sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

DISCURSO "SOBRE A REALEZA" DE SINÉSIO DE CIRENE AO IMPERADOR ARCÁDIO


Por Francisco José dos Santos Braga


I.  INTRODUÇÃO


No último domingo do ano de 2014, em visita à Feira do Bixiga, em São Paulo, deparei-me com certos livros do acervo que pertenceu ao saudoso Prof. Linneu de Camargo Schützer e que o vendedor adquiriu de parentes do professor em Juquitiba. Entre esses célebres pertences do extinto professor, encontrei basicamente obras da literatura francesa que me cativaram a atenção: 4 edições da Revue des Deux Mondes (20º, 29º, 31º e 33º tomos, datados de 1877 a 1879), o primeiro volume da obra completa de Aristóteles publicada em Paris pelos Editores Firmin-Didot datado de 1927, o tomo III da obra de Eurípedes publicada pela editora Les Belles Lettres datado de 1950, e, finalmente, o tomo I de um curioso estudo de documentos medievais intitulado "A Europa na Idade Média: período de 395 a 888", publicado pela Livraria Armand Colin em 1969.

O que se lerá neste artigo é minha tradução portuguesa para trecho do primeiro documento histórico deste último livro mencionado (versão francesa do original grego, ambos disponibilizados), que trata da criação dos reinos bárbaros.

Pela atualidade do tema das imigrações intensas para dentro do continente europeu e do temor da desnacionalização de muitos Estados europeus, acredito que seja bom rever a intensidade desse problema já visto no passado e como ele foi levado em devida conta na ocasião. Os especialistas citam um vasto leque de problemas que ultrapassa a questão do "medo do outro/diferente". Os temores mais conscientes, constantes das declarações dos principais movimentos contra os imigrantes, incluem: o medo da desnacionalização, do abaixamento do nível de vida, das máfias, dos muçulmanos e da imigração ilegal ou clandestina, gerando nos habitantes nacionais uma nem sempre patente xenofobia. Pelo lado dos imigrantes estrangeiros são citados a perda de sua identidade e os sentimentos de separatismo, alheamento da terra natal e deslocamento no país de acolhimento. Assim, observa-se um conflito entre duas dimensões da imigração: por um lado, nos países que acolhem os imigrantes, há a necessidade do Estado de controlar o fluxo migratório, a fim de impedir o aumento das taxas de desemprego e da tensão social gerada por questões de identidade nacional, xenofobia, etc.; por outro lado, existem as necessidades dos imigrantes que se acham no direito de utilizar-se da mobilidade para buscar melhor qualidade de vida. Há casos gritantes como o dos argelinos na França (considerada hoje uma sociedade multiétnica), o dos muçulmanos na Alemanha e, mais recentemente, dos africanos nos países mediterrâneos, etc. Essa situação tem provocado inúmeros debates envolvendo soberania do Estado, Nação e nacionalidade, identidade nacional, territorialidade, globalização e outros.

Diante da realidade de ações terroristas contra o território de muitos países, considera-se que o ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001 tenha inaugurado uma nova era desse fenômeno. Na década que se seguiu a esse pavoroso atentado, assistiu-se a uma proliferação de casos no Afeganistão e no Iraque e a outros focos de atividades dessa natureza, como a insurgência chechena na Rússia, os movimentos separatistas na China, o bombardeamento de Bali, o bombardeamento dos trens de Madri, o ataque ao Superferry 14, os ataques aos trens do metrô de Londres, o bombardeamento da cidade de Sadr em Bagdá, o ataque à estrada de ferro suburbana de Mumbai, etc., apenas nos primeiros quinze anos do Terceiro Milênio. Evidentemente, diante das ameaças de atos terroristas, os Estados que acolhem imigrantes tendem a rechaçar cada vez mais os fluxos migratórios para dentro de seu território para preservarem a sua soberania e a sua população.

Embora não seja objeto desse estudo o problema da construção da nacionalidade na Antiguidade, não se pode deixar de constatar como foi relevante para o Império Romano do Oriente a apropriação do nacionalismo no início do século V.

