quinta-feira, 23 de abril de 2009

Um Piano ao Anoitecer em Tiradentes

Por Francisco José dos Santos Braga

No dia 11 de abril p.p., no Sábado da Aleluia, a convite do ilustre artista plástico Oscar Araripe, tive a grata satisfação de me apresentar na Galeria da Fundação Oscar Araripe, acompanhando ao piano a soprano Rute Pardini, minha esposa, na cidade de Tiradentes-MG. É sobejamente sabido que essa entidade tem se colocado sempre à frente de importantes realizações culturais e, a partir de agora, também no âmbito da boa música.

Honrou-me sobremodo esse convite, pois se tratava de inaugurar um programa musical que estaria sendo lançado oficialmente na mesma data, intitulado "Um Piano ao Anoitecer em Tiradentes", cabendo a mim estrear um piano Fritz Dobbert branco, de cauda, que fora adquirido mediante a troca de uma das telas do artista e patrocinador do evento musical.

Impressionou-me vivamente a forma organizada de preparar o evento que se realizou sem o menor deslize, graças ao empenho e cuidados prestimosos da Direção da Fundação. Com a Ladeira da Matriz interditada, vinho chileno para uma multidão de convidados, Cida e Oscar Araripe inauguraram o belíssimo piano de cauda branco da Fundação com o nosso recital.

A apresentação musical contou ainda com inúmeras ações de divulgação, desde convites a personalidades ilustres da política e da arte brasileiras, bem como mala direta aos ilustres curadores daquela Fundação, até o convite aberto a toda a população publicado nos principais jornais de Tiradentes e São João del-Rei.

Nas matérias de jornal, Oscar Araripe ressaltava que a iniciativa era inédita em Tiradentes, possibilitando ao público presente apreciar duas manifestações artísticas conjuntamente: música e pintura. De acordo com Oscar, "como o concerto acontece dentro de uma galeria, o público teria a oportunidade de prestigiar a música e a pintura em conjunto. São duas artes universais, sem fronteiras."

Nesse ambiente de comemoração e júbilo, o duo teve a honra de apresentar, para uma platéia vip-cultural animadíssima de Tiradentes e região circunvizinha, um programa leve e descontraído, conforme se pode constatar do repertório apresentado naquela noite memorável:

- Hino Nacional / Francisco Manuel da Silva
- Prelude to a kiss / Duke Ellington para piano solo
- Giusto Ciel, in tal periglio / Gioacchino Rossini
- Lua Branca / Chiquinha Gonzaga
- Carinhoso / Pixinguinha
- Largo da Sonata em mi menor / Benedetto Marcello (arr. para flauta e piano)
- Quem sabe / Carlos Gomes
- Em algum lugar / Cláudio Santoro
- Por toda minha vida / Tom Jobim
- Deh vieni, non tardar / Mozart
- Lírica Espacial / Francisco dos Santos Braga (sons eletrônicos)

Na abertura, Oscar saudou o duo que se apresentava naquela noite e pediu a todos que se pusessem de pé para cantarem o Hino Nacional, no que foi atendido prontamente e a plenos pulmões.

O restante da apresentação foi marcada por uma breve exposição de minha parte sobre alguma curiosidade a respeito da peça a ser executada e do compositor em questão.

Quando chegou a vez de Tom Jobim, pedi ao Oscar que discorresse sobre sua experiência pessoal de ter visto nascer a peça "Por toda minha vida". Na ocasião que morava na Rua Barão da Torre, 107, em frente à residência de Tom, no bairro de Ipanema, o seu quarto dava para o pátio mexicano do compositor. De seu quarto, ele acompanhou o nascimento desta e de muitas outras canções de Tom. "Esta é uma bela coincidência: que, 40 anos depois, a Fundação que leva o meu nome abrigue a canção que vi nascer."

Além disso, outra coisa peculiar foi a apresentação do Largo de Marcello, tendo Rute Pardini à flauta, numa interpretação com impecável segurança e fina sensibilidade, o que não passou despercebido ao ilustre público presente.

Finalmente, a última peça (Lírica Espacial) de minha autoria foi apresentada ao ar livre, nos jardins que cercam a Galeria, como se fosse som-ambiente, à luz de uma lua cheia esplendorosa em noite estrelada. Esta peça microtonal consta de 3 movimentos para piano e soprano virtuais, com duração de 4 min 43 seg. Foi composta em 2005: o programa utilizado na sua composição foi Logic Audio para MacIntosh conectado a um sintetizador JD-800 da Roland; a gravação foi editada, mixada e masterizada em ProTools pelo Estúdio Carbonos em São Paulo. A "Lírica Espacial" foi incluída na Coletânea de Música Eletroacústica Brasileira (no CD nº 3, Spatium), organizada e produzida pela SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica. A referida Coletânea foi lançada em 2008, sob o patrocínio da Petrobrás.

