Por Francisco José dos Santos Braga
Quando nasceste, ao teu redor todos riam, só tu choravas. Faze por viver de tal modo que, à hora de tua morte, todos chorem, só tu rias. Confúcio.
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Roque César dos Santos Braga (✰ São João del-Rei, 7/12/1947 ✞ Petrópolis, 17/03/2025) - Crédito: filha Natascha Constant de Almeida dos Santos Braga |
ROQUE CÉSAR DOS SANTOS BRAGA, meu querido irmão, nasceu em 7 de dezembro de 1947, numa casa alugada na rua Coronel Tamarindo em São João del-Rei, antecedendo em 12 meses minha chegada a este mundo.
No ano de 1948, nosso pai Roque da Fonseca Braga construiu sua casa nos fundos da casa de nosso avô, José da Silva Braga, com o consentimento de seus irmãos — meus tios — para acomodar melhor sua prole. Sei que na casa alugada havia escorpiões com grave perigo principalmente para crianças.
Roque César com 1 ano de idade (Arquivo pessoal) |
De acordo com minha mãe, Celina dos Santos Braga, ele foi uma criança muito alegre, nos seus tempos de cueiro, e espirituosa à medida que crescia. Vou exemplificar com algo ocorrido com ele em tenra idade:
Minha saudosa tia Terezinha veio visitá-lo e procurando conversar com o alegre sobrinho, indagou-lhe à queima-roupa:
"Roque César, você quer que a titia venha morar com você?"
O garotinho não se fez de rogado e determinado saiu-se com essa:
"Ih, tia, não vem não: aqui é muita "tonfusão"..."
Nossa saudosa mãe Celina gostava de contar essa peripécia do seu "pilouro" ¹ com muito orgulho diante de sua precoce sagacidade.
Assim se seguiram os primeiros anos, com suas tiradas engraçadas.
Roque César aos 2 anos e 3 meses (foto de 16/02/1950, dia em que completei um ano de idade) - Arquivo pessoal |
Em tenra idade, mais exatamente aos quatro anos, já sabia ler, com alguma ajuda de nossa mãe normalista que se encantava diante da sua criança-prodígio ².
Ele demandava muita atenção para si, indagando sobre todas as novidades, e já fazendo algumas incursões nas ciências exatas.
Da esq. p/ dir.: eu, nosso cão e Roque na horta de meu avô (Arquivo pessoal) |
Por morarmos nos fundos da horta de meus avós paternos, sempre tivemos a sua colaboração na nossa educação e desenvolvimento, pois meu pai lhes concedia livre trânsito na sua nova casa. Meu avô iniciava seu dia saindo de madrugada em busca de pão quentinho para nossa refeição matinal, coava o café para os netos e se retirava para sua casa; à tarde, ele nos levava à escola durante o ensino fundamental; e à noite costumava nos fazer dormir contando causos da sua antiga fazenda Lagoa Verde, de João e Maria, de sua caçada à onça, etc.
Em nossa casa e principalmente nos primeiros dez anos de casamento de nossos pais, havia muito rigor visando preservar a integridade física e moral dos filhos. Devido a esse princípio, nós crianças não estávamos autorizados a frequentar sozinhos as casas de vizinhos. Para compensar essa proibição, nós crianças desenvolvemos uns brinquedos em que usávamos nossa criatividade e os recursos de que dispúnhamos na horta de nosso avô — que interpretávamos como um verdadeiro parque —, por ser bem extensa e com muitas árvores frutíferas à nossa disposição, as quais eram um convite para galgarmos e serviam para fixação de gangorras.
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Em pé: Celina Maria, Roque César e prima de Pará de Minas; no seu colo está Fernando - Crédito pela foto: primo Antônio Oliveira |
Um desses brinquedos favoritos era o de índio, em que nos imaginávamos morando numa toca construída de gravetos e galhos que terminavam num chuchuzeiro, formando excelente refúgio recoberto. Ali ficávamos brincando durante horas, como se fôssemos indígenas. Para tal, nossa irmã Celina Maria imitava longas tranças com cordas ou panos de prato da cozinha de mamãe, enquanto nós meninos pintávamos nossos rostos com semente de urucum ou carvão para simular uma preparação para a guerra. Para representar uma canoa, usávamos uma escada de pedreiro, sobre a qual sentávamos e a deslizávamos numa ribanceira com grande estrépito, às vezes atingindo o muro do vizinho João Moreira, que com razão reclamava de nosso atrevimento. Quanto a nós participantes do brinquedo, atesto que havia total companheirismo e nunca houve desentendimento ou interrupção da brincadeira por mágoa. Antes, havia total integração em todas as etapas do brinquedo de índio. Lembro-me que brincávamos de índio no começo da tarde, enquanto nossos pais repousavam após o almoço.
Sobre o almoço das crianças, ele era sobre uma mesinha especial feita para nós num espaço diferente da mesa de nossos pais — a de nossos pais na copa e a nossa, na cozinha — o que facilitava e favorecia a comunicação infantil sem a interveniência dos adultos e a necessidade de babás para nos alimentar. Conclusão: uma criança incentivava e influenciava a outra.
Outro invento que fizemos foi o de construirmos uma bicicleta. É claro que não tivemos muito sucesso nessa invenção, porque não possuíamos nem ferramentas nem peças de uma bicicleta de verdade.
Também construímos carrinhos de rolimã, conhecidos também como carrinhos de guia, e pipas, que na ocasião chamávamos de "papagaios", que empinávamos nas tardes com vento.
