua do Comércio e também no Banco Almeida Magalhães.
O 2º foi o sr. Antonio Mazzoni que substituiu o 1º e que já era seu auxiliar.
Por fim, destaca-se a figura do popular Tatu, Antonio Monteiro de Barros, que serviu no periodo de 26 anos.
A eles, o nosso reconhecimento.
A História do Hino Alvi-Negro
Fábio Guimarães
Se no acervo poético do chamamento clubístico do Atletic há fato que nos atrai a atenção e nos comove é, sem dúvida, a música do hino composta por José de Assis Filho. É um raro orgulho, de nossa parte, possuir uma bela e expressiva partitura musical: nos seus acórdes, não pouco em sua letra:
"Em nosso peito altivo pulsa forte
um Coração todo alvi-negro todo".
E a história dele é meiga e devéras interessante. Os atleticanos, em suas manifestações expansivas, lançavam mão de um hino — adaptação de um samba carnavalesco "Seu Amaro", de autoria do Cel. Luiz Cirne, dado a conhecer no ano de 1919. Mas, acontece que, aí por volta de 1926, mensalmente, instituida que foi, realizava-se a "Hora Literária", nos salões da então Séde Atleticana: na parte superior do Banco Almeida Magalhães. Ela surgiu como consequência da circulação de um jornalzinho denominado "O Grizú", editado aos domingos, e que era vendido a 200 reis o exemplar, porém, não podia ser vendido para qualquer pessoa. Essa "Hora Literária" nada mais era do que uma edição extra do "Grizú", falado, um pretexto para um baile a se realizar logo após o fim do mesmo. Era dedicado às moças e rapazes da cidade, observando-se um certo fundo humorístico, mesclado com crítica alegre e fina, com números especiais ao piano a quatro mãos e, às vezes, de improviso, notícias sociais, sem confirmação (é claro), recitativos, declamações, onde tomavam parte os senhores José de Assis Filho, João Vasques de Miranda Júnior, Prof. José Lourenço de Oliveira e o Prof. Mário Mourão Filho, verificando-se também a adesão, entre outros, dos senhores Dr. Newton Lamounier, Dr. Antônio Ribeiro Filho e do Dr. Pedro Ribeiro Filho. Na época, êsses acontecimentos eram marcantes, um dos maiores, socialmente falando. Numa das realizações da citada "Hora Literária", quando então se cantava o hino já existente, surgiu a idéia, por sinal uma grandiosa idéia. A feitura de um hino, porém com música original. Assim, J. de Assis Filho propôs ao "Tozinho", e João Vasques elaborou a letra ⁴. Ficou combinado. Seria lançado no dia 17 de junho de 1927, à noite, durante a realização de outra "Hora", antecedendo ao baile. Mas, acontece que, naquela tarde, o Atletic disputando uma partida contra o Lavras, foi derrotado por 7x0. Assis Filho, bastante abatido, terminou após a pugna o seu magistral hino. Repleto o salão de festas, distribuiu-se para os presentes a letra dêsse "vinho musical". Ao piano, executou êle, por duas vezes, quando então os atleticanos na terceira, entoaram-no vibrantemente, acompanhados pela orquestra que era regida pelo Sr. Juca Hilário. Ulteriormente, o sr. Telemaco recompôs êsse hino sendo então feito a orquestração pelo sr. Juca Hilário.
I
Nos fastos esportivos de São JoãoGlorioso Clube, teu nome rebrilha!
Do futebol nos campos, tua ação
Da honra e da lealdade segue a trilha!
II
Em nosso peito altivo pulsa forte
Um coração todo alvi-negro todo!
Inspiram-nos tuas côres o denodo
Para as refregas túrbidas do esporte!
Refrão
Atleticanos somos valorosos!
O nosso Clube com ardor defenderemos!
Havemos de dizer sempre garbosos:
Atleticanos somos e seremos. (Bis)
III
No teu gramado, em Matosinhos, quando
Enfrentas o inimigo, na peleja,
Noss'alma vibra e espera, palpitando,
A hora triunfal que te deseja.
Reconhecer do contendor os méritos
E não é fácil tais virtudes ter,
Tais dotes de equilíbrio, — dons eméritos!
(Refrão 2 vezes)
IV
Sabes vencer, também sabes perder:Reconhecer do contendor os méritos
E não é fácil tais virtudes ter,
Tais dotes de equilíbrio, — dons eméritos!
(Refrão 2 vezes)
V
As cores do teu lábaro sagrado
São respeitadas, valorosas são
E cada filho teu tem desenhado
De "branco" e "preto" o próprio coração.
no rude campo aberto dos torneios.
De glórias tens o nome aureolado,
De belos feitos os teus fastos cheios!
(Refrão 2 vezes)
Nas tuas dobras vívida se agita,
Quando a brisa as desfrada e, branda, oscula
A alma de campeão que em ti palpita.
VI
Inúmeros troféus tens consquitadono rude campo aberto dos torneios.
De glórias tens o nome aureolado,
De belos feitos os teus fastos cheios!