A aceitação do público dessa minha obra eletroacústica me surpreendeu: após a sua audição, muitas pessoas se aproximaram de mim para ter mais informações sobre a sua criação, o que me deu enorme prazer a ponto de ter ficado à disposição dos presentes por mais de 30 minutos discorrendo sobre a sua estrutura. Expliquei-lhes, por exemplo, que as relações tonais não serviram à sua construção, já que não se tratava de uma peça tonal e que foi necessário encontrar outras relações, tendo a peça sido composta com a técnica da atonalidade. Outro fato curioso foi o seguinte: o sistema compositivo adotado foi o de privilegiar a família de intervalos não-convencionais correspondentes aos números existentes na "série de Lucas" e na rede congênere formada por eles — técnica que me foi ensinada pelo Professor Christopher Bochmann, da Inglaterra, num dos Cursos Internacionais de Verão da EMB-Escola de Música de Brasília. Ele costumava privilegiar determinados intervalos e acordes previamente escolhidos em suas composições com o objetivo de dar-lhes o caráter da contemporaneidade. Como muitos dos presentes já conheciam "O Código Da Vinci" e já tinham alguma noção da "série de Fibonacci", que foi usada por Dan Brown, nos capítulos 8 a 12 do livro, como uma "brincadeira numérica" para a solução de um de seus enigmas, não foi difícil sugerir à sua imaginação uma série parecida com a de Fibonacci (no caso, a série de Lucas) com o mesmo propósito de descrever os pontos traçados de uma espiral — a forma perfeita buscada pelos arquitetos e pintores de todos os tempos. Enquanto essas explicações lhes eram dadas, percebi que cada vez mais sua curiosidade era aguçada pela técnica compositiva utilizada na "Lírica Espacial", título sugerido pelo Maestro e Compositor Jorge Antunes que imediatamente acolhi.

Quero aqui deixar minha gratidão pelo comparecimento de uma platéia tão refinada para assistir à inauguração de mais esse espaço cultural na cidade de Tiradentes, podendo citar os seguintes nomes ilustres: o acadêmico, embaixador e ex-ministro Sérgio Paulo Rouanet e sua esposa, a socióloga da UnB, escritora Bárbara Freitag, o diretor da Fundação Oscar Niemeyer, Jayme Zettel, o acadêmico sanjoanense Wainer Ávila e sua esposa Regina, os jornalistas Celso Nucci e Marília Scalzo, o ex-reitor da UFSJ, João Bosco de Castro Teixeira e sua esposa Lelena, Denise Gaede, Telma Chaves, Sandra e Fábio Mattioli, Leonor e Lúcia Gomes, Ozanan Conceição, o ator Guilherme Guedes, a historiadora Rosária Faria e seu esposo, o Procurador da Fazenda Nacional Ronaldo Thomet Simas, Acila e José Maurício de Carvalho, Breno Neves, Elizabeth Neves, Elizabeth dos Santos Braga e sua filhinha Beatriz, de Campinas, Luiz Antônio Mourão e Celina Braga Campos, de São Paulo, Hércules Costa e sua esposa Elaine acompanhados de seu filhinho Henrique, de Santa Cruz de Minas, só para citar alguns.

Por tudo o que foi dito a respeito desta adorável "soirée musicale", acho que Rute Pardini e eu é que ganhamos com o contato com esse simpático público que compareceu à Galeria da Fundação Oscar Araripe, atendendo ao convite de seu Presidente.

Identificação do grupo na foto - da esquerda para a direita: Rosária Faria, Rute Pardini, Sérgio Rouanet e Oscar Araripe. Atrás: Francisco Braga, Ronaldo Thomet Simas, Wainer Ávila e Regina.


* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ e Fundação Oscar Araripe em Tiradentes-MG. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...

8 comentários:

Fundação Oscar Araripe disse...

