Por Francisco José dos Santos Braga
Dedico este artigo a meu saudoso primo Eduardo José Braga de Oliveira, o "Eduardinho" (19/02/1932-23/04/2005) e a meu irmão Carlos Fernando dos Santos Braga, notórios fumantes de cachimbo, ambos são-joanenses.
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I. VERDADEIRO AUTOR DA ÁRIA DO CACHIMBO
Os estudiosos da vida e obra de Johann Sebastian Bach (Eisenach, 21/03/1685 - Leipzig, 28/07/1750) asseguram que ele escreveu 3 coletâneas ou "pequenos livros" para cravo (Clavier-Büchlein), a saber:
1) o primeiro "pequeno livro", começado em 1720 e dedicado a seu filho mais velho Wilhelm Friedemann Bach (1710-1784), continha, principalmente, as invenções a duas e três vozes;
2) o segundo, datado de 1722, já composto em homenagem à sua segunda esposa Anna Magdalena Bach (com quem havia casado em 03/12/1721), continha principalmente as cinco primeiras Suítes Francesas (BWV 812-16), assim como alguns fragmentos e pequenas peças insignificantes. Embora o manuscrito original esteja hoje muito incompleto e em mau estado, esse "pequeno livro" de 1722 (o 1º escrito para Anna Magdalena) ainda nos dá uma boa ideia do gênero de música que Bach apreciava ver executada em sua própria casa;
3) o terceiro, datado de 1725 (que corresponde ao 2º "pequeno livro" dedicado a Anna Magdalena), cujo manuscrito original está quase completo e em bom estado, com 67 folhas longas, teve ali inseridas pelo próprio Bach as Partitas nº III e VI (BWV 827, 830), deixando que as restantes folhas desse "pequeno livro" fossem preenchidas pela esposa e para que fizesse delas o que lhe aprouvesse.
[GEIRINGER, 1966, 279] anota sobre esse último "pequeno livro" de 1725:
"(...) O livro contém um certo número de pequenas danças (minuetos, polonaises, marchas, uma musette), as quais não foram compostas por Sebastian e podem nem mesmo refletir o gosto de Magdalena, que as incluiu no livro. Essas representantes agradáveis e tecnicamente muito simples do 'style galant' destinavam-se provavelmente às pequenas mãos de Emanuel, então com 11 anos, e das crianças menores. Também eram perfeitamente adequadas para uso nas lições de dança que, de acordo com os costumes da época, todos os rapazes e moças tinham que tomar. (...)"
No 2º "pequeno livro" dedicado a Anna Magdalena, datado de 1725, encontra-se uma ária que aparece em duas versões:
1) a primeira, BWV 515 em ré menor, cuja melodia é atribuída a Gottfried Heinrich Bach ¹ pelos "experts" em Bach.
2) Há também outra versão transposta para uma quarta acima da primeira, em sol menor (ária para soprano e contínuo BWV 515ª), com baixo realizado por Johann Sebastian Bach, onde se lê a seguinte anotação: "copiada e transposta por Anna Magdalena", acompanhada de texto completo (6 estrofes), copiado pela mesma Anna Magdalena ², do poema "So oft ich meine Tobackspfeife", também conhecido por "Erbauliche Gedanken eines Tobacksrauchers" (Edificantes Pensamentos de um Fumante de Cachimbo), de um autor desconhecido. É possível que Gottfried Heinrich Bach seja também o autor da conhecida ária. ³
Uma excelente demonstração do frescor genial de Gottfried Heinrich nos é dada por uma gravação da ária transcrita para sol menor (para soprano e contínuo BWV 515ª), tendo Olivier Baumont no cravo e Christine Plubeau na viola da gamba, ambos acompanhando a soprano Anne Magouët.
Link: https://youtu.be/RhFIGwHnGGg
Outra gravação antológica da mesma ária tem o cravista Ton Koopman acompanhando o barítono Klaus Mertens.
Link:
Vejamos então o poema completo de "Edificantes Pensamentos de um Fumante de Cachimbo" ou "So oft ich meine Tobackspfeife":
So oft ich meine Tobackspfeife,
Mit gutem Knaster angefüllt,
Zur Lust und Zeitvertreib ergreife,
So gibt sie mir ein Trauerbild -
Und füget diese Lehre bei,
Dass ich derselben ähnlich sei. (bis)
Die Pfeife stammt von Ton und Erde,
Auch ich bin gleichfalls draus gemacht.
