terça-feira, 9 de janeiro de 2018

BELAS SÃO FLORZINHAS DE JARDIM NA PRIMAVERA


Por Francisco José dos Santos Braga
 
Compositor soviético russo Boris Andreyevich Mokrousov


I. Б.А.Мокроусов: Хороши весной в саду цветочки

Музыка Б.А.Мокроусова       Слова С.Алымова

Хороши весной в саду цветочки,
Ещё лучше девушки весной.
Встретишь вечерочком
Милую в садочке –
Сразу жизнь становится иной.
Встретишь вечерочком
Милую в садочке –
Сразу жизнь становится иной.

Моё счастье где-то недалечко,
Подойду да постучу в окно:
Выйди на крылечко
Ты, моё сердечко,
Без тебя тоскую я давно.
Выйди на крылечко
Ты, моё сердечко,
Без тебя тоскую я давно.

В нашей жизни всякое бывает
Набегает с тучами гроза.
Туча уплывает,
Ветер утихает,
И опять синеют небеса,
Туча уплывает,
Ветер утихает,
И опять синеют небеса.

Хороши весной в саду цветочки,
Ещё лучше девушки весной.
Встретишь вечерочком
Милую в садочке –
Сразу жизнь становится иной.
Встретишь вечерочком
Милую в садочке –
Сразу жизнь становится иной.

Minha tradução:
Boris Andreyevich Mokrousov: Belas são florzinhas de jardim na primavera

Belas são florzinhas de jardim na primavera,
Ainda mais belas na primavera são as moças.
Tu vais encontrar-te de noitinha
Com tua querida no jardinzinho –
Logo a vida se torna diferente. (bis)

Minha felicidade em algum lugar não está distante,
Vou achegar-me e bater na janela:
Vou entrar na varandinha,
Meu amorzinho,
Sem ti por muito tempo sentirei saudade. (bis)

Em nossa vida tudo acontece,
Tempestade com nuvens aparece,
A nuvem passa,
O vento cessa,
E novamente os céus ficam azuis. (bis)

Belas são florzinhas de jardim na primavera,
Ainda mais belas na primavera são as moças.
Tu vais encontrar-te de noitinha
Com tua querida no jardinzinho –
Logo a vida se torna diferente. (bis)





















INTERPRETAÇÕES CLÁSSICAS

Preliminarmente, observe-se que Mokrousov era compositor, e não cantor.

Na voz de Yuri Khochinsky - disco de 1946:
Consta que, um ano depois (1947), Yuri se enforcou num camarim em Tbilisi com a idade de 23 anos.

Na voz de Ivan Skobchov - disco de 1946 (YouTube):

Na voz de Georgy Vinogradov - disco de 1948 (YouTube):

Na voz de Georgy Abramov - disco de 1950 (YouTube):

Vídeo do YouTube na voz de Eduard Khil:
https://youtu.be/rWagLyxv5UQ (mais recentemente)

OUTRAS INTERPRETAÇÕES QUE SE TORNARAM POPULARES

https://youtu.be/VfIok_ekc28 (Trio vocal Meridian)

https://youtu.be/cL9RwMH6DhE (Trio vocal Meridian)

https://youtu.be/VrTwJF4tb7w (Orq. Virtuoses de Samara/regente Ivan Melnikov/solista e artista performático laureado em competições russas e internacionais: Sergei Kanygin)

https://youtu.be/c74eBCS5MdU (Uma curiosidade: como tocar a  canção no acordeon)



II. BREVE BIOGRAFIA DO COMPOSITOR BORIS MOKROUSOV
AUTOR: S.V.  DUZHIN
Texto traduzido por Francisco José dos Santos Braga



BORIS ANDREYEVICH MOKROUSOV, compositor soviético russo, famoso por suas canções, nasceu em 1909 em Nizhny Novgorod. Em 1936, graduou-se pelo Conservatório de Moscou na classe de composição ministrada pelo Prof. N. Ya. Miaskovsky. Em 1948 foi vencedor da segunda edição do Prêmio Stalin pelas canções “Pedra querida”, “Acordeon solitário”, “Canção da terra natal” e “Belas são florzinhas de jardim na primavera” e, em 1962, recebeu o título de Artista Honorário da República de Chuvash. 