Para os dias chuvosos — algo comum naquela época — havia o "jogo da chuva" que consistia em um participante (quem convidou para a brincadeira) escrever num papel de 1 a 30, por exemplo. Depois, cada participante escrevia um número escolhido num papel em segredo, dobrava o seu próprio papel e o jogo tinha início. Cada participante por sua vez riscava um número da lista que não podia ser o próprio número escolhido. Se um dos participantes escolhesse o número de alguém, este seria o do ganhador. Se tivesse poucos números riscados e já houvesse esse ganhador, o jogo reiniciava e quem ganhou tinha direito de escrever outro número que ainda não houvesse sido sorteado.
Lembro que não havia ainda a televisão. Esse fato nos obrigava a inventar brinquedos para que pudéssemos divertir e manter uma efetiva fraternidade entre os irmãos. Modéstia à parte, tivemos a sorte de conseguir uma excelente conexão entre nós para bem conduzir a encenação de todos esses brinquedos. Havia ainda outra opção: recorrer às telas de cinema existentes na cidade. Havia três: Cine Teatral Artur Azevedo, Teatro Municipal e Cine Glória. Estávamos bem servidos! Podíamos assistir a todos os filmes clássicos de faroeste nas badaladas matinées. O que mais podíamos querer?
No final da década de 50/início da de 60, visando à utilização do lúdico nas ciências, a indústria lançou os primeiros jogos com ênfase no conhecimento da ciência. Meus pais, vendo o pendor de Roque para ciências exatas e para incentivá-lo nessa trajetória, tiveram a ideia de presenteá-lo no Natal com jogos científicos e educativos que exploravam as descobertas científicas. Um desses brinquedos chamava-se "sabatina", com cartelas de perguntas e respostas, cuja exatidão a criança podia testar, inserindo um pino ligado a um fio no orifício da alternativa correta. Se a resposta estivesse correta, uma luz acendia. Mais tarde, surgiu "o cérebro mágico", um raro brinquedo com idênticas características. Além disso, Roque já mostrava interesse nas tabuadas de multiplicação e divisão, inaugurando assim sua entrada no mundo do cálculo.
Quando o garoto foi levado por seu avô ao jardim de infância "Cristiano Machado" aos 6 anos, já tinha muito pouco a aprender da coitada da professora que passava aperto com o geniozinho incomodando com suas tiradas inteligentes.
Foi por essa época que Roque fez uma descoberta curiosa: soletrava seu nome às avessas, resultando numa interessante sonoridade, a saber, EUQOR RASEC SOD SOTNAS AGARB, que ele enunciava com muito orgulho e humor.
Igualmente treinou e tornou-se expert em "falar de trás p'ra frente" como a seguinte frase: "Cêvo bíssa lárfa dístra rápa tífren?", significando "Você sabe falar de trás para frente?". Esse linguajar parece simples, mas se complica quando a gente discursa por longo tempo nessa estranha modalidade de linguagem. Roque fez época, fazendo muitos seguidores na cidade.
Durante o ensino fundamental, o menino Roque costumava trazer para casa boletins com notas 10 em todas as disciplinas com reconhecido louvor por parte das professoras e diretora.
Naquela época, havia o curso de admissão entre o ensino fundamental e o ensino médio, que nada mais era do que um curso preparatório para ingresso no ginásio. A professora Beatriz Albergaria se encantou com o brilhantismo do educando, preparando-o para o ingresso no Ginásio Santo Antônio, o que constituiu um novo êxito, após ele ter sido examinado por banca de três professores que avaliaram os conhecimentos do novo ginasiano, seguindo atentos a exposição do candidato para o ponto sorteado. Estou falando do início da década de 60. A essa altura, Roque César já completara 11 anos.
No
ginásio, durante 4 anos, mostrou o brilho de sua inteligência
especialmente em matemática, disciplina ministrada pelo Prof. Thomaz
Perilli, proprietário do Hotel do Hespanhol. Nessa disciplina,
dispensava a prática de memorizar fórmulas, porque era capaz de
deduzi-las facilmente para solucionar qualquer exercício de matemática.
Ainda no começo da década de 60, Roque se tornou um verdadeiro adepto de René Descartes. Na biblioteca municipal local, meu irmão localizou um exemplar do seu DISCURSO SOBRE O MÉTODO para bem conduzir a razão na busca da verdade nas ciências, um tratado matemático e filosófico, cuja primeira edição francesa data de 1637, publicada em Leiden (Países Baixos): ed. Jan Maire. Em linhas gerais, o autor foi um dos precursores do movimento racional-científico, considerado o pai do racionalismo. Na busca de alicerçar o seu próprio pensar, Descartes formula quatro preceitos lógicos; exemplificativamente e para não me estender demasiado, o primeiro deles recomenda jamais acolher alguma coisa como verdadeira que você não reconheça evidentemente como tal, defendendo a tese de que a dúvida era o primeiro passo para se chegar ao conhecimento. Portanto, Descartes vai seguir o método da dúvida; isso a tal ponto que ele vai dizer que nossos sentidos às vezes nos enganam. Com esses tais 4 preceitos, Descartes mostra quão desconfiado era em relação a tudo que lhe foi ensinado. Assim, seria preferível rejeitar todas as opiniões para posteriormente readmiti-las. O filósofo, então, colocando tudo em dúvida, ao menos tem a certeza de que ele é alguma coisa. Então a verdade que penso, logo existo (geralmente enunciada em latim como cogito ergo sum) é uma verdade que Descartes diz que nem os mais céticos podem abalar; por isso faz desse princípio o início da sua filosofia. Descartes deixa claro que, com essa obra, a sua intenção não era ensinar "o método que cada qual deve seguir para bem conduzir sua razão, mas apenas mostrar de que forma ele se esforçou para conduzir a dele". Resumindo, o método cartesiano consiste no ceticismo metodológico, pelo qual institui a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que possa ser provado. Assim, consegue provar a existência do próprio eu (que duvida, logo é sujeito de algo — penso logo existo), considerando o ato de duvidar como indubitável.
