terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

PEREGRINAÇÃO JUBILAR DO PAPA JOÃO PAULO II À GRÉCIA


Por Francisco José dos Santos Braga


São João Paulo II (⭐︎ Wadowice, Polônia, 18/05/1920 ✞ Vaticano, 02/04/2005)






INTRODUÇÃO

Antes de adentrar no objeto principal do artigo, cujo cerne é a viagem de João Paulo II à Grécia, devo esclarecer que esse pontífice ficou conhecido como o “Papa da Família e Peregrino”. Ao início de seu pontificado em 22/10/1978, anunciou a sua recomendação de que "não devíamos temer; antes, procurar abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo" ¹, palavras que ecoaram por toda a Igreja de tal forma que aquela data se tornou a marca registrada do papa polonês, sendo esse mesmo dia (22 de outubro) considerado a data da memória litúrgica do santo.

Mas, apenas para relembrar o seu amor por nossa terra, relembro que ele veio ao Brasil 4 vezes: entre 30 de junho e 12 de julho de 1980 (viagem oficial), junho de 1982 (permaneceu apenas no aeroporto, quando ia para a Argentina em 1982, onde fez um rápido discurso durante a escala de seu voo no Rio de Janeiro), 12 a 21 de outubro de 1991 (viagem oficial) e, por fim, viagem oficial entre 2 e 6 de outubro de 1997 (Rio de Janeiro).

AÇÕES PREPARATÓRIAS PARA A PEREGRINAÇÃO  JUBILAR 


Para situar bem a temática deste artigo, inicialmente vejamos algumas datas importantes e anteriores que preparam a peregrinação do Sumo Pontífice pelo caminho do Apóstolo Paulo na Grécia, Síria e Malta, que consistiu de 5 dias, com 19 discursos. São relevantes as seguintes datas, a meu ver:

1) 10 de novembro de 1994: o Papa assina a Carta Apostólica “Tertio Millennio Adveniente” (Pela chegada do Terceiro Milênio) com as indicações para o Grande Jubileu do ano 2000.

Gostaria de destacar alguns trechos da Carta Apostólica, que, a meu ver, dão a real dimensão do Grande Jubileu do Ano 2000:

Mais alguns meses, portanto, e estaremos vivendo o Grande Jubileu do Ano 2000. Será, sem dúvida alguma, um “Ano de graça do Senhor”. Segundo o Papa, haverá uma nova primavera de vida cristã, “se os cristãos forem dóceis à ação do Espírito Santo” (TMA 18).

Importa, pois, preparar nosso coração para esse acontecimento, tendo “uma particular sensibilidade por tudo quanto o Espírito Santo diz à Igreja e às Igrejas (cf. Ap 2,7)” (TMA 23). A Igreja “não pode transpor o limiar do novo milênio sem impelir os seus filhos a se purificarem, pelo arrependimento, de erros, infidelidades, incoerências, retardamentos.” (TMA 33).

“Cada um é convidado a fazer tudo quanto esteja ao seu alcance para que não fique transcurado o grande desafio do ano 2000, ao qual está seguramente ligada uma particular graça do Senhor para a Igreja e para a humanidade inteira.” (TMA 55).

2) 29 de novembro de 1998: Bula Papal de Proclamação do Grande Jubileu do Ano 2000 “Incarnationis Mysterium”.

Gostaria de destacar um trecho da Bula Papal que prevê o início do Grande Jubileu do Ano 2000:

“Estabeleço que o Grande Jubileu do Ano 2000 tenha início na noite de Natal de 1999, com a abertura da porta santa da Basílica de S. Pedro, no Vaticano.
Estabeleço que a inauguração do Jubileu nas Igrejas Particulares seja celebrada no dia santíssimo do Natal do Senhor Jesus, com uma solene Liturgia Eucarística presidida pelo Bispo diocesano…” (João Paulo II, IM 6).

3) 24 de dezembro de 1999: o Papa abre a Porta Santa da Basílica de São Pedro, inaugurando assim o Jubileu do Ano 2000.

4) 12 de março de 2000: em uma cerimônia de "autopurificação" sem precedentes na história do catolicismo, João Paulo II pede "perdão" a Deus pelos pecados cometidos no passado pelos católicos contra os judeus.

Toda a preparação contida nas iniciativas anteriores desagua na Peregrinação Jubilar “Seguindo os Passos de São Paulo Apóstolo” na Grécia, Síria e Malta, com duração de 5 dias (4 a 9 de maio de 2001), quando 19 discursos foram proferidos por Sua Santidade.

