segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

MAMÃE NÃO VAI MAIS CHORAR

Por Tsevi Ayznman
Conto extraído do livro "Páginas  de um caderno carbonizado: Os Fabulosos Contos"
Traduzido do inglês por Francisco José dos Santos Braga
 
Livro de Tsevi Ayznman traduzido do iídiche ¹ por Barnett Zumoff (2001)

 
Um navio cheio de imigrantes ilegais rumou para o porto de Haifa. Meus pais me carregaram para fora do navio dentro de uma banheirinha de metal que foi suavemente acolchoada com os vestidos de mamãe e as camisas de papai. Eles seguravam a banheirinha pelas alças. Além disso, arrastavam atrás de si duas malas maltratadas, amarradas com barbante. 
Era difícil dizer se eu dormia ou estava desperta. Uma coisa era certa eu não estava chorando nem gritando, embora todos ao nosso redor empurrassem e fizessem barulho. 
O saguão de desembarque para o qual nos levaram era assustadoramente grande, porém a desordem era até maior. Procurávamos o pessoal no comando, mas não era possível encontrá-los. As pessoas com pacotes, sacos e caixas vagavam de um lugar para outro. No tumulto, muitos pais perderam seus filhos. Os nomes dos perdidos eram anunciados pelos alto-falantes. Alguém quebrou uma garrafa térmica cheia de chá. Outro abriu um saco e seus pertences se espalharam em todas as direções. 
Minha quietude despertou as suspeitas de mamãe: 
“Moyshe,” ela exclamou de repente, “pare um minuto. Temos que ver o que se passa com a criança. De certa forma, ela está deitada muito quieta!” 
Eles abaixaram a banheirinha ao solo. Curvaram-se sobre mim, tocaram minha testa para verem se eu tinha febre, e verificaram se minhas fraldas estavam molhadas. 
Recolocaram a horrível chupeta na minha boca e fomos em frente. 
Eu ainda não estava chorando. Estava me comportando bem e continuando a olhar para as vigas de ferro nas quais se apoiava o telhado e para os pratos esmaltados com as lâmpadas elétricas, embora só mesmo Deus saiba como eles me entediavam. Mas eu não tinha nenhuma escolha, porque é tudo o que se pode ver quando se está deitado de costas e olhando para cima. Eu teria podido me rebelar, exigindo que mamãe e papai me pegassem no colo, mas preferi deixá-los conseguir algo que consideravam muito importante. 
Não demorou muito para que mamãe começasse a se preocupar novamente comigo: 
Moyshe, dê uma olhada na criança. Ela parece que não está respirando!” 
Papai, sem grande entusiamo, curvou-se sobre mim e auscultou minha respiração. Tentou recolocar a horrível chupeta na minha boca, mas quando resisti e energicamente virei minha cabeça, ele desistiu. Em troca, dei-lhe um sorriso tão radiante que ele se derreteu todo de alegria. 
Ao redor de nós a colmeia humana ainda estava pululando e zumbindo. Pessoas de diversas aparências, vários temperamentos, usando todos os tipos de roupas e falando todos os tipos de idiomas. Mas todos eles eram judeus. 
O ar estava nauseabundo pelo suor e cheiro irritante de DDT. Estava cheio de vapor, pegajoso e abafado. 
As janelas eram gradeadas e os vidros estavam cobertos de poeira. Apenas as portas de correr estavam escancaradas, mas isso não era suficiente. O ar parado teimosamente se recusava a ir embora. Várias enfermeiras com jalecos brancos e toucas brancas abriram caminho entre a multidão exausta e distribuíam laranjas e cigarros. 
Finalmente, às compridas mesas estavam sentados funcionários, afastando moscas e enxugando seu suor e preenchendo os cabeçalhos dos questionários. Eles indagavam e tornavam a indagar. Escreviam e tornavam a escrever. As pessoas estavam ficando impacientes e enervadas. Tanto os funcionários quanto os imigrantes já queriam estar do outro lado do hall, de modo que as vans pudessem levá-los aos acampamentos. 
 
