sábado, 31 de dezembro de 2011

ANO INTERNACIONAL DA QUÍMICA 2011: MARIE CURIE


Por Francisco José dos Santos Braga



Artigo publicado na Revista Polonicus - Revista de reflexão Brasil-Polônia, Ano II, nº 2, jul/dez 2011, Curitiba, p. 56-74, disponível na Internet como volume nº 4 no endereço eletrônico 
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Introdução

Sendo hoje o último dia do ano de 2011 e tendo aguardado até esse exato momento para postar a minha última matéria do ano, é natural que tenha escolhido com muito cuidado o tema que encerrasse o ano de 2011. Teria que ser algo que tivesse um motivo muito especial e que fosse algo singular. Decidi homenagear a cientista polonesa Maria Skłodowska-Curie e reconhecer a importância dos feitos científicos dessa mulher no início do século passado, inicialmente na velha Europa, depois estendendo-os a todo o Mundo, modificando este desde então.


Ano Internacional da Química AIQ-2011

A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), reunida em Glasgow de 31 de julho a 6 de agosto de 2009, proclamou o ano de 2011 como o Ano Internacional da Química (AIQ 2011), tendo como slogan “Química – a nossa vida, o nosso futuro”. Em comunicado oficial conjunto, a União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) e a UNESCO destacaram que a agenda oficial de comemorações está inserida nas atividades da Década da Educação e do Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), dando ênfase à importância da química para os recursos naturais sustentáveis.

Os organizadores do AIQ 2011 convidaram todos a comemorarem o centenário da entrega do Prêmio Nobel de Química à cientista polonesa Maria Skłodowska-Curie, bem como o da Associação Internacional das Sociedades de Química. De acordo com eles, o primeiro festejo constituía também uma homenagem pela contribuição das mulheres à ciência; o outro evento comemorativo dava a oportunidade de destacar a importância da colaboração científica internacional.

Para os fins desta matéria, que também pretende relatar a viagem de Marie Curie (forma afrancesada do nome da célebre cientista polonesa) ao Brasil em 1926, importa ressaltar principalmente que o ano de 2011, portanto, coincide com o 100º aniversário do Prêmio Nobel de Química concedido a Marie Curie (Varsóvia, 1867-Passy [no sanatório Sancellemoz], 1934), pela descoberta dos elementos rádio (Ra) e polônio (Po), sendo a denominação deste último uma homenagem à sua terra natal, pelo isolamento do rádio e pelo estudo desse elemento e dos seus compostos. Oito anos antes (1903), Marie tinha recebido o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da radioatividade, juntamente com dois outros colegas cientistas: Pierre Curie (Paris, 1859-Paris, 1906), seu marido desde 1895, e Henri Becquerel (Paris, 1858-La Coisie, 1908).


Visita ao Brasil: chegada ao Rio de Janeiro

Madame Curie, como passou a ser conhecida mundialmente, veio ao Brasil acompanhada da filha mais velha, Irène, a convite do Instituto Franco-Brasileiro de Alta Cultura, mantido pela embaixada francesa no Rio de Janeiro. Sua estada entre nós durou 45 dias: em 15 de julho de 1926, mãe e filha desembarcaram do navio Pincio, no porto do Rio de Janeiro, e em 28 de agosto do mesmo ano voltaram à França a bordo do navio Lutetia . O Instituto organizou, na capital federal, tendo Madame Curie como a principal oradora, uma série de conferências sobre radioatividade na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sediada então no Largo de São Francisco.

Entre esses compromissos acadêmicos programados, Madame Curie ainda encontrou tempo para conhecer pontos turísticos e culturais do Rio, tais como a Ilha de Paquetá, o Pão de Açúcar, o Jardim Botânico e o Museu Nacional, o qual mantinha um grande acervo científico na Quinta da Boa Vista.

Ela vinha ao Brasil com a aura de maior mulher cientista da Europa, quiçá do mundo, detentora de dois Prêmios Nobel, fundadora do Instituto do Rádio em Paris em 1909 que fazia pesquisas para tratamento do câncer, primeira professora a ministrar aulas na Universidade de Sorbonne, admirada mundialmente por ter desenvolvido aparelhos de raios-X, ter equipado veículos com eles e ter treinado enfermeiros para operá-los. Além disso, ganharam muita notoriedade suas ações durante a Primeira Guerra Mundial, por ter levado esses aparelhos de raios-X aos campos de batalha, para atendimento dos soldados feridos em combate. Finalmente, era reconhecida por seu trabalho valoroso pela divulgação da ciência e do conhecimento científico.

Ela não era a primeira cientista a visitar o Brasil no início do século XX. Na mesma época, outros vultos ilustres da química, física e matemática, visitaram o País , cuja pequena comunidade acadêmica, especialmente nas primeiras décadas do século, se achava receptiva aos principais nomes das ciências. Foi assim que o País recebeu os seguintes cientistas ilustres: os matemáticos Jacques Hadamard e Émile Borel, o antropólogo Paul Rivet e os físicos Albert Einstein e Paul Langevin.