Já a geometria analítica de Descartes apareceu em três apêndices do "Discurso sobre o Método", obra considerada o marco inicial da filosofia moderna. Os matemáticos consideram Descartes muito importante por sua descoberta da geometria analítica. Antes de Descartes, a geometria e a álgebra apareciam como ramos completamente separados da matemática. Descartes mostrou como traduzir problemas de geometria para a álgebra, abordando esses problemas através de um sistema de coordenadas, que, a partir daí, ficaram conhecidas como coordenadas cartesianas, derivadas de seu nome em latim: Renatus Cartesius.
Não saberia dizer categoricamente até que ponto a leitura dessa obra de René Descartes foi decisiva para a perícia futura de Roque César na dedução de fórmulas, quaisquer que fossem aquelas usadas na solução de questões matemáticas, físicas ou químicas, mas posso afiançar que ele passou a aplicar o método cartesiano em todas as circunstâncias que envolvessem questões a serem solucionadas nessas disciplinas. Mal formulada a questão, lembro-me de sua habilidade de deduzir a fórmula necessária para resolver qualquer questão daquelas disciplinas científicas, jamais decorando-a como de praxe — o que indubitavelmente era um fenômeno inédito e incomum. Dir-se-ia que meu irmão conseguira incorporar o tal método que Descartes tinha encontrado para bem conduzir sua razão. Segundo a Teosofia, Helena Blavatsky e outros tiveram a sorte de acessar os registros akáshicos; teria ele conseguido algo do tipo?
Logo depois, Roque foi o introdutor em São João del-Rei do "cooper de rua" ³, ao sair para uma corrida por volta das 6 horas da manhã, antes das aulas no ginásio, correndo pelas ruas são-joanenses e se enveredando pelo Rio Acima até a fazenda dos freis na rodovia BR-265 e retornando para casa para tomar seu banho de água fria e, em seguida, seu café da manhã, constituído basicamente de uma xícara de leite com aveia que ele tinha deixado de molho ao sair, e café com pão e queijo.
Além dessa modalidade de desporto, Roque e eu começamos a nos exercitar em barras fixas de musculação, que construímos na horta do nosso avô, para desenvolvimento no bíceps do braço e aumento da força do peito e das costas, inicialmente com o incentivo de colegas ginasianos, no caso dele, de Sebastião. Também demos início a uma série de exercícios de halterofilismo, levantando peso cada vez maior, infelizmente sem a assistência de um profissional em educação física. Logo, no entanto, constatei que aqueles exercícios estavam me prejudicando no toque do piano e decidi optar pela música. Ele continuou por mais algum tempo sozinho.
Roque
começou a se interessar pela sétima arte. Lembro-me da projeção de um
filme que ele realizou, de forma artesanal, num quarto escuro da casa
apenas para seus familiares, mas não me recordo do tema do filme. Além
da projeção deste filme inaugural, Roque também tinha especial
predileção pelos faroestes que eram exibidos em três cinemas da cidade, como já foi dito.
Outro fato digno de nota é que Roque se estabeleceu num quarto do porão de nossa casa, que ele chamava de "laboratório",
onde se abrigava durante as tardes, para se isolar e favorecer sua
concentração. O tal laboratório passou a ser um local de inúmeros
aparelhos para a realização de experiências principalmente químicas.
Logo, a seu convite, chegaram muitos colegas dele para conhecer a
novidade do tal "laboratório". Dir-se-ia que, numa daquelas tardes, deve
ter sentido o "estalo de Vieira" ⁴.
Não
foram poucos os apelidos aplicados a meu irmão, sobretudo "cabeção",
"crânio" e "gênio", que se espalharam por todo o ginásio são-joanense que, por sua vez,
lhe deu uma impressionante notoriedade.
Lembro-me
de ter sido convidado para uma exposição de maquetes de foguetes
interplanetários que ele e Carlos Marcos Henriques (futuro arquiteto)
produziram em papelão e a cores e exibida em dois recintos do referido
porão.
Um ano depois do seu ingresso no Ginásio Santo Antônio (1960), pela nossa participação do coral de frei Orlando Rabuske, como meninos cantores externos do Ginásio Santo Antônio, Roque e eu, como cantores, gozávamos de certos privilégios que consistiam em irmos aos pique-niques organizados pelo criador do coral e seu regente. Além desse, havia outro privilégio: toda quarta-feira, à noite, os
meninos cantores podíamos assistir aos maravilhosos filmes a que tinham
também direito os alunos internos do Ginásio Santo Antônio. Essa
oportunidade em especial era imperdível. Assistíamos às fitas mais
marcantes da história da sétima arte sem despender um único centavo.
Digno de nota era também o direito que tínhamos de ter acesso à
Biblioteca e frequentar a piscina junto com os internos. Por todas essas
concessões, os cantores se distinguiam dos alunos regulares externos e internos,
como era natural, razão por que nossos desafetos nos tratavam com a
alcunha desairosa de "piuítas do frei Orlando". ⁵
Frei Orlando Rabuske conseguiu com a Embaixada da então República Federal da Alemanha vários exemplares da coletânea de peças corais, intitulada "Chorübungen" (exercícios para coral), para cada um dos 4 naipes do coral (baixo, tenor, contralto, soprano). Da referida coletânea, cantávamos inúmeras peças corais. Tais peças que ali constavam tinham sido selecionadas pelo Professor Eberhard Schwickerath e editadas pela Musikverlag Hans Sikorski de Hamburgo. Guardo ainda comigo um desses exemplares para a voz de tenor, que me foi ofertado por Roque César.
