quinta-feira, 19 de setembro de 2013

JÚLIO TEIXEIRA NO ATHLETIC CLUB


Por Francisco José dos Santos Braga
 




Tributo à memória de Olga Braga Teixeira (1924-2013), esposa, depositária, guardiã e divulgadora do patrimônio espiritual e documental de Júlio Teixeira.

I.  INTRODUÇÃO


Tenho a satisfação de continuar trazendo aos leitores do Blog do Braga outros elementos sobre a presença marcante de Júlio Teixeira (1918-1994) na vida social são-joanense e traços bem característicos de sua versátil personalidade. Aqui vamos conhecer um pouco de sua atuação na direção e nos bastidores do "Esquadrão de Aço".

Antes de adentrar o assunto propriamente dito, objeto do presente trabalho, acho conveniente lembrar que, em São João del-Rei, seu primeiro clube futebolístico, o Athletic Foot-Ball Club, fundado em 1909 por Omar Telles Barbosa, constituía uma sociedade esportiva, onde se podia praticar o futebol, que já se estava tornando o esporte-moda nas principais metrópoles brasileiras. Conforme BARROS (2010: 4), a primeira crise de público do Athletic Foot-Ball Club "levou seus associados a aprovar uma nova organização do clube em 1913 — ano em que se comemorava o bicentenário da cidade. O nome passou a ser Athletic Club e não mais Athletic Foot-Ball Club ¹ . Isto significava que o atletismo e outras modalidades esportivas, como o vôlei, o basquete e o tênis, seriam apoiadas pela diretoria. Esta mudança estratégica possibilitou a sobrevivência do clube, e o sucesso do próprio futebol local nas décadas seguintes em que passou a ser crescentemente popularizado no País. A Ata da 1ª reunião extraordinária inaugural do Athletic Club, realizada em 10 de agosto de 1913, registra a aprovação unânime de 29 associados ao seguinte texto:
Ser necessária uma reorganização nos estatutos d'este Club, visto como, levando em consideração o progresso sempre crescente d'esta cidade, um centro que vizasse somente o sporte de foot-ball não prehencheria os fins e não alcançaria resultados tão satisfactórios como um outro no qual se tratasse de todos os sportes em geral."
O autor acredita que a fundação do Athletic Foot-Ball Club superdimensionou a estimativa do público são-joanense para o novo esporte (futebol), antes que houvesse as condições locais necessárias para sua sustentabilidade ou sobrevivência. Tendo sido necessária a reorganização do Clube sob a nova denominação de Athletic-Club, para incorporar a decisão estratégica de diversificar as modalidades esportivas e sociais do Clube, de fato o futebol não perdeu terreno, mas passou a conviver com outros esportes enquanto ia se consolidando como um esporte de interesse nacional.

Tendo feito essa pequena digressão para situar a missão do clube esportivo que pretendo apreciar, retorno a meu foco principal que é analisar a presença de Júlio Teixeira (ou Sr. "Julinho", como era conhecido) nesse Clube. A minha principal fonte de consulta para este trabalho é o livro "Historiando o Esquadrão de Aço", da autoria de Astrogildo Assis, bem como o acervo da família de Júlio Teixeira que preserva fatos ligados à passagem do meu biografado por diversas instituições de São João del-Rei.

A título de informação sobre a origem desse livro, antes do Prefácio assinado por Álvaro Vianna Filho, o autor, ASSIS (1985: 3), que era membro do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, bem como do Instituto Brasileiro de Estudos Sociais de São Paulo, atribuiu a ideia de registrar num livro os fastos do Alvi-negro são-joanense a uma sugestão do Dr. Euclides Garcia de Lima Filho (Dr. "Tidinho"), discursando em sessão solene do Conselho Deliberativo do Athletic-Club, realizada em 27 de junho de 1979 (quando o Athletic Club completava seu 70º aniversário), destinada a dar posse à nova Diretoria do Clube, cujo presidente eleito era Dr. Dario Ratton Monteiro, sendo o próprio Dr. Euclides membro daquela Diretoria empossanda e vice-prefeito do Município de São João del-Rei. Foi naquela memorável sessão solene, que Dr. Euclides, ao finalizar seu discurso, declarou que
"a história athleticana jamais poderia ficar restrita a pequenos folhetos. Ela deveria ser narrada em volumosa obra, a fim de fazer a história do nosso Athletic estar presente no futuro, participando de nossas bibliotecas, para o deleite de toda família alvi-negra, sanjoanenses e demais pessoas amigas. Então, solenemente solicitava do companheiro de luta Cap. Astrogildo Assis, que, na qualidade de militar, desse ordem de "reunir" para tudo que ele já escrevera sobre o Athletic-Club, e desse a estes escritos a forma respeitável de livro, e que ele com os demais ex-presidentes do Athletic-Club se encarregariam de providenciar a edição da obra e, bem assim, da parte financeira. Foi assim que nasceu o projeto do livro em questão, "Historiando o Esquadrão de Aço", o qual demandaria mais seis anos antes de vir a lume, cobrindo 75 anos da história do Clube."
No seu livro, ASSIS (1985: 77-78) relata que essa compilação de material a respeito do Athletic-Club já tinha sido iniciada pelo menos quinze anos antes. De fato, na época em que exercera o cargo de presidente do Conselho Deliberativo do Athletic-Club para o biênio 1964/65, informou que "pela secretaria do Athletic foi organizado um intensivo trabalho de levantamento através do arquivo, pelo qual foram relacionados todos os sócios: fundadores, honorários, beneméritos; todas as taças e troféus conquistados pelo Clube durante toda a sua existência de lutas e glórias." Também ali relata como apresentou as instruções para confecção da Bandeira e do Emblema do Athletic, que passaram a fazer parte dos Estatutos do Clube.
Mais tarde, em reunião do Conselho Deliberativo de 4/6/1979, em que foi eleita, por aclamação, nova diretoria do Athletic-Club para o biênio 1979/1981, o próprio ASSIS (p. 99) informa que "ainda nesta sessão fez uso da palavra o conselheiro Astrogildo Assis, que fez um relato de todas as atividades do Athletic-Club durante os seus 70 anos, numa retrospectiva de todos os eventos desde sua fundação."