Foi na condição de filósofo que Sinésio compôs e dirigiu ao imperador Arcádio um discurso intitulado Perí Vasileías (lat. De Regno, ingl. On Kingship, fr. Sur la Royauté), aqui traduzido por "Sobre a Realeza", tratando das virtudes e deveres do rei ideal. Nele é manifesta a frustração de Sinésio com a política da corte de Arcádio. A parte mais marcantemente concreta do discurso é aquela que critica a dependência dos Citas praticada pelo Estado romano. Inúmeras passagens deixam claro que Sinésio estava advertindo o imperador contra um desastre que ainda estava para acontecer, à época de sua escrita.

[BARNS, 1986] resume da seguinte forma todo o discurso de Sinésio: 
"(...) Tomando essas coisas como pano de fundo, a combinação de filosofia e xenofobia em 'Sobre a Realeza' fica mais compreensível. Sinésio se apresenta como embaixador de Cirene, uma antiga e famosa cidade que passa tempos difíceis e precisa da ajuda imperial. Ele coroará a cabeça do imperador com ouro e sua alma com filosofia (2C-2D): como filósofo, Sinésio tem o dever de proclamar a verdade, não obstante impalatável possa parecer à sua audiência (2A-2B, 3A-3D).
A tese central de 'Sobre a Realeza' é que Arcádio necessita da filosofia para tornar-se um bom imperador e salvar o Império Romano − especialmente as cidades dos perigos que o cerca. Sinésio demora diante do jovem (Arcádio) a quem ele pretende dirigir não só os ideais tradicionais de conduta imperial, mas também os exemplos específicos do seu pai Teodósio (4D-5B, 25C) e três imperadores pagãos do último terceiro século (17D-20A). Insistentemente adverte Arcádio para não confiar nos seus atuais ministros e áulicos, que o bajulam excessivamente (3D-4C, 12A-12B, 14B-15D). E ele lhe pede para mudar seu comportamento, do de um tirano para o digno de um bom rei (5D-6D). Arcádio deveria sair do seu atual torpor (5C), comandar seu exército pessoalmente (12B-14B) e emular os generais e imperadores que trouxeram sucesso ao Estado romano (15D-21C). Sobretudo, deveria considerar cuidadosamente que raça de soldados necessita (21D). Bárbaros são desleais por natureza; por isso, Arcádio deve parar de confiar nos Citas e inscrever um exército de camponeses confiáveis (22B-22C). O elemento bárbaro deve ser expulso de todas as posições de poder, e a remoção deve envolver não só o alto comando mas também o Senado, uma vez que os bárbaros se infiltraram mesmo naquela augusta assembleia (23B-23C); a alternativa será a escravização por eles (26B).
"O imperador precisa purificar sua corte" (24D). Uma vez que isso estiver feito, o Império Romano poderá recuperar grandeza e prosperidade, e os assuntos do imperador poderão ser bem governados de novo, livres da opressão e da excessiva taxação − desde que os homens sejam escolhidos para governar "por suas virtudes, não por causa de sua riqueza, como agora" (26D-31C, especialmente 30B). Tais são os potenciais benefícios da filosofia e da verdadeira educação (31C). Este "manifesto anti-germânico do partido de Aureliano" anseia por uma época em que os amigos de Sinésio vão deslocar seus inimigos como os ministros do imperador e levarão em conta os interesses das cidades do império. De fato, o autor de 'Sobre a Realeza' não precisou esperar muito tempo para que seu patrono assumisse o poder. (...)" 

II.  MINHA TRADUÇÃO DO TEXTO EM VERSÃO FRANCESA



Documento I − O Império romano nas mãos dos Visigodos

Discurso de Sinésio de Cirene sobre a Realeza
Sinésio (373-414), o "bispo filósofo". Na foto aparece como discípulo da filósofa neoplatônica Hipátia, em Alexandria.


Explicação da equipe chefiada por Ch.-M. de LA RONCIÈRE:  
"Entre a primavera e o verão de 399 ¹, Sinésio de Cirene pronuncia um discurso oficial diante do imperador Arcádio em Constantinopla. Ele lhe mostra que os Visigodos ² desde a sua entrada no Império, depois de sua vitória de Adrianópolis ³ em 378 são os governantes: formam oficialmente o exército imperial, ocupam as mais elevadas magistraturas e constituem ao mesmo tempo a mão de obra escrava de particulares. É preciso então formar um exército nacional romano para expulsá-los antes que se apoderem do Império.
Este sentimento anti-germânico ⁴ resultou no ano 400 numa revolta popular . Os Visigodos foram expulsos da cidade." 
Busto do Imperador Arcádio (375-408) no Museu de Arqueologia de Istambul

