quarta-feira, 24 de julho de 2019

A SOLIDÃO DA AMÉRICA LATINA, discurso de Gabriel García Márquez, proferido perante a Academia Sueca em 1982, quando foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura



Por Francisco José dos Santos Braga


Aos 55 anos, o escritor, na cerimônia de entrega do prêmio Nobel, rompe com a tradição ao receber o prêmio vestido de liquiliqui (traje típico da Colômbia) e pronunciar um dos mais lembrados discursos de aceitação.


Antonio Pigafetta, um navegante florentino que acompanhou Magalhães na primeira viagem ao redor do mundo, escreveu ao passar pela nossa América meridional uma crônica rigorosa que, no entanto, parece uma aventura da imaginação. Contou que tinha visto porcos com o umbigo no lombo, e uns pássaros sem patas cujas fêmeas chocavam nas costas do macho, e outros como alcatrazes sem língua cujos bicos pareciam uma colher. Contou que tinha visto um engendro animal com cabeça e orelhas de mula, corpo de camelo, patas de veado e relincho de cavalo. Contou que puseram um espelho na frente do primeiro nativo que encontraram na Patagônia, e que aquele gigante ensandecido perdeu o uso da razão por causa do pavor da sua própria imagem.

Este livro breve e fascinante, no qual já se vislumbram os germes de nossos romances de hoje, não é nem de longe o depoimento mais assombroso da nossa realidade daqueles tempos. Os Cronistas das Índias nos legaram outros incontáveis. O Eldorado, nosso país ilusório tão cobiçado, apareceu em numerosos mapas durante longos anos, mudando de lugar e de forma de acordo com a fantasia dos cartógrafos. Na busca da fonte da Eterna Juventude, o mítico Álvar Núñez Cabeza de Vaca explorou durante oito anos o norte do México, numa expedição lunática cujos membros devoraram uns aos outros, e só chegaram cinco dos seiscentos que a empreenderam. Um dos tantos mistérios que nunca foram decifrados é o das onze mil mulas, carregadas com 100 libras de ouro cada uma, que um dia saíram de Cuzco para pagar o resgate de Ataualpa e nunca chegaram a seu destino. Mais tarde, durante a colônia, eram vendidas em Cartagena das Índias umas galinhas criadas em terras de aluvião, em cujas moelas eram encontradas pedrinhas de ouro. Este delírio áureo de nossos fundadores nos perseguiu até pouco tempo. No século passado a missão alemã encarregada de estudar a construção de uma estrada de ferro interoceânica no istmo do Panamá concluiu que o projeto era viável com a condição de que os trilhos não fossem feitos de ferro, que era material escasso na região, e sim de ouro.

A independência do domínio espanhol não nos põe a salvo da demência. O general Antonio López de Santa Anna, que foi três vezes ditador do México, fez enterrar com funerais magníficos a perna direita que tinha perdido na chamada Guerra dos Bolos. O general García Morena governou o Equador durante dezesseis anos como um monarca absoluto, e seu cadáver foi velado com o uniforme de gala e a couraça de condecorações, sentado na poltrona presidencial. O general Maximiliano Hernández Martínez, o déspota teósofo de El Salvador que fez exterminar numa matança bárbara trinta mil camponeses, tinha inventado um pêndulo para averiguar se os alimentos estavam envenenados, e mandou cobrir com papel vermelho a rede pública de iluminação para combater uma epidemia de escarlatina. O monumento ao general Francisco Morazán, erguido na praça principal de Tegucigalpa, é na realidade uma estátua do marechal Ney comprada em Paris num depósito de esculturas usadas.

Há onze anos, um dos poetas insignes de nosso tempo, o chileno Pablo Neruda, iluminou este lugar com sua palavra. Nas boas consciências da Europa, e às vezes também nas más, irromperam desde então com mais ímpeto que nunca as notícias fantasmagóricas da América Latina, essa pátria imensa de homens alucinados e mulheres históricas, cuja teimosia sem fim se confunde com a lenda. Não tivemos um instante de sossego. Um presidente prometéico entrincheirado em seu palácio em chamas morreu lutando sozinho contra um exército inteiro, e dois desastres aéreos suspeitos e nunca esclarecidos ceifaram a vida de outro de coração generoso, e a de um militar democrata que tinha restaurado a dignidade de seu povo. Nesse lapso ocorreram cinco guerras e dezessete golpes de Estado, e surgiu um ditador luciferino que em nome de Deus leva a cabo o primeiro etnocídio da América Latina em nosso tempo. Enquanto isso, vinte milhões de crianças latino-americanas morriam antes de fazer dois anos, e isso é mais do que as que nasceram na Europa ocidental desde 1970. Os desaparecidos por motivos da repressão chegam a quase cento e vinte mil, que é como se hoje não se soubesse onde estão todos os habitantes da cidade de Uppsala. Numerosas mulheres presas grávidas deram à luz em cárceres argentinos, mas ainda se ignora o paradeiro e a identidade de seus filhos, que foram dados em adoção clandestina ou internados em orfanatos pelas autoridades militares. Por não querer que as coisas continuassem assim morreram cerca de duzentos mil homens e mulheres em todo o Continente, e mais de cem mil pereceram em três pequenos e voluntariosos países da América Central: Nicarágua, El Salvador e Guatemala. Se isso fosse nos Estados Unidos, a cifra proporcional seria de um milhão e seiscentas mil mortes violentas em quatro anos.