Visita ao Brasil: viagem do Rio de Janeiro a São Paulo

A convite do governo do Estado de São Paulo, a cientista fez a viagem do Rio a São Paulo em trem noturno, em um carro especialmente reservado para si e sua comitiva. Acompanhavam-na sua filha Irène, Bertha Lutz, Dra. Carlota Pereira de Queiroz e Nininha Bastos para três dias de permanência na capital paulista. Foram recebê-las no dia 13 de agosto de 1926, na Estação do Norte (atual Estação Roosevelt), no bairro do Brás, autoridades, estudantes de medicina, personalidades da medicina e da ciência, dentre os quais se destacava Dr. Eugênio Lindemberg, da Sociedade de Química, bem como franceses residentes em São Paulo.

Alguns compromissos na capital paulista foram: palestra sobre radiologia na Faculdade de Medicina, em Pinheiros; visita ao Instituto Butantã e à Estação Biológica do Alto da Serra, a convite de seu diretor, o botânico Frederico Carlos Hoehne; e contatos com as autoridades do governo paulista, naturalmente.

Além desses compromissos oficiais, a própria Madame Curie decidiu atender convite do médico Dr. Francisco Tozzi para conhecer as fontes de águas radioativas existentes em suas Thermas de Lindoya (hoje Município de Águas de Lindóia), constituídas de três hotéis (Senado, Câmara e Catete), bem como do Grande Hotel Glória, em construção. Portanto, na manhã do dia 14 de agosto de 1926 partiu da Estação da Luz em viagem de trem até Mogi Mirim e ia acompanhada da filha Irène e de uma comitiva de cientistas brasileiros. O Dr. Tozzi enviou o seu filho Fernando, que falava bem o francês, ao encontro da cientista polonesa em Mogi Mirim. De Mogi Mirim todos seguiram de carro até Thermas de Lindoya, passando por Itapira.

Ao chegar, o grupo seguiu direto para o Grande Hotel Glória, onde o aguardava Dr. Tozzi. Depois de assinarem o livro de registro de visitas do Grande Hotel Glória (que tive em mãos quando de minha estada neste hotel, em fevereiro de 2007, quando constatei que Marie Curie tinha aposto ali sua assinatura inconfundível), consta que Madame Curie e sua filha, sempre acompanhadas por químicos de São Paulo, conheceram os hotéis, os pavilhões de banho, os locais de engarrafamento das águas, as fontes Santa Philomena e São Roque e os salões de emanações. Nesses últimos, ela demorou-se algum tempo apreciando a ebulição das águas, dizendo que as Thermas estavam talhadas a um grande futuro, felicitando o Dr. Tozzi, pois, de acordo com as observações ligeiras que fizera, “aquelas águas eram fortemente radioativas”.
Consta ainda que o Dr. Tozzi deu o nome de Madame Curie a uma das salas de emanações.

Em companhia de minha esposa Rute Pardini, no dia 26 de dezembro de 2011, estive entrevistando a neta do Dr. Tozzi, em Águas de Lindóia, Sra. Mírian Tozzi Bernardino, que reside ainda na casa que seu avô construiu (localizada hoje ao lado do Hotel Majestic e junto à praça que leva o nome de Dr. Francisco Tozzi). A referida senhora informou-me que muitos jornalistas têm ido à sua procura, especialmente neste ano de 2011. Até mesmo um coreano interessado em investir em engarrafamento das águas curativas, acompanhado de seu tradutor, esteve em sua residência, solicitando que Mírian fosse fotografada segurando uma antiga garrafa de água Lindoya que ainda conserva em seu poder numa espécie de “Museu Tozzi”, que é o que se transformou a sua casa, dotada de um grande acervo de objetos, fotografias, reportagens de época e textos colecionados pelo avô.

De acordo com a Sra. Mírian Tozzi, “Dr. Francisco Tozzi morreu em 1937 no Rio, — a então capital federal que tanto amava — numa casa na Vila de Santa Tereza. Era também muito amigo do Presidente Getúlio Vargas; por essa dupla razão, deu o nome a seus hotéis em Thermas de Lindoya de ‘Senado’, ‘Câmara’, ‘Catete’ e ‘Grande Hotel Glória’.
Em seguida à sua morte, foi formada uma sociedade para gerir os negócios deixados pelo Dr. Tozzi, constituída de três filhos e um genro. Na década de 40, essa sociedade decidiu arrendar o balneário completo para um norte-americano, Benjamin Finnenberg. Logo depois, o governo paulista decidiu desapropriar todo o balneário, impondo a cláusula de utilidade pública para o patrimônio ser transferido para o Estado de São Paulo.
Com a desapropriação das termas para o Governo paulista, a sala das emanações — a maior crença e esperança do seu avô — foi desativada e hoje o público não tem acesso a ela. Atualmente a piscina fica dentro de uma sala totalmente vedada, com acesso exclusivamente por uma pequena janela dentro do Balneário Municipal. Pode-se ver ainda o fundo de rochas, e todo o ambiente é aquecido. A água, cristalina, com temperatura de 30°C, brota de uma fenda com um quilômetro de profundidade. Este foi o lugar mais importante visto por Marie Curie em Thermas de Lindoya.
Na década de 50 foi construído o Balneário Municipal que, até hoje, apesar de incessantes promessas, de fato não foi transferido para o Município de Águas de Lindóia sob alegação de falta de documentos.