Belíssima narração do recital mais que belíssimo de Rute Pardini, soprano e Francisco Braga, pianista, por ocasião da inauguração da programação musical da Fundação Oscar Araripe, Um Paino ao Anoitecer em Tiradentes. Em nome da Fundação e de todos os membros natos da nossa Sociedade de Amigos e Curadores agradecemos muitíssimo o belo recital do maravilhoso casal. Um detalhe : certamente pelo belo arranjo do cearense Alberto Nepomuceno e a divina voz da diva Rute Pardini não me lembro de ter assistido a um canto em conjunto tão vibrante e vivo quanto o do Hino Nacional que inaugurou o nosso (vosso) piano branco. Que voltem! Tragam amigos! pois uma Fundação se faz com muitos e bons amigos.
Oscar Araripe

Anônimo disse...

Bonita síntese do que deve ter
sido um grande recital!
Parabéns ao casal!

Rafael Braga

José Antônio de Ávila disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Antônio de Ávila disse...

Bela narrativa do evento! Congratulo-me pela iniciativa da Fundação Oscar Araripe pela realização do recital "Um piano ao anoitecer, em Tiradentes", mais um evento que integrará os anais culturais da dita Fundação, entidade sempre à frente de importantes realizações culturais, agora também no âmbito da boa música.
Apraz-me, ainda, enaltecer a qualidade das duas personalidades que lá estiveram se apresentando: o nosso especial amigo e confrade de IHG dr. Francisco José dos Santos Braga ao piano, junto da sua digníssima esposa e soprano professora Rute Pardini, os quais executaram as belíssimas peças do mais bem selecionado programa.
Cumpre-me manifestar o meu mais profundo pesar por não ter comparecido ao recital, por motivo de viagem previamente agendada.
Assim, ainda que tardiamente, mas ainda em tempo, encaminho os meus mais efusivos cumprimentos ao musicista são-joanense Francisco Braga e à soprano Rute Pardini, na certeza de que o evento foi um marco indelével na memória dos que dele se desfrutraram.
Necessário se faz parabenizar também aos dirigentes da Fundação Oscar Araripe (o próprio Oscar e a Cidinha) por mais essa realização!

Anônimo disse...

Oi Rute! Aqui é o seu afilhado Rodrigo. Parabéns pelo blog! Encontrei enquanto estava fazendo uma pesquisa para encontrar uma música. Achei o blog muito interessante!
Até mais!!!

Oscar Araripe (jornalista, escritor e artista plástico residente em Tiradentes) disse...

FUNDAÇÃO OSCAR ARARIPE RECEBE DOAÇÃO DE COLETÂNEA DE MÚSICA ELETROACÚSTICA
(O compositor Francisco Braga doa o kit eletroacústica ao Oscar Araripe)
Tivemos o prazer de receber o compositor Francisco dos Santos Braga e a cantora lírica Rute Pardini que nos presentearam com o kit de Música Eletroacústica Brasileira, A coletânea, com 5 Cds, reúne as peças mais representativas das últimas cinco décadas na modalidade, entre as quais Lírica Espacial, estreada nacionalmente na Fundação Oscar Araripe, por ocasião da inauguração da programação musical Um Piano ao Anoitecer em Tiradentes. O kit editado pela Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica inclui composições de Reginaldo Carvalho, Jorge Antunes, Conrado Silva, José Maria Neves, Sérgio Freire, Fernando Iazzeta, Igor Lintz-Maués,Tim Recala, Livio Tragtemberg, Edson Zamprona, Luiz Eduardo Castelões, Paulo Chagas, Jonata Manzolli, José Augusto Mannis, Denise Garcia, Vanderlei Lucentini, Anselmo Guerra, Wilson Sukorski,Eduardo Reck Miranda, Guilherme Carvalho, Djalma Farias, Frederico Richter, Rodolfo Coelho de Souza, Bruno Ruviaro, Luis Roberto Pinheiro, Jorge Lisboa Antunes, Didier Guigue, Rodolfo Cesar, Rodrigo Cicchelli Velloso, Flo Menezes, Jocy de Oliveira, Eloy Fernando Fritsch e Francisco dos Santos Braga.
A Coletânea, editada por Jorge Antunes, traz ainda um texto crítico de Luis Roberto Pinheiro, foto de cada um dos compositores e capa de Hyeronimus Bosch.
A obra, de grande importância para o registro e divulgação da música eletroacústica, foi incorporada ao acervo da Fundação Oscar Araripe.
Oscar Araripe

Oscar Araripe (jornalista, escritor e pintor residente em Tiradentes) disse...