S. V. Duzhin, autor desta biografia traduzida por mim, conta que, certa feita, na primavera de 1998, seus amigos e ele estavam andando de trenzinho a vapor, comumente chamado de “cuco”, da floresta para casa. 
"Estávamos com um humor eufórico. Tirei da caixa minha acordeon de acampamento “Yunost” produzida pela fábrica Shuya e começamos a soltar falsetes para as canções “Quando a primavera chegar”, “Vologda” e “Marcha dos defensores de Moscou”, que foi composta em homenagem à fileira de blindados de guerra em defesa da capital russa (1941). A audiência composta, na maioria, por avós das vilas próximas ouviram benevolentemente nossa apresentação. Alguns começaram a participar do canto.
– Pessoal, vocês podem cantar “Perto da Cidade de Gorky”? E “Incêndios do acampamento estão queimando ao longe”? E “Uma acordeon solitária”?
– Claro que podemos. Cantemos!
A música de todas as supracitadas canções foi composta por Boris Andreyevich Mokrousov. No período compreendido entre 1940 e 1960, suas canções eram conhecidas por todos na Rússia. As canções eram bem conhecidas e amadas. E eu diria que elas mereciam isso. Suas melodias e harmonias, por toda sua aparente simplicidade, sempre têm algo inesperado, um tesouro desimportante, que por algum milagre transporta a atmosfera do tempo e os sentimentos humanos envolvidos em notas musicais.
As pessoas amavam Mokrousov não apenas por sua música notável, mas também pelo fato de ser ele alguém que correspondia no extremo ao arquétipo tradicional russo. Tome-se, por exemplo, o famoso incidente de 1948, quando ele, tendo sido agraciado com o Prêmio Stalin, não compraria para si dois dos carros de luxo “ZIM” (hoje, seria de Mercedes 600), mas colocou o dinheiro no seu bolso e dirigiu até a Casa da Obra Criativa para Compositores perto da cidadezinha de Ruza. Lá foi direto para a taverna local e começou a dar drinques para todo o mundo presente. A notícia disso voou pela vizinhança. As pessoas das aldeias vizinhas foram chegando em manadas: alguns a pé, e outros em trator. A festa nacional para celebrar um prêmio concedido ao amado compositor continuou até que seu dinheiro se dissipou e todas as suas canções foram cantadas repetidamente acompanhadas por um acordeon."

Além das inúmeras canções, da pena de Mokrousov vieram a ópera “Chapayev”, composições para orquestra sinfônica, obras de música de câmara e instrumental, de música incidental a peças teatrais e filmes (“Stalingrado”, “25 anos de Exército Vermelho de Trabalhadores e Camponeses”, “Poddubenskiye tchastushki”, “Primavera na rua Zarechnaya”, “Nossos vizinhos”, “Casamento com Dowry”, “Localização desconhecida”, “Vingadores evasivos” e outros).

No link abaixo, você encontrará um quadro feito por S.V. Duzhin que oferece acesso aos textos, notação e música como arquivos de MIDI para 48 canções selecionadas do grande compositor. Na coluna intitulada “Poet”, você encontrará os poetas que fizeram as letras de suas canções. No caso da canção sob análise (intitulada “Beautiful are garden flowers in spring”, em inglês), a letra do poema russo é de Sergei Alymov.

Duzhin ainda fez um catálogo de 168 canções compostas por Mokrousov com base em publicações editadas, na esperança de que ele será corrigido e suplementado.

O site original do compositor soviético russo Boris Mokrousov (http://mokrousov.samnet.ru/phono/pesni.htm), de propriedade de seu sobrinho B. G. Onusaitis, registra as quatro primeiras versões clássicas supracitadas para a canção composta por seu tio Boris Mokrousov (com letra de Alymov), na opção “Música – Canções de Boris Mokrousov”), com base em compilação do site “Fonoteca Retrô Virtual”.