(Refrão 2 vezes)
VII
Alvi-negro pendão, salve tremula!Nas tuas dobras vívida se agita,
Quando a brisa as desfrada e, branda, oscula
A alma de campeão que em ti palpita.
As cores do teu lábaro sagrado
São respeitadas, valorosas são
E cada filho teu tem desenhado
De "branco" e "preto" o próprio coração.(Refrão 2 vezes)
ATHLETIC-JAZZ, FUNDADO EM 1944 — Da esquerda para a direita: Antônio Eloy dos Santos, Geraldo Lima, Emilio Viegas, João Rosa, Paulo Falconeri dos Santos, Francisco Neves, Cecilio Sena e José dos Santos Filho.
As "Barreiras" Atleticanas
João B. Lopes
Nunca fui aficionado "doente" do futebol. As vitórias apenas me faziam eufórico e as derrotas, macambúzio.
Mas êste estado de humor não dava para extravazar-se. Eu o sentia ìntimamente sem necessidade de transmiti-lo aos outros.
Todavia era mineiro". E não podia deixar de ser assim. Eu era, afinal, do Tijuco. Bem sei que tijucanos houve e há que não são "mineiros". São poucos. Exceções. E eu não figurava nas exceções...
Como "mineiro" guardo recordações do Atletic. Paradoxo? Não. É que o alvi-negro sempre me fez macambúzio. Mais do que eufórico.
Lembro-me, por exemplo, de duas "barreiras" contra os quais o Minas se defrontou por muitos anos. A primeira era a zaga Marchetti — Paulo Pinto. Isso já vai longe. Tão distante que a recordação me chega penumbrada. Mas ainda ouço o vozerio da assistência os aplaudindo. Asistência mais de belo-sexo, hoje quase inexistente nos espetáculos futebolísticos...
A outra "barreira" é mais recente. Compunha-se de Bide e Nonóca. Este a morte o imobilizou, e aquêle "aposentou-se" dos gramados.
Como jogava essa dupla! Nonóca mais técnico. Bide mais duro. Bide tinha a mania de escapar como doido pela cancha a fóra e atirar pelotaços que pareciam balas. Às vêzes essa fúria dava certo e êle encaixava a bola nas rêdes adversárias, sob explosões de aplausos dos atleticanos.
Eram "barreira", não resta dúvida, êsses rapazes. Mas muitas vezes eu vi Edipo e Jasminor passarem por êles, como gatos, fugindo-lhes a marcação com filigranas técnicas e chutarem bonito em "goal".
Eu exultava calado mas com vontade louca de gritar:
— Tomou, papudo!
Mas apesar disso, eu saía do campo, — derrotado ou vitorioso, — para esquecer do sucedido poucas horas depois, curado da emoção que me dominara durante o jôgo.
Dunga e Waldemar, a famosa ala esquerda, que já proporcionou às cores atleticanas memoráveis vitórias.
O ATHLETIC E A CIDADE
Adenauer
Em matéria de esporte, a preferência especial por um clube determinado tem sido motivo de sérias reflexões. Estas, não se aprofundando até o âmago da questão, por causa de sua natureza aparentemente superficial, deixam sempre o campo aberto aos curiosos. E o mistério permanece. Por que teria o nosso inesquecível amigo, Dr. Euclides Garcia de Lima, preferido as cores athleticanas? E por que terá o Mozart entendido que o Minas é o tal? E como se explica a inclinação do Tancredo Neves, o homem público de projeção nacional, pelo Minas, enquanto o seu irmão, Paulo Neves, é athleticano até a raiz dos cabelos? Mistério.
Para mim, estudioso superficial dêsse problema pitoresco, o caso é de simples à primeira vista. Os caminhos mentais que o sujeito percorre, inconscientemente, para chegar à conclusão de que o Esquadrão de Aço é o maior, deve ser o maior, será sempre o maior, êsses caminhos constituem labirinto sujeito aos mais variados fatores. Atingindo o final dessa série de associações de idéias, o cidadão diz que é atleticano, e pronto. Até morrer. Firme como o Pão de Açúcar.
Tenho que nesse mistério reside um dos fatores de progresso de São João del-Rei. Todos os sanjoanenses, de nascimento ou de coração, que pertencem ao Athletic-Club, — sem distinção de raça, côr, religião ou partido político — contribuem com sua parcela pessoal para o desenvolvimento da terra, seja colaborando diretamente nas atividades esportivas, jogando ou torcendo, seja fazendo a sua fôrça em todos os setores ao seu alcance, mexendo onde podem, para dar ao grande clube o que êle necessita. Desde a obtenção de uma linha de ônibus para determinado lugar até o sacrifício financeiro vultoso, a colaboração dos athleticanos para o seu clube tem sido um exemplo de firmeza, perseverança e fé no futuro da entidade que hoje se projeta em todos os rincões do Estado. Tomemos ao acaso, por exemplo, a obra de Antonio Ottoni de Carvalho Sobrinho em favor do Athletic. Demonstração perene de espirito de sacrificio, de solidariedade e de amor ao Esquadrão de Aço.