Tradução de trecho do discurso "Sobre a Realeza"

(...) O legislador (do Império Romano do Oriente) evitará dar armas aos que não nasceram nem foram educados sob suas leis. Da parte desses (Citas), não há nenhum penhor de lealdade. Apenas um espírito temerário ou um sonhador pode ver uma juventude numerosa, educada diferentemente da nossa e regida por seus próprios costumes, sem ser tomado de temor. (...) Pois eles vão atacar-nos tão logo pensem que a tentativa será bem sucedida. Para dizer a verdade, as primeiras hostilidades já começaram. Uma certa efervescência se manifesta aqui e acolá no Império. Dir-se-ia tratar-se de um organismo (social) reunindo elementos estrangeiros rebeldes a esta assimilação que assegure o equilíbrio físico. Que seja necessário excluir esses elementos estrangeiros, tanto dos organismos quanto das cidades, médicos e governantes concordariam. Ao contrário, se recusar a lhes opor uma força capaz de vencê-los, e, na medida que disponhamos dessa força, concordar com a dispensa do serviço militar a todos os que a peçam, não é esta a conduta de um povo que aspira à sua ruína?

Ao invés de permitir aos Citas portar armas em nosso meio, seria necessário ir buscar nos nossos campos seus defensores naturais e transformá-los em soldados. Em seguida, iremos buscar o filósofo no seu gabinete e o artista no seu atelier. Os comerciantes no seu estabelecimento, a multidão dos ociosos e dos desocupados que passam sua vida nos teatros serão igualmente convocados a assumir suas responsabilidades, se não quiserem passar logo dos risos aos gemidos. Nenhum falso pretexto, nenhum escrúpulo poderá opor-se à constituição dum exército romano verdadeiramente nacional. (...)

XX. É preciso então, primeiro, expulsá-los das magistraturas e fechar-lhes o acesso à dignidade senatorial. Tanto é assim que eles não têm senão desprezo por esse título venerável que foi e que continua sendo em Roma o mais prestigioso. Atualmente, não há dúvida, a deusa que preside aos conselhos, a própria Têmis , bem como o deus dos exércitos devem cobrir a face: o soldado comanda os guerreiros com o manto, pois, após haver baixado a pele que cobria seus ombros, se veste com a toga, e com os magistrados romanos delibera sobre os problemas do dia. Ele está no lugar de honra ao lado do cônsul e sobrepõe-se aos dignitários oficiais. Ainda esses miseráveis, mal passaram a porta do conselho, ei-los mais uma vez nas suas peles e que, no meio de seus congêneres, transformam em zombaria esta toga que não permite, dizem eles, desembainhar facilmente (a espada).

Verdadeiramente, entre outros assuntos espantosos, nossa inconsequência não é a mínima. Não existe nenhuma família, mesmo de uma riqueza modesta, que não possua um escravo cita. Mordomos, confeiteiros, copeiros, tantos empregos reservados aos Citas. Quanto a esses escravos que transportam pelas ruas sobre os ombros essas liteiras longas, alugáveis, nas quais seus senhores sentam, não são outros senão Citas, raça desde sempre qualificada, honestamente falando, para ser submissa aos Romanos. Mas, que esses homens louros, cabeludos como Eubeus, sejam, no mesmo povo, os escravos de particulares e os governantes, eis o mais absurdo, o mais extravagante dos espetáculos. Se aí não há um enigma, eu não sei como classificá-lo.

Fonte do texto grego: Synesii Cyrenensis Opuscula, coll. "Scriptores graeci et latini", Consilio Academiae Lynceorum editi, Roma, editado por N. Terzaghi, 1944, pp. 43 e ss.


III.  NOTAS EXPLICATIVAS


¹  Cameron & Long consideram que a data mais provável para Sinésio ter proferido o seu discurso foi durante o primeiro meado de 398, citando fatos previstos no discurso e que aconteceram logo em seguida.

²  Ao longo deste discurso, a palavra "Citas" refere-se aos Germanos Tervingianos (que mais tarde seriam conhecidos como Visigodos). A longa seção (22A-26C) critica a dependência que o Estado romano tinha dos Citas. Esses tinham sido identificados como liderados por Tribigild na rebelião na Frígia de 399-400, quando os escravos se juntaram aos rebeldes contra os Romanos. Muitos acreditam que toda a passagem foi dirigida contra Gaïnas, a quem se atribui deslealdade.