11 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Data do ano de 1972 minha iniciação na língua russa. O curso era oferecido pela União Cultural Brasil-URSS, cuja sede ficava na Rua Frei Caneca, 390, São Paulo capital. Orgulhava-se essa entidade educacional de ter sido fundada no dia 10 de maio de 1960, por um grande número de intelectuais brasileiros, com destaque para os seguintes nomes: escritor e seu 1º presidente Sérgio Milliet, médico João Belline Burza, juiz Décio de Arruda Campos, advogado Aldo Lins e Silva, engenheiro Lucas Nogueira Garcez, escritor Caio Prado Junior, escritora Helena Silveira, poeta Afonso Schmidt, professor Omar Catunda, pintor Clóvis Graciano, sociólogo Florestan Fernandes, dentre outros.

Para ali me dirigia à noite, duas ou três vezes por semana, para assistir às aulas do Prof. Ilo, um mineiro de Belo-Horizonte, que recebera especialização em Moscou. Era muito cortês comigo, querendo transmitir-me o melhor de si. Cheguei a fazer todo o Livro Primeiro de Curso Básico da Língua Russa, de autoria de Custódio Gomes Sobrinho, um lançamento de 1970 da Editora Civilização Brasileira. Lembro-me de que havia várias turmas e estágios para os interessados no idioma. Infelizmente tive a oportunidade de frequentar apenas o primeiro nível de língua russa, dada a impossibilidade, por falta de tempo, de poder cursar simultaneamente duas línguas de meu interesse (a outra língua era a alemã). Seja como for, o estudo da língua russa foi muito importante para mim, especialmente porque mais tarde em 2001 viajei a Moscou, lá permanecendo por quatro meses, tendo então frequentado curso de língua russa no Instituto Pushkin e na Universidade Estatal de Moscou.

Como resultado das mudanças ocorridas na União Soviética e com vistas a ampliar o escopo das relações culturais entre os dois países, em assembléia realizada aos 22 de fevereiro de 1997, o nome da entidade foi alterado para União Cultural pela Amizade dos Povos. Consta que atualmente essa entidade está localizada na Rua Epitácio Pessoa, 122-Cj. 21, no centro de São Paulo, com excelente quadro de professores em São Paulo (12 professores de Russo).

Da nossa curta passagem por Moscou (4 meses em 2001), minha esposa Rute Pardini e eu tivemos a melhor impressão do povo russo. Para nós, foram tocantes a sua cortesia e gentileza para com nós brasileiros. Também a musicalidade do povo russo é algo marcante e a qualidade artística na Rússia é algo valorizado, reverenciado e apoiado pelo governo russo, de forma que no metrô, nas ruas e nas praças públicas é comum o encontro com verdadeiros virtuoses da música.

Dando continuidade à seção sobre música russa, iniciada na matéria anterior deste blog, intitulada "Canção sobre Mozart", tenho o prazer de enviar-lhe o presente ensaio sobre uma peça muito popular na Rússia, intitulada "Belas são florzinhas do jardim na primavera". Lá essa peça é apresentada com as mais diferentes formações: solada no acordeon, enriquecida por trio vocal, cantada por um solista acompanhado por orquestra ou mesmo apresentada por grupos femininos de dança ou dançarinos profissionais.

Rute Pardini Braga (cantora lírica e esposa do autor) disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Rute Pardini Braga ((cantora lírica e esposa do autor) disse...


Oi, meu amor querido, amei ler seu artigo muito bem recheado de lembranças de nossa estada em Moscou!
Ahhhh como é bom ouvir as belas canções russas cujas belas melodias ficarão para sempre guardadas na minha memória e no meu coração.
Sempre canções entoadas por cidadãos russos nas ruas, pelos bosques; lembra daquela feira perto do Universidade Patrice Lumumba, onde nos comunicávamos com nossos parentes brasileiros? A gente, para chegar do metrô até essa Universidade, tinha que atravessar um bosque, se quisesse cortar caminho. Aí eu ficava louca com as rosas silvestres multicoloridas e eu, apaixonada por aquela natureza viva, querendo colher as sementes para ver se nasciam aqui no Brasil.
Ahhh que sonho! Trouxe comigo muitas sementinhas daqueles belos cachos de rosas com a esperança de tê-las aqui comigo, mas nunca nasceram aqui.
Sonho com um dia voltar àqueles bosques e ver novamente as rosas mais lindas que já vi.
Então nesse artigo me transportei para lá, no meio do bosque.
Muito bom mesmo, meu amor. Saudosa daquele momento único que só nós dois vivemos para sempre!
Beijos,
sua amada Rute Pardini

João Carlos Ramos (poeta, escritor, ex-presidente da Academia Divinopolitana de Letras e sócio correspondente da Academia de Letras de São João del-Rei e da Academia Lavrense de Letras) disse...