A longa vida do Athletic, como fator de progresso e desenvolvimento de São João del-Rei só pode ser negada pelos que não observam com maior atenção êste aspecto positivo das atividades esportivas. A construção do estádio, a praça de esportes do Segrêdo, a piscina, a séde social, todos êsse conjunto que constitui o patrimônio material do Athletic se revela como uma série de elementos esparsos que causam outros tantos movimentos sociais, financeiros, comerciais, políticos, administrativos, além das consequências específicas da prática dos esportes em geral.
Tenho para mim que a existência do Athletic Clube, pela sua projeção e importância, deve ser considerada com carinho sob o ângulo da evolução, do progresso, da sociabilidade, da motivação para inumeráveis construções nos mais variados campos de atividade.
O fato concreto de aglutinar o Athletic Clube a simpatia de milhares de cidadãos de tôdas as classes, de tôdas as profissões, e principalmente de ter tido sempre, na sua direção, elementos da maior representação, pertencentes às genuinas elites desta cidade, é a resposta que explica as mais diversas iniciativas de interêsse coletivo. Que nos baste chamar a atenção do leitor para esta verdade inegável: a direção do Athletic tem sido sempre entregue aos mais dignos athleticanos, envolvendo tôdas as cores da política partidária, o que nos dá a medida de sua influência em todos os meios, qualquer que seja a situação dominante nas diversas esferas administrativas. Grande exemplo de unidade inquebrantável, de estabilidade inabalável, de simpatia recíproca e nuclear entre todos os athleticanos, quando se trata de defender o nome e a tradição do velho clube.
Tôda uma série de melhoramentos manifesta o progresso do Athletic e são outros tantos motivos de interêsse da cidade. Tôdas as vezes em que o Municipio pôde auxiliar e auxiliou o clube, com as concessões ao alcance da Administração, auxiliou indiretamente foi o próprio progresso de São João del-Rei.
Só os insensatos poderiam ignorar o estímulo que o Athletic tem dado, pela sua simples existência de clube prestigiado, a muitos ramos do comércio, da cultura e da evolução de São João del-Rei.
Por todos êsses motivos é que nós hoje homenageamos o veterano Esquadrão de Aço, representante legítimo do esforço sanjoanense pelo aperfeiçoamento dos nossos costumes esportivos. E como consequência de tôdas as nossas atividades, pois o esporte é uma das escolas em que o homem deve receber parte decisiva da sua educação.
Tendo resistido durante cinquenta anos a tôdas as investidas da intempérie, na árdua luta pela sobrevivência, e tendo construido um patrimônio material que é bem reflexo dos valores morais que o norteiam, o Athletic merece hoje a nossa homenagem, com os nossos votos de constante progresso, para que possa procurar sempre as melhores e mais dignas soluções para o aprimoramento do nosso esporte. Assim terá contribuido definitivamente para o bem estar da coletividade, com o apôio dos seus dirigentes, autênticos homens de boa vontade.
Dezesseis campeonatos conquistados
Em sua trajetória, desde a sua fundação até a data atual, o Athletic-Club conseguiu conquistar 16 campeonatos da cidade, conforme consta do ligeiro resumo abaixo, transcrito do álbum athleticano:
1909 a 1914 — Não houve campeonato1916 — Campeão Athletic-Club
1918 a 1919 — Bi-Campeão Athletic-Club
1920 e 1921 — Não houve campeonato
1922 — Campeão Internacional F. C.
1923 a 1929 — Não houve campeonato
1930, 1931 e 1932 — Tri-Campeão Athletic-Club (Campeão Invicto da A.S.E.A.)
1933 — Campeão General Osório E. C. (11º R. I.) O Athletic-Club não participou
1934 a 1936 — Não houve campeonato
1937, 1938 e 1939 — Tri-Campeão Athletic-Club (L.E.O.M.)
1940 — Campeão General Osório E. C. (11º R. I.) O Athletic-Club não participou
1941 — Vice-Campeão do Torneio Regional de Futebol Athletic-Club. Não houve campeonato da cidade
1942 — Campeão Athletic-Club1943 — Não terminou o torneio da cidade, faltou a realização da última partida
1944 e 1945 — Não houve campeonato
1946 e 1947 — Bi-Campeão Athletic-Club
1948 — Campeão Social Futebol Clube. Vice-Campeão Athletic-Club
1949 e 1950 — Bi-Campeão Athletic-Club (Invicto)
1951 — Campeão Social Futebol Clube. Vice-Campeão Athletic-Club
1952 — Campeão Athletic-Club
1953 — Campeão Minas Futebol Clube. Vice-Campeão Athletic-Club
1954 — Campeão Athletic-Club (Invicto)
1955 — Campeão Social Futebol Clube
1956, 1957 e 1958 — Tri-Campeão Minas Futebol Clube
1959 — Campeão (?)
Primeira Partida Intermunicipal
"O Reporter", órgão noticioso que se publicava em São João del-Rei, registrou no seu nº 365, de 10 de novembro de 1912, a realização da primeira partida intermunicipal realizada pelo "Atlético Foot-Ball Club" na cidade de Barbacena contra o "Soares Ferreira Foot-Ball Club".