B


Na saída do hall, um parente distante de papai estava esperando por nós. Ele era rico. Tinha um grande pomar, e no pomar uma casa. O parente sugeriu-nos morar na casa no pomar por enquanto, e também trabalhar ali, acrescentando que os acampamentos com as fileiras de barracas nos aceitariam a qualquer tempo. Papai hesitou. Trocou ideias com mamãe. Mamãe decidiu que papai deveria ser o único a decidir, e meu pai decidiu iríamos para o pomar. Papai ofendeu-se que o parente não nos tivesse convidado primeiro para sua casa, para ficar com ele alguns dias, descansar nossos ossos, conhecer sua família e ter tempo de contar-lhe e a seus familiares nossas experiências na guerra, como tínhamos sido salvos. Em vez de convidar-nos para sua casa, como esperávamos, levou-nos em seu carro diretamente ao pomar. Na verdade nos forneceu um fogareiro a querosene para cozinhar, uma geladeira, utensílios de cozinha, peças de mobília usada e alimentos suficientes para os primeiros dias. 
A casa era velha, com paredes grossas, um teto alto e janelas elevadas. Seu exterior foi pintado de azul; o interior era branco. Um frio do outro mundo soprava de todos os lados. Até mesmo os curiosos raios solares que infiltravam através das janelas abertas para verem e ficarem familiarizados com os novos moradores partiam rapidamente, de modo a não perderem nada de seu calor abençoado. 
O pomar circundante combinava com a casa, e o quartinho com a bomba d’água mecânica era feito sob medida. O motor preto devido à fuligem e sujeira, com muito esforço e um chiado asmático, puxava para cima a água do poço a uma bacia pintada de branco. Da bacia, a água gradualmente fluía para valas compridas de concreto. As valas garantiam que a água chegasse a cada árvore. 
O zumbido ensurdecedor do motor parecia o som de um velho coração exaurido que pararia a qualquer momento. E ele realmente parou, mas maravilha das maravilhas depois de certo intervalo reviveu e continuou a fazer o que era esperado dele puxar água do fundo do poço.
 
 
Mamãe sentia-se muito solitária aqui, e até infeliz, embora centenas de faces de laranja rosada redonda sorrissem amigavelmente para ela dentre suculentas folhas verdes. E todas as árvores em todo o pomar enviavam-lhe, tanto de noite quanto de manhã, mancheias de botões rosa claro suaves, aromáticos, encantadores. 
Eu, sua filha de um ano de idade, que estou lutando (até agora, sem sucesso) para finalmente erguer-me sobre meus dois rechonchudos pezinhos e começar a andar sem segurar numa cadeira ou no vestido de mamãe, tornei-me sua confidente. Era mais fácil para ela falar comigo do que com papai. De fato, ela é que falava. Eu só ouvia. 
Papai sempre a acusava de estar dizendo coisas pecaminosas, que devia ter vergonha de dizer que era melhor nos campos de pessoas deslocadas ² do que aqui em nosso próprio país. Ela não queria entrar em discussão com ele. Em vez disso, ela continuava a conversa mais tarde comigo: 
É fácil falar. Ele levanta de manhã e vai para o pomar. Mistura-se com os outros operários. Vê pessoas. Fala com tratoristas, com motoristas que trazem as caixas para carregar com frutas. Leva ferramentas de um lugar para outro. E eu tenho que cozinhar, lavar e limpar, mas fazer tudo sozinha. Sem ver ninguém durante dias por vez.” 
Parece que ela não me levou em consideração quando disse “sem ver ninguém”. Eu não me ofendi. 
Os piores tempos para mamãe eram as noites. À noite, em casa, ardiam e iluminavam duas grandes lamparinas de querosene. As lamparinas não eram capazes de dissipar todas as sombras que se arrastavam de um canto a outro, rangiam seus dentes, sussurravam segredos uma para a outra, beliscavam uma a outra, faziam cócegas uma na outra, brincavam e riam afonicamente na casa imensa demais com tetos altos demais. 
Fora, não era melhor. As árvores estavam desanimadas e paradas. A escuridão as oprimia de todos os lados. As folhas e os pássaros foram atingidos por uma cegueira. Eles também estavam com medo de moverem-se. A escuridão não arredava pé do lugar, aparentemente como se fosse ficar para sempre. Era difícil acreditar que os primeiros raios de sol conseguiriam penetrar em sua densa textura. 
Havia também noites diferentes, noites com lua cheia, com brisas delicadas que mantinham casos de amor com a copa das árvores. Minha mãe simplesmente não via tais noites. 
À noite, mamãe me mantinha a seu lado. Ela me abraçava mais do que eu a ela. Papai apagaria as duas lamparinas de querosene com um longo sopro e seria o último a ir para a cama. O último a ir para a cama, mas o primeiro a adormecer. A adormecer e começar a roncar tanto que sacudia a casa. Mamãe o cutucaria. Ele daria um suspiro, murmuraria algo incompreensível e pararia de roncar, somente quando a bomba d’água na casinha do pomar parasse sua tensa tagarelice e somente quando a bomba voltasse à sua estridência, do mesmo modo papai voltaria a roncar. Depois de um momento, mamãe parava de cutucar meu pai. Ela o deixava roncar. Provavelmente tinha se acostumado ao ronco dele. Provavelmente tinha se acostumado ao barulho da bomba d’água também, porque não mais se queixava para mim de que a batida maçante a deixaria louca. Mas o uivo dos chacais a fazia tremer de novo a cada vez. Parecia-lhe ouvir, através desse uivo, um apelo, uma súplica e um queixume de crianças que tinham sido arrancadas dos braços de suas mães. Junto com elas minha mãe chorava. 
Seu soluçar arrancou-me do meu sono. Ela me pressionou a cabeça contra seu peito e ensopou todo o meu rosto com suas lágrimas. Finalmente ela acordou papai. Ele tateou com sua mão por um longo tempo até encontrar os fósforos e acender uma das lamparinas. Ele sentou-se próximo a mamãe e tentou abraçá-la e acalmá-la, como se não houvesse uma criancinha carente aqui senão ela, mamãe: 
Bobinha,” disse-lhe com uma voz mansa, “aqui não mais se arrancam crianças dos braços de suas mães. Nós não mais vivemos entre gentios. É verdade que o uivo dos chacais podem ser assustadores, mas não são perigosos. Eles se alimentam de carniça e evitam humanos.” 
Mamãe o ouvia sem ouvir. Ela parou de chorar alto, mas suas lágrimas ainda escorriam ela não mais queria ficar aqui e bastava. Queria viver entre pessoas. Seja num acampamento, seja numa cabana, seja numa casa de lata. Estava disposta até a carregar baldes d’água dos tanques. Ela não podia tolerar mais. E papai respondeu-lhe: 
Veja, você é um ser racional. Nossa estada aqui é temporária. Eles já estão construindo novos assentamentos para imigrantes. É preciso ter paciência. Nós também vamos conseguir um lugar para viver”. 
 