Também é desta época do ginásio, que Roque passou a sofrer "bullying" e agressões de toda ordem por ser muito inteligente, o que o distinguia dos demais colegas. Um deles, enteado do tintureiro "Vavá" Lobosque, estava decidido, na saída do ginásio após as aulas, a espancá-lo gratuitamente sem esperar reação, mas Roque enfrentava-o com energia, pois era muito corajoso e forte, mas às vezes sofria algum ferimento nesses distúrbios.
Por outro lado, na Rua das Flores onde residíamos, ele recebia apelidos injuriosos e era perseguido por vizinhos arruaceiros como o temido Ambrósio, obrigando-o algumas vezes a chegar correndo em casa para evitar as agressões de gangues de garotos da sua idade. Meu pai, vendo o seu filho humilhado, algumas vezes correu na direção dessas gangues para dispersá-las. Ainda bem que naquela época ainda respeitavam os mais velhos...
Para evitar que ele se tornasse futuramente um adulto exclusivamente mental, nosso pai matriculou Roque, eu e nosso irmão Fernando no infantil do Minas Futebol Clube, sob a orientação do técnico "Pavão", e na piscina desse clube futebolístico, onde podíamos esquecer um pouco das tarefas ginasianas e das agressões.
Vou aqui contar um fato acontecido comigo: ao ingressar no curso ginasial (em 1961), um ano depois de meu irmão, tive o desprazer de, na primeira aula, ser questionado da seguinte forma pelo professor, ao fazer a chamada do meu nome:
"O que você é do Roque?"
Respondi-lhe:
"Irmão."
Tive que ouvir a seguinte referência elogiosa a ele:
"Será que você vai ser pelo menos uma unha do seu irmão?"
A turma toda riu do meu desconforto.
Nesta época, tendo começado a fumar, Roque pedia à nossa mãe para preparar broas para levarmos em formas até o forno da padaria mais próxima e, após assadas, as recolhíamos. O dinheiro que meu pai dera para compra do pão correspondia a um maço de cigarros. Também para sustentar o seu vício, Roque também desenvolveu excelente expertise em fabricar máscaras carnavalescas, vendendo-as para foliões do carnaval são-joanense que, na ocasião, era o terceiro melhor do interior do país.
Também costumávamos colher carambolas para vendê-las em balaios aos vizinhos e outros interessados, pelas ruas da cidade.
Em certa ocasião, ele desenvolveu um projeto de foguete, lançado ao espaço numa tarde, no momento em que Sr. Américo Campos tomava uma xícara de café na copa de nossa casa. A explosão foi tão grande que o convidado saltou da cadeira em que se achava, se empalideceu de susto e quase sofreu um ataque cardíaco.
Nos três anos de curso científico, além da Matemática, Roque teve contato com Física, Química e Biologia, ou seja, o que lhe faltava para mais expandir seu conhecimento científico. Havia um livro, conhecido por Problemas de Física (Mecânica) de L.P.M. Maia, que trazia as principais questões de vestibulares, que era o seu preferido. Pois bem, Roque resolveu todas as questões contidas nesse livro. Também resolvia todos os exercícios de Física propostos por Frei Jordano em suas apostilhas mimeografadas, que era o material didático mais prático naquela época. ⁶
No final do curso científico, ele foi nomeado orador da turma. No dia da formatura, ao lado do paraninfo Prof. Domingos Horta, Roque recebeu a medalha de ouro de melhor aluno do Ginásio Santo Antônio durante o ano de 1966.
Suas façanhas não pararam ali; ao tentar o vestibular sem qualquer cursinho, foi aprovado na Escola de Minas de Ouro Preto, UFMG em Belo Horizonte e no ITA-Instituto Tecnológico da Aeronáutica em São José dos Campos.
Até então, tinha muito contato fraternal e amistoso com ele, tendo sido um bom e afável irmão que me incentivava e colaborava no desenvolvimento de minhas faculdades intelectuais. Por exemplo, lembro-me de um fato, no começo de minha adolescência, em que ele me chamou para um passeio, durante o qual me explicou como uma criança vem ao mundo, de forma científica.
Embora eu tenha me enveredado pelo curso clássico com ênfase no aprendizado de grego clássico e língua e literatura latinas, bem como me dedicado ao estudo do piano (com apresentação solo e em duo em audições) e outras disciplinas exigidas pelo Conservatório de Música Pe. José Maria Xavier, ele respeitava minha decisão e jamais me desentusiasmou a continuar na área de estudos clássicos e artística, diferente da sua.
Enquanto Roque estudava no seu "laboratório", eu passei a frequentar a casa de meu avô, pois aquela em que este residia era muito ampla, havendo muitos cômodos em que eu podia confortavelmente ouvir música clássica na rádio MEC do Rio. Nessa situação, passei a acompanhar ainda mais meus avós paternos, apesar de fazer minhas refeições e dormir na minha casa. Durante a reforma do casarão, levantava-me bem cedo, ainda escuro, e imediatamente me dirigia à casa do avô paterno para, junto do fogão de lenha, em sua companhia, "quentar fogo". Mesmo antes disso, ele nos levava — meu irmão Fernando e eu — a alegres pescarias na fazenda de seu amigo Lindolfo no distrito de Santo Antônio do Rio das Mortes ou ao Rio das Mortes (chamado por nós Rio do Porto). Trazíamos em fieiras improvisadas lambaris, bagres, mandis, acarás, traíras, piaus, etc. que saboreávamos em casa, fritos. Roque inicialmente se interessou em participar dessas excursões, mas paulatinamente perdeu esse interesse, provavelmente para dedicar-se ininterrupta e exclusivamente a seus estudos científicos.