O "Atlético Foot-Ball Club" apresentou com o seguinte quadro:
Raul, Murilo e Juca Lopes; Leôncio, Rollo e Isnard; Renato, Samuel Lopes, Bonsolhos, Antenor e Luiz.
Reservas: Elpidio, Baddi, Samuel Santiago e Roberto Monteiro.Resultado: venceu o "Soares Ferreira Foot-Ball Club" por 1x0.
(Transcrito do álbum athleticano)
Ponto alto na atividade esportiva
O cinquentenário do Athletic é inegàvelmente uma efeméride sanjoanense.
Por todos os motivos é de justiça que todos se congratulem com o velho clube, deixando de lado, nesta hora de festas e de alegria, quaisquer ressentimentos compreensíveis e resultantes dos embates esportivos.
Dando uma demonstração de alto descortínio esportivo, baseado na compreensão exata das finalidades do esporte e na sua importância como elemento de aproximação dos homens de boa vontade, o MINAS FUTEBOL CLUBE, tri-campeão da cidade, clube que tem a mesma projeção histórica, esportiva, cultural e social que o ATHLETIC, fez realizar no dia 25 uma magnífica festa na sua majestosa sede, com a qual homenageou o Esquadrão de Aço, seu valoroso e tradicional adversário de quase meio século. Notemos que a rivalidade entre os dois leões só não tem cinquenta anos porque o MINAS não completou ainda essa respeitável idade, pois é mais moço uns quatro anos. Se não fosse por isso, poderíamos registrar essa emulação como companheira inseparável dos dois clubes, durante cinquenta anos, e festejaríamos três aniversários ao mesmo tempo: o do Athletic, o do Minas e o da rivalidade.
A homenagem do Minas, autêntica festa de confraternização, é um dos pontos altos das comemorações do cinquentenário do Athletic, demonstração legítima de civismo e de amor à cidade e de reconhecimento de que as lutas memoráveis, históricas, que os dois gigantes ofereceram à cidade durante tantos anos, se limitam e devem se restringir aos cenários dos duelos esportivos e quando muito ocupar o tempo de festejar a vitória ou amargar a derrota, e nada mais.
A festa do Minas revela o espírito esportivo que se já formou entre nós, sendo motivo da maior simpatia de todos os sanjoanenses, pois promete no futuro grandes dias para o esporte local, com tôdas as consequências benéficas que a esportividade, em alto nível, poderá oferecer à culta cidade de São João del-Rei.
PARABÉNS AO ATHLETIC, pelo cinquentenário, e ao MINAS, tri-campeão, pela grande festa de confraternização que acaba de oferecer ao Esquadrão de Aço.
Ass.: K.
FUTEBOL DE SALÃO
Da esquerda para a direita: Em pé: Fernando, Romário, Ângelo e Colombo (técnico). De cócoras: Sérgio, Aloísio, Helinho e Adilson.
Recordando 1912
Com destino a Palmira, embarcávamos pelo noturno da Oeste de Minas os componentes da embaixada do Athletic Club que, naquela cidade, disputaria um match com o Athletico Palmirense Foot-Ball Clube. Em Sitio, hoje Antônio Carlos, fomos surpreendidos com uma onda de frio medonha, mas logo baldeamos para a Central que estava em atrazo. Bôa viagem, muita animação e confiança na futura jogada, pois treinamos bem e o team estava afiado.
Lá pelas duas horas da madrugada, chegamos a Palmira — um frio de rachar — ninguem na Estação para nos receber.
Demandamos ao Centro da Cidade à procura de hospedagem. Uns foram à casa distribuidora de fôrça elétrica; batemos e apareceu um senhor com um cobertor às costas e nos despachou informando: "Hotel é perto da Estação da Central". Batuta, Para-Raio e Zé do Padre, treis primos que, quando juntos, eram um terror e não carregavam arenga para casa, eram de amargar.
Encontramos o Hotel, mas não havia mais cômodo — super-lotado. Uns moços que já se achavam localizados, nos deram agazalho e ficamos oito num quarto da frente. Dormir não se podeia, pois a noite inteirinha máquina fazendo manobras.
Pela manhã levantamos e fomos assistir missa na Matriz, situada em uma Praça, no centro da Cidade.
Almoço, repouso e demandamos rumo ao campo — um ótimo campo — com as dimensões máximas. Foguetes, banda de música, muita gente e lá fomos para a luta. O team do Athletic estava assim formado:
Ferreira, Banho, Belo, Rolo, Leôncio, Samuel, Galiano, Bonsolhos, Antenor, Raul, Pimentel.
O team do Athletico Palmirense estava reforçado com diversos elementos do Grambery de Juiz de Fora, tais como Tavares, Ganso, Orlando, Jacy e Figueiredo. No centro atuava o inesquecível Doquinha, ex-integrante do escrete Mineiro.