A Sra. Mírian Tozzi ainda me apresentou um exemplar do “Observatório do Capricórnio”, de Campinas, datado de 14/07/1994 (25 anos após o primeiro pouso de uma nave tripulada na superfície da Lua), o qual fez importante matéria sobre o Projeto Appollo e a conquista da Lua. Nas páginas 03/04, publicou as seguintes matérias: “O Brasil colaborando no Projeto Apollo” e “O Brasil envia água para a Lua”. Nesta última seção lê-se: “A participação do Brasil não se limitou aos observadores em terra pátria. Como curiosidade histórica, informamos que parte da água consumida pelos Astronautas da Apollo 11 era proveniente como subproduto gerado pelas baterias elétricas do Módulo de Comando. Porém, outra parte fôra objeto de pesquisa e estudo por ação da NASA, quando coletavam em diversas localidades águas de fontes minerais e, para nossa agradável surpresa, o Município da Estância Turística de Águas de Lindóia foi o fornecedor do suprimento potável conforme atesta o documento da Cervejaria Amazonas Ltda., hoje extinta. A segunda via original da Nota Fiscal 20218, encontra-se emoldurada e exposta no Gabinete do Exmo. Prefeito Municipal de Águas de Lindóia Dr. Martinho Marinho, como prova inconteste de mais esta colaboração do Brasil.”

A Sra. Mírian Tozzi mostrou-me ainda a página 87 do Correio Popular de Campinas de 19/07/2009, caderno B7, trazendo a seguinte matéria “Astronautas da Apollo 11 beberam das nossas fontes” com os seguintes dizeres, dentre outros: “A professora Mírian Tozzi Bernardino, de 75 anos, guarda, há quatro décadas, a cópia da nota fiscal nº 20.218, datada de 2 de abril de 1969, que atendia a um pedido de 100 dúzias de garrafas de 500ml da Água Lindóia Carrieri para a Missão Americana no Cabo Kennedy, na Flórida. O valor era de 226,00 cruzeiros novos. Disposta a provar que a cidade fundada pelo seu avô, Francisco Tozzi, participou efetivamente da primeira viagem do homem à Lua, Mírian também guarda uma garrafa de água de vidro, ainda cheia, com o rótulo consumido pelo tempo e a tampinha enferrujada. ‘Ela era das garrafas que foram para os Estados Unidos na época. A água foi retirada da Fonte Santa Philomena, que era do meu avô’, conta, mantendo o objeto guardado em uma estante como uma jóia rara da família.
Em uma procura ao redor do mundo pelos melhores produtos, a água teria sido escolhida pela NASA (National Aenautics and Space Administration) pelo seu elevado nível de radioatividade e grandes propriedades diuréticas. A sua baixa acidez e rápida absorção pelo organismo também contaram a favor. (...)
A professora lembra que seu avô começou a engarrafar a água ainda na década de 20 e que entre seus clientes mais ilustres estava o político, escritor e diplomata Ruy Barbosa. A partir da década de 50, muitas pessoas começaram a visitar Águas de Lindóia para fazer turismo e, de quebra, cuidar da saúde com longos banhos termais, consumo da água pura e muito descanso.
A fonte Santa Philomena, de onde saiu a água levada pela NASA, está localizada atrás do Balneário da cidade. A água que ali brotava já ganhou prêmios de qualidade na França e nos EUA, pois as suas propriedades incontestáveis fizeram de Águas de Lindóia a ‘capital termal do Brasil’.

A Sra. Mírian Tozzi, a seguir, informou-me sobre um filme-documentário chamado “Laboratórios Encantados”, de cuja gravação participou com o seu depoimento no dia 14 de agosto de 2011. Sob a direção de Érica Rodrigues, produção de Jam Pawlak e foto de Danilo Pimentel, foram colhidos depoimentos históricos do Prefeito Martinho Antônio Mariano, da Dra. Andréia B. Dahdal, da Vice-Cônsul do Consulado Geral da República da Polônia em São Paulo, Joanna Pliszka Ribeiro, e da própria Sra. Mírian. A equipe do filme-documentário realizou gravações inéditas na cidade de Águas de Lindóia, em busca de depoimentos sobre a passagem de Marie Curie pelas “Thermas de Lindoya”, em visita ao amigo cientista Dr. Francisco Tozzi, em 14 de agosto de 1926.

A Sra. Mírian Tozzi informou-me ainda sobre a apresentação da peça teatral “Radiação: A História de Maria Skłodowska-Curie” (tradução para Promieniowanie: Rzecz o Marii Skłodowskiej-Curie) da autoria do Diretor Każimierz Braun, com as atrizes Maria Nowotarska e Agata Pilitowska respectivamente no papel de Maria Curie e sua filha Ève, encenada em 30 de agosto de 2011 no Teatro do Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), em São Paulo. O autor da peça e as atrizes são membros do Teatr Polski w Toronto (Teatro Polonês em Toronto). Os diálogos foram em polonês, com tradução legendada em português. A inédita realização esteve a cargo do Consulado Geral da República da Polônia em São Paulo, da Associação Polonesa Educativo-Cultural em São Paulo e do MuBE. Compareceu ao evento o Cônsul polonês em São Paulo, Dr. Jacek Such.