D
 
Longe de casa, longe da casinha com a bomba d’água, longe do pomar, a meio caminho da montanha sem vegetação, em cujo declive estavam preparando para erguer um assentamento para os recém-chegados imigrantes, estava o que antigamente tinha sido uma aldeia árabe. Os habitantes da aldeia bandidos e ladrões das posses judaicas tinham fugido através da fronteira durante a Guerra da Independência e a aldeia tinha sido destruída. 
Aos sábados costumávamos passear lá com papai. Aqui e ali era possível ver alguns degraus, um pedaço de parede, um batente metálico de uma porta de ferro, um jarro quebrado, um narguilé jogado, um balde cheio de buracos, uma sandália apodrecida. As árvores de damasco ainda estavam ali, as figueiras, as cercas vivas de arbustos de sabras ³ duros e espinhosos, e as elevadas árvores de acácia. Não faltavam arbustos com vagens marrons, enrugadas e enroladas. Ao mais leve toque, as vagens se abririam com um estouro inesperado, expelindo sementes brilhantes, multicoloridas. Era possível alinhar as sementes num cordão, pois pareciam verdadeiras contas de um colar. Era possível também usá-las para diferentes decorações. 
Papai queria colhê-las, exatamente como pegava figos. Eu gostava muito delas, mas mamãe não queria ter nada a ver com elas. Algo a impedia de apreciar aquela fruta. Ela sabia que as árvores não pertenciam mais a ninguém, e que, se ninguém prestasse atenção nelas, tomasse cuidado delas e as cultivasse, as árvores enrugariam com o tempo e murchariam. E isso realmente é o que acontecia no curso de três anos em que vivemos no pomar, as árvores apodreceram e não mais produziram fruta. 
Bem, eu quase me esqueci de acrescentar que, durante os três anos, outra criatura foi adicionada a nossa família, um menininho que contorcia, vivo, com covinhas no rosto e lábios sorridentes. Ele sorria até dormindo. Consequentemente eu me tornei a “grande”. Mamãe dizia que uma menina de quatro anos devia brincar menos e tomar mais cuidado de seu irmãozinho. 
 