A tarde estava quente... de repente o tempo mudou e transformou-se em ameaçador, escurecendo. Começou a luta, corríamos bem, o team estava firme e tudo que era dirigido ao nosso goal, o grande Ferreira pegava.
Não havia possibilidade de perdermos.
Começou a borrasca, uma tremenda tempestade caiu sôbre a cidade; alagou tudo, havia água por todos os lados, diversas casas ficaram sem os telhados, inclusive o Hotel; a cozinha nada tinha para o jantar. Na cidade nada havia que não fosse tristeza e mágoa pelos prejuizos sofridos.
Arrumamos as nossas valises e pelo trem das 8 horas da noite rumamos para Juiz de Fora. Lá chegando, fomos procurar o Restaurante Caron, que ficava situado à Rua 15 de Novembro, hoje Batista de Oliveira. Qual surpresa nossa: de ordem do Dr. Delegado, se não me falha a memória, um tal de Guaraciaba, truculento, morenão alto, os soldados falaram: "nesta rua não podem passar, o Dr. Delegado não quer".
Retrucamos e fizemos fôrça para, depois das explicações de que tínhamos vindo de Palmira, onde fomos jogar foot-ball, e queríamos jantar, aí sim, o soldado nos deixou passar. Era tudo por causa de uma Iracema... moça bonita, prendada e divertida.
Às duas horas da madrugada, pelo noturno da Central voltamos até Sitio e pelo trenzinho da Oeste de Minas, regressamos à nossa São João, com mais uma excursão realizada e mais uma derrota de 3x0 de saudosa memória.
Ass.: Veterano de verdade
Imagem com a seguinte legenda: ATUAL DIRETORIA — Em pé: da esquerda para a direita — Wilson Ourique de Oliveira, Murilo B. Romeiro, Elias Nicolau e Vicente Paulo Torga Carvalho — Sentados: José Hilário Viegas, Júlio Teixeira, Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima, Dr. Mário de Castro Monteiro e Ten. Antônio dos Santos
(Meu agradecimento a João Ramalho, que disponibilizou esta foto no vídeo institucional Athletic Club - O Clube do Século XX, produzido por JR Vídeo, em 2002, podendo ser vista no seguinte endereço eletrônico: http://vimeo.com/25182384#)
III. Comentários de Francisco José dos Santos Braga
¹ Uma conclusão que se tira de um texto de época como este é que os torcedores de um time, naquela ocasião, "vestiam a camisa" do Clube a que pertenciam, por exemplo na hora de participarem de uma campanha de construção de nova sede social. Foi o que se passou com o Athletic.
Todos os athleticanos se uniram, quando perceberam que o Minas Futebol Clube, seu arquirrival, passou a possuir, pioneiramente, o Salão dos Espelhos no Edifício que ficou sendo conhecido como "do Minas". Isso mexeu com os brios dos athleticanos que deram pronta resposta à proposta da Diretoria de então de construir uma nova sede social para o Clube, de 3 andares, na Av. Tiradentes, esquina com rua Alfredo Luiz Ratton (iniciada em 28/06/1959). Constata-se que essa decisão se mostrou um investimento muito mais produtivo, rentável e eficaz do que o investimento do Minas em um único piso de um prédio, sem possibilidade de expansão.
² Astrogildo Assis, em seu livro "Historiando o Esquadrão de Aço", p. 139, oferece uma relação um pouco diferente dos nomes dos presidentes, seguidos de sua profissão e da respectiva data de posse:
1) Omar Telles Barbosa (Capt.): 27/06/1909
2) Antenor Alves da Silva (F. Rede): 17/09/1912
3) Paulo de Castro Moreira (F. púb.): 10/08/1913
4) Alcestes de Freitas Coutinho (Médico): 28/11/1915
5) Joaquim Martins Ferreira (Médico): 07/05/1917
6) Luiz Augusto Lima e Cirne (Chefe D/R): 25/03/1918
7) Francisco Mourão Filho (Médico): 07/08/1919
8) Antônio Vieira de Castro (Advog.): 05/08/1920
9) Vicente Guerra (Capt.): 20/10/1920
10) José Antônio de Carvalho (Farm.): 23/08/1922
11) José de Assis Sobrinho (Comerc.): 08/08/1924
12) Joaquim Gonçalves Portugal (G. Liv.): 25/12/1924
13) Eloy Reis Silva (Médico): 09/08/1926
14) Alberto Custódio de Almeida Magalhães (Banq.): 14/08/1926
15) Benevides Carvalho (Odont.): 17/02/1930
16) José Antônio de Carvalho (Farm.): 10/08/1930
17) Antônio Ottoni de Carvalho Sobrinho (Industr.): 18/02/1932
18) Dario de Castro Monteiro (C. Fed.): 24/12/1932
19) Euclides Garcia de Lima (Médico): 15/12/1935
20) Benevides Carvalho (Odont.): 20/12/1937
21) Antônio Ottoni de Carvalho Sobrinho (Industr.): 09/03/1938
22) Euclides Garcia de Lima (Médico): 01/01/1942
23) Antônio Ottoni de Carvalho Sobrinho (Industr.): 26/12/1943
24) Mário Luiz Guedes (Comerc.): 06/02/1947
25) Álvaro Vianna Filho (Advog.): 26/12/1947
26) Euclides Garcia de Lima (Médico): 17/08/1948
27) Pedro de Souza (Odont.): 26/11/1955
28) Francisco Diomedes Garcia de Lima (Médico): 17/07/1957
29) Pedro de Souza (Odont.): 20/12/1959
30) Renato Luiz Baccarini (Const.): 18/12/1963
31) Walter Luiz Baccarini (Médico): 19/12/1965
32) Sílvio Assis (Banc.): 20/12/1967
33) Mauro Pinto de Moraes (Médico): 21/12/1969
34) Carlos Guilherme de Abreu (Médico): 08/02/1972
35) Euclides Garcia de Lima Filho (Médico): 04/06/1973
36) Walter Luiz Baccarini (Médico): 20/06/1975
37) Roberto Silva (Comerc.): 22/06/1977
38) Dario Ratton Monteiro (Advog.): 04/06/1979
39) Marco Antônio de Araújo Rangel (Médico): 26/06/1981
40) Luiz Antônio Neves de Resende (Médico): 27/06/1983
Completando essa relação de presidentes, posso mencionar os seguintes presidentes empossados a partir do ponto a que Astrogildo Assis chegou em seu livro:
41) Ivan Augusto Assunção (Odont.)