Outra oportunidade que tive de conviver bem com o Roque foi quando meu avô paterno passou a sofrer de aterosclerose coronariana, um pouco antes da conclusão de seus estudos no Ginásio Santo Antônio. Como essa doença trouxe certa demência para meu avô, nosso pai nos pediu para dormirmos junto dele e ajudarmos nossa avó a cuidar de seu marido doente. Passamos a dormir num quarto contíguo ao do casal. Se bem me lembro, Roque já estava ocupado com os vestibulares quando nosso avô morreu repentinamente, vitimado por um AVC isquêmico, em 19/11/1965. Após a sua morte, continuei, agora sozinho, a acompanhar minha avó viúva, porque meu irmão tinha ido definitivamente para o ITA em São José dos Campos. Morei com ela, continuando a dormir em sua casa, até sua morte em 11/12/1967, vitimada por um infarto fulminante dentro da Matriz de Nossa Senhora do Pilar — o que era seu último desejo por ser católica praticante e para não dar trabalho a ninguém — durante a missa das almas.
Tenho pouco a dizer sobre o restante da vida de Roque, a não ser que foi estudar engenharia mecânica no ITA. Casou-se com a são-joanense Tânia Constant de Almeida Braga, residente no Rio de Janeiro, razão por que Roque optou por abandonar seu curso no ITA e terminá-lo na PUC-Rio, disposto a ficar próximo de sua amada, mesmo que essa decisão implicasse em ter que cursar a disciplina Teologia, pois, na transferência para a PUC, teve que se sujeitar à exigência da nova instituição, por não constar essa disciplina no seu currículo do ITA. Compareci a seu casamento em 1970 e à sua formatura em 1972. Em dezembro de 1974 nasceu Natascha, a linda filha do casal.
Depois de formado, foi admitido na Andrade Gutierrez, uma multinacional brasileira de serviços de engenharia de grande porte. Uma equipe desta empreiteira, da qual participou meu irmão, foi contratada por Niemeyer para desenvolver seu projeto arquitetônico para as universidades de Constantine e Argel, onde permaneceu por muito tempo. Em 1975 fui ao Rio, com outros familiares, para a despedida de Roque César, que deixava o país com destino à Argélia e, ao mesmo tempo, rever minha querida e saudosa afilhada Bianca, nascida em 24/03/1975, filha de Fernando e Clarice Giraffa. Instalado na Argélia, Roque teve oportunidade de ir várias vezes à Espanha, onde inclusive nasceu seu filho Pedro.
No seu retorno ao Brasil, ingressou na NUCLEN nas usinas nucleares de Angra 1 e 2 como especialista em refrigeração de altos fornos, profissão que aprendeu na Alemanha, quando lá esteve na década de 80 por três anos, enviado pelo seu novo empregador.
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Roque e sua filha Natascha diante da usina nuclear de Angra 2, em agosto de 2003 - Crédito pela foto: Natascha |
Cabe ainda mencionar aqui que nosso pai Roque Braga faleceu em 26 de setembro de 1984. Roque, em sinal de gratidão e profundo afeto, decidiu retornar imediatamente da Alemanha ao Brasil para velar o corpo de seu pai, que ficou guardado numa capelinha do cemitério no aguardo da chegada do filho para seu último adeus. Em todas as suas atitudes durante a vida que partilharam juntos, Roque sempre demonstrou um grande respeito e amor por nosso pai.
No começo do novo século, aposentou-se na NUCLEN e vendeu seu apartamento no Rio de Janeiro para residir em um sítio em Petrópolis-RJ, vivendo ali até 17 de março de 2025, onde faleceu vitimado por infarto agudo do miocárdio.
Depois dessa época, nos encontramos poucas vezes, a maioria delas por coincidência em nossas visitas a São João del-Rei.
Para concluir este elogio fúnebre, escrevi, um dia depois da fatalidade, a Pedro, filho de Roque e seu contato na web, um e-mail com o seguinte assunto: "Um até logo para meu irmão Roque César" com o seguinte texto:
Queridos Tânia, Pedro e Natascha,
Escrevo-lhes consternado, neste dia sombrio e triste, com a partida do meu querido irmão Roque César. Ele, para todos nossos irmãos, era um exemplo, mas para mim é o maior exemplo, como declarei em mensagem a ele há três meses atrás, por ocasião de seu aniversário (em 7 de dezembro de 2024):
"Querido mano Roque César,
Hoje é um dia especial como o foi para nossos queridos pais. Você foi muito aguardado e trouxe muita alegria para o casal Santos Braga.
Tive a sorte de nascer um ano depois de você e assim crescer com você, podendo aproveitar bem o seu exemplo e encarar a vida de uma forma não-tradicional e questionadora, conforme era seu modo de pensar dentro dos cânones científicos. De fato, aprendi muito com você e lhe agradeço por sua "rebeldia" e ceticismo diante do "geralmente aceito", introduzindo o rigor do método científico no seu pensamento.
Tenho muito boa memória daqueles bons tempos e considero que sua presença foi excelente para o meu desenvolvimento.
Neste dia do seu aniversário que brindo à sua saúde, desejo-lhe boa sorte e vida longa que são a recompensa pelo seu bom exemplo, especialmente para a minha formação e, acredito, para a de todos nossos irmãos.
Prost!
Gesundheit!
Com carinho e admiração, aceite meu abraço fraterno,
do irmão Francisquinho."
Queridos,
aceitem meu abraço carinhoso neste momento de pesar profundo.
Tenho a certeza de que Roque César, por ter sido um "crânio", homem bom, íntegro e trabalhador, encontra a glória no céu.