Auch ich muss einst zur Erde werden -
Sie fällt und bricht, eh ihr's gedacht,
Mir oftmals in der Hand entzwei,
Mein Schicksal ist auch einerlei. (bis)
Die Pfeife pflegt man nicht zu färben,
Sie bleibet weiß. Also der Schluss,
Dass ich auch dermaleinst im Sterben
Dem Leibe nach erblassen muss.
Im Grabe wird der Körper auch
So schwarz wie sie nach langem Brauch. (bis)
Wenn nun die Pfeife angezündet,
So sieht man, wie im Augenblick
Der Rauch in freier Luft verschwindet,
Nichts als die Asche bleibt zurück.
So wird des Menschen Ruhm verzehrt
Und dessen Leib in Staub verkehrt. (bis)
Wie oft geschieht's nicht bei dem Rauchen,
Dass, wenn der Stopfer nicht zur Hand,
Man pflegt den Finger zu gebrauchen.
Dann denk ich, wenn ich mich verbrannt:
O, macht die Kohle solche Pein,
Wie heiss mag erst die Hölle sein? (bis)
Ich kann bei so gestalten Sachen
Mir bei dem Toback jederzeit
Erbauliche Gedanken machen.
Drum schmauch ich voll Zufriedenheit
Zu Land, zu Wasser und zu Haus
Mein Pfeifchen stets in Andacht aus. (bis)
Cf. in http://www.klavier-noten.com/bach/anna-magdalena/tobak-aria-515.htm
Cf. in http://www.klavier-noten.com/bach/anna-magdalena/tobak-aria-515.htm
Abaixo ofereço uma tradução livre do poema alemão para o português:
Sempre que eu pego no meu cachimbo,
Fornido com bom fumo,
Para prazer e passatempo,
Assim ele me dá uma triste figura -
E leva à conclusão de que
Sou parecido com ele. (bis)
O cachimbo foi feito de argila e terra
E também fui eu.
Um dia eu serei terra novamente -
Ele frequentemente me cai da mão
E se quebra antes que eu o saiba,
Idêntico é o meu destino. (bis)
Não agrada a ninguém colori-lo.
E também fui eu.
Um dia eu serei terra novamente -
Ele frequentemente me cai da mão
E se quebra antes que eu o saiba,
Idêntico é o meu destino. (bis)
Não agrada a ninguém colori-lo.
Então fica branco. Também concluo
Que ao chamado da morte eu preciso ouvir,
Meu corpo também ficará todo pálido,
Debaixo da relva se tornará preto
Como o cachimbo, depois de longo uso. (bis)
Quando o cachimbo está aceso,
Percebe-se como, neste momento,
A fumaça se desvanece no ar livre,
Nada restando senão cinza.
Assim também a fama do homem arderá
Até que pó seu corpo vire. (bis)
Quão frequente acontece quando alguém fuma,
Que o calcador não esteja disponível,
E agrade-lhe usar seu dedo.
Então me imagino queimando:
Se o carvão causa tanta dor,
Quão quente deve só ser o inferno! (bis)
Assim sobre meu cachimbo com essas ideias formadas
A todo instante me permito
Fazer meditações edificantes.
Por isso, cheio de contentamento eu pito
Em terra, no mar e em casa
Com devoção, meu cachimbinho sempre. (bis)
II. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Gottfried Heinrich Bach (Leipzig, 26/02/1724-Naumburg, 12/02/1763) foi o primeiro filho do casamento de Bach com sua segunda esposa, Anna Magdalena. Nasceu em Leipzig, para onde seus pais tinham se mudado um ano antes de seu nascimento.
Em uma idade precoce Gottfried Heinrich mostrou grande habilidade no cravo, mas conforme cresceu, passou a ficar com uma deficiência mental, o que levou seu irmão Carl Philipp Emanuel Bach, também conhecido pelas iniciais C.P.E. Bach (1714-1788), a dizer que ele mostrava "um grande gênio, que no entanto não conseguiu desenvolver-se" ("War ein großes Genie, welches aber nicht entwickelt wurde"). Contudo, Anna Magdalena teve a alegria de ter também filhos altamente dotados. Em 1732 deu à luz Johann Christoph Friedrich (1732-1795) e, três anos depois, Johann Christian (1735-1782), ambos destinados a serem músicos eminentes.
