Francisco José dos Santos Braga
– Tradutor e autor dos comentários
I. Excerto do Cap. XV do De Amicitia (Diálogo sobre Amizade) de Marco Túlio Cícero
A VIDA DOS TIRANOS
(...) Tal, sem dúvida, é a vida dos tiranos, na qual não pode existir nenhuma lealdade, nenhum afeto, nenhuma confiança na continuidade de uma cortesia: (para eles) tudo é suspeito e inquietante, sem espaço para a amizade.
Com efeito, quem ama alguém do qual tem medo; ou alguém, pelo qual julga inspirar terror? Entretanto, (os tiranos) são cortejados, mas hipocritamente e por pouco tempo. Se, por acaso, "caírem do cavalo", – o que acontece quase sempre, – então se verifica quão pobres eram de amigos.
Contam que Tarquínio, no exílio, tinha dito: "Então eu distingui os fiéis dos falsos amigos, quando já não podia dar o retorno merecido nem a uns nem a outros." (...)
"(...) Haec enim est Tyrannorum vita nimirum: in qua nulla fides, nulla caritas, nulla stabilis benevolentiæ potest esse fiducia: omnia semper suspecta atque sollicita; nullus locus amicitiæ.
Quis enim aut eum diligat, quem metuat; aut eum, a quo se metui putet? Coluntur tamen simulatione dumtaxat ad tempus. Quod si forte, ut plerumque fit, ceciderunt, tum intelligitur, quam inopes fuerint amicorum.
Hoc est quod Tarquinium dixisse ferunt exsulantem: "Tum intellexi, quos fidos amicos habuissem, quos infidos, cum iam neutris gratiam referre poteram."
II. Plínio o Velho: Nat. Hist. Lib. XV, 18, 20
Um dia Catão trouxe ao Senado um figo maduro vindo de Cartago e enquanto o mostrava aos Senadores, disse: "Pergunto-lhes quando pensais que este figo foi colhido da árvore." Como todos dissessem que era fresco, disse: "E no entanto, sabei que foi colhido em Cartago há três dias atrás. Tão perto de nossas muralhas temos o inimigo! Precavei-vos então do perigo, defendei a pátria! Não confieis no poderio de Roma! Abandonai a autoconfiança que é exagerada em vós! Não acrediteis que alguém velará pelos interesses da pátria, se vós próprios não cuidardes dela. Lembrai-vos de que um dia a república se encontrou em extremo perigo!" E imediatamente os Romanos começaram a terceira guerra púnica, durante a qual Cartago foi destruída.
Cato attulit quodam die in curiam ficum præcocem ex Carthagine ostendensque patribus: "Interrogo vos" inquit "quando hanc ficum decerptam esse putetis ex arbore." Cum omnes recentem esse dixissent, "Atqui ante tertium diem" inquit "scitote decerptam esse Carthagine. Tam prope a muris habemus hostem! Itaque cavete periculum, tutamini patriam. Opibus urbis nolite confidere. Fiduciam, quæ nimia vobis est, deponite. Neminem crederitis patriæ consulturum esse, nisi vos ipsi patriæ consulueritis. Mementote rem publicam in extremo discrimine quondam fuisse!" Statimque sumptum esse Punicum bellum tertium, quo Carthago deleta est.
Obs. O cônsul e censor Catão, o Velho, cujo nome em latim era Marcus Porcius Cato (234-149 a.C.), lutou com fanatismo pela causa que defendia: que seus compatriotas se encarregassem da 3ª guerra contra Cartago, que terminou com a destruição da cidade em 146 a.C.. Tal era a sua ideia fixa que todos os seus discursos políticos, independentemente de seus assuntos, tinham sempre a mesma conclusão: "Ceterum censeo Carthaginem delendam esse." (De resto declaro de forma solene e categórica que Cartago deve ser destruída), costumeiramente abreviada para "Delenda Carthago".
Também característico é o fato de que quem preservou o registro acima foi o naturalista Plínio, o Velho (23-79 d.C.), que sucumbiu na grande erupção do Vesúvio, em Pompeia.
III. BODE, Georg Heinrich: Scriptores rerum mythicarum latini tres Romae nuper reperti, Mythographus Primus, Liber III, p. 69, 1834.