Como o personagem central de meu estudo aqui é Júlio Teixeira, darei destaque apenas àqueles fatos que envolvem essa figura admirável dentro do seu querido Athletic-Club. Quando estabeleço que o foco do meu estudo serão os anos que Júlio Teixeira passou defendendo as cores alvi-negras do seu jeito, sempre meigo e afetuoso, ouvindo sempre e realizando mais ainda, espero, com essa atitude, não estar magoando ilustres fundadores, presidentes, conselheiros e diretores do Athletic-Club, todos merecedores de meu respeito e minhas homenagens.  É claro que outros também o fizeram com muito denodo, amor e dedicação às cores "preta" e "branca".

Neste trabalho são respeitadas a redação e a grafia dos autores citados na bibliografia.



II. JÚLIO TEIXEIRA COMO VICE-PRESIDENTE, TESOUREIRO, DIRETOR E  CONSELHEIRO  DO ATHLETIC-CLUB (segundo Astrogildo Assis)



ASSIS (1985: 60) menciona, pela primeira vez, nome de Júlio Teixeira, quando o Dr. Euclides Garcia de Lima, o "velho Garcia", reeleito presidente empossado do Clube em 31/12/1951, usou da palavra para agradecer sua reeleição e deu a conhecer o seu relatório de fim do mandato, onde fazia elogio a seus colaboradores principais, nos seguintes termos:
"Pela quarta vez consecutiva em cerca de três anos e meio à frente dos destinos de nosso querido e glorioso Athletic, tenho a honra de apresentar-me à vossa presença (Conselho Deliberativo) para prestar-vos contas da gestão da diretoria no exercício do ano de 1951. Sejam as minhas palavras de louvor e agradecimento a este egrégio Conselho e aos meus incansáveis companheiros de diretoria, Altamir Ottoni, Antônio Augusto Pimenta, Júlio Teixeira, Álvaro de Almeida Neto, José Hilário Viegas e Mário Senna, que emprestaram todo apoio e toda a sua colaboração na árdua tarefa de gerir os negócios athleticanos. Cumpre-me destacar de maneira especial a cooperação valiosa de Ary Ferreira Malta — meu ministro sem pasta — e de José Alcyr Torga — contador do Clube — (...). Devo realçar nesta oportunidade os nomes de Antônio Veloso, Jesus Tolentino, José Batista dos Santos e João B. Gomes (...)."

ASSIS (1985: 63-64) registra novamente o nome de Júlio Teixeira, quando o presidente Dr. Euclides Garcia de Lima deu conhecimento das atividades de sua diretoria no ano de 1954 através de um detalhado relatório de fim de mandato, em sessão do Conselho Deliberativo (em data não especificada, mas provavelmente em fins de dezembro de 1954): "(...) Cumpre-me ainda uma vez agradecer a cooperação deste Conselho, de todos os meus consócios e, principalmente, dos meus companheiros de diretoria, Dr. Sebastião Lara, Júlio Teixeira, Jader Hudson, José Cândido de Almeida, Odilon de Oliveira, Antônio Josino de Andrade Reis, Joaquim Pimentel Arantes e Ademar de Paula Rodrigues que tudo fizeram pela eficiência da minha gestão e pela grandeza do Athletic. (...)"

No dia 26/11/1955, faleceu repentinamente Dr. Euclides Garcia de Lima, o "velho Garcia", patrimônio moral do Athletic-Club, quando completava seu sexto mandato como presidente do Clube. Assumiu a presidência do Clube o secretário Dr. Pedro de Souza, tendo em vista o impedimento do vice-presidente Dr. Antônio Josino de Andrade Reis. O Conselho Deliberativo, reunido em 31/12/1955, deu posse a Dr. Pedro de Souza e na vice-presidência o Sr. Sílvio Assis, para o biênio 1956/57. ASSIS (1985: 67-68) assim descreve a crise enfrentada pelo presidente Dr. Pedro de Souza: "Estava novamente em crise a direção athleticana, Diretores faltando a reuniões, situação financeira em estado precário, não havia inscrição dos bens patrimoniais, tendo ainda o presidente Dr. Pedro de Souza informado ao Conselho Deliberativo, o péssimo estado dos autos-lotações de propriedade do Clube, opinando para a venda dos mesmos, e que já tinha uma oferta de Cr$ 360.000,00 pelo melhor veículo. Acrescentou que o Clube tinha no Banco de Crédito Real uma letra de Cr$ 30.000,00 com cuja reforma aquele estabelecimento bancário não concordou. E fazia, naquele momento, um apelo ao Conselho no sentido de ser-lhe paga essa importância, logo que efetuasse a venda do auto-lotação." Parece que o Conselho não concordou com a referida venda, tanto que o Sr. Pedro de Souza, "tendo apresentado em caráter irrevogável a sua renúncia ao cargo de presidente do Athletic, ficou, porém, à disposição do do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal para prestar os esclarecimentos que julgassem necessários à sua tomada de contas."