NEWS FROM OSCAR ARARIPE's FOUNDATION

A Piano at the Nightfall in Tiradentes
April 01, 2009

Inaugurating its musical programming A Piano at the Nightfall in Tiradentes, the Oscar Araripe Foundation will be presenting the Piano and Singer Recital with the artists Rute Pardini, soprano and Francisco Dos Santos Braga, pianist.

In the Program:
Brazilian National hymn / Francisco Manuel Da Silva
Prelude to a Kiss / Duke Ellington
Giusto Ciel, in tal periglio / Gioacchino Rossini
White moon / Chiquinha Gonzaga
Carinhoso / Pixinguinha
Largo of the Sonata in mi minor / Benedetto Marcello
Who knows / Carlos Gomes
In some place / Claude Santoro
For all my life / Tom Jobim
Deh vieni, non tardai / Mozart
Lyric Space / Francisco Dos Santos Braga

Day 11 of April, Saturday, 18 PM hours
Place: Gallery of the Oscar Araripe Foundation
Rua da Câmara 98 / Historical Center/Tiradentes/MG Telephone: 32 33551148
Interpretes:

Rute Pardini, lyric soprano, possess solid academic formation, having studied in the Mozarteum College of São Paulo and gotten the degree of bachelor in the University of Brasilia. It had as orienting Hildalea Gaidzakian in São Paulo, Suzana de Sanches Lacorazza in Argentina and Irene Bentley in Brasilia. Its extensive resume of works carried through for the Country enters all, is distinguished to have acted as Suzanna in the opera the Weddings of Fígaro de Mozart (2004) and as Frasquita in the opera Carmen de Bizet (2005), in the National Theater Claude Santoro in Brasilia. In 2007, the Dream of Lady Macbeth, staged for the Director William Lopes in the square of the Museum of the Republic in Brasilia collaborated with the composer Professor Conrado Silva as Lyric Voice in the part.

Francisco Dos Santos Braga, composer bachelor for the University of Brasilia and pianist, received precious classes in São João del Rei of pianists professors Mariete Guedes, Abgar Tirado and Merces Bini Couto. In São Paulo, he attended classes with teacher João de Souza Lima (piano) and Sergio Vasconcellos Correa (composition). In Brasilia, where already he had many executed parts of its authorship, he assist five editions of the International Courses of Summer, offered for the EMB-School of Music of Brasilia, in which he had contact with new techniques of composition given by Oscar Edelstein (Argentina), Christopher Bochmann (England), beyond the Brazilians Jorge Antunes and Gilbert Mendes.
Oscar Araripe

Oscar Araripe (jornalista, escritor e pintor residente em Tiradentes) disse...

FUNDAÇÃO OSCAR ARARIPE RECEBE DOAÇÃO DE COLETÂNEA DE MÚSICA ELETROACÚSTICA
(O compositor Francisco Braga doa o kit eletroacústica ao Oscar Araripe)
Tivemos o prazer de receber o compositor Francisco dos Santos Braga e a cantora lírica Rute Pardini que nos presentearam com o kit de Música Eletroacústica Brasileira, A coletânea, com 5 Cds, reúne as peças mais representativas das últimas cinco décadas na modalidade, entre as quais Lírica Espacial, estreada nacionalmente na Fundação Oscar Araripe, por ocasião da inauguração da programação musical Um Piano ao Anoitecer em Tiradentes. O kit editado pela Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica inclui composições de Reginaldo Carvalho, Jorge Antunes, Conrado Silva, José Maria Neves, Sérgio Freire, Fernando Iazzeta, Igor Lintz-Maués,Tim Recala, Livio Tragtemberg, Edson Zamprona, Luiz Eduardo Castelões, Paulo Chagas, Jonata Manzolli, José Augusto Mannis, Denise Garcia, Vanderlei Lucentini, Anselmo Guerra, Wilson Sukorski,Eduardo Reck Miranda, Guilherme Carvalho, Djalma Farias, Frederico Richter, Rodolfo Coelho de Souza, Bruno Ruviaro, Luis Roberto Pinheiro, Jorge Lisboa Antunes, Didier Guigue, Rodolfo Cesar, Rodrigo Cicchelli Velloso, Flo Menezes, Jocy de Oliveira, Eloy Fernando Fritsch e Francisco dos Santos Braga.
A Coletânea, editada por Jorge Antunes, traz ainda um texto crítico de Luis Roberto Pinheiro, foto de cada um dos compositores e capa de Hyeronimus Bosch.
A obra, de grande importância para o registro e divulgação da música eletroacústica, foi incorporada ao acervo da Fundação Oscar Araripe.
Oscar Araripe