A partir da morte de seu pai em 1750, Gottfried Heinrich passou a morar com sua irmã mais jovem, Elisabeth Juliane Friederica e seu marido Johann Christoph Altnikol, músico que residia e trabalhava em Naumburg, a cerca de 60 km sudoeste de Leipzig. Com a morte de seu cunhado em 1759, Gottfried Heinrich permaneceu em Naumburg em companhia de sua irmã, até que ocorreu sua própria morte poucos anos depois (1763).
A sua autoria da melodia da ária "So oft ich meine Tobackspfeife" é confirmada por Dr. Georg von Dadelsen, da Universidade de Tübingen, no seu livro (Bemerkungen zur Handschrift Johann Sebastian Bachs, seiner Familie und seines Kreises. Hohner Trossingen 1957, p. 19) e no epílogo do livro J. S. Bach: Klavierbüchlein für Anna Magdalena Bach 1725. Faksimile der Originalhandschrift. Bärenreiter, Kassel u. a. 1986, p. 6f.
Eis a melodia da ária citada da autoria de Gottfried Heinrich, com baixo realizado por seu pai J. S. Bach:
II. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Gottfried Heinrich Bach (Leipzig, 26/02/1724-Naumburg, 12/02/1763) foi o primeiro filho do casamento de Bach com sua segunda esposa, Anna Magdalena. Nasceu em Leipzig, para onde seus pais tinham se mudado um ano antes de seu nascimento.
Em uma idade precoce Gottfried Heinrich mostrou grande habilidade no cravo, mas conforme cresceu, passou a ficar com uma deficiência mental, o que levou seu irmão Carl Philipp Emanuel Bach, também conhecido pelas iniciais C.P.E. Bach (1714-1788), a dizer que ele mostrava "um grande gênio, que no entanto não conseguiu desenvolver-se" ("War ein großes Genie, welches aber nicht entwickelt wurde"). Contudo, Anna Magdalena teve a alegria de ter também filhos altamente dotados. Em 1732 deu à luz Johann Christoph Friedrich (1732-1795) e, três anos depois, Johann Christian (1735-1782), ambos destinados a serem músicos eminentes.
A partir da morte de seu pai em 1750, Gottfried Heinrich passou a morar com sua irmã mais jovem, Elisabeth Juliane Friederica e seu marido Johann Christoph Altnikol, músico que residia e trabalhava em Naumburg, a cerca de 60 km sudoeste de Leipzig. Com a morte de seu cunhado em 1759, Gottfried Heinrich permaneceu em Naumburg em companhia de sua irmã, até que ocorreu sua própria morte poucos anos depois (1763).
A sua autoria da melodia da ária "So oft ich meine Tobackspfeife" é confirmada por Dr. Georg von Dadelsen, da Universidade de Tübingen, no seu livro (Bemerkungen zur Handschrift Johann Sebastian Bachs, seiner Familie und seines Kreises. Hohner Trossingen 1957, p. 19) e no epílogo do livro J. S. Bach: Klavierbüchlein für Anna Magdalena Bach 1725. Faksimile der Originalhandschrift. Bärenreiter, Kassel u. a. 1986, p. 6f.
Eis a melodia da ária citada da autoria de Gottfried Heinrich, com baixo realizado por seu pai J. S. Bach:
Por mais decepcionante que possa ser para nós, que tocamos esse "pequeno livro", distribuído por todo o País, convencidos de que todas aquelas peças eram da autoria de Bach, hoje já está estabelecido que algumas peças, atribuídas anteriormente a Bach, na realidade são da autoria de Christian Petzold e outros.
Índice do "Pequeno Livro de Anna Magdalena Bach", editado pela Editora Arthur Napoleão Ltda na década de 1960 |
Tomemos, por exemplo, as primeiras 5 peças da coletânea divulgada no Brasil como da autoria de J. S. Bach desde 1960, conforme a imagem postada acima. O minueto em sol maior que abre a coletânea e o minueto em sol menor que vem em 3º lugar no índice são da autoria de Petzold. O minueto que vem em 2º lugar ainda não teve a autoria de Bach colocada em dúvida. Não foi o caso do minueto em fá maior que aparece em 4º lugar no índice, nem do minueto em sol maior em 5º lugar no índice, os quais os "experts" ainda estão relutantes em atribuir a J. S. Bach. Observemos apenas neste exemplo citado que, das cinco primeiras peças do "pequeno livro", apenas o minueto que aparece em 2º lugar no índice é considerado ter sido realmente composto por Bach.
Finalmente, também a única e delicada musette (peça nº 18 no índice acima, constante da coletânea) hoje tem a autoria de Bach questionada pelos mesmos "experts".