Pesquisando sobre a peça “Radiação”, descobri que, por trás das cenas da carreira acadêmica e pública de Maria, a sua vida privada foi muito complexa e plena de desenvolvimentos dramáticos. A peça mostra o caráter de Maria através dos diálogos entre ela própria e sua filha Ève. Outras pessoas são apresentadas e mostradas numa série de monólogos de Maria e nas fotos projetadas no horizonte. A projeção também mostra o panorama montanhoso que cerca o local da ação: o terraço no sanatório de Sancellemoz, nos Alpes franceses em 1934, aonde Maria foi para tratamento de uma misteriosa doença. Maria Curie vive seu último ano de vida e é cuidada por Ève, que aproveita sua estada nas montanhas para entrevistar sua mãe para o livro que está escrevendo. Maria relembra seus estudos, lutas, experimentos e descobertas, bem como seu amor com Pierre Curie e Paul Langevin, e sua amizade com Albert Einstein. Sua doença acabou sendo o resultado de overdoses de radiação. Ela morre sonhando com seu retorno a Polônia. No fim da peça tomamos conhecimento da honra e reconhecimento póstumos dados a Maria: seu corpo foi solenemente depositado no Panthéon de Paris.

A encenação teatral de “Radiação: A História de Maria Skłodowska-Curie” foi um grande sucesso de público e de crítica. Comentou Jam Pawlak sobre o evento no seu blog, em matéria denominada “Tributo a Maria Skłodowska-Curie no MuBE”: “Em noite de gala do Teatro Polonês do Canadá em São Paulo, a ilustre presença de Mírian Tozzi de Águas de Lindóia, cidade que Maria Skłodowska-Curie visitou quando esteve no Brasil. Mirian Tozzi também é uma notável personagem da produção cinematográfica Laboratórios Encantados. Um verdadeiro tributo cultural para a extraordinária cientista Maria Skłodowska-Curie, com toda a força do Elemento Água, de Águas de Lindóia para o MuBE e para o Mundo.

Fui, em seguida, ao já citado Balneário Municipal de Águas de Lindóia, projetado pelo arquiteto Oswaldo Arthur Bratke, construído na década de 50 e no interior do qual se podem ver jardins que constituem ainda projeto urbanístico original de Burle Marx, bem como mosaicos do artista plástico Lívio Abramo (Araraquara, 1903-Assunção, Paraguai, 1993), verdadeiros “painéis em pastilhas vítreas que concebeu e executou nos vistosos espaços do Balneário” no ano de 1958, intitulados assim (da direita para a esquerda): Brumas do Entardecer, Anoitecer, Noite sem Lua, Meio-Dia, Noite de Luar, Arco-Íris e Amanhecer.

Além dessas obras de arte, encontrei dentro do Balneário uma homenagem do Município de Águas de Lindóia a Marie Curie, uma placa alusiva à presença dela em Águas de Lindóia, com os seguintes dizeres:
“Homenagem póstuma à Madame Curie pela comemoração do Centenário do prêmio Nobel de Química, entregue a uma das mais ilustres cientistas que visitou nossa cidade e confirmou o teor de radioatividade de nossas águas.
'Na vida nada deve ser temido, somente compreendido. Agora é hora de compreender mais para temer menos.'
Madame Curie
Águas de Lindóia, março de 2011
Prefeitura da Estância Hidromineral Águas de Lindóia”.
De acordo com informações de Mírian Tozzi, a colocação da referida placa comemorativa contou com a presença ilustre do Consulado da Polônia em São Paulo.

Num painel, em frente à placa comemorativa, pude ler ainda o seguinte texto (vide imagem ao lado):
"Thermas de Lindoya
O trabalho do Dr. Tozzi atraiu a atenção de Madame Curie, Prêmio Nobel de Química, que realizava pesquisas sobre radioatividade, na França.
Em 1928 (sic), Madame Curie veio ao Brasil e visitou as Thermas de Lindoya e a radioatividade foi tema de muitas conversas. Anos mais tarde, descobriu-se que a água mineral de Águas de Lindóia atingia 3.179 maches na escala radioativa, contra 185 maches das famosas fontes de Jachimou, na Tchecoslováquia, e 155 maches das fontes de Bad Gastein, na Áustria. A radioatividade natural da água é extremamente benéfica para o organismo, e Águas de Lindóia possui, comprovadamente, a água mineral de maior radioatividade em todo o planeta.”

Também pude ver, em quadro com textos informativos aos usuários, o texto “Indicações das Águas”, onde se lê, dentre outras indicações, a seguinte:
BALNEOTERAPIA: Destinadas à balneação, as águas podem ser usadas na temperatura natural, ou em temperaturas mais elevadas, sempre de acordo com a prescrição médica. O balneário conta com 62 quartos de banhos de imersão abastecido com águas medicinais que provêm diretamente das fontes, com a temperatura de 28°C. Esta temperatura pode, porém, ser aumentada de conformidade com a prescrição médica. Durante o banho de imersão, além da absorção cutânea, os usuários recebem ainda, os benefícios da absorção pulmonar da radioatividade, pois a atmosfera no recinto fica fortemente carregada de gases desprendidos. Os eczematosos e os portadores de erupções cutâneas diversas podem fazer, no período da manhã, o uso dos banhos de imersão.