42) Marcos Campello Pereira (Médico)
43) Renato Luiz Baccarini Filho (Comerc.)
44) Almir Mendonça de Almeida (Médico)
45) Fernando Magno Mendonça (Empresário)
46) Leandro da Silva Bini (Adm.)
47) Cláudio Luiz Silva Gonçalves (Eng. Elétr.)
³ Astrogildo Assis costumava usar os pseudônimos "Athleticano" e "Astro" em algumas crônicas.
⁴ O site do Clube anuncia o Hino Oficial do Athletic Club como tendo versos de José Lourenço de Oliveira e música de José de Assis Filho.
Ass.: K.
FUTEBOL DE SALÃO
Da esquerda para a direita: Em pé: Fernando, Romário, Ângelo e Colombo (técnico). De cócoras: Sérgio, Aloísio, Helinho e Adilson.
Recordando 1912
Com destino a Palmira, embarcávamos pelo noturno da Oeste de Minas os componentes da embaixada do Athletic Club que, naquela cidade, disputaria um match com o Athletico Palmirense Foot-Ball Clube. Em Sitio, hoje Antônio Carlos, fomos surpreendidos com uma onda de frio medonha, mas logo baldeamos para a Central que estava em atrazo. Bôa viagem, muita animação e confiança na futura jogada, pois treinamos bem e o team estava afiado.
Lá pelas duas horas da madrugada, chegamos a Palmira — um frio de rachar — ninguem na Estação para nos receber.
Demandamos ao Centro da Cidade à procura de hospedagem. Uns foram à casa distribuidora de fôrça elétrica; batemos e apareceu um senhor com um cobertor às costas e nos despachou informando: "Hotel é perto da Estação da Central". Batuta, Para-Raio e Zé do Padre, treis primos que, quando juntos, eram um terror e não carregavam arenga para casa, eram de amargar.
Encontramos o Hotel, mas não havia mais cômodo — super-lotado. Uns moços que já se achavam localizados, nos deram agazalho e ficamos oito num quarto da frente. Dormir não se podeia, pois a noite inteirinha máquina fazendo manobras.
Pela manhã levantamos e fomos assistir missa na Matriz, situada em uma Praça, no centro da Cidade.
Almoço, repouso e demandamos rumo ao campo — um ótimo campo — com as dimensões máximas. Foguetes, banda de música, muita gente e lá fomos para a luta. O team do Athletic estava assim formado:
Ferreira, Banho, Belo, Rolo, Leôncio, Samuel, Galiano, Bonsolhos, Antenor, Raul, Pimentel.
O team do Athletico Palmirense estava reforçado com diversos elementos do Grambery de Juiz de Fora, tais como Tavares, Ganso, Orlando, Jacy e Figueiredo. No centro atuava o inesquecível Doquinha, ex-integrante do escrete Mineiro.
A tarde estava quente... de repente o tempo mudou e transformou-se em ameaçador, escurecendo. Começou a luta, corríamos bem, o team estava firme e tudo que era dirigido ao nosso goal, o grande Ferreira pegava.
Não havia possibilidade de perdermos.
Começou a borrasca, uma tremenda tempestade caiu sôbre a cidade; alagou tudo, havia água por todos os lados, diversas casas ficaram sem os telhados, inclusive o Hotel; a cozinha nada tinha para o jantar. Na cidade nada havia que não fosse tristeza e mágoa pelos prejuizos sofridos.