Cf. in https://en.wikipedia.org/wiki/Notebook_for_Anna_Magdalena_Bach
² Anna Magdalena Wilcke era filha de um trompetista (Johann Caspar Wilcke), que tinha feito carreira nas cortes de Zeitz e Weißenfels. Ela possuía excelente voz de soprano e trabalhava na corte de Cöthen desde o outono de 1721. Bach já estava trabalhando ali como Kapellmeister, ou diretor de música, desde dezembro de 1717. É possível que J.S. Bach a tenha ouvido cantar em Weißenfels, em cuja corte é sabido que ele se apresentou. O seu casamento foi celebrado em 03/12/1721 em Cöthen. Parece que Anna Magdalena renunciou à carreira artística e à sua renda própria quando Bach assumiu o cargo de "Kantor" (responsável pela música litúrgica) de São Tomás em Leipzig em 31/05/1723, sendo as obrigações dele "a programação musical, regência de coro, apresentar uma cantata todos os domingos, lecionar latim para os jovens". Entretanto, sabe-se que Anna Magdalena retornou a Cöthen em 1729 para cantar no funeral do Príncipe Leopold. O interesse compartilhado da família Bach em música contribuiu para o feliz matrimônio dela. Trabalhou regularmente como copista, transcrevendo a música de seu marido, que ela vendia como meio de contribuir para a renda familiar. Durante a época em que a família Bach viveu em Leipzig, Anna Magdalena organizava saraus regulares, nos quais se apresentava toda a família Bach, quando ela cantava junto com amigos que os visitavam. A casa dos Bach tornou-se um centro musical em Leipzig.
Além das 2 Partitas que o próprio Johann Sebastian inseriu no "Pequeno Livro para Anna Magdalena Bach", de 1725, Anna Magdalena copiou ali a música que ela amava, preenchendo as folhas que ficaram à sua disposição. Assim é que ali se encontram peças do enteado Carl Philipp Emanuel Bach, bem como dos filhos Johann Christian Bach (1735-1782) e Gottfried Heinrich Bach, anotando suas tentativas de composição. Essa coletânea tornou-se essencialmente o livro de música da família Bach, embora também tenha acolhido compositores da época. Por exemplo, ali se encontram cópias de obras de autores consagrados, tais como François Couperin (rondó), Giovannini ⁴, Georg (?) Böhm (minueto), Christian Petzold, Gottfried Heinrich Stölzel e Johann Adolf Hasse (polonaise em sol maior-BWV Anh. 130), que encontraram guarida nesta coletânea de 45 números, cujas páginas para cravo, em maior número, alternavam às vezes com algumas páginas vocais.
No fim do "pequeno livro" de 1725, havia ainda algumas regras de realização de baixo contínuo que fixavam, sem dúvida, o ensino que Anna Magdalena e as crianças receberam de Johann Sebastian. [GEIRINGER, 1966, 279] escreveu:
"Parece que Sebastian queria, além disso, proporcionar a seus filhos um curso sistemático na realização de um baixo figurado. Após a décima quinta regra, entretanto, o professor desistiu, com a desculpa de que 'o resto podia ser melhor explicado oralmente'."
O manuscrito autógrafo (P 225) desse "pequeno livro" pode ser localizado na Biblioteca Nacional de Berlim (atualmente na Biblioteca de Marburg an der Lahn).
³ Alfred Dürr, Yoshitake Kobayashi (eds.), Kirsten Beißwenger. Bach Werke Verzeichnis: Kleine Ausgabe, nach der von Wolfgang Schmieder vorgelegten 2. Ausgabe. Preface in English and German. Wiesbaden: Breitkopf & Härtel, 1998, pp. 308–309.
⁴ Autor de uma pequena canção de amor, ária Willst du dein Herz mir schenken (BWV 518), subtitulada "Ária de Giovannini".
⁵ Autor de um rudimentar poema nupcial, Bist du bei mir (BWV 508). De acordo com uma declaração de von Dadelsen (KB, pp. 92 e 124), a terna ária pode ter como autor G. H. Stöltzel. Até 1945, a Berliner Singakademie possuía um manuscrito intitulado Airs divers comp. par M. Stöltzel. Esse volume, hoje perdido, continha a ária Bist du bei mir numa versão para soprano, cordas e baixo, com a melodia que figura também no Clavier-Büchlein.