A Wikipedia relata, na biografia deste último, que ele era natural do norte do Danúbio e foi um general godo ambicioso a serviço do Império Romano do Oriente sob os impérios de Teodósio I e Arcádio. Tendo começado sua carreira como soldado de infantaria, esteve entre os comandantes das tropas bárbaras que travaram batalha contra o usurpador Eugênio em 394. No ano seguinte, combinou forças com Estilicão e Eutrópio para derrubar Rufino, conseguindo como recompensa sua nomeação como comes rei militaris. Em 399, após sua nomeação como mestre dos soldados da Trácia (magister militum per Thracias), ficou encarregado de proteger a Trácia e o Helesponto e marchar, juntamente com o comandante Leão, contra o comandante godo Tribigild que havia se rebelado na Ásia Menor. Tendo claramente se envolvido com Tribigild, Gaïnas arquitetou um encontro do imperador Arcádio com o rebelde na Calcedônia, onde conseguiu ser nomeado mestre dos dois exércitos. Nesta posição provocou o exílio de vários oficiais do partido pró-romano (Aureliano, Saturnino e João), porém foi impedido por João Crisóstomo de concretizar a execução deles. Em seguida, Gaïnas tentou tomar o controle de Constantinopla para si, porém suas tropas foram massacradas pelas multidões da cidade em 12 de julho de 400. Temeroso por sua vida, reuniu o restante de suas tropas e tentou fugir em direção à Ásia, mas foi impedido por Fravita, outro godo a serviço imperial. Assim, marchou em direção ao Danúbio na tentativa de fugir, porém foi preso e morto pelos hunos de Uldes e sua cabeça foi enviada a Arcádio como um tributo diplomático. Um ano após sua morte, o imperador Arcádio comemorou a derrota do general godo fazendo erigir uma coluna triunfal em Constantinopla, a "Coluna de Arcádio". Essa media 50 metros e era adornada com frisos espirais com baixos-relevos mostrando os triunfos imperiais sobre os bárbaros, tendo sua decoração sido inspirada nas colunas de Trajano e de Marco Aurélio.

³  Essa batalha (ocorrida em 9 de agosto de 378 em Adrianópolis, atualmente Edirne na Turquia) foi uma das mais importantes na história romana, cujo resultado foi uma vitória decisiva para os Godos. Uma importante fraqueza na posição romana, após essa derrota, foi a política diplomática com os Godos, isto é, o recrutamento de bárbaros para combaterem outros bárbaros recentemente estabelecidos no Império. Isso causou muitas dificuldades na guerra contra os bárbaros, pois os novos soldados recrutados tinham pouca ou nenhuma lealdade a Teodósio. Após a derrota romana na Guerra Gótica, os Godos conservaram para si a província romana de Ilíria, que acabou sendo dividida em Panônia, no norte, e Dalmácia, no sul. Teodósio teve que fazer concessão aos Godos, reservando-lhes, dentro dos limites do Império, o sul do Danúbio para seu estabelecimento. Embora o embate tenha ocorrido no Império Romano do Oriente, curiosamente, este sobreviveu à sua contraparte ocidental até 1453. Contudo, essa derrota romana em Adrianópolis prenunciou o colapso final do Império Romano do Ocidente, tendo os bárbaros acumulado tanto poder a ponto de saquearem Roma em 410.

Sobre Teodósio I, que governou de 379 a 395, é importante observar que foi o último imperador a reinar sobre todo o Império. Após sua morte em 395, seus dois filhos Arcádio e Honório herdaram as duas metades: Arcádio ficou com a parte Oriental, com a capital em Constantinopla, e Honório tronou-se governante da seção ocidental, com a capital em Mediolano (atual Milão), e mais tarde em Ravena.

  O trecho escolhido do discurso reflete a censura do orador pelo fato de as defesas das fronteiras terem sido confiadas a Germanos (ou Visigodos), que Sinésio considerava bárbaros. Bury entende que o célebre discurso incorporou o que ele chama de "manifesto anti-germânico do partido de Aureliano".

Cameron & Long sugerem que "o ano de 399, ao qual o discurso até aqui tem sido geralmente atribuído, viu a revolta de Tribigild e a queda de Eutrópio." Chegam a propor uma de duas conclusões, a saber: "Ou Sinésio efetivamente estava escrevendo antes que ocorresse qualquer embate bárbaro sério ou ele estava escrevendo depois e fingindo tê-lo previsto. Isso tornaria todo o discurso uma ficção dramática e a seção anti-germânica uma profecia post eventum."