NOTÍCIA SOBRE O ENCONTRO COM O ARCEBISPO LÍDER DA IGREJA ORTODOXA GREGA

Durante as suas viagens de 2001, João Paulo II se tornou o primeiro papa a visitar a Grécia em 1291 anos. Em Atenas, o papa se encontrou com Cristódoulos de Atenas, o arcebispo líder da Igreja Ortodoxa Grega. Após um encontro privado de 30 minutos, os dois falaram ao público. Christódoulos leu uma lista de "13 ofensas" da Igreja Católica contra a Igreja Ortodoxa desde o Grande Cisma, incluindo o saque de Constantinopla pelos cruzados (1204), e reclamou pela falta de um pedido de desculpas da Igreja Católica Romana, afirmando "Até agora, não se conhecia um único pedido de perdão" pelos "cruzados maníacos do século XIII".

O papa respondeu dizendo "Pelas vezes, passadas e presentes, quando filhos e filhas da Igreja Católica pecaram, por ação ou omissão, contra nossos irmãos e irmãs ortodoxos, que o Senhor nos conceda o perdão", ao que Christódoulos imediatamente aplaudiu. João Paulo II disse que o saque de Constantinopla era a causa de um "profundo pesar" para os católicos. Posteriormente, João Paulo e Christódoulos se encontraram no lugar onde São Paulo um dia pregara para os cristãos atenienses. Ali, eles emitiram um "comunicado conjunto", dizendo "Faremos tudo o que estiver em nosso poder para que as raízes cristãs da Europa e a sua alma cristã seja preservada. (...) Nós condenamos todos os recursos à violência, ao proselitismo e ao fanatismo em nome da religião". Os dois líderes então rezaram o Pai Nosso juntos, quebrando um antigo tabu ortodoxo contra rezar juntamente com católicos.

É bom registrar aqui, mesmo estando fora do escopo do artigo, que o Papa sempre afirmou, por todo o seu pontificado, que um dos seus grandes sonhos era visitar a Rússia, mas isso jamais ocorreu. Ele tentou resolver os problemas que surgiram durante a história entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa, como quando ele determinou a devolução à Igreja Ortodoxa Russa do ícone de "Nossa Senhora de Kazan", a "Theotókos" (Mãe de Deus) e sempre Virgem Maria. No dia 28 de agosto de 2004, a "Solenidade da gloriosíssima Dormição da Theotókos", delegação representativa da Igreja Católica, chefiada pelo cardeal Walter Kasper, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, entregou o ícone, depois de um solene ofício na Catedral da Dormição, no Kremlin, em Moscou, em que participaram numerosos fiéis.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Jo%C3%A3o_Paulo_II 



PROGRAMAÇÃO PARA SEXTA-FEIRA, 4 DE MAIO DE 2001 


Sexta-feira, 4 de maio de 2001, 08h 28min

O papa João Paulo II pediu "perdão" nesta sexta-feira em Atenas, diante do chefe da Igreja Ortodoxa grega, Sua Beatitude Christódoulos, pelos católicos "que pecaram contra os ortodoxos". João Paulo II destacou esta sexta-feira em Atenas ante o presidente grego Kostís Stephanópoulos que o recebeu no palácio presidencial o papel da Grécia na Europa como ponte entre Oriente e Ocidente e defendeu a unificação dos cristãos. "A vocação natural da Grécia é edificar pontes e construir uma cultura de diálogo. Isto é hoje essencial para o futuro da Europa", declarou o Papa em seu discurso inicial. "Numerosos muros foram derrubados em um período recente, mas há outros ainda de pé. A tarefa da unificação entre as partes orientais e ocidentais da Europa continua sendo complexa", acrescentou o chefe da Igreja Católica.

O Papa agradeceu enfaticamente o convite do presidente grego para visitar a Grécia. A Igreja Ortodoxa grega, abertamente antipapista, aceitou de má vontade esta visita depois de ter sido colocada diante de um fato consumado pelo convite do presidente grego durante uma visita ao Vaticano, em janeiro passado.

Em seu discurso, o Papa defendeu a unificação das duas igrejas cristãs. "Ainda resta muito a fazer pela harmonia entre os cristãos de Oriente e Ocidente, para que a Igreja possa respirar com seus dois pulmões. Todo fiel deve sentir-se comprometido em conseguir esse objetivo", disse João Paulo II, que pareceu em boa forma, insistiu no fato de estava na Grécia como "peregrino, seguindo os passos de São Paulo, cuja memória está gravada para sempre no solo deste país".