Enquanto Breno ² comandava, os Gauleses, ao desbaratarem as legiões dos Romanos perto do rio Állia ³, destruíram completamente a cidade de Roma, com exceção do Capitólio, pelo qual tomaram em troca um imenso montante de dinheiro. Então, Camilo ⁴, que tinha sido exilado por muito tempo perto de Árdea ⁵, por causa do saque pelos Veientanos ⁶, o qual não tinha sido dividido de forma rigorosamente justa, foi eleito ditador, embora ausente; ele perseguiu os Gauleses, enquanto já se retiravam; quando os exterminou, conseguiu reaver todo o ouro. Porque o ouro foi pesado ali, deu-lhe nome disso à cidade, pois se chama Pisaurum, já que ali foi pesado o ouro. Após esse feito, Camilo retornou ao exílio, donde porém retornou, tendo em vista que solicitaram seu concurso.
Brenno duce Galli, apud Alliam flumen deletis legionibus Romanorum, everterunt urbem Romam praeter Capitolium, pro quo immensam pecuniam acceperunt. Tum Camillus, qui diu apud Ardeam in exilio fuerat propter Veientanam prædam non æquo iure divisam, absens dictator est factus; is Gallos iam abeuntes secutus est: quibus interemptis aurum omne recepit. Quod illic appensum civitati nomen dedit: nam Pisaurum dicitur, quod illic aurum pensatum est. Post hoc factum rediit in exilium, unde tamen rogatus reversus est.
NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Pisaurum, hoje Pésaro, porto que se localiza na foz do rio Foglia na costa do mar Adriático. Na antiguidade, os seus habitantes, Picentes do norte, eram um povo que vivia na costa nordeste durante a Idade do Ferro. Foram invadidos pelos Etruscos e, depois, no século IV a.C. pelos Gauleses da tribo celta dos Sênones, de modo que, quando os Romanos chegaram, encontraram uma miscigenação étnica. Essa cidade foi fundada como colônia romana no território dos Picentes, em 184 a.C. A predominância aí era de Gauleses, que os romanos separaram e expulsaram da região. Sob a administração romana, Pésaro, um eixo ao longo da Via Flamínia, tornou-se importante centro de negócios e de artesanato. Depois da queda do Império Romano do Ocidente, Pésaro foi ocupada pelos Ostrogodos e destruída por Vitigis (536 d.C.) no curso da Guerra Gótica. Foi rapidamente reconstruída poucos anos mais tarde depois da reconquista bizantina pelo general bizantino Belisário, e formou assim a chamada Pentápolis sob o Exarcado de Ravena. Depois das conquistas da cidade pelos Lombardos e Francos, Pésaro tornou-se parte dos Estados Papais. Durante a Renascença esteve sob o domínio das casas de Malatesta (1285-1445), Sforza (1445-1512) e Della Rovere (1513-1631). Em 11 de setembro de 1860, tropas piemontesas, leais ao Risorgimento unificacionista italiano, entraram na cidade que defendia a permanência dos Estados Papais; subsequentemente, Pésaro foi anexada ao novo Reino da Itália.
Orgulho para os habitantes de Pésaro é serem conterrâneos de Gioachino Antonio Rossini (1792-1868). Seu nome é encontrado em Pésaro, principalmente em ruas, no seu principal teatro, em seu conservatório, em famoso festival de música lírica (Rossini Opera Festival, realizado anualmente nos meses de agosto desde 1980), mantendo "viva", como museu, a casa do seu mais ilustre filho compositor.
² Breno em língua celta significava "chefe" ou "líder". Desta forma, Breno pode ter sido tão somente o título, e não o nome desse personagem histórico.
Alguns historiadores sustentam que Breno estava aliado a Dionísio I de Siracusa, que buscava controlar toda a Sicília. Roma era aliada de Messina, uma pequena cidade do norte da Sicília, que Dionísio queria conquistar. Enquanto o exército romano estava ocupado lutando contra o exército de Breno, Dionísio liderou uma campanha para conquistar Messina, porém não obteve sucesso.
Os Romanos concordaram em pagar um resgate para libertar a cidade de Roma que caiu em poder de Breno saqueada em 390 a.C. De acordo com a lenda, houve uma intensa discussão entre Romanos e Gauleses sobre o peso do ouro usado no resgate, tendo os primeiros reclamado que os Gauleses manipularam os pesos a próprio favor. Diante da queixa, Breno tomou sua pesada espada de ferro e a atirou sobre os pesos, tendo pronunciado a célebre frase "Vae victis", que significa "Ai dos vencidos". Consequentemente, os Romanos precisaram trazer mais ouro para compensar a pesada espada também.
³ Rio dos Sabinos, junto ao qual os Romanos foram derrotados pelos Gauleses, hoje Rio di Misso ou San Giovanni della Torre.