Forte abraço,
Francisco Braga
II. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Pilouro é uma espécie de manjar. É um termo que Roque gostava de usar para seus outros irmãos e até para si próprio em suas correspondências para sua mãe Celina.
² A wikipedia define criança-prodígio como uma criança que domina habilidades em certas áreas que geralmente só são dominadas por pessoas com idade mais avançada. As áreas mais comuns são ciências exatas, jogos de lógica, arte, música e esportes. Alguns continuam a dominar com excelência estas habilidades quando adultos, enquanto outros não desenvolvem estas habilidades após um certo período.
³ O "cooper", na verdade, foi um método criado na década de 1960 por Kenneth Cooper para medir a capacidade física de atletas amadores.
Já o chamado teste Cooper consiste em uma corrida de 12 minutos, em que se mede o consumo máximo de oxigênio pelo corpo (VO2max) para estabelecer parâmetros de condicionamento.
⁴ Utiliza-se a expressão "sentir o estalo de Vieira", quando alguém encontra de forma repentina solução para um problema. Também se usa a expressão para referir jocosamente uma iluminação súbita de alguém a quem não se atribui grande esperteza.
O estalo de Vieira é uma expressão erudita que remete a um episódio de vida do Padre António Vieira, relatado pelo político, historiador, jornalista e escritor brasileiro do século XIX, chamado João Francisco Lisboa, na obra "Vida do Padre António Vieira". Neste livro, o autor afirma que Vieira teria feito grandes progressos intelectuais em seguida a um estalo que sentiu na cabeça, depois de ter pedido em oração à Virgem que o iluminasse. A obra de João Francisco Lisboa sobre o Padre António Vieira, apesar de inacabada e publicada postumamente, foi um autêntico best-seller naquela época e daí ter cunhado a expressão "sentir o estalo de Vieira".
Link: https://www.rtp.pt/play/p491/e167048/lugares-comuns (editado em 4/9/2014)
⁵ Cf. Link: https://bragamusician.blogspot.com/2009/12/105-anos-da-presenca-franciscana-em-sao_2258.html (editado em 18/12/2009)
⁶ Cabe mencionar aqui alguns freis franciscanos que eram, além de professores, autores de seu próprio material didático, na forma de apostilhas de sua autoria distribuídas gratuitamente a seus alunos, sendo as mais notáveis as produzidas pelos freis Geraldo de Reuver (professor de francês e matemática), Jordano Noordermeer (professor de matemática e física), Jaime Steneker (inglês), Manuel Smeltink (francês e latim), Fagundes van Dreumel (grego clássico), Feliciano van Sambeek (física), extremamente úteis para o aprendizado dessas disciplinas.
Cf. Link: https://bragamusician.blogspot.com/2009/12/105-anos-da-presenca-franciscana-em-sao_18.html (editado em 18/12/2009)
22 comentários:
Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
Prezad@,
Trago ao leitor as minhas lembranças dos tempos da infância e juventude de meu irmão ROQUE CÉSAR, recentemente falecido em Petrópolis, um dia após seu primo Eduardo, fato que me deu a certeza da fragilidade de nossa existência terrena.
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2025/03/doces-recordacoes-do-meu-irmao-roque.html
Cordial abraço,
Francisco Braga
Cordial abraço,
Francisco Braga
Soraya e Alexandre (proprietários do Empório Santo Antônio, de Tiradentes - MG) disse...
Olá, Rute e Braga
Nossos mais sinceros sentimentos pelo passamento do Sr Roque. Que Deus os conforte neste momento tão triste. Receba nosso abraço e que Deus os abençoe
Pedro Paulo Torga da Silva disse...
Meu caro, aceite meu abraço de proximidade e sentimentos pela partida de seu querido irmão! "Na casa de meu Pai tem muitas moradas...." Com certeza Roque César cumpriu a meta. Nosso Pai amoroso o chamou.
Abrace todos os seus por mim.
Em unidade e orações,
Pepê
Edu Oliveira (ex-seminarista salesiano, organizador e facilitador de encontros) disse...
Ô Francisquinho, gostaria muito de comparecer para me solidarizar e rever e dar um abraço em todos. Estou em Belo Horizonte e não tenho como ir. Mandei a notícia para a Maria. Não sei se ela poderá aparecer porque está com sério problema de visão. Nossas orações farão eco junto ao nosso Pai e nossa mãe, Senhora do Pilar.
Dra. Luciane (odontóloga são-joanense) disse...
Meu Deus!!!! Força e fé! Grande abraço
Daiana (filha do Eduardinho e Dolores Olívia Ferraz) disse...
Francisquinho,
Meus sentimentos pelo Roque César 🙏🏻
Que Jesus acolha seu coração!
Vou orar para que a passagem dele seja envolta a luz e proteção!
Força e fé para toda família🙏🏻🙏🏻🙏🏻
Obrigada pelo seu texto saudoso ao nosso tio Eduardo🙏🏻🙏🏻🙏🏻Gostei muito das suas palavras, eternas e carinhosas recordações🙏🏻
Vamos unir forças para passar por esse período🙏🏻
Pode contar comigo🙏🏻🙏🏻
Pedro Rogério Moreira (jornalista e sócio da Gracián Telecom, cronista e memorialista brasileiro) disse...
Obrigado, Mestre Braga. Seu mano foi um ser de boa índole, alma boa, e útil à sociedade. Meus sentimentos.
Dimas Luiz do Carmo (cantor profissional formado pela Faculdade de Artes Alcântara Machado, pertence à Associação dos Coroinhas de Dom Bosco da Igreja Nossa Sra. do Pilar em São João del-Rei) disse...
Francisquinho, receba minhas condolências pela passagem do seu irmão Roque César. Que Deus os conforte e console suas tristezas! Um fraterno abraço!