Do Chile, país de tradições hospitaleiras, fugiu um milhão de pessoas: dez por cento de sua população. O Uruguai, uma nação minúscula de dois milhões e meio de habitantes, que era considerado o país mais civilizado do Continente, perdeu no desterro um de cada cinco cidadãos. A guerra civil em El Salvador causou desde 1979 quase que um refugiado a cada vinte minutos. O país que poderia ser feito com todos os exilados da América Latina teria uma população mais numerosa que a da Noruega.

Eu me atrevo a pensar que é esta realidade descomunal, e não apenas sua expressão literária, que este ano mereceu a atenção da Academia Sueca de Letras. Uma realidade que não é a do papel, mas que vive conosco e determina cada instante de nossas incontáveis mortes cotidianas, e que sustenta um manancial de criação insaciável, pleno de desdita e de beleza, do qual este colombiano errante e nostálgico não é mais que uma cifra a mais, assinalada pela sorte. Poetas e mendigos, músicos e profetas, guerreiros e malabaristas, todas as criaturas daquela realidade desaforada tivemos que pedir muito pouco à imaginação, porque o desafio maior para nós foi a insuficiência de recursos convencionais para fazer com que nossa vida fosse acreditável. Este é, amigos, o nó da nossa solidão.

Pois se estas dificuldades nos entorpecem, a nós que somos de sua essência, não é difícil entender que os talentos racionalistas deste lado do mundo, extasiados na contemplação de suas próprias culturas, tenham ficado sem um método válido para nos interpretar. É compreensível que insistam em medir-nos com a mesma vara com que medem a si mesmos, sem recordar que os estragos da vida não são iguais para todos, e que a busca da identidade própria é tão árdua e sangrenta para nós como foi para eles. A interpretação da nossa realidade com esquemas alheios só contribui para tornar-nos cada vez mais desconhecidos, cada vez menos livres, cada vez mais solitários. Talvez a Europa venerável fosse mais compreensível se tratasse de ver-nos em seu próprio passado. Se recordasse que Londres precisou de trezentos anos para construir sua primeira muralha e outros trezentos para ter um bispo, que Roma debateu-se nas trevas da incerteza durante vinte séculos antes que um rei etrusco a implantasse na história, e que no século XVI os pacíficos suíços de hoje, que nos deleitam com seus queijos mansos e seus relógios impávidos, ensanguentaram a Europa como mercenários. Ainda no apogeu do Renascimento, doze mil mercenários a soldo dos exércitos imperiais saquearam e devastaram Roma, e passaram à faca oito mil de seus habitantes.

Não pretendo encarnar as ilusões de Tonio Kröger, cujos sonhos de união entre um norte casto e um sul apaixonado Thomas Mann exaltava há cinquenta e três anos neste lugar. Mas creio que os europeus de espírito clarificador, os que lutam também aqui por uma pátria grande mais humana e justa, poderiam ajudar-nos melhor se revisassem a fundo sua maneira de nos ver. A solidariedade com nossos sonhos não nos fará sentir menos solitários, enquanto não se concretizar com atos de apoio legítimo aos povos que assumem a ilusão de ter uma vida própria na divisão do mundo.

A América Latina não quer ser nem tem por que ser um pau mandado, e não há nada de quimérico que seus desígnios de independência e originalidade se convertam numa aspiração ocidental. Não obstante, os progressos da navegação, que reduziram tantas distâncias entre a nossa América e a Europa, parecem ter aumentado nossa distância cultural. Por que a originalidade que nos é admitida sem reservas na literatura nos é negada com todo tipo de suspicácias em nossas tentativas tão difíceis de mudança social? Por que pensar que a justiça social que os europeus de vanguarda tratam de impor em seus países não pode ser também um objetivo latino-americano com métodos diferentes em condições diferentes? Não: a violência e a dor desmesuradas de nossa história são o resultado de injustiças seculares e amarguras sem conta, e não de uma confabulação tramada a 3 mil léguas da nossa casa. Mas muitos dirigentes e pensadores europeus acreditaram nisso, com o infantilismo dos avós que esqueceram as loucuras frutuosas de sua juventude, como se não fosse possível outro destino além de viver à mercê dos dois grandes donos do mundo. Este é, amigos, o tamanho da nossa solidão.