Arrumamos as nossas valises e pelo trem das 8 horas da noite rumamos para Juiz de Fora. Lá chegando, fomos procurar o Restaurante Caron, que ficava situado à Rua 15 de Novembro, hoje Batista de Oliveira. Qual surpresa nossa: de ordem do Dr. Delegado, se não me falha a memória, um tal de Guaraciaba, truculento, morenão alto, os soldados falaram: "nesta rua não podem passar, o Dr. Delegado não quer".
Retrucamos e fizemos fôrça para, depois das explicações de que tínhamos vindo de Palmira, onde fomos jogar foot-ball, e queríamos jantar, aí sim, o soldado nos deixou passar. Era tudo por causa de uma Iracema... moça bonita, prendada e divertida.
Às duas horas da madrugada, pelo noturno da Central voltamos até Sitio e pelo trenzinho da Oeste de Minas, regressamos à nossa São João, com mais uma excursão realizada e mais uma derrota de 3x0 de saudosa memória.
Ass.: Veterano de verdade
Imagem com a seguinte legenda: ATUAL DIRETORIA — Em pé: da esquerda para a direita — Wilson Ourique de Oliveira, Murilo B. Romeiro, Elias Nicolau e Vicente Paulo Torga Carvalho — Sentados: José Hilário Viegas, Júlio Teixeira, Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima, Dr. Mário de Castro Monteiro e Ten. Antônio dos Santos
(Meu agradecimento a João Ramalho, que disponibilizou esta foto no vídeo institucional Athletic Club - O Clube do Século XX, produzido por JR Vídeo, em 2002, podendo ser vista no seguinte endereço eletrônico: http://vimeo.com/25182384#)
III. Comentários de Francisco José dos Santos Braga
¹ Uma conclusão que se tira de um texto de época como este é que os torcedores de um time, naquela ocasião, "vestiam a camisa" do Clube a que pertenciam, por exemplo na hora de participarem de uma campanha de construção de nova sede social. Foi o que se passou com o Athletic.
Todos os athleticanos se uniram, quando perceberam que o Minas Futebol Clube, seu arquirrival, passou a possuir, pioneiramente, o Salão dos Espelhos no Edifício que ficou sendo conhecido como "do Minas". Isso mexeu com os brios dos athleticanos que deram pronta resposta à proposta da Diretoria de então de construir uma nova sede social para o Clube, de 3 andares, na Av. Tiradentes, esquina com rua Alfredo Luiz Ratton (iniciada em 28/06/1959). Constata-se que essa decisão se mostrou um investimento muito mais produtivo, rentável e eficaz do que o investimento do Minas em um único piso de um prédio, sem possibilidade de expansão.
² Astrogildo Assis, em seu livro "Historiando o Esquadrão de Aço", p. 139, oferece uma relação um pouco diferente dos nomes dos presidentes, seguidos de sua profissão e da respectiva data de posse:
1) Omar Telles Barbosa (Capt.): 27/06/1909
2) Antenor Alves da Silva (F. Rede): 17/09/1912
3) Paulo de Castro Moreira (F. púb.): 10/08/1913
4) Alcestes de Freitas Coutinho (Médico): 28/11/1915
5) Joaquim Martins Ferreira (Médico): 07/05/1917
6) Luiz Augusto Lima e Cirne (Chefe D/R): 25/03/1918
7) Francisco Mourão Filho (Médico): 07/08/1919
8) Antônio Vieira de Castro (Advog.): 05/08/1920
9) Vicente Guerra (Capt.): 20/10/1920
10) José Antônio de Carvalho (Farm.): 23/08/1922
11) José de Assis Sobrinho (Comerc.): 08/08/1924
12) Joaquim Gonçalves Portugal (G. Liv.): 25/12/1924
13) Eloy Reis Silva (Médico): 09/08/1926
14) Alberto Custódio de Almeida Magalhães (Banq.): 14/08/1926
15) Benevides Carvalho (Odont.): 17/02/1930
16) José Antônio de Carvalho (Farm.): 10/08/1930
17) Antônio Ottoni de Carvalho Sobrinho (Industr.): 18/02/1932
18) Dario de Castro Monteiro (C. Fed.): 24/12/1932
19) Euclides Garcia de Lima (Médico): 15/12/1935
20) Benevides Carvalho (Odont.): 20/12/1937
21) Antônio Ottoni de Carvalho Sobrinho (Industr.): 09/03/1938
22) Euclides Garcia de Lima (Médico): 01/01/1942
23) Antônio Ottoni de Carvalho Sobrinho (Industr.): 26/12/1943
24) Mário Luiz Guedes (Comerc.): 06/02/1947
25) Álvaro Vianna Filho (Advog.): 26/12/1947
26) Euclides Garcia de Lima (Médico): 17/08/1948
27) Pedro de Souza (Odont.): 26/11/1955
28) Francisco Diomedes Garcia de Lima (Médico): 17/07/1957
29) Pedro de Souza (Odont.): 20/12/1959
30) Renato Luiz Baccarini (Const.): 18/12/1963
31) Walter Luiz Baccarini (Médico): 19/12/1965
32) Sílvio Assis (Banc.): 20/12/1967
33) Mauro Pinto de Moraes (Médico): 21/12/1969
34) Carlos Guilherme de Abreu (Médico): 08/02/1972
35) Euclides Garcia de Lima Filho (Médico): 04/06/1973
36) Walter Luiz Baccarini (Médico): 20/06/1975
37) Roberto Silva (Comerc.): 22/06/1977
38) Dario Ratton Monteiro (Advog.): 04/06/1979
39) Marco Antônio de Araújo Rangel (Médico): 26/06/1981
40) Luiz Antônio Neves de Resende (Médico): 27/06/1983
Completando essa relação de presidentes, posso mencionar os seguintes presidentes empossados a partir do ponto a que Astrogildo Assis chegou em seu livro:
41) Ivan Augusto Assunção (Odont.)