A referida ária tinha sido atribuída a Bach. Descobriu-se no ano de 2000, no Conservatório de Kiev, o manuscrito da ópera Diomedes, ou a Inocência Triunfante (Diomedes, oder die triumphierende Unschuld), de Gottfried Heinrich Stölzel, que inclui a referida ária e foi apresentada em Bayreuth em 16/11/1718.
Essa ária é mais conhecida na versão para voz e contínuo encontrada naquele "pequeno livro".
Cf. in http://www.loff.it/the-music/clasica/bist-du-bei-mir-del-pequeno-libro-de-anna-magdalena-bach-de-stolzel-264780/
O texto da ária por um autor desconhecido é o seguinte:
Bist du bei mir, geh ich mit Freuden
zum Sterben und zu meiner Ruh.
Ach, wie vergnügt wär so mein Ende,
es drückten deine schöne Hände
mir die getreuen Augen zu!
Eis minha tradução para o belo poema:
Se estiveres comigo, então eu irei alegremente
para a morte e a paz.
Ah, como então seria agradável meu fim
se suas belas mãos
cerrassem meus olhos fiéis.
Essa ária é mais conhecida na versão para voz e contínuo encontrada naquele "pequeno livro".
Cf. in http://www.loff.it/the-music/clasica/bist-du-bei-mir-del-pequeno-libro-de-anna-magdalena-bach-de-stolzel-264780/
O texto da ária por um autor desconhecido é o seguinte:
Bist du bei mir, geh ich mit Freuden
zum Sterben und zu meiner Ruh.
Ach, wie vergnügt wär so mein Ende,
es drückten deine schöne Hände
mir die getreuen Augen zu!
Eis minha tradução para o belo poema:
Se estiveres comigo, então eu irei alegremente
para a morte e a paz.
Ah, como então seria agradável meu fim
se suas belas mãos
cerrassem meus olhos fiéis.
III. BIBLIOGRAFIA
DADELSEN, Georg von: Bemerkungen zur Handschrift Johann Sebastian Bachs, seiner Familie und seines Kreises. Tübinger Bach-Studien 1, Trossingen: Hohner Verlag, 1957
— Beiträge zur Chronologie der Werke J.S. Bachs, Tübinger Bach-Studien 4/5, Trossingen: Hohner Verlag, 1958
DÜRR, Alfred & KOBAYASHI, Yoshitake (eds.), BEISSWENGER, Kirsten: Bach Werke Verzeichnis: Kleine Ausgabe, nach der von Wolfgang Schmieder vorgelegten 2. Ausgabe. Preface in English and German. Wiesbaden: Breitkopf & Härtel, 1998
GEIRINGER, Karl: Johann Sebastian Bach: o Apogeu de uma Era (copyright 1966, Oxford University Press Inc.), Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985, 366 p.
Wikipedia: verbete "Anna Magdalena Bach", cf. in https://en.m.wikipedia.org/wiki/Anna_Magdalena_Bach
14 comentários:
Tenho o prazer de apresentar o resultado de uma pesquisa que realizei, buscando descobrir o verdadeiro compositor da "ária do cachimbo" que se encontra no "Pequeno Livro para Anna Magdalena Bach" de 1725, de relativo sucesso no YouTube, principalmente na voz de soprano, acompanhada por contínuo.
Inicialmente os estudiosos atribuíam tudo o que se achava naquele livro a Johann Sebastian Bach.
Só mais recentemente grandes estudiosos, em geral alemães, passaram a questionar essa suposta autoria.
Esta pesquisa revela a verdadeira autoria da "ária do cachimbo", abordando simultaneamente vários pontos de ligação com outras áreas do conhecimento.
Olá, Braga,
Muito interessante é notar -- como sugere o próprio Geiringer, que vc cita em seu artigo -- o Bach-professor em ação, o qual, em meio a assuntos de razoável complexidade -- como o é, por exemplo, a realização do baixo cifrado --, inclui "hits" de sucesso da época do rococó, peças de dança em voga na época, entre outras, possivelmente com a finalidade de tornar interessante o ensino da música a seus filhos e esposa, e como possível preparação para as peças de maior porte, como as Invenções e Sinfonias, O Cravo Bem-Temperado, Suites, Partitas, etc.
Poder-se-ia sugerir ou perguntar aqui também, acerca de alguma intencionalidade em outro âmbito que não o estritamente musical, dado o teor "filosófico" inerente ao poema do cachimbo, que de uma forma bem humorada e tendo como veiculo uma música simples e de fácil apreensão pelos pequenos, induz a reflexão sobre assuntos inerentes à moral e à religiosidade protestante da época.