ASSIS relata ainda que
"em consequência foi, no dia 12/7/1957, realizada a reunião na qual houve muitos debates e a indicação de várias chapas e até mesmo eleição (...). Em princípio foi apresentada a chapa Sr. Álvaro Neto para presidente e Sílvio Assis para vice-presidente, que não foi aceita pelos indicados. Foi então apresentada nova chapa, Dr. Cid Rangel como presidente e Dr. (Francisco) Diomedes Garcia de Lima como vice-presidente, que também não foi aceita pelos indicados. Em seguida veio logo outra chapa: Dario Monteiro e Sílvio Assis. Esta chapa também foi declinada por motivos respeitáveis. Finalmente, o presidente do Conselho apresentou a chapa Sr. Júlio Teixeira e Dr. (Francisco) Diomedes Garcia de Lima. A feliz indicação foi recebida pelo Conselho, com grande júbilo e entusiasmo. Tendo o presidente do Conselho anunciado que ia proceder à eleição, a qual foi realizada e indicou para presidente do Athletic-Club o Sr. Júlio Teixeira e para vice-presidente Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima. Foram comunicados os dois eleitos acerca da decisão do Conselho e de sua eleição, mas houve a recusa pelos eleitos para os cargos indicados. Em 17/7/1957, o Conselho se reuniu novamente, havendo o presidente Dario Monteiro proposto nova eleição imediata, com os nomes do Dr. Diomedes para presidente e do Sr. Júlio Teixeira para vice-presidente. Procedida a eleição foram os nomes acima eleitos nos respectivos cargos, e na mesma sessão foram ambos empossados. O presidente Dr. Diomedes ainda escolheu os seguintes associados para seus auxiliares: Sr. Alfredo Pereira de Carvalho como diretor de Esporte Especializado e Cap. Astrogildo Assis na direção do futebol, o que foi aprovado por intensa salva de palmas."
A seguir, ASSIS (1985: 69-70) continua seu relato, informando que "em 31/12/1957, foi reeleito no cargo de presidente do Athletic-Club o Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima." Então ficamos sabendo que o Sr. Júlio Teixeira assumiu a tesouraria do Clube: "Embarcou com destino à Capital Mineira a comissão do Athletic, composta do presidente Dr. Diomedes Garcia de Lima, tesoureiro Júlio Teixeira e do secretário Décio Leite Guimarães, com a missão de se avistar com o Governador do Estado, a fim de conseguir a liberação da verba de CR$ 125.000,00, que estava presa na Diretoria de Esportes, e bem assim solicitar um auxílio substancial para o Athletic, sendo que a comissão recebeu durante a permanência no Palácio do Governo de Minas, excelente acolhida, e o Governador prometeu atender todas as solicitações da comissão."

Além disso, quanto à construção da nova sede social, ASSIS (1985: 70) faz a seguinte anotação:
"Foi o presidente Diomedes o campeão da sede nova, pois foi em sua gestão fomentada a idéia da construção de uma nova sede para o Athletic, e ficou definitivamente assentada a compra do terreno para a grande realização: a sede! O terreno achava-se localizado à Avenida Tiradentes, esquina com a Rua Alfredo Ratton, de propriedade do Sr. José Carlos das Neves. Era a idéia concretizar, desse modo, mais um velho e acalentado sonho, não só da Diretoria, como também de toda a família athleticana. O pagamento do terreno em questão seria feito através da subscrição de 'quotas' de sócio proprietário da dita sede, e, com um plano bem orientado, a Diretoria do Clube foi providenciando, com grande sucesso, a venda das cotas de sócios proprietários com grande interesse e receptividade." (grifo meu)
A seguir, ASSIS dá breve notícia sobre as festividades de comemoração do Jubileu de Ouro (1909-1959) do Athletic-Club:
"Foi mesmo um trabalho insano dos dirigentes do Athletic essa questão de subscrição de cotas de sócios proprietários, e, mesmo com toda labuta, não se descuidaram dos preparativos para as festividades do cinquentenário do Clube. Vários ofícios foram expedidos, sendo um deles dirigido ao Dr. Fábio Nelson Guimarães, hoje distinto presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, convidando-o para exercer o cargo de encarregado dos serviços de propaganda das festividades. No mesmo ofício solicitava a sua presença às reuniões da Diretoria, a fim de que ficasse inteirado dos projetos e programas que estavam sendo elaborados pelas diversas comissões, para o cinquentenário de fundação do clube que deveria ser realizado em 27/6/1959." (grifo meu)
O nome de Júlio Teixeira figura ao lado do Ten. Antônio do Santos, Sr. José Alcy Torga, Sr. Murilo Romeiro, Sr. Álvaro Neto e Sr. João Evangelista Resende Filho, na Comissão de Finanças, presidida pelo Sr. Júlio Mário Mourão.

Há outra referência elogiosa a Júlio Teixeira em ASSIS (1985: 81), por ocasião da reunião do Conselho Deliberativo realizada em 6/1/1968, quando foi aclamado para presidente o Sr. Sílvio Assis. Após a palavra do presidente, o então
"presidente do Conselho Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima disse que em 1957... teve a felicidade de encontrar na vice-presidência o dinâmico athleticano Sr. Júlio Teixeira, o qual considera uma das colunas onde se assentou a viga mestra de sua gestão, e, em conseqüência, a facilidade de se desincumbir de tão complexa missão, qual a de presidir os destinos do Athletic-Club. Agora encontro-me à frente do Conselho Deliberativo deste grande Clube, e como em 1957, ao lado de Júlio Teixeira e de companheiros forjados na mesma têmpera dos grandes athleticanos do passado. Acabamos de dar posse à nova diretoria que vai conduzir o nosso Clube no biênio 1968/69; resta-nos desejar ao presidente Sr. Sílvio Assis e seus entusiásticos companheiros uma feliz gestão para a felicidade do nosso Clube, para a nossa própria felicidade." (grifo meu)
Mas Júlio Teixeira nem sempre passou pela vida em brancas nuvens, como relata ASSIS (1985: 86): "Em reunião da diretoria de 12/6/1969, com a presença do presidente Sílvio Assis, o diretor Júlio Teixeira fez um relato do andamento das obras no Estádio Joaquim Portugal, comunicando que para o término da arquibancada orçaram em CR$ 10.000,00. Discutido o assunto, a diretoria decidiu fazer uma pequena parada na referida obra, dado a vultosa quantia a ser gasta, e o Clube no momento não estar em condições."