Resumidamente, foram estas as cerimônias previstas para o dia 04/05/2001, todas fartamente documentadas:

4/5/2001 Encontro com Sua Beatitude Christódoulos, Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia
https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2001/may/documents/hf_jp-ii_spe_20010504_archbishop-athens.html

4/5/2001 Declaração conjunta do Santo Padre e do Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia
https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2001/may/documents/hf_jp-ii_spe_20010504_joint-declaration.html

4/5/2001 Encontro com os bispos católicos da Grécia
https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2001/may/documents/hf_jp-ii_spe_20010504_bishops-greece.html

4/5/2001 Visita à Catedral católica de São Dionísio
https://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/2001/may/documents/hf_jp-ii_spe_20010504_san-dionigi.html

PROGRAMAÇÃO PARA SÁBADO, 5 DE MAIO DE 2001 



CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA NO PALÁCIO DE DESPORTOS

HOMILIA DO SANTO PADRE

Porto de Piréus, 5 de maio de 2001



Queridos Irmãos e Irmãs

1. "O que venerais sem conhecer é que eu vos anuncio" (Act 17, 23).

Narradas nos Atos dos Apóstolos, estas palavras de Paulo pronunciadas no Areópago de Atenas constituem um dos primeiros anúncios da fé cristã na Europa. "Se se pensa no papel que a Grécia teve na formação da cultura antiga, compreende-se a razão por que aquele discurso de Paulo pode considerar-se, de algum modo, o próprio símbolo do encontro do Evangelho com a cultura humana" (Carta Sobre a peregrinação aos Lugares relacionados com a história da salvação, n. 9).

"Aos santificados em Jesus Cristo, chamados à santidade, com todos os que, em qualquer lugar, invocam o nome de Jesus Cristo Senhor deles e nosso: Graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo" (1 Cor 1, 2-3). Com estas palavras dirigidas pelo Apóstolo à comunidade de Corinto, saúdo-vos com afeto a todos vós, Bispos, Sacerdotes e leigos católicos que viveis na Grécia. Em primeiro lugar, agradeço a D. Fóscolos, Arcebispo católico de Atenas e Presidente da Conferência Episcopal da Grécia, o seu acolhimento e as suas gentis palavras. Dirijo também a minha saudação a todos os Cardeais, Bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas presentes nesta celebração. Reunidos esta manhã para a celebração eucarística, pediremos ao Apóstolos Paulo que nos dê o seu fervor na fé e no anúncio do Evangelho a todas as nações, bem como a sua solicitude pela unidade da Igreja. Alegro-me com a presença na Divina Liturgia de fiéis de outras confissões cristãs, que testemunham também a atenção que prestam à vida da comunidade católica e a sua comum fraternidade em Cristo.

2. Paulo recorda claramente que não podemos circunscrever Deus às nossas maneiras de ver e de agir totalmente humanas. Se desejamos acolher o Senhor, somos chamados à conversão. Eis o caminho que nos é proposto, caminho que nos faz seguir Cristo a fim de viver como ele, filhos no Filho. Então podemos considerar o nosso caminho pessoal e o da Igreja como uma experiência pascal; é preciso que nos purifiquemos para estarmos plenamente em sintonia com a vontade divina, aceitando que Deus, mediante a sua graça, transforme o nosso ser e a nossa existência, como no caso de Paulo que, sendo perseguidor se tornou missionário (cf. Gal 1, 11-24). Vivemos também a prova da Sexta-Feira Santa, com os seus sofrimentos, com as noites da fé, com as incompreensões recíprocas. Mas também vivemos momentos de luz, semelhantes ao alvorecer da Páscoa, quando o Ressuscitado nos comunica a sua alegria e faz com que cheguemos à verdade total. Encarando desta forma a nossa história pessoal e a história da Igreja, não podemos deixar de ter esperança, com a certeza de que o Mestre da história nos conduz por caminhos que só Ele conhece. Peçamos ao Espírito Santo que nos incentive a sermos, através das nossas palavras e ações, testemunhas da Boa Nova e da caridade de Deus! Com efeito, é o Espírito que suscita o fervor missionário na sua Igreja, é Ele quem chama e quem envia, e o verdadeiro apóstolo é em primeiro lugar um homem "à escuta", um servidor disponível para a ação de Deus.