Primo, meus sentimentos pela passagem do Roque César.
José Lourenço Parreira (capitão do Exército da arma de Artilharia, professor de música, violinista, maestro, historiador e escritor, além de redator do "Evangelho Quotidiano") disse...
Queridos amigos Rute e Francisco Braga,
Braga: o seu texto tocou-me muito fundamente recordações do seu irmão Roque César. Eu estava lendo o que antes você escreveu, mas hoje aqueles detalhes riquíssimos, belos, sublimes que você colocou, eu consegui identificar a fisionomia de seu irmão. Lembro-me, certo dia, em nossa adolescência, você chegou perto de mim e disse:
"Você estava ontem lá na biblioteca fazendo uma pesquisa."
Aí eu perguntei:
"Como é que você sabe?"
E você disse:
"Meu irmão estava lá e viu."
E eu guardei a fisionomia daquele moço, meio aloirado, cabelo lisinho, que, sorrindo, olhava para mim, perguntando à responsável por determinada literatura, pois sempre gostei de leitura. Nunca esqueci esta passagem.
Outras vieram então.
Um meu professor no Colégio Tiradentes, onde eu estudava, elogiou um gênio lá do Colégio Santo Antônio:
"Olha, tem lá um aluno. O professor dele deu-lhe um livro, para qu aquele em um ano resolvesse problemas de Física. Ele resolveu em uma semana ou em um mês."
Passa o tempo. Aí vem outra história:
"O pai de determinado jovem o inscreveu em 3 vestibulares: um para a Escola de Engenharia em Ouro Preto, outro para a UFMG e um terceiro para o ITA. Chegou a notícia da aprovação em Ouro Preto e BH e parece-me que o pai o matriculou na famosa Escola de Ouro Preto. O tempo passa e chega um telegrama urgente do ITA, perguntando ao pai porque ele não fizera a matrícula de seu filho naquele instituto. O pai não sabendo o que era o ITA, foi perguntar lá no Hotel do Hespanhol ao professor famoso Pirilão, lá do Santo Antônio. E o Pirilão deu um grito: O senhor ainda está pensando? ITA é onde estão as maiores cabeças do Brasil. Faça logo essa inscrição. Para o ITa se interessar por um aluno é porque esse aluno se destacou de todos os demais."
É assim, Braga, com essas lembranças, que estou lendo e vou ler outra vez a sua genial, profunda e cheia de ternura redação que saiu do coração, falando do seu irmão que só agora vim a saber: tinha o nome Roque César, uma rocha do saber, uma glória das ciências de São João del-Rei e do Brasil, assim como você. Confesso que depois de ter lido esse texto, vou rezar mais, sim, pela alma dele, mas de uma coisa tenha a certeza: a minha amizade por você foi elevada à enésima potência. Deus o abençoe e a sua amada Rute. Sursum corda.
Gislene Danielle de Carvalho (doutora em Educação pela UFPI) disse...
Boa tarde!
Querido Francisco, apenas hoje pude ler os seus e-mails, e lamento muitíssimo saber das suas perdas familiares. Já perdi algumas pessoas próximas assim, e realmente é muito doloroso, principalmente nessas mortes inesperadas. Por favor, receba os meus sentimentos e desejos de que você e sua família sintam-se amparados por Deus para que esse momento de luto seja sereno.
Anderson Braga Horta (poeta, escritor, ex-presidente da ANE-Associação Nacional de Escritores e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal) disse...
Meu caro Francisco Braga, apreciei muito o seu texto de sentimento e, ao que percebo, mais do que justa homenagem ao irmão.
Apresento a você meu sentimento de solidariedade.
Forte abraço.
Anderson
Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, desembargador, ex-presidente do TRE/MG, atual Terceiro Vice-Presidente TJMG, escritor e membro do IHG-MG e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...
Que perda irreparável!
Um belo perfil biográfico, trajetória brilhante.
Que Deus conforte toda a família.
Abs.
Rogério
Francisquinho, muito bonito seu texto sobre o Roque César! Ele foi um exemplo acadêmico! E vc traduziu com um texto muito bonito o seu legado!! Vamos unir forças para passar por esse momento de perdas tão preciosas; Tio Eduardo e Roque César. Meus sinceros sentimentos🙏🏻
Edu Oliveira (ex-seminarista salesiano, organizador e facilitador de encontros) disse...
Francisquinho,
como vai, rapaz?
Cheguei da missa e, ao ligar esta máquina moderna, [muito moderna para mim, nesta altura do campeonato rsrsrsrs] re]solvi ler pela terceira vez a sua homenagem ao também amigo Roque César e falar com você. Durante a santa missa tive a oportunidade de me lembrar bastante dele e de vocês todos. Eu me lembro de também tê-lo chamado [talvez poucas vezes] de cabeção; mas isto era logo esquecido porque nós éramos mais próximos em amizade que os outros meninos. Mas ele me xingava também rsrsrs.
Tudo o que me lembro das muitas coisas que você contou foram algumas brincadeiras no alpendre ou no passeio da casa de vocês. Poucas vezes fui brincar na horta do seu avô. A gente tinha muito medo da sua tia Maria; lembra? [kkkkk} Não sei o porquê, nossas famílias eram bem unidas; seus país, inclusive, eram padrinhos da minha irmã Maria.
Nossas relações foram interrompidas quando fui para a aspirantado salesiano. Fato que não me esqueço [parece até que foi ontem]: no dia que saí para ir para o aspirantado no Colégio São João, fui me despedir de vocês. Todos estavam na sala; comecei a abraçar cada um: Sô Roque, Da. Celina......... Eu mal segurava o choro. Foi quando a Celininha falou:
O Eduardo está quase chorando!