Grande abraço,
Umberto Freitas
Brasília DF
Parabéns!Sempre garimpando a fim de encontrar pérolas históricas e literárias...
Todos se agradam de um Acadêmico com esta disposição.
Obrigado!
Johann Sebastian Bach sempre foi considerado o único autor do livro, especialmente entre nós, brasileiros. Os pesquisadores alemães têm marcado muitos pontos em seus trabalhos, comprovando que eles são dedicados e estudiosos quando se trata de buscar a origem de grandes obras musicais, peças e autores de arte e descobertas no mundo das belas artes. E tudo deles é feito com muito rigor e dedicação, não é?
Mas, afinal, a família Bach não era só J.S. Bach, não é? Gottfried, também, era Bach legítimo, filho dele com Magadalena - embora morto precocemente.
Abraço e obrigado, Francisco, sanjoanense como Tancredo Neves, por dividir comigo a divulgação da pesquisa.
Interessante e profunda sua pesquisa sobre a Ária do Cachimbo, aproveito para mandar-lhe dois textos meus saídos no Jornal Agora, de Divinópolis: o primeiro datado de 13 de maio 2017 e o segundo, de 19 de abril de 1917. Este último reproduziu trecho de texto de sua autoria intitulado "O JURAMENTO DE HIPÓCRATES".
Parabéns!
Prezado Braga, boa tarde!
Mais um artigo de sua autoria publicado no Concertino em Textos:
http://www.concertino.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=10177
Agradeço sua tão sempre preciosa colaboração.
Um abraço.
Parabéns, Francisco!
Com a publicação deste artigo no Portal Concertino, mais leitores terão o prazer de ler seu belo trabalho.
Prezado Amigo.
As minhas felicitações e que tudo lhe corra com muito sucesso. Felicidades
e um grande e muito amigo abraço.
Olá professor!
Curiosíssima sua leitura a respeito de um tema para o qual sou totalmente leigo. Por outro lado, excelente a sua "provocação" com o genial quadro de Magritte.
Obrigado.
Caro amigo Francisco Braga,
Com os meus cordiais cumprimentos agradeço pelo envio dos interessantes artigos de sua autoria, publicados no Portal Concertino e que lerei com grande prazer, interesse e atenção.
Efusivos cumprimentos pelas valiosas contribuições que tem oferecido à música de nosso país!
Com o abraço forte e amigo,
Amaral Vieira
Meu irmão Francisco,
Agradeço veementemente tanto a dedicação do artigo, como sua exposição didática sobre a “Ária do Cachimbo”, que até então eu atribuía a Bach. Agradeço também sua homenagem post-mortem ao Eduardinho, grande companheiro na “arte do cachimbo”. Como ele ficaria lisonjeado com essa deferência! No mais, gostaria de incluir você mesmo no rol de homenagens, pois também foi um fumante de cachimbo, com nobreza, sofisticação e intelectualidade.
Veja que no poema"So oft ich meine Tobackspfeife" se desenrolam comparações e relações, entre o fumante e o cachimbo, que resultam na fantasia de que o cachimbo tem vida e na sua enorme afeição pelo próprio cachimbo. Em verdade, acredito que seja mesmo dessa forma. Veja o que disse um tal de Scott Patrick Sailors, provavelmente um aficionado em cachimbos: “Para começar, meu filho, você não fuma um cachimbo – você o aproveita e se perde nele, você o sorve e saboreia – como você o faria com uma taça de vinho muito fino, ou no primeiro beijo suave da mulher de seus sonhos”.
Agradeço também sua tradução do lindo poema da ária da ópera de Gottfried Heinrich Stölzel, que me fez lembrar Cavalleria Rusticana de Manscagni, a ária de Turiddu “O Lola”: - Se morrer e chegar às portas do Paraíso, acaso você lá não estiver, eu não entro”. (Simples tradução, minha mesmo).
Finalmente, agradeço mais uma vez por nos proporcionar esses instantes mágicos. Continue sempre. Seu irmão, Carlos Fernando
Prezado Professor,
Bom-dia! Paz ,saúde e alegria!
Somente hoje, tive como ler os artigos do Dr. Francisco Braga. Ele é um frequentador do nosso Museu da Música.
Repasso-lhe os linques sobre seus belos textos, com informações tão ricas.
A morte de Bach é uma preciosidade, deveria ser lida por todos os músicos.
Abraços,
Merania
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