3. Recordar em Atenas o caminho e a ação de Paulo, é como ser convidados a anunciar o Evangelho até aos extremos confins da terra, propondo aos nossos contemporâneos a salvação dada por Cristo e mostrando-lhes os caminhos da santidade e a orientação moral reta que constituem as respostas à chamada do Senhor. O Evangelho é uma Boa Nova universal, que todos os povos podem compreender.

Ao dirigir-se aos atenienses, São Paulo não esconde nada da fé que recebeu; ele deve, como todos os apóstolos, conservar fielmente o seu depósito (cf. 2 Tim 1, 14). Se ele parte das referências habituais dos seus ouvintes e das suas maneiras de pensar, é para fazer com que eles compreendam melhor o Evangelho que lhes quer levar. Paulo baseia-se no conhecimento natural de Deus e no profundo desejo espiritual que os seus interlocutores podem sentir, para os preparar para aceitarem a revelação do Deus único e verdadeiro.

Se ele pôde citar perante os atenienses os autores da Antiguidade clássica, foi porque, de uma certa forma, a sua cultura pessoal tinha sido forjada pelo helenismo. Por conseguinte, dele se serviu para anunciar o Evangelho com palavras que podem arrebatar os seus ouvintes (cf. Act 17, 17). Que lição! Para anunciar a Boa Nova aos homens do nosso tempo, a Igreja deve estar atenta aos diferentes aspectos das suas culturas e aos seus meios de comunicação, sem que isto leve a alterar a sua mensagem ou a diminuir o sentido do seu alcance. "O cristianismo do terceiro milénio deverá responder cada vez melhor a esta exigência de inculturação" (Novo millennio ineunte, 40). O discurso magistral de Paulo convida os discípulos de Cristo a iniciar um diálogo verdadeiramente missionário com os seus contemporâneos, no respeito do que eles são, mas também com um propósito claro e forte do Evangelho, bem como das suas implicações e das suas exigências na vida das pessoas.

4. Irmãos e Irmãs, o vosso País goza de uma longa tradição de sabedoria e de humanismo. Desde as origens do cristianismo, os filósofos empenharam-se por "mostrar a ligação entre a razão e a religião. [...] Esboçou-se assim um caminho que, saindo das antigas tradições particulares, levava a um desenvolvimento que correspondia às exigências da razão universal" (Fides et ratio, 36). Este trabalho dos filósofos e dos primeiros apologistas cristãos permitiu sucessivamente iniciar, no seguimento de São Paulo e do seu discurso em Atenas, um diálogo fecundo entre a fé cristã e a filosofia.

Seguindo o exemplo de São Paulo e das primeiras comunidades, é urgente criar ocasiões de diálogo com os nossos contemporâneos, sobretudo nos lugares em que se decide o futuro do homem e da humanidade, para que as decisões tomadas não sejam condicionadas apenas pelos interesses políticos e económicos que não têm em conta a dignidade das pessoas e as exigências que dela derivam, mas que seja para vós como um suplemento de alma que recorde o lugar insigne e a dignidade do homem. Os areópagos que hoje solicitam o testemunho dos cristãos são numerosos (cf. Redemptoris missio, 37); encorajo-vos a estar presentes no mundo; como o profeta Isaías, os cristãos estabelecem-se como sentinelas em cima da muralha (cf. Is 21, 11-12), a fim de discernir as orientações humanas das atuais situações, de descobrir na sociedade os germes da esperança e anunciar ao mundo a luz da Páscoa, que ilumina com uma nova luz todas as realidades humanas.

Cirilo e Metódio, os dois irmãos de Salônica, receberam o mandamento do Ressuscitado: "Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda a criatura" (Mc 16, 15). Tendo partido ao encontro dos povos eslavos, souberam anunciar-lhes o Evangelho na sua própria língua. Eles não só "desempenharam a sua missão com todo o respeito pela cultura que já existia entre os povos eslavos, mas promoveram-na e incrementaram-na de modo iminente e incessante ao cultivarem a religião" (Slavorum apostoli, 26). Oxalá o seu exemplo e a sua oração nos ajudem a responder sempre melhor à exigência da inculturação e faça com que rejubilemos com a beleza deste aspecto multiforme da Igreja de Cristo!

5. Na sua experiência pessoal de crente e no seu ministério de apóstolo, Paulo compreendeu que Cristo era o único caminho de salvação, Ele que, mediante a graça, reconcilia os homens consigo e com Deus. "Ele é a nossa paz, Ele que de dois povos fez um só, destruindo o muro de inimizade que os separava" (Ef 2, 14).