E
 
Finalmente recebemos uma moradia num assentamento que estava realmente situado naquela montanha devastada. Também desta vez, quando nos mudamos para o novo local, nosso parente distante ajudou-nos com seu carro. Em minutos, nossa casa foi esvaziada. Em minutos, tudo estava no carro. 
Desta vez meu irmão estava deitado na banheirinha, e eu, a “irmã grande”, estava livre para apreciar os campos, onde aspergidores d’água zumbiam enfileirados distribuindo sua água equitativamente à terra, ao gado que pastava, aos ônibus que passavam e a tudo mais que fosse levado diante de nossos olhos.
Uma estrada estreita, recém-pavimentada, se estendia para cima como como uma veia preta sobre o corpo pedregoso amarelo-cinzento da montanha. Em ambos os lados da estrada, no meio de arbustos secos de espinhos, brotaram algumas dezenas de casas brancas, como se alguém as tivesse semeado sobre a montanha alta e erma e ordenado a elas: “Cresçam!” As novas construções ainda exalavam o cheiro da cal e da tinta fresca. As pessoas que já estavam morando em algumas delas também eram imigrantes, trazidas de seus acampamentos provisórios. As fileiras de casas não diferenciavam umas das outras. Até as cores das janelas e portas eram as mesmas. Sem uma árvore, sem um pouco de vegetação, o assentamento era uma mancha clara sobre a roupagem cinza da montanha.
Estávamos agora em nossos novos alojamentos. Mamãe se mantinha mudando de lugar a pouca pobreza que tínhamos trazido conosco. Ela vagava pelos dois quartinhos com um trapo e não parava de limpar constantemente e, fora do alcance do ouvido de papai, ela exclamava que agora, pela primeira vez, sentia que tínhamos chegado em Israel. Queria apagar de sua memória os três anos no pomar. Parecia ter esquecido que antes já havia me contado uma vez, pois, alguns dias mais tarde, repetia-o novamente quando papai estava fora trabalhando no pomar. Papai não era mais um simples operário. Nosso parente distante tinha-lhe confiado a administração do pomar, certificando-se de que o trabalho temporário tinha sido devidamente executado. Apesar de, tanto mamãe quanto papai, terem me convencido (e eu já acreditava neles) de que eu era uma “menina grande”, eles me enviaram ao jardim de infância recentemente aberto. Nos primeiros poucos dias, fiquei um pouco distante das crianças de quatro-e-cinco anos. Não ficava bem fazer amizade com tais garotinhos. Seu canto, seu giro em círculos, seu cair e levantar, seu grito e risada, batendo suas mãos ao ritmo do tamborzinho da professora me pareceram muito cômicos. Não percebia como a brincadeira despreocupada penetrou em mim, dominando. Gradualmente, a diferença entre “eu” e “eles” se apagou. Minha professora, Ahuvah, gabou-se de mim para mamãe: quão independente eu era, inteligente e disposta a ajudar todos. 
Aqui está uma história muito curiosa que minha professora contou à mamãe: 
Devo lhe dizer que, de acordo com os registros de imigração, as crianças se adaptam à nova realidade mais rápido do que os adultos. Por exemplo, aqui no jardim de infância temos uma menina de quatro anos de idade. Ela chegou aqui há pouco tempo da Romênia com seus pais, e já conversa com todos em hebraico. Por outro lado, os pais da menina ainda estão desnorteados com a mudança brusca em sua vida. Eles estão confusos, e não conseguem entender o que significa “em casa”. Uma hora, significa de volta à velha casa na Romênia e outra hora, significa aqui em Israel. Eles estão confusos, mas não sua filha. Ela sabe como dividir seu mundo: conversa em romeno com sua boneca, cujo nome é Katerina e com a qual ela brincava lá na Romênia, e conversa em hebraico com seu urso peludo, cujo nome é Dubi, que ela ganhou aqui. Com seus pais ela conversa em romeno, e com as crianças na rua ou no jardim de infância e com as pessoas em geral conversa em hebraico, mesmo quando as pessoas não entendem a língua muito bem ou quando não sabem nada absolutamente de hebraico.”  
Recentemente, papai disse à mamãe com bom humor: 
Você sabe, meu tesouro (também me trata às vezes com “meu tesouro” - uma vez por todas ele deveria decidir qual de nós duas é seu “tesouro”), “quando eu estava passeando e admirando na montanha, as novas casas me pareceram um bando de cegonhas brancas que tinham pousado para descansar um pouco. Agora, quando observo as casas de perto, elas não parecem absolutamente pássaros que estão prestes a levantarem vôo. Com todo peso de seus corpos de concreto, elas estão presas às montanhas.” 
Mamãe, com um sorriso maroto, deixou-o falar e trouxe-lhe um bule de chá à mesa. 
Eu não diria que realmente tenha compreendido o que papai quis dizer, quando falou sobre casas que pareciam pássaros e pássaros que pareciam casas. Mas uma coisa eu sabia: mamãe não choraria mais de noite, nem me pressionaria a cabeça contra seu peito, nem ensoparia minha face com suas lágrimas. Não se ouvem nem se ouvirão mais os uivos de chacais na noite e o ritmo monótono do motor que puxava água das profundezas com suas últimas forças. 
 

Página do jornal "A Tribuna Iídiche"


 

I.  NOTAS EXPLICATIVAS por Francisco José dos Santos Braga 

 

¹   [BUNSE, Heinrich A.W., 1983, 23] esclarece que 
“o iídiche não é uma corruptela do alemão dos séculos XIII e XIV. É uma língua muito afim ao alemão e pertence às línguas germânicas. Segundo Beranek, ‘o iídiche é a língua de que os ashkenazim não assimilados se serviam na vida diária, no seio da família e da comunidade judaica’. É uma língua escrita, porém com caracteres hebraicos, correndo a escrita da direita para a esquerda. Divergindo da escrita do hebraico, são expressas todas as vogais, em parte com símbolos consonantes. Sua estrutura frasal é alemã; alemães são 70% a 75% de seu vocabulário. O resto são palavras hebraico-aramaicas, oriundas da Cabala, do Talmude e de outras fontes, além de elementos românicos de origem discutida, franceses e italianos. De grande importância são os elementos eslavos. O componente eslavo já encontrou a língua formada e sua contribuição mostra-se em vocábulos referentes a coisas concretas e às condições especiais da vida diária nas schtetle * da Polônia e da Rússia, em decalques de modelos eslavos e em aspectos estilísticos; em menor grau, na morfologia. (...)” 
* N.T.  Schtetle significa em português "aldeias".
 