⁴ Marco Fúrio Camilo.
⁵ Capital dos Rútulos, antigo povo do Lácio que descendia dos Úmbrios e dos Pelasgos.
⁶ Habitantes de Veios. De acordo com Horácio, nessa localidade havia famoso vinho (veientano).
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"(...) Haec enim est Tyrannorum vita nimirum: in qua nulla fides, nulla caritas, nulla stabilis benevolentiæ potest esse fiducia: omnia semper suspecta atque sollicita; nullus locus amicitiæ.
Quis enim aut eum diligat, quem metuat; aut eum, a quo se metui putet? Coluntur tamen simulatione dumtaxat ad tempus. Quod si forte, ut plerumque fit, ceciderunt, tum intelligitur, quam inopes fuerint amicorum.
Hoc est quod Tarquinium dixisse ferunt exsulantem: "Tum intellexi, quos fidos amicos habuissem, quos infidos, cum iam neutris gratiam referre poteram."
II. Plínio o Velho: Nat. Hist. Lib. XV, 18, 20
COMO UM FIGO VIROU PRETEXTO
PARA CARTAGO SER DESTRUÍDA
Um dia Catão trouxe ao Senado um figo maduro vindo de Cartago e enquanto o mostrava aos Senadores, disse: "Pergunto-lhes quando pensais que este figo foi colhido da árvore." Como todos dissessem que era fresco, disse: "E no entanto, sabei que foi colhido em Cartago há três dias atrás. Tão perto de nossas muralhas temos o inimigo! Precavei-vos então do perigo, defendei a pátria! Não confieis no poderio de Roma! Abandonai a autoconfiança que é exagerada em vós! Não acrediteis que alguém velará pelos interesses da pátria, se vós próprios não cuidardes dela. Lembrai-vos de que um dia a república se encontrou em extremo perigo!" E imediatamente os Romanos começaram a terceira guerra púnica, durante a qual Cartago foi destruída.
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Cato attulit quodam die in curiam ficum præcocem ex Carthagine ostendensque patribus: "Interrogo vos" inquit "quando hanc ficum decerptam esse putetis ex arbore." Cum omnes recentem esse dixissent, "Atqui ante tertium diem" inquit "scitote decerptam esse Carthagine. Tam prope a muris habemus hostem! Itaque cavete periculum, tutamini patriam. Opibus urbis nolite confidere. Fiduciam, quæ nimia vobis est, deponite. Neminem crederitis patriæ consulturum esse, nisi vos ipsi patriæ consulueritis. Mementote rem publicam in extremo discrimine quondam fuisse!" Statimque sumptum esse Punicum bellum tertium, quo Carthago deleta est.
Obs. O cônsul e censor Catão, o Velho, cujo nome em latim era Marcus Porcius Cato (234-149 a.C.), lutou com fanatismo pela causa que defendia: que seus compatriotas se encarregassem da 3ª guerra contra Cartago, que terminou com a destruição da cidade em 146 a.C.. Tal era a sua ideia fixa que todos os seus discursos políticos, independentemente de seus assuntos, tinham sempre a mesma conclusão: "Ceterum censeo Carthaginem delendam esse." (De resto declaro de forma solene e categórica que Cartago deve ser destruída), costumeiramente abreviada para "Delenda Carthago".
Também característico é o fato de que quem preservou o registro acima foi o naturalista Plínio, o Velho (23-79 d.C.), que sucumbiu na grande erupção do Vesúvio, em Pompeia.
III. BODE, Georg Heinrich: Scriptores rerum mythicarum latini tres Romae nuper reperti, Mythographus Primus, Liber III, p. 69, 1834.
COMO PISAURUM ¹ RECEBEU SEU NOME
Enquanto Breno ² comandava, os Gauleses, ao desbaratarem as legiões dos Romanos perto do rio Állia ³, destruíram completamente a cidade de Roma, com exceção do Capitólio, pelo qual tomaram em troca um imenso montante de dinheiro. Então, Camilo ⁴, que tinha sido exilado por muito tempo perto de Árdea ⁵, por causa do saque pelos Veientanos ⁶, o qual não tinha sido dividido de forma rigorosamente justa, foi eleito ditador, embora ausente; ele perseguiu os Gauleses, enquanto já se retiravam; quando os exterminou, conseguiu reaver todo o ouro. Porque o ouro foi pesado ali, deu-lhe nome disso à cidade, pois se chama Pisaurum, já que ali foi pesado o ouro. Após esse feito, Camilo retornou ao exílio, donde porém retornou, tendo em vista que solicitaram seu concurso.