Dali em diante o Apóstolo tornou-se defensor da unidade, no meio das comunidades e entre elas, porque nele ardia a "solicitude por todas as Igrejas" (cf 2 Cor 11, 28)!

A paixão da unidade da Igreja deve ser a de todos os discípulos de Cristo. "Infelizmente, os tristes legados do passado vão acompanhar-nos ainda para além do limiar do novo milénio... há ainda tanto caminho a percorrer" (Novo millennio ineunte, 48). Mas não nos deixemos desencorajar; o nosso amor pelo Senhor impele-nos a empenhar-nos cada vez mais em favor da unidade. Para dar novos passos nesta direção, é importante "partir de Cristo" (ibid., 29).

"É sobre a oração de Jesus, não sobre as nossas capacidades, que assenta a confiança de poder chegar, também na história, à comunhão plena e visível de todos os cristãos... A lembrança do tempo em que a Igreja respirava com os dois "pulmões", estimule os cristãos do Oriente e do Ocidente a caminharem juntos, na unidade da fé e no respeito das legítimas diferenças, aceitando-se e ajudando-se uns aos outros como membros do único Corpo de Cristo" (Ibid., 48)!

A Virgem Maria acompanhou com a sua oração e com a sua presença materna o caminho e a missão da primitiva comunidade cristã, à volta dos Apóstolos (cf. Act. 1, 14). Ela recebeu com eles o Espírito do Pentecostes! Que ela vigie sobre o caminho que nós agora devemos percorrer, a fim de nos encaminharmos rumo à plena unidade com os nossos irmãos do Oriente e de cumprirmos juntos, com disponibilidade e entusiasmo, a missão que Jesus Cristo confiou à sua Igreja. Que a Virgem Maria, tão venerada no vosso País e particularmente nos santuários das Ilhas, como Virgem da Anunciação na Ilha de Tinos, e sob o título de Nossa Senhora da Graça, em Faneroméni, na Ilha de Siros, nos guie sempre para o seu Filho Jesus (cf. Jo 2, 5). E Ele é o Cristo, o Filho de Deus, "a luz verdadeira que, vindo ao mundo, a todo o homem ilumina" (Jo 1, 9)!

Fortalecidos pela esperança que nos é dada por Cristo e sustentados pela oração fraterna de todos os que nos precederam na fé, prossigamos a nossa peregrinação terrena como verdadeiros mensageiros da Boa Nova, felizes pelo louvor pascal que habita os corações e desejosos de o partilhar com todos:

"Louvai ao Senhor, todos os povos.
Exaltai-O todas as nações!
Grande é o Seu amor para connosco,
e a Sua fidelidade permanece para sempre!" (Sl 116).

Amen.



Saudação

Dou graças ao Senhor por poder realizar estas jornadas de Peregrinação nos passos do Apóstolo dos Gentios. Peço a São Paulo que vos acompanhe todos os dias. Assim como ele foi, sede também vós testemunhas de Cristo!

Agradeço em primeiro lugar ao Senhor Presidente da República o seu convite e a sua hospitalidade. Estou grato a Sua Beatitude Christódoulos e aos seus colaboradores pela solicitude que demonstraram por esta minha Peregrinação nos passos de São Paulo. Agradeço de igual modo a D. Fóscolos e a cada um dos Bispos católicos. Obrigado a todos vós aqui presentes. Cristo e a Igreja contam convosco. Abençoo-vos do íntimo do coração!

Saúdo cordialmente todas as pessoas que para aqui vieram da Polônia.

Estou feliz por participardes ativamente na vida da Igreja católica que está na Grécia; foram os Bispos locais que me deram várias vezes estas informações. Viveis num País em que desde há séculos se misturam diversas culturas, religiões e tradições espirituais. É-me grato saber que conseguis beneficiar desta variedade e, ao mesmo tempo, conservais a vossa identidade. Agradeço aos Padres Jesuítas e a todos aqueles que estão comprometidos no vosso cuidado pastoral. Conservo no meu coração as vossas alegrias e preocupações, enquanto as confio à Providência divina. Por intercessão do Apóstolo São Paulo, cuja memória está particularmente viva em Atenas, peço ao bom Deus que vos cumule com as suas bênçãos.

A paz esteja convosco! Deus abençoe a Grécia!