Noutro texto sobre “Termalismo”, no mesmo quadro, pode-se ler o seguinte parágrafo final:
As águas medicinais de Águas de Lindóia devem sua fama internacional à ação terapêutica comprovada pela medicina desde a época do fundador da cidade, Dr. Francisco Tozzi. O sistema de distribuição da água, imediatamente após sua surgência nas fontes, beneficia os banhistas com todas suas propriedades medicinais.

Também, no dia seguinte, 27 de dezembro de 2011, em companhia de minha esposa, estive presente a uma importante exposição chamada “Vida e Obra de Maria Skłodowska-Curie (1867-1934)”, título que certamente foi adaptado para comemorar a visita da ilustre cientista polonesa às Thermas de Lindoya.
Por isso, no próprio cartaz anunciando a exposição, lê-se:
O Villa di Mantova Resort Hotel tem a honra de apresentar a EXPOSIÇÃO
MARIA SKŁODOWSKA-CURIE ESTEVE AQUI
de 29 de novembro de 2011 a 10 de janeiro de 2012
em homenagem ao Centenário
do Prêmio Nobel de Química.
“Os trabalhos de Dr. Tozzi, fundador de Águas de Lindóia, atraiu o interesse de Maria Curie que visitou a cidade em 1926 e pesquisou a radioatividade natural da água benéfica ao organismo.”

Exposição "Maria Skłodowska-Curie este aqui" no Villa di Mantova Resort Hotel, de Águas de Lindóia-SP


A referida exposição foi patrocinada pela Embaixada da República da Polônia e pelos Consulados Gerais da República da Polônia em São Paulo e Curitiba.
Os patrocinadores dão crédito aos textos da autoria de Małgorzata Sobieszczak-Marciniak e Hanna Krajewska, ao design gráfico e impressão de Paweł Ciepielewski e à tradução para o português da seguinte equipe do Departamento de Química da Universidade do Minho, Braga, Portugal: João Paulo André, Maria de Fátima Bento, Iwona Kużniarska-Biernacka, Paula Margarida Ferreira, Luís Sieuve Monteiro e Carlos Jorge Silva.

Jam Pawlak, no seu blog oficial, relata as atividades que estavam previstas para a data da inauguração da célebre exposição, dia 29 de novembro de 2011, conforme publicado em 27/11/2011:
O tributo ‘MARIA SKŁODOWSKA-CURIE ESTEVE AQUI’ acontecerá no próximo dia 29 de novembro na cidade de Águas de Lindóia, São Paulo, Brasil. A programação terá início no Balneário Municipal de Águas de Lindóia às 15 horas com a cerimônia de descerramento de placa comemorativa em homenagem à visita da renomada cientista à cidade em 1926.
A programação cultural estará centralizada no Villa Di Mantova Resort Hotel, terá início às 15 horas com a leitura dramática da peça de teatro “Radiação” de Każimierz Braun; exibição do filme “Madame Curie”, sobre a vida e a obra de Maria Skłodowska-Curie; e vernissage, exposição histórica 100 Anos do Prêmio Nobel de Química para Maria Skłodowska-Curie.

Dos cartazes dessa respeitável exposição extraí alguns trechos mais relevantes que elucidarão, um pouco mais, fatos da vida de Maria Skłodowska-Curie, bem como facetas de seu caráter, e que transcrevo abaixo.
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1. Trecho do discurso de Pierre Curie perante a Academia de Ciências de Estocolmo em 6 de junho de 1903, por ocasião da cerimônia de entrega do prêmio Nobel da Física partilhado com outros dois cientistas, a saber, Maria Skłodowska-Curie e Henri Becquerel: “Pode-se conceber ainda que, em mãos criminosas, o rádio pode tornar-se muito perigoso, e cabe aqui perguntar se a Humanidade tem vantagem em conhecer os segredos da natureza, se será suficientemente madura para tirar partido desse conhecimento ou se, pelo contrário, este lhe será prejudicial. O exemplo da descoberta de Nobel é um desses casos: a descoberta dos explosivos permitiu ao homem a realização de obras admiráveis. Contudo, estes, nas mãos de criminosos, são um terrível meio de destruição, podendo conduzir-nos à guerra. Sou daqueles que pensam como Nobel: serão mais os frutos positivos que os negativos que a Humanidade saberá colher das novas descobertas.”
Obs. Esse discurso é profético, se considerarmos os acontecimentos da II Guerra Mundial e os testes nucleares já realizados e os que atualmente estão sendo realizados pela China e Paquistão.