E, no entanto, frente à opressão, ao saque e ao abandono, a nossa resposta é a vida. Nem os dilúvios nem as pestes, nem as penúrias nem os cataclismas, nem mesmo as guerras eternas através dos séculos e séculos conseguiram reduzir a vantagem tenaz da vida sobre a morte. Uma vantagem que aumenta e se acelera: a cada ano ocorrem setenta e quatro milhões de nascimentos a mais que de mortes, uma quantidade de vivos novos suficiente para aumentar sete vezes por ano a população de Nova Iorque. A maioria deles nasce nos países com menos recursos, e entre estes, é claro, os da América Latina. Ao mesmo tempo, os países mais prósperos conseguiram acumular poder de destruição suficiente para aniquilar cem vezes não apenas todos os seres humanos que existiram até hoje, mas também a totalidade dos seres vivos que passaram por este planeta de infortúnios.

Em um dia como o de hoje, meu mestre William Faulkner disse neste local: "Me nego a admitir o fim do homem". Não me sentiria digno de ocupar este lugar que foi seu se não tivesse a plena consciência de que pela primeira vez desde as origens da humanidade, o desastre colossal que ele se negava a admitir há trinta e dois anos é agora nada mais que uma simples possibilidade científica. Frente a esta realidade assustadora que através de todo o tempo humano deve ter parecido uma utopia, nós, inventores de fábulas que acreditamos em tudo, nos sentimos com o direito de crer que ainda não é demasiado tarde para empreender a criação da utopia contrária. Uma nova e arrasadora utopia da vida, onde ninguém possa decidir pelos outros até mesmo a forma de morrer, onde o amor seja de verdade seguro e a felicidade possível, e onde as estirpes condenadas a cem anos de solidão tenham enfim e para sempre uma segunda oportunidade sobre a terra.

Conferência Nobel apresentada em 8 de dezembro de 1982
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Fonte: Carta': falas, reflexões, memórias : informe de distribuição restrita do Senador Darcy Ribeiro - Gabinete do Senador Darcy Ribeiro, Senado Federal, 1991, p. 35-38. Editores: Miguel Darcy de Oliveira, Eric Nepomuceno, Rachel Zappa, Marcelo Câmara, Rita Nardelli, Airton Dantas e José Mário Pereira.


Obs. No site da Academia Sueca de Letras, a versão do discurso para o inglês pode ser lida in: https://www.nobelprize.org/prizes/literature/1982/marquez/lecture/

Em espanhol (original) in: https://www.nobelprize.org/prizes/literature/1982/marquez/25603-gabriel-garcia-marquez-nobel-lecture-1982/

11 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Patrícia Ferreira dos Santos Silveira (escritora, mestre e doutora pela USP e pós-doutora pela UFMG em História Social e vice-presidente da Casa de Cultura-Academia Marianense de Letras) disse...

Estimado Dr. Braga, agora confrade.

Agradeço o envio dos informativos, os quais tenho acompanhado atentamente.
Recomendei o teu discurso Tributo ao Prof. Roque Camello à minha equipe, que está neste momento cuidando da composição de fichas biográficas e pesquisa de imagens sobre Personalidades marianenses, ação educacional da Biblioteca Municipal que conduzo, como parte da Casa do Professor.

Muito grata pela interlocução.
Forte abraço, com meus melhores cumprimentos.

Diamantino Bártolo (professor universitário Venade-Caminha-Portugal, gerente de blog que leva o seu nome http://diamantinobartolo.blogspot.com.br/) disse...

Boa Tarde
Estimado Amigo Francisco Braga
Muito obrigado.
Melhores cumprimentos.
Abraço.

Prof. José Maurício de Carvalho (ex-professor titular da UFSJ , membro do Instituto de Filosofia Brasileira, do Instituto de Filosofia Luso-brasileira com sede em Lisboa, da Academia de Letras de São João del-Rei e da Academia Mantiqueira de Estudos Filosóficos-AMEF, filósofo, psicólogo e pedagogo) disse...

Obrigado Braga pelo comentário sobre a literatura latino-americana. Vamos aprendendo algumas coisas, abraços, Mauricio.

Anderson Braga Horta (poeta, escritor, ex-presidente da ANE-Associação Nacional de Escritores e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal) disse...