Mas seus colegas da diretoria sabiam muito bem que Júlio Teixeira tinha grande experiência no mundo financeiro, pois chegara a Gerente do Banco de Crédito Real desta cidade pelos seus enormes méritos e por sua capacidade administrativa, qualidades reconhecidas por todos os são-joanenses e relembradas por ASSIS (1985: 88-89), conforme segue:
"O diretor Júlio Teixeira, sempre atento a tudo que diz respeito ao engrandecimento do Athletic, deu conhecimento à diretoria, de que teve notícia que estava à venda uma grande área de terreno, a qual estava destinada a construção do 'Lenheiro Country Clube', em cuja área já foram construídas as piscinas previstas, campo de voley, basquete, etc., e que aconselharia a diretoria a se interessar pela compra, uma vez que se trata de assunto de capital importância para o aumento do patrimônio do Clube, fato que trará, dentro em breve, excelentes benefícios para o mesmo."
E continuou mais embaixo:
"Imediatamente uma comissão athleticana composta dos Srs. Mauro Pinto de Moraes, Pedro de Souza, Sílvio Assis, Astrogildo Assis, Júlio Teixeira, Maurílio do Nascimento Teixeira, Rômulo Ferreira Alves, Pedro Farnese e Antonio do Sacramento Torga Filho compareceu à área do terreno em questão, e todos constataram que a compra seria um ótimo negócio para o Athletic-Club, pois na área descrita no ofício já se encontravam construídas as seguintes obras: piscina para adulto e infantil, campo de basquete, campo de voley, e uma sede; demarcação para campo de tênis e maquinário para tratamento de água. 
Foi ainda o diretor Júlio Teixeira que apresentou um plano para levantamento da importância para a compra do terreno e suas benfeitorias. Sendo então aprovado por todos os conselheiros dar ampla liberdade à diretoria, de estudar com mais detalhe o assunto e proceder de acordo com a sua vontade: 'Comprar ou não o terreno'.
Depois de vários debates foi pela diretoria decidido a compra do terreno a qual foi realizada pelo preço de CR$ 125.000,00, e aprovada pelo Conselho Deliberativo. Foi esta a transação de maior vulto até então feita por uma sociedade esportiva em São João del-Rei." (grifo meu)
ASSIS (1985: 146) ainda registra o nome de Júlio Teixeira como membro efetivo do Conselho Fiscal do Athletic-Club, ladeado por Álvaro Augusto Vianna e Roberto Silva, por ocasião da MILÉSIMA PARTIDA OFICIAL DE FUTEBOL do Athletic-Club, ocorrida em 8 de maio de 1977. Segundo ASSIS (1985: 147), "o time adversário desta MILÉSIMA PARTIDA foi o Siderúrgica F. C. da cidade e o resultado da peleja foi favorável ao Athletic pelo escore de 2 x 1."

Júlio Teixeira trabalhou em prol do Athletic-Club até seu último dia de vida. Mesmo adoentado, prestava sua colaboração participando ativamente de toda campanha em benefício do Clube. Após seu falecimento em 17/02/1994, é comum alguém que o conheceu muito de perto prestar-lhe alguma homenagem. Foi o caso do fotógrafo Afonso Nogueira, que lembrou a luta do Sr. Julinho para elevar o nome de seu querido Clube em sua "Coluna do Afonso", no Informativo Athletic Club nº 44, de março de 1997, p. 4, com as seguintes palavras:
"O saudoso athleticano Júlio Teixeira, que tanto ajudou o Athletic durante toda a sua vida, nunca foi presidente do Clube. Mas é bom frisar que não foi por falta de inúmeros convites, que sempre gentilmente recusava. Julinho gostava de trabalhar nos bastidores com modéstia e discrição. Seu trabalho e sua habilidade contribuíram muito para elevar o nome do Athletic. O nome Júlio Teixeira será sempre guardado na história do Clube, do qual recebeu justas e merecidas homenagens após seu falecimento."
Por todas essas ações aqui declinadas em que transparece o carisma inconfundível de Júlio Teixeira, considero natural que seu nome se ache inscrito entre os SÓCIOS BENEMÉRITOS do Clube, para que nós, atleticanos ou não, lhe prestemos justas homenagens.


III. Homenagens prestadas a Júlio Teixeira por outros são-joanenses



O Clube são-joanense não laborou em grave erro, como acontece com tantos outros clubes brasileiros, esquecendo seus grandes baluartes, homens que dedicaram grande parte de sua vida ao seu engrandecimento e à conquista de suas glórias. O Athletic-Club são-joanense foi exemplar, quando nomeou o seu campo de futebol "Joaquim Portugal", à sua Praça de Esportes "Antônio Ottoni Sobrinho" e à sede social "Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima". Ao preservar a memória de Júlio Teixeira fazendo nomear o 2º andar da sede social "Salão Nobre Júlio Teixeira" ² — o salão principal onde acontecem os principais eventos do Clube, — revela quão importante foi a passagem de Júlio Teixeira por seus principais quadros. Neste salão, com capacidade para 700 pessoas são realizadas as solenidades das eleições, da posse das diretorias e das assembleias. Também ali ocorrem os grandes bailes de réveillon, do Hawaii abrindo a  temporada de carnaval, de aleluia e das mães, entre outros, que proporcionam verdadeiros espetáculos de som, luz e muita emoção aos athleticanos que deles participam entusiasmados.