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2. Trechos do livro “Marie Curie, a Life” da autoria de Susan Quinn (New York: Simon & Schuster, 1995, 509 p., traduzida para o português com o título “Marie Curie, uma Vida”, São Paulo: Scipione Cultural, 1997, 526 p., trad. Sônia Coutinho), extraídos do diário de Maria Skłodowska-Curie:
Em carta de 10 de agosto de 1894 dirigida a Maria, Pierre Curie assim escreve: “Seria algo muito bonito — coisa que não me atrevo a desejar —, se pudéssemos passar a nossa vida juntos, sob o efeito hipnotizador dos nossos sonhos: o teu sonho patriótico, o nosso sonho humanitário e o nosso sonho científico.”
Em 19 de abril de 1906: “Entro no quarto. Alguém diz: ‘Ele morreu.’ Poderá alguém compreender tais palavras? Pierre está morto, ele que eu vi partir vivo esta manhã, ele que eu esperava apertar em meus braços esta tarde; agora só o verei morto e isto é para sempre. Eu repito o seu nome, de novo e para sempre ‘Pierre, Pierre, Pierre, meu Pierre’, mas isso não faz com que ele regresse; ele partiu para sempre, deixando nada mais que desolação e desespero.”
Quando da morte do marido, foi admitida como “chargée de cours” na Sorbonne e, só mais tarde, professora: “Eles sugeriram-me que eu ocupasse o teu lugar, meu Pierre... eu aceitei. Não sei se fiz bem ou mal. Disseste-me muitas vezes que gostarias que eu ensinasse na Sorbonne.”
Durante a I Guerra Mundial, quando a Polônia se tornou palco da guerra entre a Rússia e a Alemanha e ela levava aparelhos de raios-X aos campos de batalha, para atendimento dos soldados feridos em combate: “No nosso tempo, quando os sentimentos de nacionalismos estão particularmente exacerbados... só podemos ter esperança numa reconciliação e numa paz duradoura entre os 25 milhões de Poloneses e a Rússia, com base num respeito absoluto pelos direitos das nações.”
E ainda: “Eu e todos os Poloneses, para quem a França é um país adotivo, e ao qual estamos ligados por profundos laços de amizade e gratidão, desejamos a união dos nossos compatriotas de forma a juntar forças com a França, na luta contra a Alemanha.”

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3. De Albert Einstein sobre a morte de Maria Skłodowska-Curie: “A Senhora Curie morreu em Sancellemoz em 4 de julho de 1934. A doença que a vitimou foi uma anemia aplástica de desenvolvimento rápido. A medula óssea não reagiu, provavelmente devido aos danos provocados por uma longa exposição à radiação.”
E ainda: “Agora que terminou a vida de uma personalidade tão notável como a da Senhora Curie, as recordações que temos dela não se devem limitar ao que os frutos do seu trabalho deram à humanidade. Os valores morais da sua personalidade excepcional têm provavelmente um significado mais profundo para as gerações vindouras, e para o curso da História, que os meros feitos intelectuais.”

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4. Trechos extraídos de anotações de Maria e Pierre Curie e de notícias na imprensa polaca: Em 18 de julho de 1898, quando da descoberta do polônio: “Nós suspeitamos que o material que separamos a partir da pechblenda contém um metal ainda desconhecido, com propriedades similares às do bismuto. Se a existência deste metal for confirmada, nós propomos que se designe por polônio, devido à nacionalidade de um de nós.”
Em 26 de dezembro de 1898, quando da descoberta do rádio: “Os fatos relatados fazem-nos acreditar que este novo composto radioativo contém um novo elemento que se designe por rádio. Apesar de estarmos certos de que este novo composto tem um teor muito elevado de bário, é mesmo assim muito radioativo. Consequentemente o rádio deve ser muitíssimo radioativo.”

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5. Sobre a descoberta da radioatividade artificial, havia o seguinte texto: “Em janeiro de 1934, Irène Curie e Frédéric Joliot descobriram a radioatividade artificial. A partir do bombardeamento de uma folha de alumínio-27 com partículas alfa, observaram a criação de um novo isótopo radioativo, o fósforo-30. Receberam o Prêmio Nobel de Química por esta descoberta, em 1935. Esta experiência demonstrou que, por bombardeamento de núcleos estáveis, é possível produzir radioisótopos que não existem na natureza. Atualmente podem produzir-se centenas de radioisótopos artificiais, com aplicações diversas."

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6. Sob o título de “Panteão”, havia o seguinte registro: “Em 20 de abril de 1995, as cinzas de Maria e Pierre Curie foram depositadas no Panteão de Paris, entre outros franceses famosos. Maria foi a primeira pessoa nascida fora da França e a primeira mulher a ser homenageada desta forma pelos seus feitos científicos."

Visita ao Brasil: viagem de São Paulo a Belo Horizonte

Continuando sua viagem, acompanhada da Deputada paulista Maria José de Queiroz e de sua filha Irène, Marie Curie embarcou no trem noturno de luxo até Belo Horizonte na noite do dia 15 de agosto de 1926, chegando a Belo Horizonte na manhã do dia seguinte. O seu grande interesse nessa viagem era conhecer o Instituto do Rádio, primeiro hospital especialmente dedicado ao câncer a funcionar nas Américas, construído em 1922 por iniciativa do Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Prof. Borges da Costa.

Madame Curie e Irène assinaram o livro de registro de visitas, conheceram as instalações do Instituto e participaram de uma fotografia histórica nos jardins do estabelecimento, ao lado de médicos, funcionários e do Dr. Borges da Costa, na qualidade de primeiro Diretor do Instituto.

No dia seguinte, conforme o Prof. João Amílcar Salgado, fundador do Centro de Memória da Medicina de Minas Gerais, Marie Curie fez uma conferência sobre a radioatividade e suas aplicações. Na plateia, ouviram-na atentos estudantes de Medicina que depois se tornariam personalidades nacionais: Juscelino Kubitschek, Pedro Nava e João Guimarães Rosa.