Ah! pra quê....... abri o bué; aí foi aquele clima de emoção e até um pouco divertido. Sua mãe chamou a atenção da Celininha; e eu continuei abraçando a todos, chorando feito feito um bebê. Puxa, Francisquinho, isto lá se vão setenta anos. Caramba.
O bom é que temos recordações saudáveis de uma infância bem vivida, alegre e cheia de recordações que não se apagam.
Creio firmemente que o Roque César continua com vocês todos e quero me incluam, com a permissão de vocês, nesse time.
Forte abraço
Edu
Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...
Caro professor Braga
Imagino a profunda dor deste momento ante perdas tão irreparáveis . Podemos evocar Santo Agostinho que nos lembra que apenas passamos para o outro lado do Caminho, para o mundo do Criador e que não estaremos longe daqueles que ficam momentaneamente neste mundo das criaturas, apenas longe das suas vistas.
Nosso sincero pesar. Força e Fé ao amigo e a toda a sua família.
Cupertino
Querido Franz,
muito tocante a sua homenagem ao nosso irmão mais velho. São muitas lembranças do irmão que amava e de quem recebeu ótimos exemplos de seriedade nos estudos, "rigor do método científico" e "rebeldia".
Não me lembro de muita coisa contada, por ser a caçula, mas de outras tantas ouvi falar, principalmente pela Mamãe. A fama do Roque "gênio" chegou até mim. Alguns professores também me perguntavam se eu era sua irmã, ao ver o sobrenome, de maneira que também deve ter me influenciado, mesmo com a distância dos anos.
Para mim, fica também a alegria do Roque dos carnavais de São João, do nosso bloquinho onde ele tocava seu surdo, junto à Tânia de melindrosa, a Natascha de pirata e o Pedro de Aladin!
Ou o Roque do Rio, das idas a pubs ou restaurantes, ou no apto da Ladeira do Leme, conversando a noite toda, contando os casos de antigamente, enquanto ele também alisava o bigode como o Papai fazia.
Vai ficar para sempre na nossa memória e no nosso coração!
Com afeto e solidariedade nesse momento de dor e saudade,
Petete
Braga, meu querido. Vi, atento aos detalhes, o caminho e a história de cada um... Você e o Roque César. Encontro em ambos, e na história, é claro - aquele sentido que deram à convivência, à família, à formação moral e cultural. Temos o registro completo de um tempo, com riqueza de detalhes. Quando digo que o Braga é cultura, é tradição e é exemplo, devo dizer o mesmo do prodigioso Roque. Infelizmente não o conheci pessoalmente, mas tenho certeza de que aqueles que o conheceram e desfrutaram de sua "genialidade" estarão se perguntando... "Mas, logo o Roque? Como é que isso pôde acontecer? É que a indesejável visitante acaba chegando para todos: Reis, príncipes, sábios, ricos e pobres. Enfim, é a vida. Mas, sinceramente, a homenagem prestada ao irmão, com ensinamentos enriquecedores é uma página que me remete, sob variados aspectos, à minha infância em Mariana. A par de meus sentimentos, meus cumprimentos pela bela homenagem ao irmão, Roque César. Dele podemos dizer: com certeza, cumpriu a missão. E cumpriu com louvor. (Geraldo Reis - Blog: O Ser Sensível).
Geraldo Reis (poeta, membro da Academia Marianense de Letras e gerente do Blog O Ser Sensível) disse...
Braga, meu querido. Vi, atento aos detalhes, o caminho e a história de cada um... Você e o Roque César. Encontro em ambos, e na história, é claro - aquele sentido que deram à convivência, à família, à formação moral e cultural. Temos o registro completo de um tempo, com riqueza de detalhes. Quando digo que o Braga é cultura, é tradição e é exemplo, devo dizer o mesmo do prodigioso Roque. Infelizmente não o conheci pessoalmente, mas tenho certeza de que aqueles que o conheceram e desfrutaram de sua "genialidade" estarão se perguntando... "Mas, logo o Roque? Como é que isso poderia acontecer?"
É que a indesejável visitante acaba chegando para todos: reis, príncipes, salvadores, ricos e pobres. Enfim, é a vida. Mas, sinceramente, a homenagem prestada ao irmão, com ensinamentos enriquecedores, é uma página que me remete, sob variados aspectos, à minha infância em Mariana. A par de meus parentes, meus cumprimentos pela bela homenagem ao irmão, Roque. Dele podemos dizer: com certeza, cumpriu a missão. E cumpriu com louvor.
José Cláudio Henriques (escritor, ex-presidente da Academia de Letras de São João del-Rei e do IHG-SJDR, ex-presidente da ASMAT-Associação dos Moradores e Amigos do Grande Matosinhos, autor do livro Bárbara Eliodora: muito mais que bela) disse...
Oi, Francisco. Infelizmente não deu pra comparecer, mas ele vai estar nas mãos de Deus.
Sônia Moraes Haddad (ex-professora do Centro Pedagógico Catavento e sócio administrador e sócio na pousada Paço do Lavradio) disse...
Que texto afetivo e tão pleno de memórias!
Agradeça ao Francisquinho, minha amiga, por nos permitir ver, em suas palavras, os olhos reluzentes e úmidos de quem tem no coração a casa que acolhe.
Raquel Naveira (membro da Academia Matogrossense de Letras e, como poetisa publicou, entre outras obras, Jardim Fechado, antologia poética em comemoração aos seus 30 anos dedicados à poesia) disse...
Que belo elogio fúnebre ao seu irmão Roque César, caro Francisco Braga.
Roque César é a mesma figura carismática.
Meus sentimentos extensos a toda família.
Abraço fraterno,
Raquel Naveira
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