Finalmente, acho que não seria justo silenciar-me sobre as justas homenagens que foram prestadas a Júlio Teixeira por quantos conheceram de perto sua luta em prol do engrandecimento do Clube.
O primeiro elogio partiu do conselheiro do Athletic, Ivis Bento de Lima, que, por ocasião do 85º aniversário do Athletic-Club, assim se manifestou em honra ao homenageado Júlio Teixeira, com quem tivera longa convivência seja como funcionário e colega no Banco de Crédito Real, seja como estudante na Fundação Municipal de São João del-Rei, na época em que aquele desempenhava respectivamente as funções de gerente e de diretor executivo:

"Senhoras e Senhores,
Coube-me a honra de saudar o homenageado Sr. Júlio Teixeira.
Missão fácil, considerando que o meu conhecimento e amizade com o Sr. Júlio dura mais de 25 anos. 
Falar do homenageado no campo familiar é dispensável, pois todos nós sabemos do esposo, pai e sogro exemplar que sempre foi. No campo profissional sempre se destacou tendo o respeito e admiração com aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo.
No campo da sociedade, sim, podemos falar dos seus feitos.
Presente em todos os segmentos da sociedade, quer na filantropia, quer no esporte, quer na religião.
Membro ativo nos Conselhos do Hospital N. Sra. das Mercês, Santa Casa da Misericórdia, Fundação Municipal de São João del-Rei (hoje FUNREI), Confraria do Senhor dos Passos, Conselho Curador da Paróquia Nossa Senhora do Pilar e, principalmente, neste nosso Clube, onde possui obras e decisões tomadas que mudaram os fumos desta Organização. Possui decisões na Praça de Esportes, no futebol e nesta mesma Sede.
Falaria aqui horas e horas exaltando os seus feitos, porém sei que seria inútil, pois todos nós já o conhecemos e conhecemos também o seu trabalho.
Hoje o Athletic reconhece que devia ao Sr. esta homenagem. Este salão, que terá o seu nome, será sempre tão grande e importante para nós athleticanos, como importante foi o Sr.
E neste momento, gostaria de, em nome do Athletic-Club, convidar a todos a adentrarem esse salão, ficarem à vontade, pois este salão é idêntico ao coração de nosso homenageado, grande e acolhedor.
Que nos sintamos em nossa casa, pois este seu grande coração sempre foi um palco de amor, sinceridade, franqueza, trabalho e honestidade!
Que seja este salão o nosso ponto de encontro com o nosso amigo, que está hoje ao lado de Deus, mas estará aqui sempre presente ao lado dos athleticanos!
Obrigado, Sr. Júlio Teixeira!"
Ass.:  Ivis Bento de Lima

No dia 29 de junho de 1994, após a cerimônia de descerramento da placa que dava o nome de Salão Nobre Júlio Teixeira ao segundo andar da sede social do Athletic-Club, Edson de Assis Coelho, genro do homenageado, tomou a palavra para fazer um agradecimento em nome da família de Júlio Teixeira, ali tão bem representada:

"Exmos. Senhores Presidente do Conselho Deliberativo, Dr. Flávio Costa Gonçalves, e do Athletic Club, Sr. Renato Luiz Baccarini Filho,
Exmos. Senhores Membros do nosso Conselho e Diretores desta Casa,
Exmas autoridades civis, militares e religiosas aqui presentes ou representadas,
Senhoras e senhores, irmãos athleticanos:
Cumpre-me neste momento a realização de tarefa das mais difíceis, porém das mais prazerosas de minha vida. Difícil, pois me falta o dom da oratória, prazerosa pois sem dúvida trata-se de prestar agradecimentos, em nome de quem aprendi a admirar, e a quem ele amou e amamos: o nosso glorioso Athletic Club. Em meu nome particular e no de toda a família de Júlio Teixeira, aproveito esta oportunidade ímpar para rememorarmos passagens entre Athletic e Júlio Teixeira, que por si só se confundem numa mesma coisa. Para tanto, solicito a permissão do grande historiador Cap. Astrogildo Assis, para buscar em seu "Historiando o Esquadrão de Aço", relatar fatos que profundamente marcaram este relacionamento.
Já em 1951, reeleito para o cargo de presidente do Athletic Club, Dr. Euclides Garcia de Lima, em sessão solene de posse realizada, depois de agradecer sua reeleição, abordou a situação financeira do Clube, em face dos grandes encargos que sobre ele pesavam no momento. Todavia disse o provecto presidente: "Esta situação é transitória; brevemente ela será alijada e os athleticanos terão o ensejo de ver as obras, em via de conclusão: empreendidas com grande soma de trabalho, não constituirão, somente, uma glória para o nosso Clube, mas também um orgulho para São João del-Rei." Naturalmente que se referia às obras no Estádio Joaquim Portugal e na Praça de Esportes Antônio Ottoni Sobrinho. E, em seu relatório de fim de mandato, o presidente Garcia de Lima informa: "Pela quarta vez consecutiva em cerca de três anos e meio à frente dos destinos de nosso querido e glorioso Athletic, tenho a honra de apresentar-me à vossa presença (Conselho Deliberativo) para prestar-vos contas da gestão da diretoria no exercício do ano de 1951. Sejam as minhas palavras de louvor e agradecimento a este egrégio Conselho e aos meus incansáveis companheiros de diretoria, Altamir Ottoni, Antônio Augusto Pimenta, Júlio Teixeira, Álvaro de Almeida Neto, José Hilário Viegas e Mário Senna, que emprestaram todo o apoio e toda a sua colaboração na árdua tarefa de gerir os negócios athleticanos. (...)"
Convivi por muitos anos com o amigo e sogro Júlio Teixeira. Conhecia bem seu jeito de ser. Era homem de grande potencial de trabalho, porém jamais pretendeu sobressair-se no que fazia.
Permitam-me enumerar alguns fatos de sua vida pessoal. Casado com D. Olga Braga Teixeira, com quem teve cinco filhas, galgou todos os cargos possíveis na Agência do Banco de Crédito Real de Minas Gerais, aposentando-se como gerente da agência local. Ao aposentar-se, não permitiu que sua grande capacidade de trabalho não fosse colocada a serviço da cidade que tanto amou. Assim é que, junto com outros companheiros, forjados na mesma têmpera, abraçou com grande carinho os primeiros passos na criação e funcionamento da então Fundação Municipal de São João del-Rei. Ali, junto com o saudoso Marechal Ciro do Espírito Santo Cardoso, prestou seu trabalho, incansável e generoso, sem nenhuma remuneração por nove anos e meio. Afastando-se por sua vontade própria, após apresentar minucioso relatório da vida financeira daquela entidade, quis voltar seu trabalho para os menos favorecidos. E aí estão as Obras Sociais da Catedral do Pilar e o Albergue Santo Antônio.
Mas tudo isto feito de maneira desprendida, sem nenhuma vaidade, só com o pensamento em servir. E tudo isto quis aqui relatar para também justificar seu trabalho aqui nesta Casa. Pois em 1957, após muitos debates e indicações de várias chapas e até mesmo eleição, não chegou o Conselho ao ponto desejado. Finalmente, o presidente do Conselho apresentou a chapa Júlio Teixeira e Dr. Diomedes Garcia de Lima. A feliz indicação foi recebida com grande júbilo e entusiasmo, tendo o presidente anunciado que iria proceder logo à eleição, a qual foi realizada e homologada por unanimidade. Mas, como era de sua índole, Júlio Teixeira colocou-se à disposição do Clube, porém declinou da honrosa escolha. E, na reunião do Conselho, realizada em 17 de maio de 1959, finalmente foram empossados os Srs. Diomedes para presidente e Júlio Teixeira como vice-presidente.
Muitos fatos importantes sucederam a esta posse. Não cabe aqui a todos enumerar, porém um não podemos deixar de relatar.
Com o testemunho de D. Olga, num domingo de carnaval, Júlio Teixeira foi procurado em sua casa pelo Dr. Diomedes e travou-se calorosa conversa entre eles, constatando que não seria mais possível conviver com o fato de ter o co-irmão Minas Futebol Clube estar realizando grandes bailes carnavalescos em sua majestosa sede denominada efusivamente como "Salão dos Espelhos" e o nosso Athletic Club manter-se em suas acanhadas instalações. Nascia aí esta magnífica sede. A semente estava plantada. Mangas foram arregaçadas e em reunião do dia 6 de outubro de 1959 foi organizada a Comissão de Construção da nova sede. E, com o trabalho às vezes anônimo de muitos, este sonho foi concluído. E, em reunião do Conselho Deliberativo, realizada em 6/1/1968, usando a palavra o então presidente do Conselho Dr. Diomedes "disse que, em 1957, ficou surpreso com a notícia de que tinha sido eleito presidente do Athletic, (...) pois naquela ocasião estava alheio às coisas de esporte e mesmo de administração de uma sociedade. (...) Mas motivos imperiosos obrigaram-no a aceitar o cargo. Acontece que teve", segundo suas próprias palavras, "a felicidade de encontrar na vice-presidência o dinâmico athleticano Sr. Júlio Teixeira, o qual considera uma das colunas onde se assentou a viga mestra de sua gestão e, em consequência, a facilidade de se desimcumbir de tão complexa missão (...)."
Vários outros episódios poderiam aqui ser narrados. Mas o momento é mais de agradecimentos.
Em primeiro lugar, agradecer a todo o Departamento de Futebol, do presidente ao roupeiro, pois Júlio Teixeira, já com sua enfermidade agravada, recebeu, por meu intermédio, a alviáreira notícia da conquista do título do ano de 1993, com grande júbilo e alegria. 
Posso afirmar, com toda a convicção, que foi esta a imagem vitoriosa que ele guardou do seu querido Athletic Club.
Na fatalidade de seu passamento, num momento de dor para toda a sua família, jamais esqueceremos a homenagem prestada pelo Athletic Club, quando sua diretoria tudo fez a fim de que seu corpo fosse velado pelos amigos e por grande parte da família athleticana e partisse para o túmulo saindo do coração do Clube que ele tanto amou.
Caros Athleticanos,
Nada é conhecido que mais possa enobrecer um homem, que mais lhe possa sobredurar o nome e fazê-lo digno das gerações futuras, do que reconhecer os feitos e escrevê-los com letras profundas na história de uma sociedade.
E é por isto que aqui nos encontramos. Somente para agradecer.
Agradecer a Deus por nos tê-lo dado.
Agradecer a Júlio Teixeira, pelo seu desempenho como marido, pai, sogro, irmão, avô, como ser humano que soube ser.
E agradecer principalmente a este querido Clube que tão generosamente soube reconhecer seu valor, homenageando-o nesta data.
Seremos eternamente gratos e podemos ter a plena certeza de que, lá de cima, junto de Deus, Júlio Teixeira continuará, para sempre, a zelar pelas coisas alvi-negras.
Muito obrigado e que Deus proteja a todos nós!"
Ass.: Edson de Assis Coelho

Em artigo intitulado "Brilhantes comemorações Athleticanas nos seus 85 anos", publicado na Tribuna Sanjoanense, edição nº 767, de 26 de julho de 1994, p. 4, José Tadeu de Resende assim se expressou: "O Athletic Club comemorou, no dia 29 de junho 85 anos de fundação e para festejar este aniversário, programou uma série de atividades. Primeiramente, foi rezada uma Missa Festiva, às 19:30 horas, na Capela da Santa Casa, e logo após, na majestosa Sede Social, localizada na Avenida Tiradentes, as justas homenagens aos dois athleticanos, falecidos, que honraram as cores alvinegras, Diomedes Garcia de Lima e Júlio Teixeira, batalhadores incansáveis não apenas para a família athleticana mas para toda a sociedade sanjoanense e região, e, na ocasião, oficializou-se denominar doravante "Sede Social Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima" e "Salão Nobre Júlio Teixeira", e os dois oradores foram os Drs. Ivan Assunção e Euclides Garcia de Lima. (...)."