  Sinésio defendeu, no seu discurso "Sobre a Realeza", que os estrangeiros fossem expulsos dos exércitos romanos. Essa defesa foi certamente relevante, pois, em 400, o líder germânico Gaïnas, que tinha obtido poder em Constantinopla, foi expulso por uma revolta popular. Devido a esse resultado, existe a possibilidade de o filósofo Sinésio ter sido usado para impressionar o imperador por cortesãos como Aureliano, o prefeito pretoriano e líder do partido nacionalista, cujo objetivo confesso se acredita ter sido libertar do poder dos bárbaros o Império Romano do Oriente.

  Têmis ou Thémis era a deusa grega guardiã dos juramentos e da lei, sendo prática comum invocá-la nos julgamentos perante os magistrados. Filha de Urano e Gaia, em seu currículo exibe o título de ter sido uma das esposas de Zeus. Consta que, além de esposa, servia de mentora do todo-poderoso senhor do Olimpo, contribuindo para tornar as suas decisões menos severas.


IV.  BIBLIOGRAFIA


BARNS, Timothy David: Synesius in Constantinople 1986. Cf. in http://grbs.library.duke.edu/article/view/5111

CAMERON, Alan & LONG, Jacqueline: Barbarians and Politics at the Court of Arcadius, Berkeley: University of California Press, 1993. (Cf. in http://ark.cdlib.org/ark:/13030/ft729007zj/)

LACOMBRADE, Christian: Le Discours sur la Rayauté de Synésios de Cyrène à l'empereur Arcadios, Paris: Les Belles Lettres, 1951, 160 p.

PETAVIUS, Dionysius: Synesii episcopi Cyrenensis opera quae extant omnia, graece et latine, interprete Dionysio Petavio, et cum ejus notis, Paris, 1612 (nova edição: 1633).

RONCIÈRE, DELORT & ROUCHE: L' Europe au Moyen Âge: documents expliqués, Paris: Librairie Armand Colin, 1969, 325 p.

TERZAGHI, Nicolaus: Synesii Cyrenensis Hymni et Opuscula, Roma: 1939.

20 comentários:

José Cláudio Henriques (escritor, redator do jornal O Grande Matosinhos e ex-Presidente da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Bom dia Braga. Parabéns pelas traduções. Retribuímo-lhe em dobro votos de Boas Festas.

Att. José Cláudio e Soraia.

Raimundo Batista Bechelaine (escritor e Membro da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Caro Francisco Braga,
Agradeço o precioso presente de início de ano. O discurso é realmente uma preciosidade e continua atual, por vários ângulos.
Entre os aspectos externos ao discurso em si, interessou-me a ligação entre Sinésio e Hipátia de Alexandria, sendo esta um personagem que venho estudando.
Preciosa deve ser também a citada obra de Aristóteles.
Receba meus votos de um ano novo cheio de realizações e descobertas.
Raimundo Batista Bechelaine
Agefil e ADL - Divinópolis

Prof. José Lourenço Parreira (violinista, professor, regente e escritor) disse...

Caro Braga, sempre que leio seu trabalho, fruto de sua magnitude intelectual, sinto-me duplamente honrado: sou seu amigo e, também, filho de São João del-Rei! Suas letras honram a cidade, berço de Tiradentes! Muito obrigado!
Lourenço

Prof. José Maurício de Carvalho (professor universitário, escritor e Membro da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Parabéns e feliz 2015.

José Carlos Hernández Prieto disse...

Caro Braga; parabéns por mais este artigo. Há uma coisa que não quadra no discurso de Sinésio: as referências a deuses antigos. Em 394 Teodósio baniu do império as religiões antigas e estabeleceu como única religião - obrigatória - o cristianismo. Sinésio não poderia ter feito, sob pena de proscrição (e, talvez, martírio), um discurso desses a Honório, filho de Teodosio e que o sucedeu na parte oriental do império. Há algo ai a ser avaliado. Dizer também que Teodósio foi um dos três imperadores que a Hispânia deu a Roma (os outros dois foram Trajano e Adriano). Grande abraço fraterno!

José Ribas da Costa Filho (antiquário e aposentado da Aeronáutica) disse...