Prezado colega Francisco Braga,
Bom dia!
Os laços de amizade entre nós, que já duram vários anos, me concedem o direito de indagar-lhe algo de minha curiosidade.
Percebo que o grande amigo é POLIGLOTA,o que muito me alegra.
Por "decreto divino" acabei fazendo parte de grupos seletos da intelectualidade brasileira.
Reconheço,humildemente, que pelas vias normais jamais conseguiria.
Queira me informar quantos e quais idiomas Vossa Senhoria fala.
Tive a oportunidade de fazer contato com Dr. Wilson Veado da Academia Mineira de Letras (falecido) e fiquei espantado ao saber que ele falava fluentemente 12 idiomas e talvez o mesmo aconteça com o ilustre amigo.
Fico pensando sobre a reação e sensibilidade de outros povos com relação à escrita de minhas poesias em suas línguas nativas,sabendo que esse
pensamento geraria,somente outra poesia, nada mais...
Enfim,reconheço sua genialidade e me sinto agradecido pela confiança em ser incluído no rol de seus grandes amigos.
Á propósito, depois lhe enviarei minha crônica publicada ontem,cognominada: O DECLÍNIO DO ROMANTISMO.
Obrigado!

Eudóxia de Barros (insigne pianista e membro da Academia Brasileira de Música) disse...

Grata , cordialmente , por seus sempre interessantes artigos,
Eudóxia

Prof. Fernando de Oliveira Teixeira (professor universitário, escritor, poeta e membro da Academia Divinopolitana de Letras, onde é Presidente) disse...

Muito grato pelo envio, amigo e confrade Braga. Um abraço do Fernando Teixeira

Paulo Roberto Sousa Lima (escritor, gestor cultural e presidente eleito do IHG de São João del-Rei para o triênio 2018-2020) disse...

Magnifico, confrade. Belas construções típicas do realismo russo: natureza, vida rude, pessoas simples e defesa da pátria. Bons e belos tempos em que o visionário socialismo impunha-se como opção na busca de modelos de sociedades mais justas, por isso melhores.
Abraços de um bom início de ano.
Paulo

Prof. Cupertino Santos (professor de história aposentado de uma escola municipal em Campinas) disse...

Olá, professor.
Muito especial essa sua experiência e relação com a cultura russa! Parabéns pela seleção e tradução daquela peça. Aliás, foi na Rua Frei Caneca que nasci e não apenas o Instituto da União Cultural foi-se dali. A própria maternidade minguou até acabar tristemente, em meio à dramática decadência de uma cidade que foi uma das mais importantes do mundo e hoje não passa de um aleijão do modelo de desenvolvimento capitalista brasileiro.
Tive a honra de ser aluno do amável, íntegro e honrado professor Florestan Fernandes, em seu retorno do exílio a que foi obrigado pelo simples fato de ser comunista.
Grande abraço.
Obrigado.

Dr. Mário Pellegrini Cupello (escritor, pesquisador, presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, e sócio correspondente do IHG e Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Caro amigo Braga

Que belas “flores poéticas” o ilustre amigo nos enviou. Mais uma vez agradecemos pela sua constante gentileza, ao enviar-nos textos tão interessantes.

Abraços, Mario.

Vítor Gomes Pinto (especialista em relações internacionais pela UNB e em planejamento de saúde pela USP, com experiência em saúde e segurança no trabalho (SST)) disse...

Prezado mestre Braga,
Surpreendentes e saborosas suas lembranças em relação a seus conhecimentos do russo, comprovando um nível de erudição que é uma raridade entre nós. Cumprimento-o, portanto.
Abraços
Vitor

Pedro Paulo Torga da Silva (participante e incentivador do Movimento dos Focolares no Brasil) disse...

Obrigado, Francisco. Se vê que você escolheu, acertadamente, o estudo dos idiomas. Me lembro quando estudava em Dom Bosco, e continuava em casa seus estudos, em discos de vinil....

Abraços, e muito obrigado. Lembranças para sua amada Rute,
Pedro Paulo