Finalmente, no dia 24 de junho de 2009, isto é, na semana em que o Athletic-Club completava o seu primeiro centenário de profícua existência em favor de São João del-Rei, assim se manifestou o Presidente do Conselho Deliberativo do Clube, Carlos Antônio Neves Teixeira:

"Ilmo. Sr. Presidente,
Finalmente o Centenário...
Como athleticanos, recebemos, com satisfação, exemplar da "Revista do Athletic 100", edição nº 2, ano I, datada de abril de 2009.
Causou-nos, porém, surpresa a matéria publicada às páginas 18/19, intitulada "Uma vida alvinegra — amor e dedicação ao Athletic-Club", notadamente quanto à fotografia colacionada na parte superior da página 19.
Pretendia tal fotografia demonstrar reconhecimento a diretores do Clube centenário, nomes-baluartes desta Associação. Mas a publicação nos causou sentimento bastante contrário.
Relutamos em nos manifestar, relembrando-nos de uma das principais características de Júlio Teixeira: fazer — sempre; dar publicidade aos feitos — jamais!
Entretanto, um misto de indignação e ofensa nos impeliu a essas palavras. E é nesse sentido que elas serão expressas.
A fotografia colacionada à página 19 estampou uma reunião da diretoria do Clube, realizada em 1959, declinando o nome dos diretores: Vicente de Paula Torga Carvalho, Antônio dos Santos, Jozélio Teixeira, Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima, José Hilário, Elias Nicolau e Murilo Romeiro.
O "renomeado" Jozélio Teixeira é, na realidade, o Sr. Júlio Teixeira, que tanto amou e trabalhou pelo Athletic-Club.
O mesmo Júlio Teixeira que recebeu deste Clube grandes homenagens: quando de seu falecimento teve a Sede Social como último pouso nesta terra (velório realizado em 17/02/1994) e hoje dá nome ao Salão Nobre do Clube.
O mesmo Júlio Teixeira, que, em um domingo chuvoso de carnaval, nos idos de 1958, viu bater à sua porta o amigo e athleticano Dr. Diomedes, ressentido com o sucesso do baile realizado pelo arquirrival no recém-inaugurado e ainda imponente "Salão dos Espelhos". E compelido por Dr. Diomedes, saíram ambos, com um livro de ouro debaixo dos braços, batendo de porta em porta, conclamando os athleticanos e os amigos a contribuírem para a construção do embrião do que hoje é a Sede Social.
Naquele domingo chuvoso de carnaval, deu-se início à construção deste patrimônio, tão ímpar e tão invejado! Numa época em que não se trabalhava por voluntariado, se trabalhava por amor, essa inexplicável paixão athleticana.
Como divulgou Afonso Nogueira, na Coluna do Afonso, no Informativo do Athletic-Club, nº 44, março de 1997: "o saudoso athleticano Júlio Teixeira, que tanto ajudou o Athletic durante toda a sua vida, nunca foi presidente do Clube. Mas é bom frisar que não foi por falta de inúmeros convites, que sempre gentilmente recusava. Julinho gostava de trabalhar nos bastidores com modéstia e discrição. Seu trabalho e sua habilidade contribuíram muito para elevar o nome do Athletic. (...)"
E assim era Júlio Teixeira. E foi assim, com desprendimento e sem qualquer pretensão, que amou e trabalhou por seu Clube de coração. É assim que se fazem os grandes beneméritos, embora, não raro, vaidades terceiras tentem fazer esquecê-los.
Em que pese fosse da índole de Júlio Teixeira silenciar-se sobre seus feitos, não podíamos nos calar diante do erro cometido na já citada matéria.
Inquestionável que a "Revista do Athletic 100" tenha primado pela beleza e modernidade estéticas. Sentimo-nos, entretanto, pesarosos de que a modernidade e as inovações façam esquecer o passado e sua própria história, que a plasticidade da reportagem tenha sobressaído à veracidade de seus personagens.
Que este centenário e suas comemorações não sejam apenas fatos para ficar na memória sanjoanense, mas sejam fatos para perpetuar essa história centenária, ressaltando e enobrecendo os inúmeros apaixonados athleticanos que a fizeram.
E que aqueles que se aventuram a narrar essa história — o que se faz improvável porque paixão não se narra — se acautelem quanto a fatos e seus personagens, evitando equívocos quanto àqueles, pelo menos a nós, são caros.
Crendo que o equívoco tenha passado despercebido por essa Diretoria, subscrevemo-nos, expressando nossos sinceros cumprimentos pela passagem deste primeiro centenário, desejando que a história e o Clube se perpetuem."
Ass.: Carlos Antônio Neves Teixeira



IV. NOTAS DO AUTOR


¹  O pesquisador Prof. Aluízio Antônio de Barros, que leu atentamente todas as atas do Clube até 1916, a partir da "Acta da 1ª sessão extraordinaria inaugural do 'Athletic Club' realisada no dia 10 de agosto de 1913", informou-me que o nome original do Clube era Athletic Foot-Ball Club, e não Athlético, como erroneamente se apregoa. Portanto, segundo ele, o Clube foi fundado em 1909 com o nome de Athletic Foot-Ball Club e, em 1913, houve uma reorganização dos estatutos alterando a denominação para Athletic Club.

²  O Informativo Athletic nº 25, de junho/1994, p. 4, estampou o seguinte informe: No dia 29 de junho homenagearemos dois grandes baluartes do Clube. Com isso nossa Sede Social receberá o nome "Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima" e o nosso Salão Nobre o do "Sr. Júlio Teixeira". 