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Brenno duce Galli, apud Alliam flumen deletis legionibus Romanorum, everterunt urbem Romam praeter Capitolium, pro quo immensam pecuniam acceperunt. Tum Camillus, qui diu apud Ardeam in exilio fuerat propter Veientanam prædam non æquo iure divisam, absens dictator est factus; is Gallos iam abeuntes secutus est: quibus interemptis aurum omne recepit. Quod illic appensum civitati nomen dedit: nam Pisaurum dicitur, quod illic aurum pensatum est. Post hoc factum rediit in exilium, unde tamen rogatus reversus est.
NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Pisaurum, hoje Pésaro, porto que se localiza na foz do rio Foglia na costa do mar Adriático. Na antiguidade, os seus habitantes, Picentes do norte, eram um povo que vivia na costa nordeste durante a Idade do Ferro. Foram invadidos pelos Etruscos e, depois, no século IV a.C. pelos Gauleses da tribo celta dos Sênones, de modo que, quando os Romanos chegaram, encontraram uma miscigenação étnica. Essa cidade foi fundada como colônia romana no território dos Picentes, em 184 a.C. A predominância aí era de Gauleses, que os romanos separaram e expulsaram da região. Sob a administração romana, Pésaro, um eixo ao longo da Via Flamínia, tornou-se importante centro de negócios e de artesanato. Depois da queda do Império Romano do Ocidente, Pésaro foi ocupada pelos Ostrogodos e destruída por Vitigis (536 d.C.) no curso da Guerra Gótica. Foi rapidamente reconstruída poucos anos mais tarde depois da reconquista bizantina pelo general bizantino Belisário, e formou assim a chamada Pentápolis sob o Exarcado de Ravena. Depois das conquistas da cidade pelos Lombardos e Francos, Pésaro tornou-se parte dos Estados Papais. Durante a Renascença esteve sob o domínio das casas de Malatesta (1285-1445), Sforza (1445-1512) e Della Rovere (1513-1631). Em 11 de setembro de 1860, tropas piemontesas, leais ao Risorgimento unificacionista italiano, entraram na cidade que defendia a permanência dos Estados Papais; subsequentemente, Pésaro foi anexada ao novo Reino da Itália.
Orgulho para os habitantes de Pésaro é serem conterrâneos de Gioachino Antonio Rossini (1792-1868). Seu nome é encontrado em Pésaro, principalmente em ruas, no seu principal teatro, em seu conservatório, em famoso festival de música lírica (Rossini Opera Festival, realizado anualmente nos meses de agosto desde 1980), mantendo "viva", como museu, a casa do seu mais ilustre filho compositor.
Atual Pésaro (antigo Pisaurum) |
² Breno em língua celta significava "chefe" ou "líder". Desta forma, Breno pode ter sido tão somente o título, e não o nome desse personagem histórico.
Alguns historiadores sustentam que Breno estava aliado a Dionísio I de Siracusa, que buscava controlar toda a Sicília. Roma era aliada de Messina, uma pequena cidade do norte da Sicília, que Dionísio queria conquistar. Enquanto o exército romano estava ocupado lutando contra o exército de Breno, Dionísio liderou uma campanha para conquistar Messina, porém não obteve sucesso.
Os Romanos concordaram em pagar um resgate para libertar a cidade de Roma que caiu em poder de Breno saqueada em 390 a.C. De acordo com a lenda, houve uma intensa discussão entre Romanos e Gauleses sobre o peso do ouro usado no resgate, tendo os primeiros reclamado que os Gauleses manipularam os pesos a próprio favor. Diante da queixa, Breno tomou sua pesada espada de ferro e a atirou sobre os pesos, tendo pronunciado a célebre frase "Vae victis", que significa "Ai dos vencidos". Consequentemente, os Romanos precisaram trazer mais ouro para compensar a pesada espada também.
³ Rio dos Sabinos, junto ao qual os Romanos foram derrotados pelos Gauleses, hoje Rio di Misso ou San Giovanni della Torre.
⁴ Marco Fúrio Camilo.
⁵ Capital dos Rútulos, antigo povo do Lácio que descendia dos Úmbrios e dos Pelasgos.
⁶ Habitantes de Veios. De acordo com Horácio, nessa localidade havia famoso vinho (veientano).
10 comentários:
O latim é uma língua descendente do grupo itálico do indo-europeu, possuindo particularidades muito comuns às línguas itálicas (osco, umbro, etc.).