O site Posfácio, em artigos do jornalista que se autonomeia Luci R.M., traz uma série de matérias dedicadas ao Judaísmo. Em “Esquizofrenia Progressiva-Uma literatura póstuma”, o jornalista Luci R. M. refere-se ao iídiche nos seguintes termos: 
“Hoje em dia quando se fala em idioma judeu, a maioria das pessoas automaticamente pensa em hebraico. É, afinal, o idioma de Israel e o idioma da liturgia judaica. Muitas pessoas esquecem e outras tantas ignoram o fato de que o hebraico falado hoje na palestina judaica é uma reconstrução sionista, surgindo no final do século XIX que, fora da liturgia, não era falado desde a Idade Média, persistindo basicamente em sua forma escrita. 
Existem, é claro, muitos outros idiomas judeus: iídiche, cnaanico, yevânico, judeu-georgiano, judeu-árabe e outros tantos. Muitos deles extintos. Mas, até o começo do século XX, pelo menos o ladino e o iídiche eram línguas vivas até mais do que o hebraico moderno. Tanto que o Nobel de Literatura premiou um escritor iídiche: Isaac Bashevis Singer. 
Hoje em dia, porém, essas línguas tiveram seu número de falantes bastante reduzido. Confluem aí a Shoah * e os expurgos stalinistas, que dizimaram as populações falantes de iídiche e de ladino da Europa Oriental (apesar de o ladino ser o idioma ‘judeu-espanhol’, muitos sefarditas emigraram para os territórios da ex-Iugoslávia, República Tcheca e Lituânia ao serem expulsos da Península Ibérica no século XV e XVI); e deve-se ainda contar a força do sionismo, que impôs o hebraico reconstruído como língua franca para os judeus na Palestina e fora dela. 
O iídiche encontra-se em posição mais ou menos segura: existe um Óblast Autônomo Judaico * em que o iídiche é uma das línguas oficiais, e existem esforços de preservação do idioma que parecem funcionar bem. Em Vilnus, capital da Lituânia, existe até mesmo um Instituto de Estudos Iídiches ligado à faculdade de história da Universidade de Vilnus. (…)” 
* N.T.  Shoah significa "holocausto" em português e óblast em russo, é uma espécie de "província" em português.

 
Não só no Extremo Leste Russo, com sua capital Birobidzhan, tem o iídiche como sua língua oficial, nem também só em Vilnus foi criado um Instituto para revivescência do iídiche. Outras iniciativas importantes no mundo para dar realce aos estudos, pesquisas e difusão do iídiche como língua viva são ainda dignas de nota, a saber: 
Na Cracóvia, por exemplo, tem havido uma revivescência da cultura iídiche através de concertos e eventos patrocinados pelo Galicia Jewish Museum, o qual oferece turmas no aprendizado do iídiche e oficinas de canções iídiches. 
Há várias Universidades pelo mundo que agora oferecem programas iídiches baseados no padrão iídiche do YIVO (Yidisher Visnshaftlekher Institut), fundada em Wilno na Segunda República Polaca como uma organização que preserva, estuda e ensina a história cultural da vida do judeu pela Europa Oriental, Alemanha e Rússia, bem como a ortografia, lexicografia e outros estudos relacionados com o iídiche. O nome da organização foi mudado para Institute for Jewish Research após sua relocação para Nova Iorque, porém é ainda conhecido principalmente por YIVO. 
O YIVO é agora parceiro do “Center for Jewish History” e serve como regulador de facto da língua iídiche.  
 
Uma seção da Torah circa 900 d.C. - Logotipo do Departamento de Línguas Germânicas da Universidade de Colúmbia, New York

 
 