Obrigado, Francisco. É um forte discurso.

abh

Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, presidente do TRE/MG, escritor e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Um belo discurso.
Ótimo escritor, mas de esquerda.
Ninguém é perfeito...

Prof. Fernando de Oliveira Teixeira (professor universitário, advogado, escritor, poeta e membro da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Prezado Braga, boa tarde. Grato pela matéria enviada. Deus guarde você a Rute. Fernando Teixeira

Vamireh Chacon Albuquerque (professor universitário e autor de Os Partidos Brasileiros no Fim do Século XX) disse...

Grato pelo texto do discurso de Gabriel García Márquez na Real Academia Sueca quando recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ recebeu da Real Academia Sueca o prêmio Nobel de literatura em 8 de dezembro de 1982. "Para me dar este prêmio, a Academia Sueca levou em conta o desenvolvimento e o florescimento da literatura americana em geral nos últimos anos. Por isso, considero que através de mim estão premiando todos os escritores latino-americanos." Com esta declaração, o escritor colombiano reafirmou o peso da literatura latino-americana no Velho Mundo, já reconhecida em 1945, quando a mesma Academia premiava a poetisa chilena Gabriela Mistral e, depois dela, mais dois latino-americanos, antes de Márquez: o romancista guatemalteco Miguel Angel Astúrias, em 1967, o poeta chileno Pablo Neruda, em 1971. Depois de Márquez, foram agraciados ainda o poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz, em 1990, e, finalmente, o novelista peruano e articulista de periódicos, Mario Vargas Llosa, em 2010.
Durante a Feira Internacional do Livro de Frankfurt, em 1977, o prêmio Nobel de 72, Heinrich Böll, tinha declarado que "na próxima década será a literatura latino-americana que estará à cabeça da literatura mundial" e sua declaração foi profética.
Antes de ganhar o prêmio Nobel em 1982, Márquez já desfrutava de grande prestígio na Europa, onde o romance latino-americano dos anos 60 foi recebido desde o começo como um gênero literário renovado: o colorido e pitoresco desses romances chamaram a atenção dos leitores habituados à ficção do Velho Mundo.
Autor de numerosa obra, escrita ao longo dos últimos 30 anos anteriores à concessão do prêmio, o criador de Cem Anos de Solidão (1967), por exemplo, deu dimensões míticas à pequena aldeia de Macondo, recriando um mundo em que fantasia e realidade caminham lado a lado e o cotidiano se confunde com o sonho. A história da família Buendía instaura, graças a suas dimensões, uma nova forma de narrativa em que o retrato das personagens, bem como os episódios de que são protagonistas, refletem sobretudo o drama da existência do homem. Abarcar a condição humana em sua plenitude, como o faz García Márquez, só o conseguem os grandes escritores.
O Blog do Braga, como fez com o discurso do italiano Eugenio Montale intitulado "É ainda possível a poesia?" postado em 11/12/2012, apresenta, em português, o histórico discurso de Márquez na Real Academia Sueca, intitulado A SOLIDÃO DA AMÉRICA LATINA, pronunciado em 8/12/1982.

https://bragamusician.blogspot.com/2019/07/a-solidao-da-america-latina-discurso-de.html

Cordial abraço,
Francisco Braga

Salomea Gandelman (professora universitária, autora do livro "36 Compositores Brasileiros-obras para piano (1950-1988)) disse...

Obrigada! Um abraço, Salomea

Paulo Roberto Sousa Lima (escritor, gestor cultural e presidente eleito do IHG de São João del-Rei para o triênio 2018-2020) disse...

Solidão essa, prezado confrade, em que nos esvaimos socio-histórica-economicamente pelas nossas veias abertas pelo capitalismo desbragado que nos assola mesmo antes de se constituir como modelo econômico na Europa: em 1532 com o modelo das capitanias hereditárias trouxeram a cana de açucar para Pernambuco e com o comercio desse produto, que não existia em lugar nenhum no mundo conhecido, se instituiu de fato o comércio internacional de produto tecnicamente elaborado e um conceito globalizado de mundo. Isso tudo foi inventado pelos de fora aqui no Brasil. Até hoje sofremos as consequências disso: aqui ficou um "soft social da morte" que nos ronda a todos, desde a morte pela servidão, depois pela escravidão, que continua hoje na lógica da relação capital (com tudo) e trabalho (sem nada). E mesmo assim fazemos literatura, variada (Os Sertões); carnaval, como corruptela das procissões religiosas; música, moderna como a bossa-nova e futebol, onde somos sempre os melhores na criatividade.
Valei-nos, nosso Senhor do Bonfim...
Paulo Sousa Lima