Saber latim facilita na compreensão de muitos termos presentes em textos científicos, teológicos, filosóficos e jurídicos, além de ser o ponto de partida para muitas línguas, como, por exemplo, português, italiano, francês, romeno, espanhol, inglês, etc. Embora não seja uma língua românica, o inglês sofreu forte influência do latim. 60% do seu vocabulário são de origem latina, em geral por intermédio do francês.
Os falantes do latim eram chamados latinos e isso se deve ao fato de eles morarem na antiga região italiana de Lácio (Latium em latim). Além desta língua, outras ainda eram faladas naquela época e naquele local, como, por exemplo, o grego e muitos dialetos (prenestino, falisco, etc.).
“Latim clássico” ou “literário” é a norma literária, altamente estilizada, que compreende o período que vai de 81 a. C. a 14 d.C., momento de seu maior esplendor e fruto de prolongado amadurecimento e elaboração. É uma estilização do sermo urbanus , língua coloquial das classes cultas, com o qual convivia. Os seus principais representantes foram Cícero, César e Salústio, na prosa e, no verso, Virgílio, Horácio, Ovídio, Lucrécio e Catulo.
Além deste sermo urbanus, havia pelo menos duas outras variedades da língua latina: o sermo vulgaris ou plebeius (latim essencialmente falado pela grande massa popular menos favorecida), utilizado pela classe baixa, e, mais tarde, o sermo ecclesiae (utilizado pela religião católica). Depois do desaparecimento do Império romano do Ocidente, a Igreja de Roma não só continuou a servir-se da língua latina, mas dela se fez, de certa forma, patrocinadora e promotora, quer em âmbito teológico e litúrgico, quer no da formação e da transmissão do saber.
Durante a Idade Média e Renascença, sábios, filósofos e cientistas escreviam suas teses em latim. Portanto, escreveram suas teses em latim, entre muitos outros: Santo Agostinho, Santo Alberto Magno, São Tomás de Aquino, Nicolau Copérnico, Isaac Newton, Baruch Espinoza, etc. Descartes destoou/inovou quando publicou o seu “Discurso sobre o método” (obra inaugural da filosofia moderna) em francês em 1637; até então, as obras filosóficas eram escritas em latim e estavam voltadas para um público “douto”, constituído do círculo exclusivo de iniciados nas questões propriamente filosóficas. Como ele propugnava um uso público do bom senso ou razão, com isso ele pretendia alcançar um amplo público. Entretanto, em 1641, o próprio Descartes escreve em latim para aquele outro público: “Meditações Metafísicas” e, em 1644, “Princípios da Filosofia”.
Por fim, são ainda válidas as bem conhecidas palavras de Cícero e que endosso: "Non tam præclarum est scire Latine, quam turpe nescire" (Não é nada especial saber Latim: é uma vergonha não sabê-lo).
Uau!!!!!
Vou ler assim que possível (provavelmente no dia 21!). A semana está uma beleza!...
Vou mandar para uns colegas que se interessam tb. Mamãe ia gostar.
Beijos.
Também o novo quadro RECUPERE SEU LATIM vai
trazer-nos preciosas informações. Parabéns.
Estimado Braga,
obrigado e parabéns pela digressão sobre o Latim. Eu amo muito o Latim. Tive Latim nos quatro anos de ginásio, em Morrinhos, e nos quatro do curso Clássico em Goiânia e no Rio. Anos atrás, no início deste século, contratei um professor de Latim e tive aulas de latim com ele durante quatro anos e de grego durante dois anos. Ele era mineiro de Conselheiro Lafaiete e tinha sido padre por muito tempo: um grande homem, padrão de bondade e humildade. Hélio Lotti. Faleceu há pouco tempo.
Abraços em você e na magnífica Rute.
Que interessante!
Irei acompanhar os textos.
Parabéns por tão maravilhosa iniciativa.
Abraços.
Obrigado, Francisco Braga, boa sugestão.
Abraço.
Muito bem! Vêm em boa hora. Parabéns!
Caro Braga; muito obrigado pelas informações que facilita a respeito do latim. Sou apaixonado por essa língua, apesar de pouco sabê-la. Com certeza, deleitar-me-ei com suas informações. Obrigado, mais uma vez.
Caro Braga; muito obrigado pelo e-mail e pelo link. Sou apaixonado pelo latim, apesar de pouco sabê-lo. Com certeza, deleitar-me-ei com seus apontamentos. Obrigado, mais uma vez.
Abraço fraterno.
Muitíssimo bom, Braga. Abraços. Obrigado.
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