Uma semana antes de a homenagem ser prestada à memória de Júlio Teixeira, sua viúva Olga Braga Teixeira recebeu a seguinte correspondência do Athletic-Club:
"São João del-Rei, 22 de junho de 1994
Ilma. Sra.
Olga Braga Teixeira
NESTA

Prezada Senhora,
A Diretoria do Athletic-Club tem a grata satisfação de convidar V. S. e Exma. Família para a solenidade de descerramento da placa que denominará o Salão Nobre de nossa Sede Social de "Salão Nobre Júlio Teixeira", nas comemorações do 85º ano de fundação do Clube no dia 29 de junho de 1994, às vinte horas e trinta minutos.
Certos da presença de V. S. e Exma. Família, agradecemos antecipadamente o obséquio da atenção e firmamo-nos
Atenciosamente
Ass.: Renato Luiz Baccarini Filho
Presidente"

O Informativo nº 26, de agosto/1994, p. 2, noticiou a homenagem que foi prestada aos dois beneméritos, com o seguinte título: "Diretoria e Conselho: Grande Festa nos 85 anos do Athletic", acompanhado do seguinte texto: "No dia 29 de junho comemoramos os 85 anos de fundação do nosso querido Clube. São muitos anos de existência, mas ele continua dinâmico e jovem.
Nesta ocasião aproveitamos a nobre oportunidade e homenageamos dois grandes baluartes do nosso Athletic e, assim, demos à nossa Sede Social o nome do Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima e ao Salão Nobre o nome do Sr. Júlio Teixeira.
Foi uma singela homenagem que a Diretoria e o Conselho Deliberativo prestaram a eles que sempre se dedicaram e contribuíram para que o Athletic-Club pudesse chegar, hoje, aos 85 anos, coberto de glórias e de muitas vitórias."



V.  REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS



ASSIS, A.: Historiando o Esquadrão de Aço, São João del-Rei: Departamento de Artes Gráficas da Golden Cross, 1985, 207 p.

BARROS, A.A.: Futebol e Modernidade no Interior do Brasil: o Athletic Club de São João del-Rei, 1909-2009, UNA, Belo Horizonte, 2010, 11 p., disponível na Internet em arquivo PDF: http://www.encontro2010.rj.anpuh.org/resources/anais/8/1276723877_ARQUIVO_AthleticClubartigoANPUHRJ.pdf

COUTO, E. F. & BARROS, A. A.: Futebol e Modernidade em São João del-Rei/MG: o caso do Athletic Club (1909-1916), 2011, 13 p.,  disponível na Internet no seguinte endereço eletrônico em arquivo PDF:
http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300659997_ARQUIVO_ANPUH2011_Athletic_Club.pdf



VI.  AGRADECIMENTOS



Gostaria de deixar aqui consignada minha gratidão a todos os que colaboraram, seja incentivando-me seja fornecendo informações ou material de seu arquivo particular para a realização desta pesquisa, a saber: historiador Luiz Antônio Ferreira, que me emprestou o livro de seu acervo "Historiando o Esquadrão de Aço", da autoria de Astrogildo Assis;  Olga Braga Teixeira, Juliana Braga Teixeira e Edson de Assis Coelho, que possuem rico material relativo a Júlio Teixeira em seu arquivo particular.

9 comentários:

Prof. Ulisses Passarelli disse...

Tenho acompanhado o Blog do Braga, notável página digital de profícua atividade intelectual e historiográfica.
Com um grande abraço, Ulisses.

Prof. José Maurício de Carvalho disse...

Muito bem. Mauricio

João Ramalho disse...

Muito bom.
Faremos uma matéria sobre o assunto para o informativo.
Abraços,
JR

Prof. Aluizio Antônio de Barros disse...

Prezado Francisco:

Quero cumprimentá-lo pelo excelente perfil do Julinho Teixeira que vc apresentou no seu blog. Trata-se de um cidadão exemplar e um notável empreendedor social (para usar a terminologia contemporânea).

O homenageado teve participação destacada na criação da Fundação de Ensino Superior de SJDRei, que deu origem posteriormente a Funrei e UFSJ.

Abraços extensivos à Rute.

Aluizio

Prof. Mário Celso Rios disse...

Caro BRAGA, nosso amigo e incansavel divulgador das coisas e valores elevados!
Obrigado pelo seu c-e! Júlio Teixeira é notável e o trabalho que você faz sobre ele ajuda a todos para que mais pessoas conheçam a essência de nosso povo e costumes!
Parabéns!
M. CELSO

Anônimo disse...

Estimado e ilustre Francisco Braga,

Nossos aplausos sinceros e calorosos pela abordagem sobre um grande sao-joanense, Julio Teixeira, conhecidamente por Julinho Teixeira nas rodas das mais altas personalidades de nossa terra.Muito, meu pai o conheceu,assim como eu, pessoalmente, como gerente de banco, empreendedor, desportista e pessoa muito
sociável. Belíssima matéria apresentada, aliás, característica natural deste literato.Parabéns!

Musse João Hallak

Prof. Fernando Teixeira disse...

Acho louvável o seu esforço intelectual em favor de pessoas, como de Júlio Teixeira, que fizeram a história de São João del-Rei. Abraço do Fernando Teixeira

Dr. Luiz Neves disse...

Caro Francisco,

Após ler esta bela e merecida homenagem a este grande homem e um dos baluartes do Athletic Club , vem a saudade de ter participado da históia desta grande agremiação.

Sr. Júlio Teixeira participou ativamente de todos os momentos de nosso Clube, com a sua visão de futuro, de empreendedor e, sobretudo, de administrador nato.

Um abraço do amigo.
Luiz Neves.

Joao Paulo Guimarães disse...

Agradeço pela informação amigo.
Abraço,
João Paulo Guimarães