PROGRAMAÇÃO PARA SEGUNDA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2001


2ª feira, 7/5/2001


RETROSPECTO FEITO PELO PRÓPRIO PAPA DA PEREGRINAÇÃO JUBILAR "SEGUINDO OS PASSOS DE SÃO PAULO"

Quarta-feira, Audiência de 16/5/2001
Sobre a peregrinação jubilar seguindo os passos de São Paulo
http://www.clerus.org/bibliaclerusonline/pt/hyh.htm


CRÍTICA DE UMA ALA DA IGREJA CATÓLICA INCONFORMADA COM A POUCA RECEPTIVIDADE DA POLÍTICA DE APROXIMAÇÃO DO PAPA JOÃO PAULO II


Podemos aquilatar quão difícil foi para o Sumo Pontífice conviver com a incompreensão de uma ala da Igreja, inconformada com a sua política de aproximação com outras religiões e com outros povos. Veja, por exemplo, o artigo "Ecumenismo de mão única", por Victor Peregrino, que reflete essa oposição "à humildade papal que não gerou nenhuma retribuição por parte do prelado ortodoxo".

http://www.montfort.org.br:84/ecumenismo-de-mao-unica/



NOTAS  EXPLICATIVAS


¹   Cf.        http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/homilies/1978/documents/hf_jp-ii_hom_19781022_inizio-pontificato.html 
 

6 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

No dia 5 de maio de 2001, Karol Wojtyła celebrou uma missa no Palácio de Desportos em Piréus, onde estivemos presentes, por insistência de meu primo Álvaro Bosco Lopes de Oliveira e sua esposa Emma do Carmo Parentoni Lanna. Postamo-nos a uns 30 metros de distância do pontífice.

Para tanto, suspendemos a primeira etapa de nossa viagem de Atenas à ilha de Creta, iniciada em 24/04/2001 e interrompida em 02/05/2001 para recepcionarmos o Papa João Paulo II em Atenas, cuja programação estava agendada para ser iniciada pela Grécia no dia 04/05/2001 em sua "Peregrinação Jubilar seguindo os passos do Apóstolo Paulo à Grécia, Síria e Malta".

Portanto, voltamos a nos hospedar no Amazon Hotel, rua Mitropóleos nº 19, bairro de Plaka, rua bem próxima à Praça da Constituição (Syntagma Square). Comentava-se que a comitiva do papa iria passar em frente ao hotel no dia 04/05. À janela do hotel, ficamos aguardando durante 3 horas a passagem do papa pela rua Mitropóleos. Mas não tivemos sorte, pois tal coisa não ocorreu.

No dia seguinte (05/05), tomamos o trem na estação de metrô Monastiráki com destino ao porto de Piréus, onde uma missa foi concelebrada pelo papa e expoentes do clero católico e da Igreja Ortodoxa, num ginásio de esportes. O nome pomposo “Concelebração Eucarística no Palácio de Desportos” foi como ficou conhecida a cerimônia religiosa, assunto do presente artigo.


https://bragamusician.blogspot.com/2019/02/peregrinacao-jubilar-do-papa-joao-paulo.html


Cordial abraço,

Francisco Braga

Dr. Mário Pellegrini Cupello (escritor, pesquisador, presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, e sócio correspondente do IHG e Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Caro amigo Braga

Muito interessante este seu artigo, que lemos com grande interesse.

Parabéns por mais este precioso trabalho memorialista.

Abraços, dos amigos,

Mario e Beth.

Rafael dos Santos Braga (pesquisador e bacharel em Filosofia pela UFSJ) disse...

Obrigado ! Bom texto !

Prof. Fernando de Oliveira Teixeira (professor universitário, escritor, poeta e membro da Academia Divinopolitana de Letras, onde é Presidente) disse...

Grato pelo envio da matéria.

Pedro Paulo Torga da Silva (participante e incentivador do Movimento dos Focolares no Brasil) disse...

A propósito, Francisquinho, o nosso papa Francisco acabou de visitar os Emirados Árabes. Me enche de esperança ver acontecimentos como este, sobretudo nesses dias em que as notícias não andam nada animadoras...

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-02/papa-francisco-abu-dhabi-audiencia-geral.html
Pedro Paulo

O amor não é nada científico... mas leva muito mais longe

Dra. Merania de Oliveira (jornalista e viúva do ex-presidente da Academia Marianense de Letras, Dr. Roque Camêllo, e fundadora do Instituto Roque Camêllo) disse...

Dr. Francisco,
Paz, saúde e alegria!

Suas crônicas são enriquecedoras.
Principalmente esta, da sua estada na Grécia na época da visita do "Papa da Família e Peregrino", despertou-me vontade de retornar àquele país, berço da nossa civilização.
Abraços extensivos a Rute.