Obrigado Braga.
Abs
Ribas

Hélio Petrus (escultor e poeta marianense) disse...

Prezado Braga:
A História se repete, como sempre. Entendi seu fino recado às classes políticas dominantes do país, traduzindo, com muito talento e oportunismo, o discurso apocalíptico do considerável Sinésio, ao jovem e dissoluto imperador Arcádio, que, bem comparado aos políticos e governantes atuais, poderia ser tido como um santo! Ó tempora, ó mores! Rssssss....
Feliz 2015!
HP. Pirassununga,3-1-2015.

Prof. Dr. Adriano Benayon (professor universitário, ex-diplomata, ex-Consultor do Senado Federal e escritor) disse...

Caro Braga,

Grato por sua comunicação. Tive o prazer de ler sua tradução do discurso de Sinésio, bem como sua introdução, escritas com a costumeira redação clara para o leitor, o que implica ser ela correta e com estilo adequado.

A par da erudição que carreiam, as suas descobertas na biblioteca da feira do Bixiga, trazem, na parte que você selecionou, para transmitir através de seu blog, considerações bastante razoáveis inspiradas por realismo e pelo que eu chamaria de nacionalismo defensivo.

Este, sem trocadilho, é bastante defensável, e até louvável, ao contrário da desvirtuação que é o imperialismo, ou seja, o nacionalismo agressivo inculcado sobre os povos de sua sede pelas oligarquias que os controlam.

Permito-me pedir-lhe que atente para o fato de que as torres gêmeas em N. York foram implodidas, em uma demolição com explosivos conduzida e planejada com tecnologia avançada e materiais especiais, nada disso pertencente a supostos terroristas árabes a que o império, perpetrador do bárbaro, crime o atribuiu, com os objetivos igualmente planejados, para a sequência, de agredir, devastar diversos países do Oriente Próximo e do Norte da África, em sua escala para monopolizar as mais importantes reservas de petróleo, impedir veleidades de independência monetária etc.

O Pentágono tampouco poderia, de forma alguma ser atingido, por aviões. Um míssil – obviamente disparado pelas forças armadas ou de “segurança” do EUA, abriu buraco de cinco metros de largura em uma das fachadas do prédio. O avião que alegadamente a atingiu tem mais de 30 metros de envergadura e dele não ficou no local destroço algum, nem sequer das partes menos destrutíveis. Nas torres, o incêndio provocado, em apenas dois andares, relativamente altos, ao contrário do que ficou na versão oficial, não poderia, de forma alguma, ter determinado a destruição das estruturas construídas com aços especiais, que só se derretem, como aconteceu, submetidas a temperaturas de acima de 1.300 graus centígrados.

Bem, eu poderia ficar aqui escrevendo, durante horas, referindo-me à enorme cópia de provas que há de os atentados de 11.09, terem sido não só um ato monstruoso pelas vidas que extinguiram e pelos danos que causaram, mas terem constituído uma das maiores, se não a maior fraude da História, além de uma espécie de golpe de estado interno e crime para preparar outros crimes, como agressões armadas a vários países e pretexto para tornar mais radical o estado policial dentro dos EUA (leis repressivas) e no mundo, que, por exemplo, nos impede de entrar num avião com talheres de plástico.

Abraço e feliz ano novo ao amigo.

Adriano Benayon

Roberto e Maria Rita Ronca (proprietários do Hotel Case Brizi de Asis, Itália) disse...

Have Feliz Ano Novo da Assisi.
Pace e Amore a voi e a Rute Pardini.
Rita e Roberto

José Luiz Alquéres disse...

Muito bom, Mestre Braga.
JLuiz

José Carlos Hernández Prieto (tradutor, escritor, Membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Caro Braga; parabéns por mais este artigo.
Há uma coisa que não combina no discurso de Sinésio: as referências a deuses antigos. Em 380 Teodósio baniu do império as religiões antigas e estabeleceu como única religião - obrigatória - o cristianismo. Sinésio não poderia ter feito, sob pena de proscrição (e, talvez, martírio), um discurso desses a Honório, filho de Teodósio e que o sucedeu na parte ocidental do império. Há algo aí a ser avaliado.
Lembro ainda que Teodósio foi um dos três imperadores que a Hispânia deu a Roma (os outros dois foram Trajano e Adriano). A esse respeito, é interessante o que a Wikipédia informa sobre "O cristianismo niceno converte-se na religião de estado" em: emhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Teodósio

Grande abraço fraterno!