42) Marcos Campello Pereira (Médico)
43) Renato Luiz Baccarini Filho (Comerc.)
44) Almir Mendonça de Almeida (Médico)
45) Fernando Magno Mendonça (Empresário)
46) Leandro da Silva Bini (Adm.)
47) Cláudio Luiz Silva Gonçalves (Eng. Elétr.)
³ Astrogildo Assis costumava usar os pseudônimos "Athleticano" e "Astro" em algumas crônicas.
⁴ O site do Clube anuncia o Hino Oficial do Athletic Club como tendo versos de José Lourenço de Oliveira e música de José de Assis Filho.
14 comentários:
Prezado Sr. Francisco Braga,
Agradecemos a divulgação e estamos copiando para nosso Vice-Presidente de Marketing, Sr. João Ramalho.
Att
Fábio Melo (Athletic Club - Contato)
Francisco,
Sabe o quanto o admiro e tb admiro o seu trabalho, que só vem a enriquecer em muito o Banco de dados - vc é um ilustre colaborador e eu lhe agradeço de alma as suas preciosas contribuições.
que Deus o abençoe sempre
grande e afetuoso abraço
Alzira (do portal São João del-Rei Transparente)
Parabéns Braga. Na infância aprendi a torcer pelo Minas. Acabei sócio do Athletic. Espero que os clubes da cidade se fortaleçam. Lamento muito que os campeonatos e as torcidas da minha infância com suas bandeiras e bandas praticamente não existam mais. Mauricio.
Parabenizo o prezadíssimo amigo pela homenagem ao nosso centenário Athletic Club.
É oportuna uma vez que SJDRei celebra neste ano o tricentenário da elevação à Vila.
Grande abraço,
Aluizio
Meu grande amor,
Parabéns pelo seu lindo trabalho, pois sei como você pelejou com esse artigo.
Te amo e admiro eternamente.
Beijos mil.
RUTE
Caro Braga, há muito tempo não ouvia falar do Athletic, que você traz em lembrança. Pena que o amadorismo no futebol esteja perdendo terreno para o profissionalismo. E os clubes perdem com isto o seu compromisso com as histórias locais, como a do Athletic de São João del-Rei. Abraço do Fernando Teixeira
Oi, FRANCISCO!
Tudo bem? Agradeço a você pelo envio da matéria sobre o Athletic!
Recordar é viver! Avante!
ABRAÇO, M. CELSO
Cumprimentos pelo jubileu. Maria Cândida
Prezado Francisco Braga
Interessante recorte histórico da vida de São João del-Rei. Obrigado pelo envio.
Um abraço
Ricardo Tacuchian
Parabéns! A memória nunca pode ficar à margem da verdade histórica. Mas... sou Cruzeirense, hem?! Abraços. Lêda
Prezado Braga,
Li em seu blog uma matéria sobre o Atlhetic que dizia: Athletic Jazz ...e um comentário que começava da esquerda para direita ...vários nomes...acredito ser a legenda de uma foto. É isso mesmo? Vc tem a foto? Estive recentemente no clube e após uma reunião resolvemos voltar com a Athletic Jazz Band. Qualquer informação ou foto a respeito da banda me interessa muito.Abraço,
João Oliveira
Caro Braga, um santo e bom dia! Sempre nos recordamos do futebol amador, pois nele estava a poesia do cotidiano da vida e a naturalidade do viver. Era o reflexo das cidades, apenas famílias ampliadas. Hoje mudou e o Antonio Campos Tirado, no seu texto "Athletic X Minas", tem razão.
Ontem ainda um comentarista esportivo daqui de Divinópolis lamentava a elitização do futebol, os males do malfadado padrão FIFA. Não sei, com o tempo, parece que a vida perde o que que ela tem de mais puro: a simplicidade. Era assim o futebol, uma bola e os homens correndo contra ela e a castigando, sem preocupação de táticas, esquemas e quejandos. Em campos de terra e sem dimensões oficiais. Todo mundo era craque ou achava que era. Natural, como devem ser as coisas, sem afetação, na alegria do gol e no lamento por um passe errado. Talvez tenhamos ficado velhos demais ou o mundo envelheceu mais que nós. Abraço para você e a Rute. Fernando Teixeira
É um estudo encorpado, consistente. Grande contribuição! Parabéns.
Excelente!!! Muito obrigado.
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