Marie Curie e sua comitiva, ainda no mesmo dia, visitaram várias autoridades do Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte, embarcando no mesmo dia (18/08/1926) para o Rio de Janeiro.

Os restos mortais de Maria Skłodowska-Curie descansam no Panthéon de Paris

Não foi sem motivos que um dos últimos atos administrativos de François Mitterrand, ao encerrar seu segundo mandato de sete anos como Presidente da França, resgatando desconsiderações históricas, tenha sido levar ao Panthéon as cinzas de Pierre e Marie Curie. Embora o frontispício daquele imponente monumento mostrasse o lema “Aux grands hommes, la Patrie reconnaissante” (A Pátria agradece aos grandes homens), Mitterrand destacou que “a cerimônia de hoje tem um caráter particular, pois entra para o Panthéon a primeira mulher honrada pelos seus próprios méritos.” Assim sendo, mesmo que fosse previsto que aquele era um local destinado aos grandes homens que a Pátria homenageia e aos quais está reconhecida, ali, naquele momento se acolhia uma mulher polonesa mais de 60 anos após a sua morte. Embora o destino tivesse reservado a Maria Skłodowska-Curie um “gran finale”, ninguém em sã consciência imaginaria seus restos mortais sendo levados ao Panthéon de Paris!
Lembro finalmente que, até 2002 (antes do Euro), a nota de maior valor (500 francos) estampava numa das faces o casal Curie e na outra, seu Laboratório.

O professor e pesquisador Attico Chassot, em matéria postada em 18/6/2011 em seu “Blog do mestre Chassot”, nos lembra certas cenas dolorosas vivenciadas por Marie Curie, depois ampliada por outra matéria postada em 25/6/2011 no mesmo blog. Na primeira matéria se lê:
Vale recordar como Marie Curie, em 1911, perdeu por um voto o acesso à Academia de Ciências da França por ser mulher, por ter uma possível ascendência judia e por ser estrangeira, ainda oriunda de um país periférico. Talvez tenha sido a primeira das três qualidades a mais discriminadora. Mas uma mulher que se alçava com destaque em uma seara masculina precisava ser detida.

“Madame Curie”, romance biográfico de Ève Curie

O leitor desta matéria pode estar a perguntar-se sobre a segunda filha de Marie e Pierre Curie, Ève. Visitando a palavra de entrada “Ève Curie” na Wikipédia, ficamos sabendo que foi a única pessoa de sua família a não receber o prêmio Nobel. Em compensação, tornou-se importante escritora francesa, pianista/concertista, crítica musical, jornalista e humanista, realizando inúmeras palestras em defesa da liberdade. Como concertista se apresentou na França e Bélgica e como crítica musical escreveu para diversos jornais da França. Deixou dois livros biográficos: “Madame Curie”, a biografia de sua mãe, livro escrito em 1937 (traduzido para a língua portuguesa por Monteiro Lobato em 1938), que se transformou em filme produzido por Sidney Franklin para o Estúdio MGM, estrelado por Greer Garson (como Marie) e Walter Pidgeon (como Pierre) em 1943; e “Jornada entre Guerreiros”, traduzido para o português por Wilson Veloso em 1944, onde narra suas viagens por vários países, no front da II Guerra Mundial, a saber: norte da África, Iraque, Irã, Rússia, Índia, Burma (hoje Myanmar) e China.

Sobre o filme "Madame Curie", merece destaque o fato de Pierre, no começo com posturas machistas em relação às possibilidades de uma mulher ser cientista, render-se em seguida aos encantos e à inteligência de Marie. As pesquisas para o isolamento do rádio são muito bem mostradas no filme em preto e branco com a duração de 128 minutos e classificado como um drama biográfico. Há um mote que embala a obra cinematográfica: “É preciso buscar colocar as pontas dos dedos em uma estrela.

Na II Guerra Mundial, o regime de Vichy retirou-lhe a sua cidadania francesa, razão por que se retirou para os Estados Unidos. Após a guerra foi editora do jornal francês Paris-Press no começo dos anos 50; também foi consultora especial na secretaria geral da OTAN.
Em 1954, casou-se com Henry Richardson Labouisse, posteriormente embaixador dos Estados Unidos na Grécia, de 1965 a 1979, diretor executivo da UNICEF e agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1965, tendo morrido em 1987. Com isso, ainda que indiretamente, Ève seguiu a tradição de sua família.

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Trechos selecionados do filme “Maria Skłodowska-Curie” produzido pela GRAFI Studio Filmowe, em 2002, sob os auspícios do Museu Maria Skłodowska-Curie em Varsóvia

“O estudo da radioatividade moldou o caráter da Física e da Química contemporâneas. Introduziu-se em todas as áreas das ciências exatas e aplicadas e, em grande medida, influenciou o caráter e a natureza da cultura contemporânea no mundo.”