No já citado Posfácio, em “Literatura Judaica II-A literatura iídiche”, o jornalista Luci R. M. continua: 
“O iídiche é um idioma germânico que utiliza o alfabeto hebraico. Não é a língua de nenhum país, mas o idioma falado pelos judeus Ashkenazis de diversos países - notadamente os da Europa Oriental e Central (de onde são originários) e, mais recentemente, nos descendentes desses judeus que vieram para as Américas e que foram para Israel. Constitui-se, basicamente, de elementos hebraicos, alemães e eslavos. Divide-se, basicamente, em três dialetos, central (polaco) setentrional (lituano) e meridional (ucraniano). O iídiche normativo utiliza a pronúncia setentrional e a gramatica meridional, com algumas influências do idioma alemão (muitos estudiosos consideram o idioma uma corruptela do alemão). (…) 
Modernamente a literatura em língua iídiche começou em 1864, quando Mendele Mocher Sforim publicou sua obra ‘Dos Kleyne Mentschele’ (A Pessoa Pequena). Sua obra é essencialmente de crítica à comunidade judaica da época, atacando a corrupção dos judeus pelas autoridades russas e polonesas e, ao mesmo tempo, atacando tradições que considerava obsoletas - como, por exemplo, casamentos arranjados. 
A influência de Mendele é notável por dois pontos: ele começou a escrever em iídiche quando todos os outros escritores judeus optavam pelo hebraico (que começava a ser difundido, mas ainda estava longe de voltar a ser uma ‘língua-mãe’) ou por línguas gentias (que nem todos os judeus entendiam - e que não podiam expressar de forma adequada certas particularidades de suas vidas); mesmo usando o iídiche, que até o momento tinha uma tradição literária um tanto quanto arcaica, ele passou a utilizar elementos retóricos e linguísticos tipicamente modernos, que permitiram um surgimento de aspirações literárias e até mesmo sociais nas comunidades Ashkenazis da época. 
A Sforim seguiu-se o surgimento de escritores como Sholem Aleikhem e I. L. Péretz. Alekhem escrevia sobre as catástrofes sofridas pelos judeus no século XIX e começo do século XX, sempre de suas perspectivas de ‘risos através das lágrimas’. Péretz era politicamente mais radical, sendo mais cáustico e intimista do que Sforim e Alekhem, sendo considerado o primeiro escritor verdadeiramente moderno da literatura iídiche. Juntos, os três são denominados como “di klasiker’, os clássicos, sendo considerados os escritores essenciais da literatura desse idioma. 
No início do século XX começaram a surgir grupos de escritores mais experimentais. O primeiro desses grupos foi o dos “Poetas das Fábricas”, em Nova Iorque. Eram poetas que, vivendo como imigrantes nos EUA, viviam como operários, trabalhando nas fábricas em condições que estavam longe das ideais. Morris Rosenfeld, Morris Winchevsky, David Edelstadt e Joseph Bovshover foram seus principais expoentes. 
Em Varsóvia também não tardaram a surgir alguns grupos semelhantes. Orbitando ao redor de I. L. Péretz, alguns escritores como Sholem Asch, David Pinski, Ansky e I. M. Weissenberg. Outro grupo surgido em Varsóvia foi o ‘Di Khalyastre’ (A Gangue), que contava entre seus membros com Israel Singer (irmão de Isaac Bashevis Singer). Junto com o movimento norte-americano ‘Di Yunge’, os ‘Di Khalyastre’ romperam com toda a literatura iídiche anterior, ao escreverem sobre temas que em nada se reportavam ao Judaísmo - pela primeira vez existia uma literatura iídiche totalmente secular. 
Outros movimentos importantes que surgiram em seguida foram o “Yunge Vilne’ (Juventude de Vilna), centrado em Vilna e que teve Avraham Sutzkevner como um de seus principais expoentes, e o ‘Di Linke’ (A Esquerda), um movimento literário associado com a extrema esquerda. 
Enquanto isso na URSS a literatura iídiche sofria com a perseguição do regime de Stálin. Porém ainda surgiram alguns escritores de importância como David Bergelson, Der Nister, Peretz Markish e Moyshe Kulbak. 
Posteriormente, e sem associarem-se a nenhuma espécie de grupo, surgiram outros escritores, entre os quais (e em toda a literatura iídiche, na verdade) destaca-se Isaac Bashevis Singer, laureado com o prêmio Nobel justamente por seus escritos nesse idioma - apesar de também ter escrito em inglês. (…)” 
Link: https://www.posfacio.com.br/2010/10/01/literatura-judaica-ii-a-literatura-idiche/
 
A Wikipedia, no verbete “Yiddish”, informa que 
“antes do Holocausto, havia 11-13 milhões de falantes do iídiche entre 17 milhões de judeus por todo o mundo. 85% dos aproximadamente 6 milhões de judeus que morreram no Holocausto era falantes de iídiche, levando a um declínio massivo no uso do idioma. A assimilação subsequente à II Guerra Mundial e aliyah (imigração para Israel) diminuiu ainda mais o uso do iídiche entre os sobreviventes e falantes do iídiche provenientes de outros países (como nas Américas). Contudo, o número de falantes desse idioma está crescendo em comunidades hassídicas.”
Publicidade de Iídiche hassídico contemporâneo no University College London

Notáveis escritores em iídiche na virada do século XIX para o XX são: Mendele Moykher-Sforim, Sholem Aleikhem e Isaac Leib Péretz. Sobre o status do iídiche como idioma, a Wikipedia observa: 

“Tem havido debate frequente sobre a extensão da independência linguística do iídiche das línguas que ele absorveu. Tem havido protesto periódico interpretando que o iídiche seja um dialeto do alemão.” 
Em contraste com esse argumento veio com a concessão do Prêmio Nobel em Literatura em 1966 a Shmuel Yosef Agnon, partilhado com Nelly Sachs. Em 1976 foi laureado com o Prêmio Nobel em Literatura o autor canadense-americano Saul Bellow, o qual era fluente em iídiche, e traduziu vários poemas e contos para o inglês. Dois anos depois, em 1978, Isaac Bashevis Singer, escritor em iídiche, nascido na Polônia e morador nos Estados Unidos, foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura pelas suas obras escritas em iídiche.  
Atualmente existe em Israel, um teatro iídiche muito florescente, o Yiddish-Spiel. 
 