José Carlos Hernández Prieto disse...

Caro Braga; peço sua vênia para colocar mais este comentário, com o fim de retificar um detalhe de meu comentário anterior: como bem você diz, o discurso de Sinésio foi para Arcádio, imperador do Oriente (e não para Honório, do Ocidente, tal como afirmei). Obrigado pela oportunidade de corrigir a informação. Grande abraço fraterno.

Carlos Eulocastro Oliveira disse...

Caro amigo,

Grato pela lembrança. Excelente trabalho. Oxalá, este ano que se inicia traga momentos memoráveis a sua vida.

Shalom.

Carlos Eulocastro.

Osvaldo Lemos (livreiro) disse...

Olá Braga, tudo bem com você? como foi de festas? Desejo para você sua esposa e toda sua família um feliz 2015, com bastante saúde, muito sucesso e muitas realizações.

Li no seu blog o - Discurso "Sobre a Realeza" de Sinésio de Cirene ao Imperador Arcádio, onde você comenta sobre os livros do prof. Linneu de Camargo Schützer, que comprou na Feira do Bexiga no último domingo de 2014. Eu não o conheci pessoalmente, mas sei muito bem onde o mesmo morava através do meu patrão que era louco para comprar os seus livros, pois o conhecia muito bem. Eram amigos, pois o professor visitava a sua loja. Este conheceu Albert Einstein e tinha cartas do mesmo.
O meu patrão, ficando sabendo que o mesmo havia falecido, tentou visitar os parentes dele. Conversou com o seu irmão para tentar junto à viúva negociar os livros, mas parece que este não falava com a cunhada e por isso não houve o esperado contato. Resultado, parece que se perdeu uma grande Biblioteca.

Osvaldo Lemos

Dr. Lúcio Flávio Baioneta (escritor, conferencista e proprietário de Análise Comercial Ltda. em Belo-Horizonte) disse...

Meu prezado amigo FJSBraga ,
Li e comentei o seu artigo sobre o bispo Sinésio. Achei-o muito bom e oportuno, mesmo escrito há quase 1.600 anos.
Abs Lucio Flavio

Prof. José Lourenço Parreira (violinista, professor, regente e escritor) disse...

Sim, caro amigo Braga, li sua tradução e fiz-lhe o encômio merecido. O contexto hodierno tornam hodiernas as palavras do Bispo e, valioso, muito valioso, o seu trabalho que só a cultura de um Francisco Braga poderia dar a lume em meio às trevas do terrorismo islamita e do não menos perigoso lulopetismo!

Elizabeth dos Santos Braga (pedagoga, pesquisadora, autora de vários livros e professora da Faculdade de Educação da USP) disse...

Muito bom seu texto, prezado mano! E suas reflexões.
Quanto ao discurso do Bispo Sinésio, é um pouco controverso, já que suas palavras podem levar à xenofobia... A coisa é complexa!
Beijos e bom fim de semana para vocês,
Elizabeth

Marlene Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marlene Santos disse...

Sensacional! Um texto atualíssimo que ilustra bem o delicado momento que a Europa vem atravessando neste início de século. Parabéns e muito obrigada, caro Braga, por dividir com seus seguidores este brilhante trabalho.
Um abraço cordial de Montreux, na Suíça.
Marlene Santos

Pe. Wolfgang Gruen, SDB (professor de Cultura Religiosa e Língua e Literatura Inglesa na FDB-Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras) disse...

Primeiramente, devo agradecer as excelentes pesquisas que me tem enviado, e que sempre leio com interesse, especialmente quando abordam temas ligados a S. João del-Rei e à Grécia Antiga, sua língua, literatura e cultura. Estudei um pouco de romaico quando de meu curso de Teologia (1950-1953): entre os pedreiros que trabalhavam na construção de um novo prédio, havia dois gregos analfabetos – em grego e em português (de grego só sabiam o alfabeto e escrever o próprio nome). Como eles moravam na área da construção, todas as noites eu ia lá para alfabetizá-los, em romaico e em português; e eles me ensinavam um pouco de romaico: meia hora cada. Claro que saí perdendo, pois eu dedicava mais tempo a eles; mas valeu para eu ter ao menos uma ideia das mudanças. Depois, consegui um livrinho de conversação (romaico-italiano).
Um forte abraço do amigo
Gruen