“Durante toda a sua vida, Maria Curie manteve contatos próximos com a Polônia. Em 1911, apoiou, em grande medida, a construção do sanatório de Dłuski em Zakopane. Em 1913, tornou-se chefe de honra do laboratório de radiologia da Sociedade Científica de Varsóvia e, graças à sua iniciativa e ajuda, foi criado com fundos de uma angariação pública o Instituto do Rádio em Varsóvia. Em 1925, participa da cerimônia de colocação da pedra angular na construção do edifício do Instituto na Rua Wawelska, nº 15.
Na América, Maria obtivera uma dádiva de rádio para a Polônia. No seu país de origem, foi homenageada com a edificação de um Instituto com o seu nome. Maria foi seu mecenas e sua protetora até ao fim de seus dias. Hoje, o Instituto denomina-se Instituto de Oncologia Maria Skłodowska-Curie e, na praça, onde foi erigido, encontra-se a estátua da sua mentora.”

“A grande senhora polaca pressente que o seu contributo terá grande peso sobre o futuro do mundo. Contudo, o seu principal objetivo era despertar nos cientistas o sentimento de co-responsabilização pelo destino da civilização, para o desenvolvimento da qual os cientistas tinham tido grande influência.
O seu contributo científico foi aplicado à terapêutica medicinal. Foi com raios de rádio que começaram a ser destruídos os tecidos cancerígenos e, por sua vez, os isótopos revolucionaram a biologia.
Sem as descobertas de Maria Curie não haveria reatores atômicos, nem a humanidade poderia nutrir esperança relativamente a esta fonte de energia. Sem energia nuclear também não existiria a hipótese de passar do mero reconhecimento do espaço à conquista do cosmos. Não se sabe se a grande senhora polaca previu que as suas descobertas iriam ainda possibilitar aos vindouros a criação de uma terrível arma. Certo é que, como humanista e vítima de doença derivada da radioatividade, desejaria tê-lo evitado.
Maria Skłodowska morreu a 4 de julho de 1934.”

“A casa, onde nasceu, na Cidade Velha em Varsóvia, alberga hoje a sede da Sociedade Polaca de Química e, sob sua tutela, o Museu Maria Skłodowska-Curie. O museu é visitado com muito agrado por inúmeras excursões de todo o mundo. Os objetos aqui expostos e as recordações despertam grande interesse e lembram o papel que a nossa grande compatriota desempenhou no desenvolvimento da ciência contemporânea. Albert Einstein afirmou que Maria foi a única pessoa a quem a fama não transtornou.”

Este filme teve a sua tradução realizada pela Profª Teresa Fernandes Swiatkiewicz, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.


Agradecimentos
A Mírian Tozzi, pelo depoimento e cessão do filme polonês e do acervo sobre a visita de Marie Curie a Thermas de Lindoya.
A Rute Pardini, pela tomada de fotografias e imagens presentes neste texto.


Sites consultados
Marie Curie no Brasil – Conselho Regional de Química – IV Região – http://crq4.org.br/default.php?p=texto.php&c=quimicaviva_mariecurie_brasil



Marie Curie: também cenas dolorosas –

Química Nova – Ano Internacional da Química – http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422011000100001&script=sci_arttext

Produção cinematográfica “Laboratórios Encantados” –
http://jampawlak.blog.uol.com.br/ acessando os seguintes temas em “Histórico:
1) Laboratórios Encantados em Águas de Lindóia (17/08/2011)
2) Radiação: A História de Maria Skłodowska-Curie (23/08/2011)
3) Tributo à Maria Skłodowska-Curie no MuBE (13/09/2011)

Maria Skłodowska-Curie esteve aqui... Águas de Lindóia, SP, Brasil –

Imagens:
1) Foto de Marie Curie jovem
2) Foto da chegada de Marie Curie ao Grande Hotel Glória em 14/08/1926
3) Foto do Dr. Francisco Tozzi, o fundador do Município de Águas de Lindóia
4) Foto do passeio de Marie Curie pelas Thermas de Lindoya
5) Foto da antiga sala de emanações

6) Foto da Nota Fiscal comprovando venda da Água Lindóia Carrieri para a Missão Americana no Cabo Kennedy, Fl.-USA
7) Foto de um dos 7 mosaicos compostos por Lívio Abramo, datado de 1958, que se encontra no interior do Balneário Municipal de Águas de Lindóia
8) Foto da placa comemorativa do Centenário do Prêmio Nobel de Química entregue a Marie Curie em 1911 e da sua visita a Thermas de Lindoya em 1926, que se encontra no interior do referido Balneário
9) Foto de placa constatando o mais elevado teor de radioatividade de todo o planeta, verificado na água mineral de Águas de Lindóia, comparado com o 2º e 3º lugares, que se encontra no interior do referido Balneário
10) Foto de Marie Curie próximo à sua morte



* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ e Fundação Oscar Araripe em Tiradentes-MG. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...

2 comentários:

Arauto das Thermas disse...

Olá Francisco!! Gostaria de parabenizá-lo e agradecê-lo imensamente por esta incrível matéria.

Mayla Silveira

Prof. Mário Celso Rios (professor, escritor, conferencista e presidente da Academia Barbacenense de Letras) disse...

BRAGA, tudo em paz?
Bom dia!
Você tem sido com sendo nosso intelectual antenado com o que existe de melhor!
Por isso, nosso respeito e homenagem!
MCR