 
"Violinista no Telhado" em iídiche

 
 
²   Após a guerra, os Aliados ocidentais estabeleceram campos de pessoas deslocadas nas zonas da Alemanha, Áustria e Itália ocupadas pelos Aliados. Os primeiros habitantes desses campos foram sobreviventes de campos de concentração que foram libertos pelos Aliados em solo alemão. As condições nesses campos, especialmente no início, eram muito difíceis. Muitos dos campos eram antigos campos de concentração e campos do exército alemão. Os sobreviventes ainda viviam atrás de arame farpado, sobrevivendo com quantidades inadequadas de alimentos e sofrendo com a escassez de roupas, remédios e suprimentos. (…) 
 
³   O sabra (em hebraico צבר, pronuncia - se tsabar), também conhecido por figo-da-Índia, é uma fruta suculenta que cresce nos cactus dos territórios de Israel e da Palestina, bem como em outras regiões semi-áridas do mundo. É dura e espinhosa em seu exterior; por dentro, contudo, é macia, e tem sabor bem doce. Na linguagem e no imaginário popular de Israel, seu nome é dado aos judeus nascidos, antes de 1948, no território da Palestina sob mandato britânico, bem como os seus descendentes, os quais geraram uma cultura, um modo de vida e uma maneira de se relacionar com o mundo diferente daquela dos judeus vindos da Diáspora. Estes, ao se adaptarem à sociedade local, tendem a aspirar ser reconhecidos como sabras, com o passar dos anos. Segundo cita o Escritório Central de Estatísticas de Israel, quase 75% dos judeus do país, ou cerca de 6,2 milhões de pessoas, já eram sabras, em 2015. Eles eram apenas 35% em 1948, quando a nação conquistou a Independência.  
 
 

II. BIBLIOGRAFIA



BRAGA, Francisco J. S.: Cada dia do meu amor por ti (traduzido do hebraico), in Blog do Braga, publicado em 24/08/2019 
–––––––––––––––––––––Danças e Canções Israelitas Selecionadas, ibidem, publicado em 09/10/2019 
–––––––––––––––––––––A Mãe Judia: da canção gravada por Sophie Tucker a Philip Roth, idem, publicado em 23/01/2020 
–––––––––––––––––––––Hanukkah ou Festival das Luzes, idem, publicado em 03/03/2020
–––––––––––––––––––––Promessa ao Amanhecer: o livro e o filme, idem, publicado em 17/12/2020 
–––––––––––––––––––––Tecido antigo encontrado em Israel, datado da época do Rei Davi e tingido com púrpura tíria mencionada na Bíblia, idem, publicado em 01/02/2021 
 
BUNSE, Heinrich A. W.: O iídiche: a língua familiar dos judeus da Europa Oriental e sua literatura, Porto Alegre: Editora da Universidade-UFRGS, 1983, 71 p. 
 
GUINSBURG, J.: Aventuras de uma língua errante: ensaios de literatura e teatro ídiche, São Paulo: Editora Perspectiva S.A., 507 p. 
 
LUCI, M. R.: in site Posfácio: Literatura Judaica II-A literatura iídiche, postado em 01/10/2010 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––Esquizofrenia Progressiva-Uma literatura póstuma, postado em 24/02/2012 
 
ROSTEN, Leo: The Joys of Yiddish, McGraw-Hill Book Company: New York, 533 p. 
 
WIKIPEDIA: inúmeras informações históricas acerca do idioma iídiche, todas referenciadas.

14 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Tenho o prazer de enviar-lhe minha tradução do inglês para um conto de TSEVI AYZNMAN (1920-2015), originalmente escrito em iídiche e traduzido para o inglês por Barnett Zumoff e lançado em 2001 nos Estados Unidos.
Sobre o escritor em idioma iídiche gostaria de informar  que nasceu em Varsóvia, em 1920. Durante a II Guerra Mundial, permaneceu na Rússia. Retornou à Polônia em 1946. Em 1947 foi da Itália, como imigrante ilegal, para a Palestina e enviado a Chipre, retornando em 1949. Radicou-se no Kibutz Iagor e em seguida no Alonim. Escreveu poesia e prosa. Publicou os seguintes livros em iídiche, entre outros: O trem (1956), O caminho, Destinos, Entre fronteiras, Na terra do esquecimento, Páginas de um caderno carbonizado: Os Fabulosos Contos (2001), do qual extraí o conto “Mamãe não vai mais chorar”, em tradução de Barnett Zumoff para o inglês; No limite da terra dos sonhos (publicado em iídiche em 2001; em inglês em 2008 como At the edge of dreamland, em tradução de Barnett Zumoff).
Além da minha tradução para o português, escrevi as Notas Explicativas onde fiz um breve apanhado sobre o iídiche e expliquei alguns termos utilizados que poderiam dificultar a compreensão do texto.
Boa leitura!

https://bragamusician.blogspot.com/2021/02/mamae-nao-vai-mais-chorar.html

Cordial abraço,
Francisco Braga

Edu Oliveira (ex-seminarista salesiano, organizador e facilitador de encontros) disse...

Francisco

Você me impressiona, amigo.
Parabéns pelos belíssimos trabalhos.

Forte abraço.

Com Dom Bosco sempre

edu

Paulo José de Oliveira (presidente da Academia Formiguense de Letras e do Clube Literário Marconi Montoli) disse...

Nobre confrade Braga, publiquei esse seu artigo em nosso grupo no zap da AFL. Me envie o número do seu zap, para te adicionar lá tb. Obrigado!

Parabéns pela socialização!

Att.,


(Paulo José - Pajo)
Amrit Prabhu
Paulo José de Oliveira

Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, ex-presidente do TRE/MG, escritor e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Muito bom!
Se fosse o Rodrigo Maia, Nhonhô, seria: mamãe, não VOU mais chorar...
Abs.

Rogério

Prof. Dr. José Maurício (professor universitário emérito de Filosofia, coordenador de colóquios de Filosofia, escritor e membro da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Obrigado Francisco. A cultura judaica é apaixonante. Mauricio

Heitor Garcia de Carvalho (graduado em Pedagogia pela Faculdade Dom Bosco (1968), mestre em Educação UFMG (1982), Ph.D em Educational Technology - Concordia University (1987 Montreal, Canada); MBA Gestão Tecnologia da Informação, Fundação Getúlio Vargas (2004); pós-doutorado em Políticas de Ensino Superior na Faculdade de Psciologia e Ciências da Informação na Universidade do Porto, Portugal (2008); professor associado do CEFET-MG) disse...

Lindo o pequeno conto com uma "prosa" em português muito bonita.
Também preciosas as informações históricas e sobre o iídiche!
obrigado!
Heitor

Dr. José Afrânio Vilela (desembargador, palestrante no Judiciário brasileiro, confrade e colaborador do Programa "IHG-SJDR Virtual" do Instituto Histórico e Geográfico de SJDR) disse...

Maravilhoso o texto, enriquecido por sua tradução, que enobreceu detalhes, apenas detectáveis por quem tem conhecimento da língua inglesa (seu caso) e, muito mais, sensibilidade! Vou mandar para meu amigo, dr. Paulo Pimenta, para repassar a um terceiro amigo. Posso?

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga,
Excelente conto - ambientado num momento particularmente representativo da trajetória das famílias refugiadas chegadas no "Exodus 1947" - e que vem se juntar a outras publicações interessantes suas a respeito do mesmo tema.
Congratulações
Cupertino

Prof. Fernando de Oliveira Teixeira (professor universitário, escritor, poeta e membro da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Grato pelo envio. Saudações para você e esposa. Fernando Teixeira

Dr. Mário Pellegrini Cupello (escritor, pesquisador, presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, e sócio correspondente do IHG e Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Caro amigo Braga

Lemos com muito interesse a sua tradução do conto de Tsevi Ayznman, que nos prendeu a atenção desde o início da narrativa. Muito bom!

Agradecemos pelo envio.

Receba o abraço fraterno,
dos amigos Mario e Beth.

Anderson Braga Horta (poeta, escritor, ex-presidente da ANE-Associação Nacional de Escritores e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal) disse...

Lido e apreciado.

Obrigado, Francisco.

Abraço de

Anderson

Pe. Sílvio Firmo do Nascimento (professor, escritor e editor da Revista Saberes Interdisciplinares da UNIPTAN e membro da Academia de Letras de SJDR) disse...

Caro Confrade Francisco Braga
Graça e paz!
Gratidão pela remessa da mensagem.
Abç.
Pe. Sílvio

Benjamin Batista (fundador de diversas Academias de Letras na Bahia, presidente da Academia de Cultura da Bahia, showman e barítono de sucesso) disse...

Muito interessante

Abrs

Sílvia R. do Prado Mendes Buttros (genealogista associada do Colégio Brasileiro de Genealogia) disse...

Excelente!
Parabéns pela tradução e notas explicativas!
Abaços
Sílvia